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Rolezinhos em shoppings e a politização do tema

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Correndo o risco de ser linchado em praça pública (rsrsrs), devo dizer que é extremamente interessante o movimento social recente denominado “rolezinhos” e devo também dizer que as medidas de segurança adotados por shoppings para impedir essas reuniões e algumas decisões judiciais subsidiando o fechamento dos shoppings não são erradas, a princípio.

É a essência da dialética social, o que vemos na hipótese. A um argumento social, o “rolezinho”, totalmente legítimo, responde outro agente social, os shoppings, com outro argumento social. Ambos dentro de suas esferas de direitos e liberdades. Mas a politização do fato está, como sempre, criando o infinito digládio dicotômico social: rico x pobre, bons x maus, oprimidos x opressores.

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Isso vende jornal. Isso cria nicho eleitoral. Mas essa abordagem não resolve nem entende nada do que ocorre. Tendo lido alguns artigos sobre o tema, gostei muito do escrito pelo Cristóvão Buarque no jornal O Globo do mês de janeiro ou fevereiro deste ano de 2014. Mas também não foi perfeito. Entretanto concordo em 90% com o que ele disse e aqui exporei a análise do Blog Perspectiva Crítica para o caso.

O movimento do “rolezinho” é legítimo. Ele é fantástico e o Blog o admira. Ele é um movimento espontâneo social em que o cidadão pobre jovem pretende se reunir para aproveitar o lazer de espaços privados/públicos em que talvez se sinta oprimido ao comparecer sozinho. Mas não é exatamente isso e só isso. É um fenômeno em que esse contingente deseja participar da sociedade de consumo. Ela não quer chocar ou assustar. Ela não tem bandeira política. Isso é muito interessante. É um movimento de integração.

Perguntado por jornalista sobre o motivo da reunião, lembro que um organizador falou simplesmente que: “se não querem que tenhamos diversão e nos reunamos aqui, então que construam lugares para nos divertirmos e reunirmos” (citação livre).

Justo. Por isso o Blog é a favor da criação e ampliaçao de shoppings em todos os lugares. Shopping é centro de consumo, mas também é de lazer e de emprego. Agora, isso impede que o cidadão pobre entre no Village Mall, shopping de lojas de produtos destinados à classe média alta e ricos? Não. De forma alguma. Mas um shopping não é praça pública. É um ambiente privado. Tomar medidas para proteger a integridade de pessoas e de bens de clientes e lojistas é dever do Shopping, seja rico, seja um shopping mais humilde, independente do tamanho deste shopping.

Então, essas análises que apontam que o pobre está sendo excluído, e outras falácias e tal, não querem admitir que o shopping que seja alvo de uma reunião do tipo “rolezinho”, que pode reunir centenas de pessoas em bloco, está sem condições de segurança de receber essas pessoas e quaisquer outras e o que deve fazer é fechar mesmo.

Isso não é preconceito racial ou de classe. Veja, na Roma Antiga eram conhecidos os “rolezinhos” de jovens de famílias nobres que à noite andavam juntos, escoltados, agredindo pessoas. Incrivelmente isso que digo é verdade. Era um momento de tensão para os populares. A violência pode vir de qualquer lugar. É só ver esses meninos de classe média alta em Brasília que ateiam fogo em mendigos e os da Barra da Tijuca no RJ que espancam domésticas achando que eram prostitutas. Agora veja. O movimento de rolezinho é pacífico, mas houve casos em que foram acompanhados de furtos a lojas. Não por seus integrantes, mas por ladrões que se infiltraram no grupo. Isso é possível e é incontrolável. Por isso, sem poder se defender, é necessário proteger pessoas e bens e fechar shoppings, pois eles não foram feitos para reuniões de 600 pessoas ou 4 mil pessoas no mesmo tempo. Simples. Até porque o Shopping responde civilmente por danos dessas naturezas a quem quer que seja que esteja dentro do shopping.

Imagina que houvesse um rolezinho de classe média, com 600 pessoas, e houvesse o mesmo problema com furtos efetuados por infiltrados. Você acha que os shoppings agiriam diferentemente com o “rolezinho” da classe média alta? Claro que não!

Então, infelizmente, o problema de segurança trazido pelo “rolezinho” é um limitador da consecução do “movimento”, por mais pacífico que seja. Ninguém fecha com medo dos integrantes do rolezinho… ninguém os discrimina, como articulistas “sociólogos” de meia tigela se apressam a rotular e vociferar… simplesmente o empreendimento particular não foi pensado para esse evento e não pode garantir segurança de bens e pessoas nas condições de frequência a que seriam submetidos no caso de “rolezinhos”. Não é por outro motivo que juízes têm concedido liminares para que os shoppings fechem, diante de provas de que um “rolezinho” ocorrerá em algum shopping.

E o mesmo se diga de “controle” de pessoas que entrem em trajes em desacordo com o local. No metrô não pode entrar ninguém com roupa de banho ou sujo. Pode ser barrado. Então, rico ou pobre, indo ao shopping nessas condições, sendo barrado, pode ser que tenha criado o problema a si mesmo, não? Se um homem branco rico vestido de sunga e chinelo tentar entrar em um shopping, será barrado? Creio que sim. E se esse mesmo homem rico tentar entrar maltrapilho, com vestimento suja, rasgada e fedida? Também acho que sim.

É clássica a estória do conhecido Promotor de Justiça e Professor de Processo Penal que tentando entrar com calça jeans e camiseta no Tribunal de Justiça, com braço tatuado à vista, sendo branco, foi barrado pelos agentes de segurança e foi liberado ao se identificar. Veja, ele estava com indumentária não proibida, mas um pouco fora do padrão para a época. Hoje, ninguém seria barrado porque está de calça jeans, camiseta branca e com braço tatuado. mas veja que não foi preconceito dos agentes, foi ação de segurança baseado em costumes e em ordens. Se tudo isso é possível com ricos, porque não é possível com o cidadão pobre? Mostro a palhaçada da politização do tema que quer aprofundar um clima de embate socialesco que não existe.

Pelo menos, a despeito da politização ridícula do tema, muitos articulistas concluíram o que entendemos correto. Para diminuir esse problema, o correto seria aumentar a educação. Com nível de educação cada vez mais equalizado em nossa sociedade, o nível salarial também se equalizará. Neste momento, todos terão cada vez mais acesso a tudo e a todos os lugares, respeitados os costumes e as regras de cada lugar. Enquanto isso, esperemos que a dialética social resolva essa questão entre direito ao rolezinho e direito a garantir segurança de rolezeiros/clientes, clientes não rolezeiros e lojas do shopping.

Você sabia que se em um rolezinho há um tiro em meio aos integrantes do rolezinho, por um bandido inflitrado, e um integrante do rolezinho se fere ou morre, a família pode pedir indenização contra o shopping por falta de segurança? É meu amigo.. leva essa pra casa. Liberdade sim, mas com segurança a pessoas e bens.

p.s. de 19/02/2014 – texto revisado.

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