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Crítica ao artigo “Hipnose Coletiva” de Rodrigo Constantino e crítica aos artigos de Rodrigo Constantino

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Hoje, 19/08/2014, na página 21 do Jornal O Globo, Rodrigo Constantino publicou o artigo intitulado “Hipnose Coletiva”, em que diz, em suma, ao comentar a publicação de um livro de sua corrente, que é inacreditável “a passividade da opinião pública frente aos inesgotáveis escândalos do governo petista”. E vocifera com todos os argumentos clichês atuais sobre movimentos sociais e debates sobre a mídia e esquerda, apresentando um pot-pourri de críticas a todos criticam a “mídia burguesa”, que fizeram o movimento de junho de 2013, mas que protestam por “tudo” o que significa não protestar por nada, e que apresentam uma “rebeldia inofensiva”, resultando em não se extirpar aqueles petistas que hoje estão no poder e roubam nossos bolsos, mesmo vendo todo o escândalo diariamente sobre esse governo. Ele apresenta tudo isso comentando o livro recém publicado de Guilherme Fiúza e subscreve tudo o que Fiúza diz em seu livro.

Tenho lido seus artigos. Rodrigo Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal. Vi um em que ele critica os “esquerdistas” dizendo que não leram Marx, pois se lessem teriam visto, por exemplo as posições racistas de Marx contra a África. Também costuma dizer que aos “esquerdistas” tudo é permitido, se referindo às manifestações de junho de 2013, mormente, e a bandalhas de políticos de esquerda.

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Mas eu pensei que a discussão vinda do presidente do Instituto Liberal fosse se apresentar mais profunda. Não sei se ao escrever em jornal que se destina ao grande público ele baixa o nível dos textos, mas para mim suas lógicas e argumentos são sempre generalizantes, rotuladores, generalistas, preconceituoso e segregacionista, quando cria essa classe de “esquerda” e “esquerdistas”. Isso não é texto ou argumento de alto nível que acredito que o presidente do Instituto Liberal pode vir a escrever. Impressiona-me a forma de vociferação comum e leiga de um psdbista ou mero partidário de direita contra a esquerda de modo geral. Parece algo como um Republicano de baixo nível em suas comuns ofensas a Democratas, tentando impingir um maniqueísmo simples na sociedade que não corresponde à realidade. Se ele fosse um Republicano norte-americano (que deve até ser.. rsrsrs) falando contra um partido Democrata norte-americano, eu entenderia a escolha de abordagem. Mas no Brasil?!?!

E, veja, acusar Marx de racista hoje porque falou de forma superioresca e imperialista sobre a África em 1850, época de ápice do imperialismo europeu, com a Alemanha e Itália chegando somente em 1890 tardiamente à corrida imperialista na África, o que em parte acabou gerando rusgas para a ocorrência da primeira guerra mundial, é uma hipocrisia histórica. Isso não ataca sua tese sobre o socialismo e o capital, nem desvalida as teorias de Marx e Engels.

E se os “direitistas” lerem Adam Smith, verão que ele criticava o excesso de egoísmo e individualismo dos empresários, dentre outras críticas ao comerciantes que mais tarde apresentarei em lista em um post script neste artigo. Mas as críticas de Adam Smith não destituem a veracidade de muitas de sua conclusões, assim como algumas posturas pessoais de Marx, em seu tempo, não destituem a força de suas conclusões sobre o socialismo e o capital. As duas teorias, aliás, são bem fundamentadas e ambas não são, numa leitura atual, a antítese uma da outra. Suas premissas são diferentes, respondendo a problemas diferentes e que, portanto, com hiato de quase cem anos entre uma e outra, apresentam soluções completamente diferentes. Cabe a nós, vendo as premissas atuais tirarmos o melhor das duas teorias e aplicá-las como seus mestres fizeram: a bem do coletivo. Daí a teoria do Estado Conformacional do Blogger Mário César Pacheco.

As frases do livro de Fiúza que Constantino realçou com condescendência e com elogios são um amontoados de frases preconceituosas incríveis contra os eleitores (nas palavras de Constantino) e contra a esquerda. Como a expressão de idéia e de opinião, não há problema algum. Mas como expressão de um presidente de um Instituto Liberal, que deveria contribuir para uma discussão mais profunda sobre a realidade que nos cerca, ficou muito superficial mesmo. Deprimente. Mas talvez seja adequação textual que Constantino fez para o veículo que publica seu texto.

Os rótulos para a esquerda e para os “esquerdistas” são tão péssimos como os rótulos de que todos os “direitistas” só querem lucro, corromper servidores públicos, sonegar impostos, comprar políticos com verbas de campanhas e sugar o sangue dos pobres e trabalhadores. Enquanto adota seu discurso exagerado, Constantino permite e legitima o mesmo do lado da esquerda. Mas é o jogo de que quer participar. Cada um faz o que pode e aquilo em que acredita, mesmo que o diminua numa perspectiva maior que poderia alcançar em sociedade e em seu meio. É a democracia.

Espero que Constantino consiga elaborar algo menos partidário e mais filosófico, sem tautologias, claro, e sem estilo muito rebuscado ou erudito. De repente poderia fazer um texto que defenda o liberalismo nos dias de hoje no Le Monde Diplomatique. Seria interessante. Apesar de ultrapassadas, as teorias liberais de Estado e Socialista de Estado são grandes vertentes do pensamento político atual e seu enfrentamento mais franco seria melhor para o desenvolvimento humano e político.

Até temo o dia em que socialistas e liberais encontrem a teoria do Estado Conformacional… muito blá blá blá terminaria e poderia ser o fim dessa guerrinha de times vermelhos e azuis, do bem e do mal, sendo obrigado o político, o cidadão e o filósofo (esse menos) a discutirem as soluções com base no mundo real e não da fantasia liberal ou socialista que “esquerdistas” e “direitistas” vociferam cegamente.

A direita pode ser menos xiita do que a apresentada por Constantino. A leitura do livro “A política da Prudência” de Russel Kirk, traduzida por Gustavo Adolfo Santos, Doutor em Ciência Política nos EUA, amigo meu de turma do Colégio de São Bento, apresenta uma base filosófica mais útil para a direita do que esse xiitismo e abordagem pobre de uma direita com raiva: a política da prudência, o conservadorismo. A raiva e o ódio não constroem, só fanatizam e a malefício da sociedade.

Fica a dica.

p.s. de 25/08/2014 – texto revisto e ampliado.

p.s. de 18/09/2014 – Eu ia apresentar uns trechos de pensamento de Adam Smith que evidenciariam que ele não imaginou o liberalismo da forma como é apregoada hoje pelos neoliberais ou mesmo pelos liberais e que, muito pior do que da incongruÊncia que Constatntino acusa os “esquerdistas” que apóiam idéias de Marx, tais declarações de Smith evidenciam muita mais gravemente a incongruência ou má-fé de liberais ao negarem  e deturparem ou omitirem idéias de Smith, em prol de um projeto político-econômico que nunca foi o objetivo de Adma Smith e, pior, em malefício ao próprio mercado, à economia realemente saudável, e ao iincompatível com o bem do cidadão e do Estado. Mas o material não poderia ter seu conteúdo apreendido pura e simplesmente a partir de sua enunciação. Dessa forma, tive de apresentar um texto específico para expor tal conjunto de idíeas de Adam Smith criticando os capitalistas de sua época e apontando que interesse privado muitas vezes é incompatível com interesse público, dentre outras pérolas que enunciou em demonstração de que era realmente um filósofo preocupado com o bem da economia, do cidadão e das empresas e do governo. Smith não é agente de uma política excludente social e nem de um projeto de poder para empresas e bancos pelo mundo à custa da soberania de povos e da qualidade de vida de cidadãos.  Assim, consegui reunir tudo em um artigo que intitulei “Entrevista póstuma de Adam Smith: aquilo que os liberais não leram ou não dizem das ideáis de Adam Smith”. Creio que você, como muitos que já acessaram, achará interessante e, quem sabe, até surpreendente.
Acesse: http://www.perspectivacritica.com.br/2014/09/entrevista-postuma-de-adam-smith-aquilo.html

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