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Arábia Saudita destrói a indústria petrolífera mundial no século XXI sob o manto da liberdade de mercado

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Finalmente o Jornal Nacional, ontem, 18/01/2016, tocou no tema “Arábia Saudita baixa preço do petróleo mundial”. De maneira minimalista abordou o tema, mas informou, o que os leitores do Blog Perspectiva Crítica já sabem desde abril de 2015, ou seja há mais de nove meses, que a Arábia Saudita está mantendo alta produção de petróleo para quebrar a indústria de petróleo norte americana a partir do xisto. E que nessa empreitada, está atingindo a exploração de petróleo do pré-sal, o que prejudica a Petrobrás, que chegou a apresentar a mais baixa cotação de suas ações na história, R$4,80, prejudicando ainda a receita de Municípios e Estado produtores de petróleo, prejuízo em tono de 30% no ano de 2015, e outras empresas e países produtores pelo mundo, como o próprio Irã e Venezuela. O Jornal Nacional não disse que também afeta a Noruega e EUA em demasia.. mas dirá.. rs.

Acesse as notícias publicadas por nós com 10 meses de antecedência ao Globo sobre o tema nos artigos abaixo

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1 – A verdadeira guerra do petróleo atual: o que a grande mídia não conta para você

02/04/2015

2 – Uma crise ainda não dimensionada: nova crise econômica mundial de petróleo à vista

06/04/2015

Por que dizemos que a reportagem sobre o problema foi minimalista? Porque não deu a real dimensão do abuso que a Arábia Saudita perpetra contra o mundo, incluindo o Brasil. Observe, não só a Petrobrás sofre, mas todas as empresas petrolíferas do mundo estão amargando perdas na cotação de suas ações. Todas as empresas de petróleo estão se adaptando a esses preços que a Arábia Saudita impõe ao mundo. Milhares de pessoas em todo o mundo estão perdendo o emprego no setor petrolífero. E cadê a reportagem sobre isso? Nada. É claro que as perdas que o Irã, Rússia e a Venezuela têm com isso não moverá ninguém a se revoltar contra a MANIPULAÇÃO DE PREÇO DO PETRÓLEO PERPETRADA PELA ARÁBIA SAUDITA, mas também está afetando a França, Noruega e EUA, além de, é claro, o Brasil.

No Brasil, aliás, o prejuízo é maior porque a Petrobrás apostou muitas fichas no pré-sal e a US$35 o barril, a exploração do petróleo do pré-sal fica inviável!!! Observe o que digo.. inviável!!! Por isso tudo está paralisando.. não é a Operação Lava Jato, que teve consequências para a credibilidade da Petrobrás no mercado, mas é esse preço de petróleo muito baixo que está afundando a Petrobrás. Agora, eu te pergunto, se o mesmo poder de prejuízo mundial estivesse sendo exercido pela Rússia, com esses efeitos em todo o mundo, ou pelo Irã, como se rotularia a Rússia e o Irã? Com certeza de TERRORISTAS ECONÔMICOS!!!! E há diferença para o que a Arábia Saudita está fazendo? Não. Então a Arábia Saudita deveria estar sendo tratada como TERRORISTA ECONÔMICO MUNDIAL!!

Mas por que a Arábia Saudita não pode ser chamada de terrorista econômico mundial, mesmo destruindo o setor petrolífero mundial, prejudicando as ações de todas as empresas petrolíferas do mundo, diminuindo o lucro de empresas e a distribuição de dividendos de acionistas de empresas de petróleo por todo o mundo? Porque a Arábia Saudita é amiga, ainda, do sistema financeiro internacional e da geopolítica desenhada pelos EUA, Europa e Japão, os trilaterais. Afinal, sem a Arábia Saudita de aliado no Oriente Médio, que país pode ajudar os EUA na região que mais produz petróleo no mundo? Israel? Irã? Rsrsrs. Claro que não. Não há substituto para a Arábia Saudita e assim os EUA não iniciam a propaganda internacional de terrorismo que iniciaria se quem fizesse isso fosse o Irã ou Rússia ou Venezuela. Mas a consequência é a mesma: prejuízo das empresas petrolíferas pelo globo e dos acionistas, além de desemprego por todos esses países, incluindo o Brasil. Se você não vir isso, não posso fazer muita coisa por você.. rsrsrs.

Então é assim: se o manipulador de preços é Estado fora do eixo central do capitalismo mundial, ele é terrorista econômico mundial e deve sofrer embargo ou guerra; já se é integrante do eixo capitalista ou aliado, o que ele faz com seu poder econômico deve ser entendido como exercício regular de direito, segundo as regras de mercado livre. Entendeu? E você que perca emprego e suas empresas que fechem. Vamos ver até onde vai isso? Vai até o momento em que prejudicar a economia americana de forma grave. Por enquanto só afetou a produção de empresas de petróleo de xisto por lá. Mas as ações da americana Exxon caem, da anglo-holandesa Shell, da francesa Total, da empresa Statoil norueguesa e outras.. e em algum momento o mundo ocidental do centro do capitalismo irá gritar.. pena que o Brasiol gritando não tem esse efeito, não é mesmo? O que não impede de se colocar, também, toda a culpa nas costas do governo petista, o que é interessante de forma imediata para a mídia conservadora nacional. Mas mesmo assim, teve de publicar sobre a Arábia Saudita ontem.

O que fazer? Bem, devo reputar a solução ao meu amigo Bruno Potiguar, porque eu nem tinha me apercebido disso e ele quem disse: o correto seria adotar-se embargos econômicos contra a Arábia Saudita para ela parar de exercer seu poder incomensurável econômico na área de petróleo. E, pasme, para garantir a normalidade de mercado internacional de petróleo, portanto, será necessário se conter a liberdade da Arábia Saudita em manter a produção que queira, independente de a liberdade de mercado apregoada sugerir que isso não possa ser feito.

Isso seria legítimo? Limitar a Arábia Saudita? Bem, veja. A Arábia Saudita participa do mercado internacional de petróleo? Sim. Sob as mesmas condições do que os países democráticos? Não. Por que? Porque lá, apesar de não muito publicado, é uma ditadura. Seu povo não tem acesso a muito serviço público e o Erário Público é patrimônio da família que é ditadora. Não condeno a ditadura de lá. Estou analisando a Arábia Saudita como player de mercado de petróleo. Nas suas condições, a Arábia Saudita pode baixar o preço do petróleo o quanto quiser, pois o dinheiro é da família ditadora e não impacta em serviços públicos prestados ao povo saudita. Não é como aqui ou nos EUA, Noruega ou França em que se o preço do petróleo cai, a arrecadação estatal cai e menos serviço público é prestado ao cidadão que reclamará do governo.

Então, a condição política interna da Arábia Saudita a coloca em situação artificialmente favorável para manipular preços de petróleo em suas terras e no mercado internacional e por isso, sua liberdade excessiva deve ser contida. Daí seriam importantes os embargos econômicos que deveriam ser adotados contra aquele país. Não é perseguição política, são os fatos econômicos e até a defesa do equilíbrio e liberdade de mercado produtor e consumidor internacional.

Nós do Blog entendemos a Arábia Saudita. Ela quer duas coisas: acabar com a concorrência de petróleo de xisto americano (e assim vai o do pré-sal brasileiro também) e ainda enfraquecer o Irã, seu principal opositor no Oriente Médio. O Irã é xiita e a Arábia Saudita é sunita. Os EUA, ao tirarem Saddam Hussein, que era sunita, do poder do Iraque, entregou tal país aos xiitas, aliados ao Irã. E o Estado Islâmico, que é sunita, ataca as resistência xiitas… os EUA não tem facilitando a vida da Arábia Saudita no Oriente Médio. E ela tem que se manter na região. atacar o Irã impedindo que a recente retirada de embargos de venda de petróleo se transforme em grande arrecadação para o país xiita é uma opção imediata para a Arábia Saudita. Mas isso pode ao custo de toda a economia mundial?.

Então gente, o que estamos vendo e que não é publicado, é que a Arábia Saudita defende sua produção de petróleo, impedindo que a indústria de petróleo de xisto e do pré-sal saia do papel, ao mesmo tempo que que protege seus interesses políticos no Oriente Médio, mantendo o preço baixo para que o Irã, que voltou a vender petróleo recentemente, não possa se fortalecer e investir em armas e em seu setor militar e se fortaleça na região.

A questão é: isso é justo? Submeter toda a produção e indústria petrolífera e os Estados que dela dependem, milhões de empregos pelo mundo afora, é possível? Ter essa liberdade já que seu povo não tem serviço público e que a arrecadação do Estado Saudita é todo da família que rege a ditadura daquele país é justo? É justo para o jogo da liberdade de mercado? Entendemos que não. Entendemos que isto deve ser denunciado. E entendemos que a Arábia Saudita deve ser instada a alterar sua postura de manipular preços do mercado internacional ou sofrer embargos econômicos como um país terrorista econômico. Seu poder econômico, muito calcado na liberdade interna que sua situação política de ditadura lhe concede está prejudicando o avanço da indústria de petróleo com ganhos para todo o mercado internacional, os países produtores de petróleo e todos os seus habitantes. Claro que está fazendo a alegria de países importadores, mas de forma artificiosa, pois se o governo saudita fosse democrático e o Erário Público fosse do povo ao invés de ser da família ditadora, o povo saudita acabaria impedindo esta manipulação do preço do petróleo e a consequente perda de arrecadação e prestação de serviços públicos hoje inexistentes naquele país.

Por isso achamos que a publicação do Globo foi minimalista. Estamos incorretos?

P.S. de 22/01/2016 – Corroborando o teor do nosso artigo acima publicado, agência internacional de rating pretende baixar perspectivas de Estados produtores de petróleo, em virtude da baixa da cotação internacional do petróleo. Veja o trecho selecionado por nós na notícia publicada no Globo On Line, em 22/01/2016: “A S&P tem atualmente o Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, Omã, Rússia e Arábia Saudita com perspectiva negativa em sua região que engloba Europa, Oriente Médio e África, e também Brasil e Venezuela, na América Latina. A Nigéria, outro gigante mercado emergente dependente de petróleo, tem perspectiva estável, mas a pressão tem aumentado em todos os lugares, conforme os governos locais veem as receitas desaparecerem devido aos baixos preços do petróleo.” Veja o artigo na íntegra em http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/sp-pode-cortar-rating-de-paises-petroliferos-para-refletir-realidade-18521568

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