Pessoal, quero apresentar a vocês, no fim do ano e para tentarmos virar uma página da história do País (se a Globo deixar) com justiça e dignidade informativa. Trago a vocês um editorial com o qual concordo 99,9% e que, para meu próprio espanto e obrigatoriedade de revisão de opinião quanto a esta mídia, foi publicado pelo Editorial da Folha de São Paulo, em 19/10/2010, matéria integralmente publicada na Capa do Jornal.
Tomarei a liberdade de publicar no blog na íntegra, por ser altamente informativo, justo, ponderado, indicando os prós e os contras do Governo Lula, realmente informando a população e o leitor, atingindo seu objetivo de bem informar a população sobre um fato e um capítulo da história do País.
Passarei a ler mais a Folha de São Paulo, porque depois dessa, é óbvio que o Jornal é mais sério e menos à direita do que eu pensava. Pode até não ser menos à direita, mas ser de direita não significa deturpar informação ao leitor. Mídia que faz isso é partido político e não imprensa. Parabéns à Folha de São Paulo.
Segue o texto:
“Saldo Favorável
Prestes a encerrar seus oito anos de mandato, o Presidente Lula apresentou quarta-feira um extenso balanço da gestão. Como era de esperar, o relato contém abundantes autoelogios, algumas fantasias e nenhuma autocrítica.
No entanto, ao observador isento, o exame dos resultados durante os dois governos consecutivos indicam um saldo muito favorável.
Político intuitivo, Lula descartou a tentação do manejo demagógico da economia. Manteve a política econômica responsável iniciada por seu antecessor e colheu os frutos desta sávia decisão.
No período, a economia cresceu 37,3% (média anual de 4%). As exportações do País mais do que triplicaram, a inflação caiu de 12,5% para 5,6% ao ano. A taxa básica de juros reais também cedeu, de 15% para 6%. O desemprego foi reduzido pela metade. A dívida externa foi paga.
Seu governo foi beneficiado, é verdade, por um contexto internacional favorável. Apesar da crise financeira de 2009, o formidável dinamismo da China puxou o crescimento das principais economias emergentes, que nestes oito anos se expandiram até mais do que o Brasil.
Ainda assim notável, o progresso obtido não é imune a críticas. Lula não soube aproveitar a imensa popularidade acumulada para promover reformas que tornassem a economia mais competitiva e o Estado mais eficiente.
Impondo à sociedade uma carga tributária superior a um terço do produto interno bruto, o Estado presta serviços em educação, saúde e infraestrutura que, apesar de avanços, continuam a ostentar má qualidade. Houve uma incrustação maciça de militantes na máquina federal, bastando ressaltar neste sentido que os cargos de confiança aumentaram 50%.Quanto aos costumes políticos, o desempenho foi deplorável. Para garantir hegemonia no Congresso , o governo utilizou expedientes escusos sob evidente beneplácito presidencial. O mais notório do escândalos, o mensalão – revelado pela Folha em junho de 2005-, foi a ponta visível de um iceberg de ilegalidades impunes.
A política externa foi orientada pelo elogiável intento de ampliar a autonomia do País e sua influência no mundo. Sua consecução, porém, pecou por desnecessária proximidade com autocracias como Cuba e Irã e pela complacência para com outros violadores de direitos humanos.
Tais ressalvas não empanam o maior êxito do governo Lula, expresso numa relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres. Isso deveu-se ao próprio crescimento econômico, mas também à expansão dos programas da transferência de renda, do crédito popular e do aumento real do salário mínimo. Em resultado, o estrato mais carente da população, aquele que recebe até R$140 mensais per capita, diminuiu de33,3% do total em 2001 para 15,5% em 2008.
Apesar das ressalvas, o presidente Lula deixa o governo como estadista democrático que honrou boa parte dos compromissos assumidos numa trajetória épica.”
A verdade, senhores, é essa. Estas conclusões estão estritamente em consonância com o que venho escrevendo e compartilhando com vocÊs desde junho de 2010. Eu gostei tanto e concordo com quase a totalidade do artigo que não farei algumas correções a este editorial, o qual, por si só, permite vislumbrar o que ocorreu a grosso modo durante oito anos do governo federal.
É importante a verdade, porque só assim podemos entender o que funcionou e o que não funcionou. O que deve continuar (e em que medida) e o que não deve continuar. Do contrário, com mídias parciais e defensoras de teses falando “A”, quando na verdade ocorreu “B”, não dá para aprofundarmos debate, pois não se fala sobre a mesma coisa.
Parabéns mais uma vez à Folha de São Paulo. Isso é estar “a serviço do Brasil” como está escrito na capa do dia 19/12/2010.
Abraço a todos.