Pessoal, a sociedade já se mexe grandemente para dar sequência a mais uma conquista social somente possível a partir da revolução informativa causada pelo evento e ampliação do acesso à internet: obtenção de efetuação de pesquisas clínicas a medicamento que não o conseguia e que tem real potencial para a cura ou forte amenização dos efeitos da doença do século, o câncer.
Ficamos altamente decepcionados com a matéria do Fantástico sobre a fosfoetalonamia, apresentada por Drauzio Varela. Ninguém tratado pela substância foi entrevistado. As pesquisas com resultados positivos efetuados no Instituto Butantan, não somente em três tipos de câncer em ratos, mas com êxito também em combate de células cancerosas humanas de mama in vitro, tudo objeto de artigos no Jornal O Globo ou reportagens e vídeos diversos, foram ignorados pela matéria superficial e praticamente chanceladora da nota oficial da USP, ignorando a subsequente nota oficial da Fiocruz, a qual também revelava que reuniões sobre a substância haviam ocorrido.
Em conversas com médicos conceituados, Marcelo Andrei Sampaio Lacativa, cirurgião e autor de livro e artigos na área, idealizador e professor do ENDOCURSO (http://suprimedical.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=79:endocurso-2010), bem como o médico cardiologista Fabio Tuche, Sócio Diretor / Fundador da empresa SMART MDS – suporte de decisão médica baseada em evidências (http://www.smartmds.com.br/quem-somos), ambos foram claros em rechaçar o uso da substância fosfoetalonamina antes das pesquisas clínicas.
Dr. Marcelo Andrei ponderou que não ter obtido instituição que se dispusesse a financiar a pesquisa pode ser clara evidência de pouca viabilidade final e efetiva da mesma, bem como que o êxito em testes em ratos ou mesmo células cancerosas humanas in vitro não substitui o périplo necessário de fases de testes clínicos em seres humanos antes da liberação da droga. O Dr. Fabio Tuche teve o mesmo posicionamento alertando que inclusive a receita desta substância antes de aprovação regular para uso como medicamento infringe a legislação brasileira e pode gerar processo no Conselho de Ética. Ambos, inclusive, alertaram para o risco de que ministrar medicamentos antes de sua liberação regular pode causar risco ao paciente, o qual se sofre de câncer, poderia talvez ficar ainda pior, como podendo ter como efeito colateral não comprovado ficar paralítico ou sofrer indeterminadas dores, ou seja, o quadro poderia complicar ao invés de melhorar.
Entretanto, o Blog Perspectiva Crítica é obrigado a ponderar: para quem tem declarado por médicos nenhuma chance de melhora por via de tratamento convencional de câncer, ciente, portanto que a morte é questão de tempo, qual é o real malefício em tentar o uso de substância que não tem informação de efeitos negativos e somente acumula informações efetivas de resultados positivos no tratamento do câncer, inclusive em pacientes terminais? Perguntamos, ainda, exigir-se o cumprimento de etapas legais para o uso da substância, ou seja, o respeito ao princípio da legalidade, deve se sobrepor à última tentativa de proteção do direito à vida, ambos princípios albergados na Constituição do Brasil? O fato de os resultados positivos em tratamento de algumas pessoas com câncer ter sido efetivado de forma irregular, autoriza-nos ignorar os efeitos positivos reportados até o momento e ignorar tal substância e sua pote3ncial condição de medicamento experimental e, quiçá, definitivo, no tratamento e/ou cura de tal doença? E, por último, que interesse teria a indústria farmacêutica em financiar a pesquisa clínica de um medicamento que pode transformar um tratamento longo e caro de câncer em um quatro meses de tratamento com comprimidos ao custo de R$0,10 cada? E a sociedade deve se limitar às escolhas destas instituições privadas com interesse de lucro mais do que de defesa da saúde para garantir pesquisas clínicas e liberação de medicamentos para uso experimental ou definitivo?
Bem, a nossa posição é clara. Entendemos que diante das evidências que se apresentam até o momento, a sociedade e o Estado devem se mexer para garantir que a substância tenha iniciado seu procedimento regular de pesquisa clínica e ser disponibilizada o quanto antes na condição de medicamento experimental a pacientes que não possam obter mais resultados em tratamentos convencionais contra o câncer. Fizemos pedidos a parlamentares estaduais e federais neste sentido e a pessoas conhecidas na Defensoria Pública do Estado e Procuradoria da República pra que iniciem procedimentos de inquérito civil público para deflagrarem ações civis públicas sobre o tema.
E agora, une-se a essa sorte de acontecimentos, além de ampla mobilização nas redes sociais, a notícia de que a senhora Telma, tratada com o medicamento ainda irregular, teve “evidente” melhora em seu quadro clínico de câncer em apenas quatro meses. Essa confirmação se deu pela própria Revista Exame, conforme publica no artigo denominado “Por que a Anvisa não libera a pílula que promete curar câncer?”.
Observe o trecho selecionado:
“Os relatos de resultados milagrosos após o uso da substância pipocam nas redes sociais. Só no Facebook, EXAME.com mapeou ao menos 8 grupos que defendem a liberação da cápsula.
No caso de Telma, descrito no início dessa reportagem, a evolução do quadro clínico da paciente exposto nos laudos é evidente. Os exames foram enviados por ela à reportagem.”
Leia a íntegra do artigo em http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/por-que-a-anvisa-nao-libera-pilula-que-promete-curar-cancer
Pedimos pois que a sociedade continue ávida por informações, que ajude no processo de liberação da droga para pessoas sem esperança, assim declarado por médicos, no tratamento convencional e para que a sociedade não fique refém das escolhas por instituições privadas e de fins lucrativos sobre que medicamentos devem ou não ser pesquisados a bem da saúde pública. Se a pílula der certo, o Estado pode economizar bilhões de reais anuais com tratamento de milhões de brasileiros. Não vale a pena o investimento público nesta pesquisa clínica, ao custo de talvez 8 milhões de reais (dados livremente ponderados em relação à informação no artigo de que uma fase de testes custaria 2 milhões de reais), mesmo que ao fim se verifique impossibilidade de comercialização? Nós achamos que sim. E você?