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Último capítulo da mentira do caos econômico: “maior crise econômica da história do Brasil”, diz o Jornal da Globo

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Alguém viu o Jornal da Globo da noite de 07/03//2017 para 08/03/2017? Foi forte. Foi impactante. Palavras ditas ao rufo de tambores da vinheta do Jornal da Globo. A seriedade do semblante do William Waack. E as palavras curtas, claras e catastróficas: “É a maior crise da economia brasileira!”. Seguiram-se as “explicações e dados” por Sardenberg. Que comédia.

E nessa esteira vêm outras informações do mesmo calibre, inclusive no jornal O Globo de hoje, 08/03/2017, escrito ou on line: “Maior crise e perda econômica do que a década perdida!”. E a mais cômica: “A crise atual é pior do que a enfrentada em 1930, quando houve a crise da Bolsa de Valores em Nova York, em 1929, gerando a considerada a maior crise da história da economia mundial”.

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Frases de efeito são fáceis. É possível, com base em comparações imediatas de dados de um ano e de outro criar justificativas para todo tipo de manchete ou conclusão. Mas isso não quer dizer que a retórica esteja compatível com a realidade nua e crua. Retórica existe para isso. Constrói-se uma perspectiva da realidade e é preciso ter alguns dados para isso. Mas isso é a verdade? Não.

Indubitavelmente, a verdade é uma construção da realidade. Sempre os que existem são somente os fatos. Mas algumas construções da realidade suplantam outras construções da realidade. E àquelas, que suportam mais o ataque de questionamentos mais profundos e mais variados, são aquilo a que podemos considerar verdade.

Assim, o que está ocorrendo? A inflação baixa há mais de um ano! Este mês foi publicado que em janeiro de 2017 encerrou-se o ciclo de baixa na produção de industrial de mais de 33 meses e há o primeiro crescimento da taxa de produção! Houve notícia há menos de uma semana de que o índice de contratação do CAGED marcou finalmente saldo positivo (entre demissões e contratações) em 76 mil contratações, o que não acontecia há dois anos! A inflação prevista para 2017 é de 4,3%!! Abaixo do centro da meta. O crescimento econômico do PIB brasileiro para 2017 será de entre 0,5% e, há quem defenda, 1,5%!! A previsão de um dos maiores investidores mundiais (Mark Mobius, da Templeton) para o potencial crescimento do pib brasileiro para 2018 é de entre 4% a 5%!! O petróleo saiu de 28 dólares o barril e fechará em 62 dólares no fim desse ano, conforme previsões de mercado! Está em 58 dólares o barril! O minério de ferro também subiu muito, saindo de 38 dólares a tonelada para atuais 89 dólares! Bolsa de Valores sobe, sobe! Juros Selic descem! MAS É A PIOR CRISE DA HISTÓRIA?!?!?!

Gente, Deus do céu, o que foi feito está claro: foi o último suspiro da grande mídia, mais até que do mercado, para tentar legitimar todas as mentiras publicadas por todo esse período de crise e denunciados aqui por dois anos pelo Blog Perspectiva Crítica.

Nada melhor do que algumas comparações para você entender que a crise pela qual passamos foi grave, mas não foi nada perto da teoria do caos alardeada pelo mercado e pela grande mídia. O que ocorre é que agora não dá mais para esconder as melhoras econômicas e é importante marcar o fundo do poço de alguns dados econômicos, sob a perspectiva do que aconteceu para trás, para legitimar toda a palhaçada publicada da forma que o foi durante todo esse tempo.

E mais do que isso. Lula foi lançado pré-candidato à Presidência da República para 2018, o que será formalizado dia 20/03/2017. E o desemprego e insatisfação social estão altos. O TSE ainda chegou a receber mais informações que poderiam levar à cassação da chapa Dilma-Temer, o que anteciparia a eleição presidencial. Então, é necessário deslegitimar todo o período de governo petista, entre 2002 e 2014 (após o afastamento e depois impeachment de Dilma), para diminuir o risco de eleição de Lula.

Nós entendemos. Em parte podemos até apoiar o fato de não se querer a volta do Lula, ainda mais depois de todos estes processos de corrupção no STF e em Curitiba com o juiz Sérgio Moro. Nós, particularmente, ficamos até mais apreensivos com esse eventual retorno (que consideramos improvável) na medida em que a Dilma, e foi desde então que abandonamos o entusiasmo e o barco do apoio ao governo petista, tomou medida antidemocrática grave, através do famigerado e bolivariano Decreto n.º 8243/2014.

Ali havia solapamento de instituições democráticas brasileiras, como paralelismo de atividades do Congresso. Também era determinado que pessoas de movimentos sociais integrassem toda a administração pública direta e indireta, independentemente do grau de conhecimento técnico e que suas opiniões seriam consideradas para estruturação e execução de políticas públicas e de empresas estatais!!!! Doutores da Embrapa, Fiocruz, Banco Central, BNDES, Furnas, Eletrobrás, poderiam ter de considerar a opinião de adolescentes de movimentos sociais para desenvolver e executar políticas dessas instituições!! E a escolha desses gênios? Livre da Presidente… Surreal.

Nós publicamos tudo isso. Minuciosamente e não genericamente como a grande mídia. Dissecamos o Decreto e declaramos que nada, nenhum avanço social obtido justificaria a flexibilização da democracia brasileira.

Então, receamos a volta de Lula à Presidência da República nesse momento. Mas não podemos compactuar com a mentira econômica deslavada, apesar de ela poder ter efeito de deslegitimar todo o bem social e econômico criado pelos governos petistas entre 2002 a 2013/2014 e prejudicar a bem hipótética re-eleição de Lula.

Em artigo próprio faremos um resumo da evolução da economia de 2002 a 2008, sob prisma verdadeiro, para que você possa ver os bônus e ônus das escolhas petistas de 2002 a 2013/2014, para que possa ponderar autonomamente sobre o que achou bom e ruim na condução da economia neste período. Mas, no momento, temos somente de desmistificar o que William Wack e Sardenberg falaram ontem.

A crise foi somente de dois anos, senhores e senhoras: 2015 e 2016. Em 2014 o crescimento do pib foi de 0,5%, mas foi o início da queda. Em 2015, o pib caiu 3,8%, e em 2016, 3,6%. Esse ano de 2017, o crescimento será de 0,5%, segundo o Banco Central. E nós esperamos 1%. Mas a taxa de desemprego só melhora depois do crescimento econômico. Então, esse ano será o último de maior sofrimento dos trabalhadores. Esse ano será melhor do que 2016, como falamos no início de 2016. Assim como 2016 foi melhor do que 2015, o que havíamos dito, ao contrário do que a mídia disse, publicando caos econômico sem explicar verdadeiramente suas bases e sua evolução para o futuro. Nós te informamos melhor todo esse tempo. E dissemos que a baixa de juros gerariam crescimento econômico e resgate de empregos… também é o que ocorre (baixa de juros, melhora econômica,… o emprego vem em seguida).

Em 1930 o Brasil era agrário e pouco sentiu o baque da crise de Nova York em 1929, se comparada aos EUA e Europa. Só saímos da condição de economia agrária com a implantação da CSN em 1945, como contrapartida americana pedida por Getúlio Vargas para que entrássemos na 2ª Guerra Mundial, com os nossos 45 mil pracinhas e navios comerciais e de guerra e nossos pilotos de caças que foram condecorados na Inglaterra. Então a comparação é ridícula.

A década perdida registrou perda de 7% do PIB. Essa crise registrou perda de 7,5% em dois anos. Mas o que você prefere: perda de 7% por 11 anos ou perda de 7,5% em dois anos e voltando ao crescimento e emprego? Não há comparação. Compare a década de 2002 a 2012 com a década perdida. Ou compare 2004 a 2014 com a década perdida, pois no tempo, diluem-se os anos piores. Agora, pegar um período e comparar com um ou dois de outro período? Isso é sério?

Em relação às perdas de pib, empregos e déficits, a crise financeira internacional gerou perdas maiores em todos esses índices nos EUA e Europa, durante 7 anos!!! Aqui as perdas foram menores e somente por dois anos!!! Comparando os últimos números (mais recentes de 2016), EUA e Europa vão bem, porque estão saindo da crise e nós estamos no pico do fim da nossa. Só vamos nos recuperar durante esse ano. Comparam os que sofreram 7 anos e agora retornam melhores, com o país que não sofreu nada até 2014 e agora sofreu por dois anos. Isso só pode ser brincadeira.

Esta crise não tem culpa só da “burrice” ou “incompetência” do governo anterior, como disse William Wack, mas tem também como grande concausa, além de erro grave do governo Dilma em não reverter medidas anticíclicas desde o segundo semestre de 2013, as seguintes:

1 – a maior seca da história do Brasil em mais de 89 anos (prejudicou produção agrícola e geração de energia hidroelétrica, gerando inflação e prejuízo ao sistema elétrico),

2 – a queda do petróleo de 120 dólares o barril para 28 dólares o barril, praticamente inviabilizando até a exploração do pré-sal (gerou necessidade de a Petrobrás se endividar mais para manter produção e não prejudicar o país),

3 – a queda do preço do minério de ferro de 190 dólares a tonelada para 38 dólares,

4 – a queda do crescimento econômico mundial durante todo o período de 2008 a 2015 (impossibilitando venda externa de nossa produção),

5 – o alto endividamento das famílias brasileiras (impossibilitando compra interna da produção) e, para coroar tudo isso,

6 – os juros mais altos do mundo que chegaram a 14,5%, pagando mais de 8,5% de juros reais (o que desestimula o setor produtivo a investir, já que ganha mais e sem risco investindo em título da dívida pública).

Sem contar os efeitos da bolha imobiliária, aumentando aluguéis de empresas, escritórios e lojas, roubando seus lucros, os quais, ao minguarem, com a crise de 2015/2016, geraram o fechamento de muitos negócios porque os proprietários não baixaram seus aluguéis, mas as compras de produtos e serviços diminuíram.

Então, veja a dimensão do que a edição do Jornal da Globo, que foi ao ar na noite de 07/03 para 08/03, não te contou!!!!!

Esperamos assim, demonstrar que a crise não é pequena, mas devido ao que ocorreu aos EUA e Europa, foi até branda. Nos EUA de 1930, o índice de desemprego chegou a 25%!!! Na Europa de 2008/2015, o índice de desemprego chegou a mais de 25% na Grécia, 25% na Espanha e assim vai por todos os países europeus, durante 7 anos. 7 anos!!!!!!

Nossa dívida pública subiu de 46% para 70%, mas nos EUA subiu de 40% com Obama, para 106% com George Bush.. e de um pib de 15 trilhões de dólares!!! A da França subiu de 40% para 90%. A da Alemanha subiu de 35% para 85%! O Pib de Portugal chegou a cair 11% em um ano (2012 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_do_PIB_de_Portugal)!! O déficit fiscal no ano de 2009 foi de 11%, na Espanha; 7,2%, na França; 12,8% nos EUA e 10,7% no Reino Unido (https://brasilfatosedados.wordpress.com/2014/12/05/superavit-ou-deficit-setor-publico-paises-selecionados-ocde-do-pib-evolucao-1997-2016/)!!!

Gente… vou parar por aqui, porque é até brincadeira.

Há crise no Brasil? Já houve. Estamos no fim da crise de dois anos. É grande e grave? Foi, mas a crise financeira mundial de 2008/2015 é a maior crise econômica da história do mundo, desde a crise de 1929. Mas e a dimensão/reflexo da crise no Brasil? Foi muito menor do que a que ocorreu nos EUA e Europa, muito devido à política adotada no governo petista, em especial de 2008 a 2013 (medidas de estímulo à produção, crescimento econômico e geração de emprego com medidas anticíclicas), quando deveria ter sido corrigida no segundo semestre e não foi. Aí somaram-se pressões externas com problemas internos, inclusive pelo erro na condução econômica desde o segundo semestre de 2013 e passamos o aperto de 2015 e 2016. Mas já melhoraremos esse ano de 2017 e os seguintes.

E mais, o Reino Unido está em déficit fiscal desde 2002 e a França desde 1997!!!!! Os déficits da Espanha são, de 2008 a 2016, respectivamente de -4,4%, -11%, -9,4%, -9,4%, -10,3%, -6,8%, -5,5%, -4,4% e -3,3%!!!!!!! A dívida pública da Espanha saiu de 40% em 2008 a 90% em 2016! Ninguém fala que a Espanha acabou como país.. mas o Brasil pode acabar com uma queda de 7,5% do PIB em 2015 e 2016 e com ápice em taxa de desemprego em talvez 13% no fim de 2017?!?!?!… Isso é brincadeira..

É isso.

p.s. – Texto revisado e ampliado.

P.s. – Texto revisado, corrigido e indicadas fontes sobre déficits fiscais e Evolução de PIB europeus e dos EUA durante a crise de 2008/2015. Houve correção da informação de queda do pib português que não foi de 14% mas de 11% em 2012.

P.s. de 24/03/2017 – Texto revisado e ampliado.

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