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Revista da semana: queda de rating europeu e americano, aumento de teto da dívida americana e reflexos políticos, terrorismo norueguês e xenofobia.

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Passo a tratar resumidamente de uns assuntos importantíssimos e que se não fossem abordado sinteticamente, pela minha falta de disponibilidade de tempo, poderiam não ser abordados oportunamente.

Queda de rating americano e europeu – Nós sempre reclamamos aqui sobre o fato de que o rating das agências especializadas (Moodys, S&P e Fitch, essas são as principais) não refletia a realidade das economias americanas e européias pós crise de 2008 (subprime). Quanto ao Brasil, nunca admitiu nossa melhora tão rapidamente quanto deveriam. Quantos aos EUA e Europeus, nunca baixaram tão rápido quanto deveriam ou como fazem com emergentes. É fácil ver o fator político ou geo-político e geo-econômico atuante nessas análises. Mas agora, depois de pedirmos (e não somente nós aqui.. os europeus falaram o mesmo) agências autônomas brasileiras, latino-americanas e asiáticas, as agências de primeira linha estão tentando produzir a adequação de rating das economias do centro do capitalismo mundial. Justo. Tardio, mas justo. Lento, mas justo. Essas economias viveram acima de sua capacidade econômica. Não houve um colapso à toa, gente. O subprime e a crise indicou que o nível de endividamento privado (não público, é bom que se diga) estava acima da realidade. Agora, que ruiu o sistema privado de crédito, as economias públicas se fragilizaram salvando a economia privada, e, portanto, essa situação de fragilidade deve ficar estampada na alteração de rating, assim como o fortalecimento de nossa economia deve gerar aumento de rating. Interessante notar que haverá correção, nesse processo de correção estrutural das economias principais, de renda percapita, PIB e crescimento dessas economias pelos próximos 5 a dez anos… talvez mais.. Quando o Japão atingiu relação dívida/pib de 100%, nunca mais conseguiu crescimento econômico alto ou diminuição da relação dívida/pib, estando hoje em 210%. Quando nossa relação dívida/pib aproximava-se de 52%, Delfim Neto dizia que havia consenso internacional de que 56% de relação dívida/pib significava dívida impagável!!! AHUAHAUHUAHAHUH Quero ver agora!! 56% é a relação da Espanha. Itália, EUA e Inglaterra estão com 120%, 100% e 160%!! UAHUAHUAHUAH Aguardo cenas dos próximos capítulos.

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Aumento do teto da dívida americana e reflexos políticos – Fiquei impressionado com o desenrolar do processo de debate legislativo norte-americano sobre o acordo para aumento do teto da dívida americana… que irresponsabilidade.. os republicanos não estavam nem aí para a imagem de seu próprio país.. os republicanos não admitiram aumento de impostos dos ricos e pior, nem mesmo suspensão de isenções e subsídios obtidos na era Bush filho… mas não tiveram dúvida em mandar cortar benefícios dos pobres, valores destinados ao recém-criado plano de saúde para miseráveis, o Medicare.. para mim ficou claro que as pessoas físicas não têm tantos representantes no Congresso quanto as empresas. O senso de unidade americana, que sempre passaram para nós, ficou abalado. É um País, ou um acúmulo de interesses, em que cada um cuida do seu? Fiquei chocado e pasmo. Talvez assim, quem sabe, o povo americano acorde para o tipo de representantes que tem. Pensei que talvez o voto ser facultativo tenha algo a ver com isso… quem é honesto e simples pode não se sentir obrigado a ir votar, mas quem é convicto vai com ceteza.. só que os que têm interesses econômicos sempre são convictos.. e os que são convictos somente por ideologia honesta e política são poucos…

Terrorismo norueguês e xenofobia – Esse recente caso norueguês em que um terrorista nórdico, branco de olhos azuis, chamado Anders Breivik, matou dezenas de concidadãos por ser contra a miscigenação e o multiculturalismo, ofendendo particularmente o Brasil, é um caso muito interessante. Vale a pena desconstruir a impressão de força desse tipo de indivíduo. Atos de xenofobia e apreço por ditaduras só têm sentido em situaçãoes extremas, que já não vivemos mais. Se o seu País está em guerra contra outro, naturalmente a xenofobia contra os inimigos e seus aliados é normalíssima e tem vida antes da deflagração da guerra e ainda algum tempo após ela. Isso é compreensível. Desejarem ditadura porque há risco de uma ruptura institucional, ou seja, porque as instituições civis estão corrompidas e fracas, é uma forma de tentar por ordem… é compreensível. Mas fora princípios utilitaristas, o apreço por xenofobia e ditadura é evidente sinal de baixa autoestima, ao meu ver. Nôa é sinal de alta autoestima, segundo minha percepção. Tirando as pessoas normais com quem conversei, a minha impressão de quem defende ditadura por princípio, assim como xenofobia, me deixou a impressão clara de que esse cidadão precisava de algo exterior para se sentir melhor. Por ser fraco interiormente, o apelo a argumentos de tribo ou raça o faziam se sentir bem ou superior. Sua necessidade de diminuir o outro para se sentir melhor é evidente característica de vício de caráter e baixa autoestima. Quem tem alta autoestima sente-se livre e seguro para admirar o diferente. Quem tem menos inteligência ou tem baixa autoestima somente se sente à vontade com a simplicidade do mesmo, do ambiente facilmente reconhecível em que ele possa saber exatamente onde está. Com os admiradores de ditadura pude notar o mesmo. Fora aqueles que justificavam a ditadura de forma utilitária (e aí fica a eterna discussão entre quando e como é útil), os que admiravam a ditadura por princípio, pude notar, se realizavam no exercício do poder por alguém. Por ser fraco ou se sentir fraco, existir o caudilho, que “bate” naqueles em que o indívíduo admirador da ditadura gostaria de bater ou ver humilhado ou ver perseguido, o faz se sentir mais forte. O admirador de ditadura não consegue admitir sua derrota, seja nas urnas, seja na vida, ele precisa projetar seu ego no caudilho para se sentir mais forte e reverter a sorte do mundo a seu favor, imagina ele. A xenofobia e a admiração de ditaduras, portanto, posso concluir, é algo comum a pessoas fracas, menos inteligentes, sedentas de um mundo simples, em que elas reconheçam o ambiente em que se encontram e saibam de antemão exatamente em que “posto” social se encontram. Não gostam de competição pessoal ou econômica, não gostam que outros possam ser (como sempre há) melhores que ele. Tudo deve ser diminuído para que sua mediocridade fique incógnita. Esse é o perfil de Anders Breivik, pitboys, neonazistas e defensores de supremacia branca, negra, azul ou amarela, assim como defensores de ditaduras. A raiva, senhores, é uma defesa natural.

p.s.: texto revisto

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