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Custo Brasil. Verdades comparativas: custo privado x investimento público

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Senhores, compartilho com vocês um comentário ao artigo anterior efetuado pelo Fábio Parada. Ficou realmente muito bom, inclusive quando me criticou, de modo que acho que é bom para o BLOG e para nossos leitores que o conteúdo do que escreveu tenha acesso mais fácil.

Assim, estou publicando seu comentário na forma de artigo, reconhecendo que concordo 100% com o que ele escreveu e que tratou de tema que inclusive eu ia tratar de uma forma um pouco diferente. Vejam, a notícia que ele nos dá é a seguinte: quem fez investimento no Brasil de verdade foi a área pública e quem construiu tudo foram os servidores e funcionários públicos e de estatais!! A área privada só apareceu depois, para explorar, pouco investindo e explorando publicitariamente todo o bem criado pelas estatais e funcionários públicos como se fosse algo que ela proporciona à população!!

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Mas a área privada não criou nada, não expande nada ( o que é feito com recursos públicos, engendrado e executado por funcionários públicos) e não universalizam acesso a nada!! Muito interessante a abordagem e, mais importante, verdadeira!

É claro.. criam empresas de todo tipo, mas em cima do que já foi criado com muito investimento e a muito custo por estatais, pelo governo e sempre por funcionários públicos. Veja a energia elétrica? Hidrelétricas, reatores nucleares estatais e linhas de transmissões estatais. Veja o transporte? Rodovias, hidrovias e ferrovias estatais. Qual o trecho expandido ou construído pela área privada, mesmo após a privatização da RFFSA? Houve desativação de trechos… isto sim. O mesmo ocorre com todo o sistema de distribuição de água e tratamento de esgoto, malha de telefonia fixa e móvel, sistema de compensação bancária continental país a fora… tudo feito por estatais, pelo governo e por funcionários públicos. Concessões de crédito quando a economia está em risco.. não vêm de bancos privados, vêm dos públicos. E muito mais.

E vêm, com sua mídia comprada, publicar que a área privada cria tudo, que servidor é custo e que estatais devem ser privatizadas simplesmente. Ninguém é contra privatização por princípio aqui. Mas muito mais criminoso do que isso é afirmar que tudo de bom em sociedade vem da área privada e que a máquina estatal é só ineficiência, custo e ônus para a sociedade.

Neste sentido vem o comentário de Fábio que, como sempre em seus comentários desde o início da atividade do BLOG, nos traz informações preciosas, ponderadas e esclarecedoras neste sentido.

Compartilho assim as mesmas o quanto antes, parando de impedir você de ler algo mais interessante do que estas minhas linhas introdutórias.

Texto do Fábio:

“Caro amigo Mário, venho aqui mais uma vez para comentar alguns pontos importantes no seu texto, apenas para recordar e, também, para salientar (ou melhor, realçar) outros trechos da nossa história e sei que vai me ajudar na discussão dos fatos.

Sobre a matéria do O Globo, existe algo sempre comum nos comentários dos nossos amigos e colegas nas conversas de bar: – “Carro aqui no Brasil é caro!”, então, num comentário econômico-contábil “preço” é algo relativo, depende da sua disposição em pagar conforme disponibilidade financeira resumindo-se na oferta e no mercado, mas aí vem outro amigo na mesa e fala: – “Aqui tem muito imposto!”, eu boto a mão na cara e penso “pobre criança ingênua”.

A matéria explicita o ponto que a retórica daquele jornal nunca enfatizou: “Se aqui as pessoas acreditam que o imposto é alto saibam que o LUCRO é muito maior”.

Outro ponto forte nessa analise é o custo fixo na produção e nada tem a ver com a infra estrutura, folha trabalhista, carga tributária, financiamento, ou mesmo matérias primas e material (o Brasil é o um dos maiores exportadores de commodities), e, sim um aspecto contábil relevante, que explico a seguir:

Sempre vemos nas revistas automobilísticas os lançamentos dos veículos na América, Europa e Japão, mas sempre aqueles modelos chegam no Brasil em 2,3 a 5 anos depois de lançados. Explicação lógica: Nós compraremos essa linha de montagem quando lá estiver obsoleta e assim financiaremos o modelo do novo lançamento de lá.

Portanto, nós compramos a linha superfaturada, pagamos o preço do modelo novo mas recebemos a linha do modelo antigo que passará a ser vendido no Brasil. ISSO JÁ ELEVA O CUSTO FIXO NA PRODUÇÃO dessa nova linha de produtos. Para eles, um excelente negócio pois conseguem dar uma sobrevida no investimento daquele modelo e ainda auferindo um bom lucro no terceiro mundo.

Se brasileiro aprendesse a comprar pagando o financiamento, pelo menos, na metade do prazo que vai usar o carro, o preço caía pela metade. Agora que vêm dezenas de montadoras vão ter que encurtar o bolso.

Sobre o segundo ponto do seu texto gostaria de salientar alguns pontos importantes. O coro midiático do enfraquecimento do Estado vêm desde da época que os mesmos patrocinadores da mídia obrigaram aquele outro governo a aplicar a política fracassada das privatizações.

Digo fracassado, pois as principais empresas foram re-estatizadas de forma direta ou indireta: A Vale do Rio Doce tem como seus maiores acionistas a PREVI (fundo de pensão do Banco do Brasil SA, patrocinado pelo governo), o BNDESPAR (empresa do BNDES, banco público) e o Bradesco (que hoje tem participação acionária também do governo). Várias empresas concessionárias nos estados foram retomadas, como exemplo da Eletropaulo (empresa de energia de São Paulo). Outros bancos que participaram dos consórcios hoje são garantidos por bancos estatais (através do BB e Caixa) e etc… Senão meu comentário vai ficar mais longo ainda.

Nas conversas no mesmo bar se fala muito: – “O Brasil ainda não tem infra estrutura!” – ainda com a mão na cabeça – “O custo do transporte por rodovias é muito caro, as estradas são péssimas e tem muito pedágio.” – dou um grito e pergunto – “Quem foi o F%#$o d@ P&#@ que privatizou as principais rodovias? Quem privatizou a R.F.F.S.A, pois escoar a produção de trem era muito mais barato?!”

Detalhe a RFFSA foi privatizada e 80% dos ramais foram simplesmente abandonados, os trilhos foram desmontados e vendidos a peso de ferro! Quem é do Rio sabe, acabou a Leopoldina. Tá lá abandonada! E os trens da SUPERVIA são os mesmos da década de 90, hoje estão chegando alguns novos da China que FORAM COMPRADOS PELO GOVERNO!

Empresa assim eu também quero: A famosa “PRIVATIZAÇÃO DO LUCRO E A SOCIALIZAÇÃO DO PREJUÍZO”.

Getúlio Vargas criou as estatais pois nenhuma empresa privada queria investir no Brasil e também não queria pagar imposto na década de 30 e essa diretriz de investimento privado e política tributária empresarial ainda é perpetuada nas faculdades de economia brasileiras.

Assim, digo: Temos que trazer Dilma ao seu discurso de uma vida em pro lda valorização dos funcionários públicos que levantaram as empresas que desenvolveram o país, mas não podemos retroagir aos privatas.

Discordo da parte que você diz que, a área privada veio para ampliar, quando esse argumento vêm à mesa do bar, os tucanistas logo gritam: – “A telefonia! Antigamente, para ter um telefone no Brasil você tinha que pagar uma fortuna e ainda esperar meses.” Pois é, hoje eles, os tucanistas, reconhecem o seu sucesso à tecnologia binária. Na década de 90, a Erickson e a Nokia distribuíram no mundo a tecnologia digital para telecomunicações e o que antes o que cabia por emulação analógica RF num cabeamento foi multiplicado aos milhares na tecnologia digital. Hoje você consegue colocar milhões de chamadas em apenas 1 fio e não mais algumas dezenas em 2 fios polarizados.

Agora, sabe quando que as empresas começaram a esticar fibra ótica pelo Brasil, em 2008, quando o governo colocou em xeque a Telefônica (espanhola) em São Paulo e muitas outras tiveram que apresentar seus planos de investimento, assim como estão fazendo hoje com a telefonia móvel. O governo inclusive recriou a Telebrás para começar a esticar cabo ótico para comunicação de dados em banda larga pro interior do país pois nenhuma empresa privada fez em sua área de atuação. Hoje ainda temos telefonia fixa com emulação híbrida, ou seja, digitalização através de meio analógico (fio de cobre).

Sobre o custo disso? No passado era caro? No passado as empresas revertiam o investimento em ações da empresa estatal… quem não sabia disso, pergunte aos seus pais… só que restaurada a democracia, iniciava-se no Congresso o lobby das privatizações (isso mesmo… desde dos anos 80) e as corretoras compravam dos usuários aquelas ações dizendo que aquilo não valia nada e pagavam centavos por unidade. Por isso que em 1997 o governo só tinha 19% do sistemas e povo já havia sido enganado e vendido a preço de banana. Quem ficou com elas pegou uma grana preta, hoje. Conheço um caso.

Hoje pagamos a maior tarifa mundial em todas as modalidade: fixo, móvel ou banda larga, mas não mais somente na aquisição do sistema, e sim, mensalmente. Quantos planos de expansão um usuário comprou desde de 1997?

Por fim, faço um comentário mais forte sobre os imóveis no Rio de janeiro, mas é a minha concepção sobre o fato: O Rio é dividido por sua configuração geomorfológica, com a presente ascensão das classes é a forma que as regiões mais valorizadas ainda permaneçam exclusivas.

Realmente, conheço uma centena de famílias que se vendessem seu apartamento em Ipanema ou Leblon, nunca mais conseguiriam recomprá-lo.

Nesse ano de olimpíadas, vi muita gente criticando a delegação brasileira e muito jornalista dizendo que no Brasil não existe investimento ao esporte, dando conotação à uma falta governamental, certo! Então, preste atenção na camisa dos atletas, os maiores espaços estão ocupados pela Caixa, Banco do Brasil ou Petrobrás. Lógico, a mídia nunca iria enfatizar que a falta é do investimento privado!

Salve os funcionários públicos com essa mesma ideologia de incentivo governamental! hehehe

Abraços!”

A área privada é importante.. mas a área pública é essencial e deve ser reconhecida como tal, assim como tudo que já fez e faz todos os dias pelo bem da população, através do serviço dos funcionários públicos. A FIOCRUZ que cria vacina não é privada, pois a área privada não quer arriscar dinheiro na criação de vacinas. O BNDES não é privado por que a área privada não quer arriscar dinheiro em operações de longo prazo para construir rodovias, hidrelétricas, ferrovias e outras coisas essenciais ao País. O Banco do Brasil é estatal e não há outro banco que financie a agricultura em todo o País. A EMBRAPA cria várias patentes e alavanca a produção agrícola que sustenta em parte considerável nossas exportações e alimenta os brasileiros, assim como ajuda no equilíbrio da inflação. E ela não é privada, porque nenhum a empresa quer investir em criação de biotecnologia. Mas o brasileiro precisa de tudo isso e usa isso tudo que aumenta sua qualidade de vida. Tudo criado por funcionários públicos, tratados pela mídia como gastos e vagabundos.

A polícia federal investiga e prende centenas de corruptos e traficantes. Quanto isso se traduz em ganhos econômicos para a sociedade? A Justiça Trabalhista condena anualmente empresas que exploram trabalhadores à indenizá-los em bilhões, girando a economia e dando a cada trabalhador o que é seu. A Justiça Federal indeniza milhares de brasileiros anualmente contra excessos da União Federal, autarquias e estatais e garante fornecimento de remédios, internações hospitalares e cirurgias que são obstados ou negados pelo Executivo. Quanto isto significa em bem estar e aumento de qualidade de vida pra a população?  Os exemplos de bem estar e serviços prestados à população pelos servidores públicos é incalculável!

Bom.. a verdade que é municiada somente com consciência atinge menos pessoas em curto prazo do que aquela que é produzida com rios de dinheiro em apoio… entretanto, a verdade produzida e paga ao ser contrastada pela verdade consciente perde pouco a pouco seu brilho e cai diante da resiliência do justo e verdadeiro.

Nós não pararemos de explicitar a verdade real dos fatos para que a sociedade brasileira e o País sigam no rumo consistente da solução definitiva de seus problemas, impedindo a apropriação privada da estrutura pública essencial kà garantia dos direitos econômicos, trabalhistas, previdenciários, individuais e sociais do cidadão brasileiro.

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