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A Ditadura do “Politicamente Correto”

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Algumas coisas vêm me chamando atenção nos últimos tempos. Ações sociais e políticas inicialmente isoladas, por motivos justos e legítimos, vêm salpicando aqui e no exterior e deveriam trazer somente coisas positivas e avanços para a sociedade. Mas, ao contrário, a radicalização dessas posturas “politicamente corretas”, talvez pela natural tendência de o novo antes reprimido vir muito impulsionado para obter seu espaço, está configurando algumas disparidades, arestas, e contrariedades que é bom que sejam apontadas desde já para correção de rumos e garantia de que suas finalidades benignas se produzam amplamente na sociedade.

Defesa da ecologia, defesa das minorias, defesa da inclusão social dos indivíduos portadores de alguma deficiência. Tudo bem. Excelentes bandeiras. Temos que avançar nessas searas, com certeza. Muito há que se fazer e muito pode ser feito. Mas líderes de ONGs, organizações sociais, empresas privadas e políticos interessados somnete em explorar essas bandeiras, com fins eleitoreiros e econômicos, estão turbinando esses processos, por motivos egoístas, gerando excessos e ataque velado e oblíquo a outros direitos, a outras parcelas da sociedade e outros indivíduos que não são os visados à proteção por tais ações e, algumas vezes, prejudicando até mesmo os indívíduos que são os destinatários dessa proteção social que se tenta criar.

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Vislumbrar o erro do ato politicamente correto, entretanto, é fácil se imediatamente forem feitas perguntas equilibradas a cada movimento e ação social. Não com o fim de deslegitimá-la, mas com o fim de compreendê-la, entender as consequências do ato social politicamente correto e ver quais seriam os limites admissíveis a este ato para que ele acrescente á sociedade, atinja seu objetivo, sem atacar outros direitos ou criar uma animosidade social desnecessária que prejudique a realização plena de seus objetivos em sociedade.

Por exemplo, a título de reflexão. Inserir crianças com deficiência em turmas regulares automaticamente, sem prévia avaliação de capacidade cognitiva, sem avaliação prévia de o que seria melhor para o desenvolvimento psicopedagógico para cada criança com deficiência, é realizar-se a inclusão social dessas crianças?

Veja, ninguém é contra a inclusão social, mas a diferença entre as crianças com deficiência de uma mesma faixa etária é maior do que a que existe entre crianças sem deficiência de uma mesma faixa etária. Cada deficiência, apesar de características comuns com outras (síndrome de down, cegueira, surdez, autistmo e até os superinteligentes ou superdotados)têm diferenças entre si tais que exigem de um professor especializado em uma turma especializada com seis crianças, abordagens individualizadas, gerando a demanda para este professor de seis abordagens exclusivas de educação especial. Esta é a forma correta para que cada um se desenvolva na plenitude de suas capacidades, respeitadas suas limitações individuais.

Então pergunto, colocar essas crianças em turmas regulares, automaticamente e sem prévia avaliação psicopedagógica por especialistas, garante o respeito a esta criança, garante o objetivo de educá-la? De desenvolver suas potencialidades para ser feliz e útil à sociedade da forma que puder ser no futuro? Ou somente garante que nós nos sintamos bonzinhos por não nos sentirmos pessoas discriminatórias de mantê-las em classes especiais e escolas especiais “segregadas”?

O governo municipal, estadual e federal está adotando uma bandeira populista de “inclusão social” autoritária, sem prévia avaliação psicopedagógica das crianças com deficiência e com foco total na “bandeira polticamente correta” ao invés de ter o foco na educação e no método educativo especial para essas crianças e indivíduos portadores de deficiência. Isto é tão claro que está ocorrendo a inclusão automática, sem autorização ou respeito à opinião dos pais, mas quase todas as escolas não têm estrutura física por exemplo para cadeirantes. Há escolas em que o aluno cadeirante não consegue subri à sua sala porque não há rampas ou elevadores e soube de um caso em que a aluna é diuturnamente carregada pelos colegas para sua sala.

Pergunto: que fantástica atenção é esta à inclusão social de indivíduos e estudantes?

E o pior é que já começa a exploração econômica desse movimento originalmente justo, mas que na forma, para quem pergunta, se evidencia completamente falso. Estão sendo criados os quadros de professores de apoio que, se o processo de inclusão em turmas regulares fosse correto seria ótimo, mas como não é, tem o resultado de criar grupos interessados na continuação desse movimento por interesses pessoais remuneratórios ou empreendedoras. Como o processo foi açodado (e está sendo), esses professores parece que estão sendo contratados na área privada, através de cooperativas, organizações sociais.. mas qual a formação e experiência desses professores? Perguntem.

Então, estão fazendo algo bonito de se ouvir falar, mas que na verdade é falso e não protege os interesses sequer daqueles a se destina.

O mesmo digo da questão nuclear. Bandeira ótima. Eu sou a favor da substituição da energia nuclear. Agora, sou contra não termos acesso a essa tecnologia, não dominá-la e não sermos autônomos em relação a essa tecnologia e aproveitar os benefícios que ela possa nos oferecer. Sem algumas usinas nucleares, não teremos um sistema econômico-produtivo viável que nos garanta manter combustível para submarino nuclear, nem produção de urânio soberano para não pararmos tratamento médicos nucleraes (para câncer principalmente) e nem para agricultura nuclear e até para termos uma energia extra para garantia de nosso crescimento econômico e continuidade de melhoria de vida à população.

A Alemanha já domina essa tecnologia e ela pode ter a energia elétrica produzida pelas novas usinas a serem construídas pela França, assim como tem a defesa dos submarinos nucleares da OTAN. Então, me parece uma bandeira verde bonita não termos nenhuma usina nuclear, mas e a autonomia em produzir urânio e usá-lo por exemplo em medicina? Temos de ficar comprando do Canadá e correr o risco de parar tratamento como aconteceu entre 2008/2009? E a saúde dos brasileiros? E nossa política de defesa? Se entrássemos em guerra (deve se pensar nisso em momentos de paz, senhores) naturalmente não seria com países pobres, portanto, os países ricos nos forneceriam o urânio para os motores nucleares de nossos futuros submarinos?

Vocês viram o que Paul Krugman falou sobre a política de juros norte-americana, né? “OS EUA não pode realizar sua política econômica pensando nos problemas internos dos outros países. Nosso problema são empregos, empregos, empregos. O problema com apreciação de moedas é deles”. E isto, senhores, é o Paul Krugman, que está longe de ser um falcão americano. É um cara que eu pessoalmente admiro. E não vou recriminá-lo nesta hipótese.

Portanto, bandeira politicamente correta sim, mas não de forma messiânica ou burra.

O mesmo acontece com o esforço social em querer debelar a homofobia ou garantir direito dos negros. Gente, não se pode fazer isso criando tratamentos anti-isonômicos que não tenham o objetivo de desfazer o preconceito, mas em criar e alimentar segregacionismo ou desigualdades em sociedade. Um bombeiro homossexual tendo autorização para ir a desfile em parada gay, inclusive usando veículo militar, não gera o direito a um bombeiro heterossexual em fazer o mesmo?

Então é fácil. É só não embarcar “com tudo” na ondinha que o líder social e o político mal intencionado quer explorar. É ver quando você está sendo utilizado de massa de manobra. Fiquemos de olho nos excessos para garantir que o verdadeiro movimento social atinja seus objetivos. Prestem atenção nos nossos reais interesses envolvidos em cada ato “social e politicamente correto”.

A falta de atenção a essa questão pode implantar uma ditadura do “politicamente correto”, em que as pessoas envolvidas no movimento passem a entender que possuem direito ilimitado a fazer seja lá o que for para atingir o objetivo “politicamente correto” prejudicando a si e à sociedade mais do que a melhorando. E se nós que vemos os excessos ficarmos calados para não corrermos o risco de sermos chamados de anti-ecológico, segregadores, contra a “inclusão dos portadores de deficiência”, estaremos gerando um desserviço, sendo omissos por egoísmo, por covardia, e não estaremos contribuindo nem mesmo para garantir que esses movimentos atinjam seu real e pleno efeito almejado em sociedade.

Não se paralisem. Questionem.

p.s.: O mesmo está ocorrendo com o caso da Usina de Belo Monte. O Procurador da República não quer o fim da construção, nem processa para acabar com a Usina por que ela é uma desgraça ambiental. Abordagem midiática errada. Ele quer que a construção respeite as exigências legais e dos próprios órgãos governamentais. O mesmo ocorre com o problema de “bullying” (está exagerado esse problema no Brasil, por favor), com o problema de distribuição de “kit anti-homofóbico” para educação de crianças e a aceitação de livro com erro de português para não execer “preconceito lingüistico” contra pessoas humildes e sem educação formal. Gente, tudo isto está sendo abordado pelo lado errado em prejuízo dos envolvidos e dos reais interesses da sociedade por conta da ditadura do “politicamente correto”. Percebam.

p.s. 19/07/2011: texto revisto.

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