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Só para constar… trago algumas perspectivas sobre temas já abordados aqui. O acompanhamento do desenrolar de perspectivas sobre fatos tratados aqui é importante para nós termos noção da importância e congruência do teor do que é escrito. Assim fico feliz em compartilhar que o que comentamos sobre a causa da chateação de Lula com a Imprensa ser a parcialidade e a adoção velada de um candidato, devendo a mídia admitir e declarar seu voto (artigo “Diferença entre Partido Político e Mídia”), foi confirmado pelo Lula, em entrevista ao site Terra, publicado um dia após nosso artigo exposto aqui a vocês, ou seja em 24/09. Defluí o que aconteceu pela análise da situação e pelo histórico dos fatos relacionados e o comportamento histórico de Lula, mas com as informações parciais do Globo, que somente davam a notícia em primeira mão sobre os fatos com as perspectivas mais negativas possíveis, como de praxe. Mas as razões que apontei que justificavam reclamações de Lula aparecem explicadas por ele mesmo, no esmo sentido em que apresentamos aqui, na entrevista ao site Terra.

Ouça: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/audio/2010/20114/
Confira: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/09/23/lula-diz-que-erenice-jogou-fora-chance-extraordinaria-de-ser-uma-grande-funcionaria-publica-do-pais-921063301.asp

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Em relação à bolha imobiliária, o tema foi tratado pelo Antonio Machado em coluna do dia 23/09 com o título “É bolha ou balão?”. Ele noticia que está sendo criado um novo índice para acompanhar este mercado e tentar prever distorções. No momento, aplicado em São Paulo, o novo índice, ainda em teste, indica que há incongruência de valor sim, mas que ainda não dá para saber se é bolha (que estoura) ou se é balão (em processo de aumento além do razoável, mas sem característica de estouro). Ainda fala que se discute se o problema é de crédito, como nos EUA ou de preço elevado somente. Este foi um dos nossos primeiros artigos (“Bolha Imobiliário no RJ”). Para mim, é bolha e é de preço. O crédito aumentou mas é em cima de garantias normais. Não há tanta oferta de terreno em áreas desejadas e mais ocupadas, mas o valor está totalmente incompatível com a média de renda mesmo das capitais mais ricas, ou seja, São Paulo e Rio de Janeiro. Quem leu antes aqui já teve uma perspectiva sobre o assunto.

De outro turno, no dia 20/09, no Globo, pg. 07, tive o prazer em constatar que Cândido Mendes, Presidente do Senior Board do Conselho de Ciências Sociais – Unesco, Membro da ABLe da Comissão de Justiça e Paz, concordou que é chocante a verborragia semi-fascista dos que apregoam o “autoritarismo” de Lula, “quando sabemos, todos, como seria fácil a mudança da Carta para o terceiro mandato, ou o plebiscito para a mantença do presidente no poder”. Comenta o intelectual que há que se reconhecer que a população tem consciência, principalmente para saber o que não quer e que esta tomada de decisão se pauta em evidente melhora de vida e condições sociais. O mesmo que apregoamos aqui (“Comparação de Serra e Dilma ou FHC e Lula”). O título do artigo é “Maquiavel, Serra e a Oposição”.

Resta mencionar que achei muito interessante o artigo intitulado “Metalúrgico obtém o seu maior aumento: 10,8%”, no Globo de 20 de setembro, pg. 18, referente ao aumento obtido pelos metalúrgicos do ABC em relação ao ano de 2009, cuja inflação não chegou a 5% no ano. Aliada essa informação à de hoje, 24/09, de que os bancários pretendem 11% de aumento para o mesmo período, mais aumento de participação nos lucros, o que todos vão achar ótimo, chamo a atenção de que funcionários públicos não têm direito a aumentos por acordo coletivo, que o único meio de chamarm atenção para suas questões remuneratórias é através de greve, e que somente tÊm direito a uma correção anual constitucional que é normalmente ignorada pelos governantes e que os recentes aumentos obtidos por várias classes de funcionários vem resgatando anos e muitas vezes décadas de falta de correção monetária, além de perdas salariais e de incentivo e estrutura de carreira. Importante ter esta noção de liberdade maior para negociação de salários e aumentos por parte dos empregados da área privada e das limitações para os servidores públicos para obter o mesmo. Aumento de servidor público somente é possível através de greve e aprovação de projeto de lei. Por que nos identificamos com as conquistas de metalúrgicos e bancários, mas temos maior dificuldade em entender as necessidades remuneratórias de funcionários públicos? Interessante tema a que voltaremos e que já abordamos antes.

Por fim, convém concordar com a opinião, emitida pelo Globo sob o título “Filtros Especiais”, pg. 06, no mesmo dia 20/09, dia muito interessante em artigos. Tratava sobre a interpretação a ser dada à Lei “Ficha-limpa”. Comentando a celeuma em torno da interpretação sobre a retroatividade da nova norma eleitoral, inteligentemente foi apresentado um raciocínio que considero irrebatível, irrepreensível: “afinal, como está na própria Constituição, a vida pública requer predicados especiais, e por isso, conclui-se, deve ter também filtros próprios. Até para se evitar a esdrúxula situação de que o fichado e condenado não pode ser funcionário público, mas tem condições de ir para o plenário de qualquer Casa Legislativa e ocupar gabinetes do Poder Executivo”. Excelente! Ou seja, e assim sugiro em minha tese de pós-graduação, a eficiência do Estado passa pela flexibilidade das formas e pelo foco em entender e fazer valer princípios constitucionais. Ora, para aplicar a Lei Ficha-Limpa há que se admitir que o impedimento em candidatar-se não advém do fichamento criminal ou condenação na forma de punição, mas meramente de critério negativo de admissibilidade de candidatura, ou seja “o impedimento de candidatos não é uma pena, mas a aplicação de um critério de avaliação”. Perfeito. Parabéns pela objetividade e teor, desta vez, Globo. Espero a adoção desta tecnicidade argumentativa em todos os artigos, para o bem da qualidade de informação dos leitores. O ideal seria publicação de artigos mais informativos do que indutivos, claro, mas já que não consegue, pelo menos que adote este afastamento retórico nos artigos sobre política e economia também e não só na coluna de Opinião Editorial. Todos ganham.

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