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Análise e comparação de índices de inflação do Brasil, Emergentes e núcleo de países ricos

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O melhor site de informações sobre inflação, índices de evolução de PIB e de taxas de juros que eu acesso e conheço é o www.global-rates.com. Você pode pesquisar por país e por período. Muito bom.

Vejam os índices anuais de 2003 a 2012 para os paradigmas EUA, Alemanha, França Inglaterra e Brasil Índia, China e Rússia. Observe que os países já ricos podem se dar ao luxo de ter índices mais baixos de inflação, mas o esforço para diminuir desigualdades (investimentos públicos em educação, saneamento, moradia, transportes etc.) e crescer a economia nos emergentes resultam em taxas de crescimentos maiores (PIB) e inflação maior.

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ÍNDICES DE INFLAÇÃO (%)

Ano/País….China….Brasil…Índia…Rússia….EUA…..Grã-Bret…..França….Alemanha

2012 …….2,411 …… 5,53… 9,54….. 6,45 ….. 1,74 …….. 2,64 ……… 1,33 ….. 1,89

2011 …….4,064 …… 6,64 … 9,34…. 6,77 ….. 3,39 …… 4,84 …….. 2,46 ….. 2,39

2010 …….4,571 ……5,63 … 8,33….. 8,06 ….. 1,14 …… 3,21 ……. 1,76 …… 1,49

2009 ……..1,704 …… 4,21.. 13,51…. 9,12 ….. 1,83 ….. 1,91 ……. 0,90 …… 0,37

2008 …….1,260 ….. 6,38… 10,44…. 13,75 …. 1,06 ….. 4,07 …….. 1,00 …… 1,42

2007 …….6,579 …… 4,18 … 5,51…. 11,47 …. 4,30 ….. 2,12 …….. 2,58 …… 3,24

2006 ……..2,811 ….. 3,01… 5,95….. 9,04 …… 1,97 ….. 2,68 …….. 1,53 …… 1,49

2005 …….1,582 …… 6,21 … 5,33…. 11,25 …. 3,45 ….. 2,12 ……. 1,52 …….. 1,72

2004 ……2,307 ……. 7,23…. 4,16…. 11,72 …. 3,52 ….. 1,44 ……. 2,11 …….. 1,86

2003 ……3,207 ……. 11,01… 3,06…. 12,43 ….. 1,76….. 1,35 …… 2,15 ……… 1,25
(índices do IPC obtidos no site Global-rates.com. Os índices de China e França referem-se a dezembro de cada ano. Os dos demais países referem-se a novembro de cada ano, ou seja, com exclusão dos respectivos índices de dezembro de cada ano, por isso são um pouco menores do que o índice oficial para cada ano.)

É importante você, leitor, notar que os índices dos ricos são semelhantes e os índices dos emergentes destoam dos índices dos ricos de forma semelhante. Por quê? Porque, como já dissemos, a realidade econômico-social dos ricos é distinta da realidade econômico-social dos emergentes. Entender a causa desta diferença e não exigir índices de países ricos a nós é muito importante e esse é o objetivo deste artigo.

Os índices de inflação da China são os menores dos emergentes mas estão sempre acima dos índices dos países ricos. Os índices da Rússia e do Brasil estão mais assemelhados e medianos em relação aos emergentes nos últimos anos, mas os índices do Brasil são historicamente melhores do que os da Rússia nos últimos nove anos. E os da Índia são os piores. Não verifiquei os da Turquia e África do Sul porque esses países não têm as dimensões territoriais e populacionais de Índia, China, Brasil e Rússia. Não verifiquei México porque além de não ter a mesma dimensão territorial e populacional dos quatro grandes, também não é uma economia muito autônoma, sendo mais uma plataforma comercial de produtos americanos. Importante notar que a China tem baixa inflação e grande crescimento, mas a economia não é de mercado nem é livre. Há muito tabelamento e presença do Estado em peso na economia, o que ajuda a impulsionar a economia e manter índices baixos de inflação, assim como controle artificial do câmbio. A China é ponto fora da curva de todo jeito que se olhe.

Observe, os índices de inflação mais altos dos países emergentes se justificam por esforço e giro econômico grande para criar estrutura e infra-estrutura para a sociedade e a economia desses países. Os países maduros economicamente não precisam deste esforço. Podem se concentrar mais na defesa do valor de sua moeda e isso está de acordo com o interesse do país e de suas elites.

Neste momento, por exemplo, após a crise, naturalmente, com menos produção econômica desde 2008, os índices de inflação baixaram nos países ricos e empregos se perderam. Como a elite financeira tem muito poder nesses países e como, já há décadas, as situações econômica e social se estabilizaram e eles puderam desenvolver políticas econômicas que privilegiassem baixa inflação e defesa do valor da moeda nacional, os países europeus, os EUA e o Japão continuaram a defender controle inflacionário ao invés de admitirem  aumento de inflação por necessidade de aumento de giro da econmia para criar empregos. Por isso seus povos sofrem muito hoje. E por isso Dilma sugeriu mais gastos públicos europeus ao invés de mais austeridade.

O Japão já entendeu que sem crescimento econômico não conseguirá pagar a dívida pública de 220% o PIB japonês e ontem e anteontem o governo japonês já declarou que pretende ter meta de aumentar a inflação (a 2% ao ano)!!! Sim, aumentar a inflação!!! Não é fantástico? O Japão quer a inflação? Claro que  não!! Ele quer aumentar o giro da economia e aumentar empregos e oportunidades de negócios em sua economia há duas décadas estagnada e com índices inflacionários giramdo em zero ou negativos (ou seja deflação).

Então, senhores. É o que digo. Os analistas da grande mídia estarem pedindo inflação de 2 a 3%, como a Miriam, para o perfil do nosso país hoje não é o ideal. Quando tivermos renda percapita entre 45 mil dólares e 58 mil dólares como eurpeus, japoneses e americanos (hoje estamos em 12 mil dólares), quando tivermos educação e saúde pública de qualidade para toda a população, moradia, esgoto, saneamento, luz, transporte público a todo o País em índices de países ricos, ou seja, com IDH semelhante, aí faz sentido querer manter-se o status quo, focar em defesa mais aguda do valor da moeda… mas não com os índices sociais e a estrutura produtiva e econômica que temos hoje, pois isso é burrice.

Está claro porque o BLOG PERSPECTIVA CRÍTICA defende perseguição de meta inflacionária mesmo com atingimento de índices anuais superiores a 4,5% (desde que inferiores a 6,5%)? Porque precisamos de criar empregos, aumentar salário mínimo, melhorar índices sociais e portanto gastar mais. Quem gasta mais e gira mais a economia se arrisca a ter mais inflação. Mas o desempregado não está nem aí se há mais inflação.. ele quer o emprego.. já pensou sobre isso?

Portanto, sendo rico e já tendo o emprego e assistência social ou privada de saúde e educação de qualidade é fácil querer baixa inflação e proteger o que interessa, ou seja, o valor da moeda. Mas quando não se tem a estrutura econômica e produtiva e social ideal é necessário criá-la e isto gira a economia e aumenta a pressão inflacionária que deve ser controlada, mas entendida que não pode ter o mesmo nível de países ricos.

O correto agora, aliás, eram os países ricos aumentarem suas inflações para saírem do buraco em que se encontram. mas suas elites financeiras não deixam, pois elas já têm tudo e só se preocupam com a defesa do valor da moeda para defender seu patrimônio, mesmo que concidadãos continuem desempregados, sem dinheiro para saúde e educação e mesmo alimentação. Nos países europeus o estado de bem-estar social ainda ameniza o impacto da falta de emprego, mas nos EUA o sofrimento é bem mais grave; mas o Tea Party não está muito preocupado e nem os republicanos, naturalmente…

O Japão já entendeu. Vamos ver como ficam os europeus e americanos mantendo seu índice de inflação baixo mesmo com dívidas públicas altas e altos índices de desemprego. Pode-se socorrer a economia mantendo a inflação baixíssima? Sim, mas o sacrifício da população é maior.

Não exijam inflação de 2% a 3% para o Brasil ainda. Isso é estupidez. Façamos isso quando tivermos renda percapita e IDH de países ricos.

p.s.: texto revisto e ampliado

p.s. de 23/01/2013: texto revisto e ampliado

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