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Comentário e Crítica ao artigo “Investimento à míngua” do Jornal O Globo de 11/03/2013

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É muito importante que nós vejamos como as chancela de “investimento governamental” e “gasto governamental” são usadas de forma voluntariosa pela grande mídia. Não há técnica quando usam esses termos e seu uso depende somente de se o artigo pretende apoiar determinado gasto público e/ou desestimular outro tipo de gasto público, sendo que sempre é usado para sublinhar a “ineficiência” do governo.

Veja, o artigo “Investimentos à míngua” trata da queda de gasto ou execução orçamentária do Ministério dos Transportes, que caiu de R$13,5 bilhões (0,33% do PIB) para R$9,2 bilhões (0,21% do PIB), como queda de investimento em 2012. Está correto.

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Mais interessante ainda, adotando a nomenclatura que este Blog PERSPECTIVA CRÍTICA sempre utilizou, chamou todos os gastos das pastas governamentais de investimento!!! Investimento na saúde, investimento na educação, investimento nos transportes. Isto é o correto.

Então gasto governamental é investimento público? Sim, perfeito. E aumento de gasto público gera aumento na taxa de investimento? Sim. E estando nós em um período de limite de reflexo positivo para a economia a partir de consumo (as famílias não estão podendo consumir muito mais), é interessante estimular investimento, seja privado ou público para alavancar a taxa de investimento na economia e gerar aumento de possibilidade de crescimento econômico? Sim, pois a economia cresce somente através de investimento ou consumo. Ok.

Então, se o gasto da pasta de educação e saúde são investimentos, o que pode alavancar esse investimento? Contratar servidores ou investir em suas carreiras, compatibilizando remuneração, metas de produtividade e eficiência no atendimento é gasto ou investimento? Sim. Contratar professores, criar política de incentivo à especialização e à eficiência, gastando mais na pasta de educação é gasto ou investimento? Investimento. Esse gasto aumenta a taxa de investimento? Sim.

Então porque o ano passado inteiro, quando houve movimento de greve de 26 carreiras públicas, incluindo segurança, justiça, saúde e educação não se falou sobre o índice de investimento público? Por que ficou se enfatizando que aumento de gasto público (no caso com reajuste inflacionário da remuneração dos servidores públicos) é “gasto” e não “investimento”? Por que ficou se empurrando o governo a não gastar nada sob o pretexto de que haveria “perda de controle fiscal” e risco de “irresponsabilidade fiscal”?

Resposta: Puro interesse. Interesse em conduzir de determinada maneira os gastos do Estado de forma a realizar um projeto empresarial de investimento público. Veja como a mídia coloca você contra ou a favor de algum gasto/investimento público. Ela diz que o gasto com contratação de servidores, melhora de sua remuneração, pagamento de inflação ao servidor, é “gasto publico” e gera “descontrole e irresponsabilidade fiscal”, “pressiona a inflação” (todo gasto privado ou público tem potencial expansivo infalcionário por princípio), etc.. Apesar de ser uma forma pelo qual o investimento público se apresenta em sociedade e uma forma pela qual ocorrerá o gasto público, simplesmente.

Mas quando a mídia empresarial quer incentivar um outro gasto que ela entenda interessante, como construção de pontes, estradas, portos, isso tudo será chamado de investimento!! Isso é para você apoiar este tipo de gasto que gera valores para empresas (executivos, ongs, políticos) e indireto benefício ao cidadão.

E veja, não é dizer que gasto com pessoal é gasto e gasto com obra que gerará benefício econômico contínuo é investimento, não. Pois subsídio à produção será chamado pela mídia de investimento (mesmo que se sacrifique verba que se destina à previdência social). E contratação de mão de obra terceirizada na saúde e educação também será chamado de investimetno!!! À medida em que avance a terceirização de prestação de serviço público tudo será chamado de investimetno público.

Eu quero que você perceba que a nomenclatura adotada de investimento e gasto público não é informativa. É indutiva. É desinformativa e atende a um projeto pré-determinado pela mídia empresarial, como representante das empresas e bancos, para induzir e angariar apoio social a determinados gastos públicos e desincentivar e retirar apoio de outros gastos públicos, sem que isso tenha relação direta com o que é o melhor para você, cidadão brasileiro, contribuinte individual.

E depois de a mídia exigir o ano de 2012 inteiro que a Dilma segurasse os “gastos públicos” (para segurar a inflação, para manter controle fiscal), agora no inicio de 2013, aponta a diminuição de gasto público como ineficiência do governo em efetuar “investimento público”!!! Você consegue ver? Ao mesmo passo em que a mídia conseguiu impedir investimento na prestação de serviço público no ano de 2012, impedindo o pagamento de correção inflacionária a todas as carreiras do serviço público, impedindo contratação de mais servidores, que prestam serviço diretamente à população (o que aceleraria obtenção de benefícios previdenciários, investigações criminais, processos judiciários, atendimento médico, oferta de educação pública), ou seja, ao mesmo passo em que impediu esse investimento público, agora aponta a diminuição de “investimento público” como prova de ineficiência do governo!!

É a esquisofrenia midiática sobre a qual tanto falamos. Mas ela mistura os conceitos de gasto público, investimento público, eficiência fiscal, irresponsabilidade fiscal e controle e descontrole inflacionário e segue em frente, com seu projeto de condução oblíqua dos gastos/investimentos públicos, de forma a viabilizar uma realização orçamentária que mais aprovenha aos interesses empresariais, desinformando o cidadão brasileiro que não tem tempo para refletir sobre esses conceitos e os reflexos dos gastos públicos sobre sua vida.

Nós estamos aqui para fazer isso para você. Nós estamos aqui para tentar mostrar que o gasto público executado de outra forma gera enriquecimento mais direto ao cidadão brasileiro. E chamamos as coisas sempre pelo mesmo nome. Em contextos informativos gastos podem ser chamados de gastos, mas nunca deixarão de ser investimento público. Gasto, corretamente falando no sentido pejorativo, é dinheiro que é despendido sem retorno social (objetivamente falando é uma operação normal de despesa, que pode ser boa ou má, dependendo da perspectiva de quem escreve). Contratação de funcionário público, investimento em carreira de funcionário público é investimento social e aumenta taxa de investimento na economia tanto ou mais do que construção de ponte, estrada e usina.

Também é importante salientar que reajuste de servidor, contratação de servidor, valorização da carreira de servidor, gera emprego, põe dinheiro na mão do cidadão e na economia diretamente e não gera possibilidade de desvio de verba pública para políticos, empresas, Ongs, Organizações Sociais e seus executivos, mas as obras públicas, terceirizações e todos os “investimentos” assim tratados pela mídia convencional, sim.

Fica aqui o comentário e crítica sobre a abordagem do tema “gasto ou investimento público” dado pela mídia convencional.

Como os termos do artigo criticado comprovam, TODO GASTO PÚBLICO É INVESTIMENTO. Essa é a verdade que sempre preconizamos e que a mídia trabalha arduamente para manipular e descaraterizar, ao seu bel-prazer. Sempre que você ler gasto público, saiba que estão falando de investimento público indesejado por quem escreve o artigo. Sempre que falarem “investimento público”, estarão escrevendo sobre “gasto público desejado arduamente”. Mas e você que lê o artigo escrito? Qual é o gasto público que te interessa? Qual gasto público é desejado ou indesejado por você? O que é gasto público e investimento público para você?

Para o Blog Perspectiva Crítica, investimento público é todo gasto público que põe dinheiro no bolso do cidadão. Revisão de tabela de imposto de renda é investimento público, pois dá ao cidadão valores, de forma justa, que ele gastará na economia, elevando o pib via consumo. Correção de remuneração de servidor público é investimento em serviço público, assim como desenvolvimento de política de recursos humanos no serviço público que correlacione metas e bônus em valores. Contratação de servidores até atingirmos a mesma relação servidor público/habitante que existe na Europa é investimento público, pois poderá fazer com que o cidadão deixe de gastar com escola e plano de saúde, como ocorre na Europa e gerará economia ao cidadão de em média R$2.000,00 por mês!! É um gasto/investimento público que põe no bolso do brasileiro R$24.000,00 por ano!!! É a melhor poupança que o brasileiro pode realizar!! Além de a contratação responsável de servidor público gerar opção de emprego de qualidade para a população, ativar a economia com dinheiro no mercado, garantir mais prestação de serviço público e retorno pelo imposto pago e pressionar o aumento do salário na área privada por concorrência da mão-de-obra do brasileiro com a área privada. Construções de pontes portos e tudo o mais também é investimento público, com benefícios mais indiretos ao cidadão, mas também reais.

Contratação responsável na área pública e boa remuneração, portanto gera riqueza mais diretamente ao cidadão e de forma mais equilibrada e espalhada em todo o País, enquanto o que a mídia diz que é investimento (pontes, portos etc, que também é investimento público e importante), gera milhões, bilhões diretamente para empresas, executivos  e políticos, e somente obliquamente a cidadãos. E quanto à terceirização de serviços públicos… esses senhores.. geram efetivo empobrecimento da populaçao, tirando qualidade de prestação de serviço público e precarização de opção de emprego à população, retirando o Estado como competidor da mão-de-obra brasileira com a área privada.

Concordamos, ainda com o título do artigo criticado. O investimento público esteve à míngua porque o governo ficou tentando realizar o desejo da mídia empresarial de controlar gastos pra realizar o superávit primário maior possível (o que realizou – 33 bilhões em janeiro de 2013)! Então o investimento à míngua foi a satisfação dos desejos midiáticos por menos “gasto público” no ano passado (para pressionar menos a inflação e controlar gasto público). Vamos falar o que é correto e com a mesma nomenclatura do início ao fim de todos os artigos, durante os anos inteiros, ano a ano.

Bem… é isso.

p.s. de 11/03/2013: texto revisto e ampliado.

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