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Respostas às “Dúvidas” de Rodrigo Constantino

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Quase não me dei o trabalho de responder essas perguntas que Rodrigo Constantino externou em seu artigo intitulado “Dúvidas” e publicado no Jornal O Globo de 06/01/2015, na página 13. Mas as perguntas finais me motivaram a respondê-las todas, como já fiz com perguntas de Arnaldo Jabor… porque, afinal, se temos as respostas às perguntas de pessoas ilustres que não as têm, seria até uma maldade não as compartilhar e manter bons jornalistas e escritores na perplexidade… rsrsrsrs.

As perguntas finais foram: “alguém ainda leva a sério o discurso de que o PT se preocupa com os mais pobres? Quem o faz tem problemas cognitivos ou é de caráter mesmo? Por que o silêncio constrangedor de todos os eleitores de Dilma quanto ao evidente estelionato eleitoral em curso?” E mais: “como um partido como o PT está no poder há 12 anos? Seria o brasileiro masoquista?”.

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Talvez não devêssemos responder, já que votamos e declaramos o voto em Aécio exclusivamente por conta dos atos antidemocráticos e antirrepublicanos perpetrados por Dilma no seu primeiro governo, mas como concordamos com a política econômica e social, entendemos que devemos romper esse “silêncio” alegado por Constantino, ao mesmo passo em que podemos explicar a capacidade cognitiva de quem defende o governo e vota no PT.

Quanto às alegações de falta de caráter ou incapacidade cognitiva, o problema é que após as respostas tal acusação pode se voltar contra o articulista… mas “quem com ferro fere, com ferro será ferido” já dizia o provérbio. Até porque uma pessoa inteligente que não vê o que ocorre nõa se pode dizer que não entende, mas com certeza que manipula. Isso talvez seja pior do que demonstrar incapacidade cognitiva e pode evidenciar o caráter. Acho deprimente que tenha que colocar discussões políticas em nível tão baixo. mas enfim. Talvez Constantino tenha escrito para defensores específicos de Dilma e seu governo e não para os defensores e eleitores em geral. Pensemos assim.
Vou começar por estas perguntas.

Rodrigo Constantino: “Alguém ainda leva a sério o discurso de que o PT se preocupa com os mais pobres? Quem o faz tem problemas cognitivos ou é de caráter mesmo? Por que o silêncio constrangedor de todos os eleitores de Dilma quanto ao evidente estelionato eleitoral em curso?”

Blog Perspectiva Crítica: Algum político é santo? Os políticos vivem exclusivamente para a realização do bem alheio? Não. Políticos, inclusive os bons, pretendem galgar o poder. Isso é importante e essencial para eles e para a democracia. Após isso, implantam seus governos e pretendem continuar no poder. Não como ditadores (talvez até quisessem.. rsrs), mas dentro de regras democráticas, da maneira que for possível. A realização dos governos, seus atos de governo, portanto têm objetivos imediatos e mediatos. Alguns podem ser mais honestos em suas intenções e outros menos. Mas no jogo político, como entendemos, o que importa não é só a intenção, mas aquilo que foi realizado e se guarda correspondência com um fim determinado, compreensível e visível com o qual você, eleitor, se identifique. Dito isso, se o PT faz o que faz pelos mais pobres por interesse em manter-se no poder ou por total comprometimento com a melhora de vida dos mais pobres, o importante é seus atos de governo e reflexos para a qualidade de vida deles e a segurança institucional da democracia e república brasileira. A análise dos atos de governo de Lula e Dilma demonstram que há comprometimento com os mais pobres, sem populismo exacerbados e que distorçam a democracia ou a República. Não houve o que Cristina Kirchner fez e faz na Argentina e nem o que Chavez fez e Maduro faz na Venezuela. Os atos de governo petista estão aumentando renda e qualidade de vida dos mais pobres, incluindo-os na sociedade de consumo brasileira e não atacando ricos e classe média e inserindo mais e mais pessoas na faixa de pobreza. Então, a nosso ver, o PT se preocupa com os mias pobres e os está empregando e educando cada vez mais. As políticas são várias, numerosas, eficientes e têm tido enorme êxito reconhecido por organismos internacionais. Numerá-las é até difícil e extenso: PRoUni, Fies, Sisu, lei de cotas (com prazo determinado de vigência), centenas de milhares de poços artesianos no sertão nordestino, centenas de milhares de caixas d’água distribuídas no sertão nordestino com estrutura para captação de água da chuva a estas famílias, bolsa família, 80 mil bolsas de pós-graduação no exterior, centenas de escolas técnicas criadas por todo o País, mais de 10 universidades públicas construídas, orçamento da educação muito aumentado, salário de professores aumentado, sejam federais, sejam municipais e estaduais com a ajuda do FUNDEB, programa mais médicos que levou médicos a 56 milhões de brasileiros do interior que não tinham médicos… e falei pouco.
Não ver que todos esses programas mudaram a vida de metade da população brasileira e legitimaram os votos em Dilma, principalmente no Nordeste e Norte, e ainda no RJ e Minas Gerais, pergunto, é uma questão de incapacidade cognitiva ou desvio de caráter e tentativa de manipulação dos fatos e mentes brasileiras?
Você não precisa concordar com todos os programas e atos de governo. Nós temos considerações a fazer a vários deles e já s fizemos em nossos artigos neste blog, mas nós não estamos de olhos fechados à imensidão de atos de governo que enriqueceram e enriquecem brasileiros mais pobres sem empobrecer a classe média e os ricos. É bem verdade que a classe média ficou mais esquecida do que os ricos.. rsrsrs. Isso é um grande defeito. Mas não houve ataque à propriedade e mnão houve aumento da faixa de pobres no Brasil.
Assim, para finalizar essa resposta, as alterações da política econômica atuais, já tratadas especificamente em artigo recente desse Blog sob o título “Dilma traiu seus eleitores?”, têm como objetivo manter a estrutura econômica e fiscal possível para se manter um projeto de diminuição de desigualdade social e regional, continuidade de criação de empregos (no momento sob problemas), crescimento econômico (no momento sob problemas), com responsabilidade fiscal e inflação sob controle. Isso não é trair eleitores nem é estelionato eleitoral. Aumentar juros para 12,25% é diferente de chegar a 15% ou mais como falava a oposição ou parar de aumentar o salário mínimo, como defendia a oposição.
Adotar medidas de contenção de gastos e organização de finanças após a pressão que a crise financeira lançou sobre o país que teve de se utilizar de medidas anticíclicas é corolário natural e responsável e não uma “guinada” indicativa que a política anterior estava incorreta ou foi irresponsável. Não existem só medidas corretas ou erradas. Existem medidas tomadas para um problema com o objetivo de gerarem uma consequência, a qual, em excesso ou já não tendo utilidade, deve ser revertida. É o mesmo que você colocar água no incêndio. Após apagar o fogo, a continuidade de água no apartamento começa a destruir o que não tinha sido destruído pelo fogo. O mesmo acontece com uso de antibióticos que em excesso adoecem o organismo que antes protegeram. Não enxergar isso é demonstração de falta de capacidade cognitiva ou de falta de caráter?
É importante notar ainda que da parte deste Blog não houve silêncio constrangedor, mas entendemos que é importante que se pense antes de escrever, porque senão é possível que o escritor ou articulista escreva besteiras facilmente desconstrutíveis, como foi o caso.

Rodrigo Constantino: “A economia está ou não desajustada?”

Blog Perspectiva Crítica:   Repetimos: “Adotar medidas de contenção de gastos e organização de finanças após a pressão que a crise financeira lançou sobre o país que teve de se utilizar de medidas anticíclicas é corolário natural e responsável e não uma “guinada” indicativa que a política anterior estava incorreta ou foi irresponsável. Não existem só medidas corretas ou erradas. Existem medidas tomadas para um problema com o objetivo de gerarem uma consequência, a qual, em excesso ou já não tendo utilidade, deve ser revertida. É o mesmo que você colocar água no incêndio. Após apagar o fogo, a continuidade de água no apartamento começa a destruir o que não tinha sido destruído pelo fogo. O mesmo acontece com uso de antibióticos que em excesso adoecem o organismo que antes protegeram. Não enxergar isso é demonstração de falta de capacidade cognitiva ou de falta de caráter?”

Rodrigo Constantino: Sobre “ajustes indolores” da economia e finanças, “é para cortar na carne? Por isso um fiscalista ortodoxo como Joaquim Levy  assumiu a pasta da Fazenda? A presidente virou neoliberal do lado direito, mas continua desenvolvimentista  do lado esquerdo? Qual lado falará mais alto?”
Blog Perspectiva Crítica: Aqui nós entendemos que é difícil para Constantino entender. Ele é Presidente do Instituto Liberal. Está vendo a Dilma tomar medidas que os conservadores gostariam de fazer e, portanto, acha incongruente. Entretanto essa perplexidade deriva da miopia que o maniqueísmo atual entre social x capital, liberal x social, monetarista x desenvolvimentista cria na nossa sociedade atual. Como a maioria das pessoas está obtusa quanto à rotulação de atos de governo e posições políticas a serem defendidas, não conseguem ver o que nós do Blog Perspectiva Crítica vemos segundo uma perspectiva conformacional de Estado. O conformacionalismo entende que não existe o esquerdo e o direito puramente falando. Há as tendências, mas os atos de governo devem ser eficientes a seu fim. Se em dado momento para expandir serviços públicos é melhor passá-los à área privada, que assim se faça. Se em dado momento devem ser estatizadas bancos para que a economia não sucumba, como fizeram EUA e Europa depois de muita resistência, que se estatizem e que depois se as devolva, pelo devido preço, ao mercado. Mas será sempre possível ver a tendência desenvolvimentista ou economicista nos atos. Dilma é desenvolvimentista, dentre outras coisas, mas reordena a casa para novos futuros avanços, segundo a visão desenvolvimentista e mais socialiasta, seja isso bom ou ruim para quem a analisa e a seu governo. Esperamos ter elucidado a dúvida de Constantino. Nós não temos essas dúvidas. Temos outras.
Rodrigo Constantino: qual o critério usado para a escolha dos nomes (dos ministérios)? A presidente não ia combater o fisiologismo presente na raiz  de nossa corrupção? Como esses ministros (escolhidos exclusivamente por afiliação partidária) poderão fazer algo de bom pelo País? Por que tanto interesse nos Ministérios? Seria apenas para usar os recursos públicos para seus fundos partidários ou enriquecimento pessoal?” Também perguntou se a indicação de Cid Gomes demonstra prioridade com a educação.
Blog Perspectiva Crítica: Realmente foi mantido o sistema de cooptação e manutenção da base aliada através de nomeação a cargos no Executivo. Isso é uma degeneração do nosso sistema político. Não adianta querer que só técnicos estejam nos postos-chave do governo porque isso não garante apoio político e sem apoio político não tem aprovação de projetos políticos. Quem exige o contrário, sem antes haver alterações no sistema eleitoral e na dinâmica institucional entre os Poderes, como sugerido, inclusive por este blog e em parte em curso no Congresso (vide a obrigatoriedade do orçamento que defende a obrigatoriedade de execução orçamentária das emendas parlamentares), ou tem incapacidade cognitiva ou está manipulando a expectativa do leitor. E nomeação de técnicos é o ideal e deve ser pedido pela sociedade, mas nomear o Gilberto Gil para a Cultura não resolveu todos os problemas da pasta. O governo deve ter compromisso com o Ministério e seus objetivos. Então Cid Gomes não é bom nome mesmo, mas se os projetos de educação do governo forem bons, vá lá. A política é uma triste escolha do que é possível… e no Brasil infelizmente tem sido muito triste, mas estamos avançando.
Rodrigo Constantino: “ladrão” é termo certo para designar aqueles que montaram o mairo sistema de corrupção já visto na História desse país?”
Blog Perspectiva Crítica: Não. Nisso concordamos totalmente com Constantino. Todos os envolvidos no esquema da Petrobrás devem ser punidos: políticos, empresários e funcionários públicos, que foram absoluta minoria, devemos dizer. E as consequências e relações sobre este crime devem ser investigados a fundo. isso parece estar sendo feito, mas isso ainda não chegou na cúpula do governo, friamente falando. Não se pode adotar medidas, inclusive impeachment por conta de alegações, publicações ilativas em jornais mesmo que a aparência seja das piores. Há que se respeitar a presunção de inocência, o devido processo legal e garantir-se o contraditório, pois isso é que caracteriza a democracia e não a expurgação do governo eleito do poder porque houve um sistema de corrupção montado por determinadas pessoas. Mesmo que o Partido dos Trabalhadores fosse uma organização criminosa, o que não parece que seja o caso, mas realmente a imagem do partido está muito elameada, o governo eleito foi eleito e a Presidente só pode ser destituída por meiso legais, em respeito à constituição do Brasil, ou a oposição pode iniciar um movimento revolucionário, claro.. rsrsrrs. É sempre uma opção.. rsrsrs
Esperamos ter ajudado Rodrigo Constantino a entender suas dúvidas. É o mínimo que podemos fazer como colegas de mídia, apesar de em campos quase opostos. Se Constantino ao invés de liberal fosse conformacionalista, não teria tido estas dúvidas, mas talvez o mundo fosse mais monótono. Rsrsrs.

p.s.: Importante informar que nós não votamos em Dilma para a reeleição, nós não somos defendsores do governo Dilma, do governo petista ou dos governos do PSDB de FHC, mas nós somos críticos construtivos da grande mídia, defensores de bons atos de governo e denunciaores e críticos de maus atos de governo, seja de que partido for e os princípios que norteiam nossas críticas e comentários são a defesa da democracia, da república e da federação brasileiras, das instituições civis, defesa dos direitos individuais e sociais, busca pela diminuição da desigualdade social e regional, busca pela promoção do bem de todos e do desenvolvimento nacional (artigo 3º da CF/88), defesa da soberania nacionale do princípio de autodeterminação dos povos, busca pela inserção internacional com autonomia, assim como a defesa do emprego e renda do brasileiro, eficiência dos serviços públicos, com responsabilidade fiscal e controle inflacionário. Como diria Arnaldo, “a regra é clara”.

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