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Por que a inflação é boa para o Japão e ruim para o Brasil?

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Pessoal, isto é para estimular o questionamento sobre a máxima “imexível” de que inflação é sempre ruim. Nós já tratamos disso aqui. Mas como vi uma recente publicação sobre o Japão se esforçando para ter inflação, enquanto aqui no Brasil mesmo com inflação caindo há seis meses o mercado pede mais juros contra a inflação, resolvi trazer esse questionamento para reflexão.

Se a inflação é o fim do mundo, se a inflação é um dragão a ser atacado a qualquer custo, se a inflação deve cair para abaixo da meta de 4,5% ainda neste ano de 2013, à base de juros Selic em 10,5%, aumentando dívida pública, causando desemprego e ostracismo econômico, se tudo isso é verdade absoluta, como defende a grande mídia, por que, perguntamos, os termos do conteúdo da notícia a seguir:

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“Apenas o Japão recebeu uma boa notícia do FMI. Após pôr em prática uma política monetária expansionista, que tenta gerar inflação e estímulo ao consumo e ao investimento, a previsão de crescimento japonês saltou 0,5 ponto percentual, para 2,5%. Mas, em 2014, o país acompanhará o resto do mundo, devido à demanda global mais fraca. A projeção caiu 0,3 ponto, para 1,2%.”

Acesse a íntegra no artigo do Globo On Line: http://oglobo.globo.com/economia/fmi-revisa-projecoes-para-economia-mundial-reduz-expectativa-de-crescimento-do-brasil-8968470#ixzz2YaLoz3MJ

Observe, o artigo informa que em recessão, aplicando princípios de austeridade monetária, Itália perde rating e obtém projeções negativas do FMI, assim como a Europa, os EUA, Brasil e a China. Só o Japão, “após pôr em prática uma política monetária expansionista, que tenta gerar inflação e estímulo ao consumo e investimento”, obteve perspectivas positivas.

Veja bem. Então administrar políticas econômicas que gerenciam inflação pode ser benéfico à economia? Sim. É claro que a história econômica japonesa das últimas três décadas é de estagnação e recessão e a do Brasil é de hiperinflação na década de 80 e início da de 90 seguida de controle inflacionário de meados da década de 90 até hoje. Mas eu quero que você veja que a inflação administrada tem função social e econômica positiva.

Com isso eu digo que deve haver respeito aos limites fiscais. Deve haver superávit primário. Deve haver câmbio “livre”. Mas pode haver inflação, desde que em bases controláveis e controladas, de forma a amenizar impactos negativos como falta de crescimento econômico e desemprego.

A pressa para se atingir centro da meta (4,5% de inflação) inflacionária ou até mesmo o nível de 2% anual, dos países ricos, é burra. Impossibilita atingirmos níveis de crescimento alcançáveis que poderiam acelerar o processo de desenvolvimento brasileiro, com aumento de renda, economia e emprego, para chegarmos mais rapidamente na situação dos países ricos. Todos os países europeus sofreram processos inflacionários altos e de altos déficits fiscais após a segunda guerra mundial, mas como estão hoje?

A Europa, se deixasse haver um pequeno processo inflacionário hoje, poderia aliviar o desemprego, falta de crescimento, baixa arrecadação e mais rapidamente poderia pagar sua dívida pública altíssima. Mas porque toda a resistência a qualquer inflação? Porque a inflação corrói patrimônio de ricos também. O pobre fica menos protegido, não há dúvida, mas o pobre quer o emprego, mesmo que com alguma inflação. Pergunte para o espanhol desempregado, ou italiano ou francês se ele aceita um pouco de inflação para ter emprego. Claro que aceita. Quem não aceita? Bancos e ricos, pois controlar prejuízos ao patrimônio em processo inflacionário é complicado.

Não defendo inflação. Defendo a ponderação da máxima de que inflação é o único mal a ser combatido. Defendo a abordagem mais geral e multifacetada da questão econômica, de forma a proteger patrimônio, mas também realizar potencial de crescimento econômico, diminuição de defasagem econômica em relação a ricos, aumento de renda, economia e emprego no Brasil.

Reflitamos sobre a questão de o Japão ser hoje o único a retirar elogios e perspectivas positivas do FMI, buscando um pouco mais de inflação em sua economia.

p.s. de 06/08/2014 – Em julho de 2014, houve publicação de que a Europa também discute e pretende implantar um regime de menos austeridade e mais inflação em troca de maior crescimento e geração de emprego, para acabar com a médica de dois dígots de desemprego e aliviar os custos sociais e financeiro-orçamentários com a assistência social necessária para um índice tão gigante de desemprego na Europa. Ta aí… Japão e Europa perseguindo um pouco mais de inflação em troca de mais crescimento e emprego.. mas e para o Brasil? No momento, em agosto de 2014, temos juros a 11%, queda de inflação mensal desde março de 2014 (0,92% em março, 0,47% em junho, 0,16%) em julho), seguido de queda na expectativa do crescimetno, atualmente em 0,86% para o fim de 2014 (já foi de 1,5%), baixa da taxa de investimento (empresas preferem investir em mercado financeiro e juros seilc do que na produção) e diminuição de geração de empregos generalizado mês a mês, com alguns defendendo que já estaríamos em recessão… quem está certo?

p.s. de 16/06/2016 – Texto revisado.

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