É, senhores e senhoras, mesmo com a informação a tempo pelas pesquisas de intenção de voto de que Ciro no segundo turno seria eleito enfrentando Haddad ou Bolsonaro, com o menor índice de votos brancos ou nulos, a maioria dos brasileiros não quis abdicar de seus votos em ambos, apesar de que outros eleitores como os de Marina mudaram e desidrataram sua votação no primeiro turno. Mas o resultado é esse: Haddad e Bolsonaro no segundo turno para que seja concluído o pleito presidencial de 2018, em 28/10/2018.
E aí temos de enfrentar um fato: como um Deputado Federal do baixo clero, sem expressão política em mais de 20 anos de legislatura pode chegar onde chegou, com expressiva vantagem eleitoral sobre o representante de Lula, Haddad? A diferença já esteve maior, mas ainda era de 12 pontos percentuais há dois ou três dias atrás.
Na nossa análise, e aí concordamos com Ascânio Seleme, as pessoas se decepcionaram profundamente com a política e a decepção foi especial com o PT, pois foi eleito inúmeras vezes para que fizesse o certo e deu no que deu com vários políticos do PT presos, inclusive o Lula.
Apesar de se reclamar do impeachment da Dilma, que é um julgamento político, o processo todo durou mais de 8 meses. Collor foi defenestrado em dias. As delações são fartas em acusações e processos bem organizados condenaram vários políticos de vários partidos e empresários de alto escalão em nível nacional, tendo sido respeitado o direito ao contraditório de todos em todas as instâncias do Judiciário a´te o STF.
Então, a decepção foi muito grande. Bolsonaro, além de não ter sido mencionado em delação nenhuma, não tem máculas em sua vida pessoal, no serviço como militar ou em sua vida particular que tenham tomado qualquer dimensão pública.
Mas não foi só isso. Mentiras fizeram boa parte do problemas. As mentiras do PT e da grande mídia, ao menos desde o segundo semestre de 2013, quando houve a movimentação da “Primavera Brasileira”, termo que adotamos como menção aos movimentos de liberdade que haviam estourado à época entre os árabes.
As Mentiras da Grande Mídia
À época, as corretas políticas anticíclicas para girar a economia que o PT implantou desde 2008, com Lula, em resposta à crise financeira internacional, com ótimos resultados em crescimento econômico e geração de emprego, foram tratadas pela mídia como políticas irresponsáveis que estavam criando déficit fiscal e pondo em risco o controle da inflação.
O Blog analisou muitas vezes essas acusações e pode ser verificado que as medidas anticílicas adotadas pelo Brasil aumentaram em determinado momento 10% da Dívida Pública, enquanto no mesmo período os países ricos para debelarem seus problemas tiveram aumento de quase 100% de suas dívidas públicas. Antes da crise de 2008, inclusive como exigência fiscal da Zona do Euro/União Européia, a relação dívida/pib não poderia ser superior a 45% e na Alemanha chegou a 85%, na França a mais de 90%. Nos EUA a dívida que estava abaixo de 70% antes da crise chegou a ultrapassar 100% do PIB… de um pib de 16 trilhões de dólares.
Veja que o aumento de 10% da dívida brasileira foi pouca. E claro, pressionava a inflação e manteve os juros altos, mas sempre dentro da meta de inflação de ate 6,5%. E os negócios que foram mantidos com esse acréscimo de dívida? E os empregos? Enquanto os países ricos estavam chegando a níveis de 25% de desemprego, como na Espanha, o Brasil estava, em 2010, ótimo em crescimento econômico e em taxa de desemprego.
Mas nossa grande mídia não reconheceu nada disso e a Miriam Leitão chegou a, no meio do furação europeu e morte-americano, sugerir medidas de austeridade a serem adotadas no Brasil iguais às adotadas naqueles países, sendo que nossas situações eram totalmente diferentes. Lá O Estado já tinha aumentado a dívida em quase 100% para resgatar bancos da falência em massa. Aqui, não. As medidas de liberação de crédito para pessoas e empresas não chegavam a 10% de aumento de dívida e mantinham a compra de bens que agora não eram mais comprados pelo exterior em crise. Lá, os imóveis perdiam valor e fundos trilionários de investimentos tiravam dinheiro da economia, refugiando-se na China, Rússia, Índia e Brasil, gerando dinheiro na economia e a maior bolha imobiliária da história do Brasil, o que também foi negado pela mídia e só reconhecido cinco anos após. Nós informamos desde o início sobre a bolha imobiliária. A mídia mentia. Situações distintas lá e cá, e a grande mídia queria que as medidas fossem iguais.. tsc, tsc, tsc.
Em sua implacável e insaciável vontade de desconstituir qualquer feito do governo petista, detratou todos os benefícios, somente reconhecendo-os parcialmente quando o PT de Dilma, mais tarde, após não admitir que a política anticíclica terminou seus efeitos positivos (porque uma hora terminariam mesmo), em resposta às mentiras da mídia que impediam a sociedade de ver os benefícios, resolveu igualmente mentir a partir do segundo semestre de 2013 para garantir sua reeleição em 2014.
O erro começou com as mentiras da grande mídia. Observe-se que em um campo de mentiras é difícil colher racionalidade e a irracionalidade chegou ao ambiente fértil ao Bolsonarismo. Mas chegaremos lá.
As mentiras do PT
Sem que os benefícios da política anticíclica fossem aproveitados eleitoralmente de forma tranquila por causa das mentiras da grande mídia sobre as consequências fiscais da adoção de tais medidas, o PT de Dilma não se sentiu à vontade e com capital política para fazer a reversão das medidas anticíclicas como era necessário a partir do segundo semestre de 2013, quando eclodiram as movimentações históricas brasileiras de junho a agosto de 2013.
Aí, no momento em que deveria estar se discutindo as formas de se desfazer as medidas anticílicas, que naturalmente iriam piorar os números econômicos que já estavam em queda pelo natural esgotamento da política anticíclica adotada, o PT mentiu. Manteve as medidas anticíclicas para que a economia se mantivesse até a eleição em outubro de 2014.
Ao não desfazer as medidas anticílicas, dizendo que elas eram boas e deveriam ser mantidas, o PT mentiu e errou feio. Deveria ter se utilizado de seus meios de comunicação para explicar que os benefícios da política anticíclica colhidos até 2013 não poderiam se manter e que não garantiam mais os benefícios que garantiram até então e que o aumento de dívida pública já não mais se justificava em face de pouca geração de emprego e baixo crescimento econômico.
Mas o que em um ambiente de informações verdadeiras sobre economia, política anticíclica e crise econômica internacional e seu reflexo na economia brasileira poderia ser tranquilamente (talvez não tão tranquilamente assim.. rsrsrs) abordado com a população, tornou-se impossível político-eleitoralmente porque por anos a grande mídia havia dito que tais medidas eram uma irresponsabilidade e que levariam ao aumento de dívida pública, ao baixo crescimento econômico e ao desemprego e inflação.
Veja, toda a política anticíclica necessária para enfrentar a crise de 2008, como nos EUA e Europa adotaram, geraria aumento de dívida pública. Os crescimentos econômicos brasileiros na época, assim como a geração de emprego, justificaram o nosso pequeno aumento de dívida, mas se não houvesse crescimento mundial, em algum momento se esgotariam os efeitos benéficos desta política e a falta de demanda para os produtos e serviços brasileiros tanto internamente, por esgotamento de capacidade de endividamento das famílias, como externamente por falta de viço das empresas no exterior e pelos próprios países e sua população desempregada.
Isso não foi tratado como algo natural e consequência da política anticíclica diante da alterações de alguns fatores (capacidade de endividamento de famílias e empresas) e da manutenção de outras (baixo crescimento mundial e desemprego em massa nesses países e crise fiscal na Europa e EUA que exigiu medidas de austeridade, tudo gerando pouca demanda internacional para produtos e serviços brasileiros).
Sendo assim, erroneamente o PT decidiu mentir em resposta às mentiras da grande mídia. O PT não explicou a política anticíclica e não explicou porque deveriam revertê-la. Manteve as medidas para insistir, assumindo que a visão disseminada pela grande mídia estava se concretizando na sociedade, que estava certo desde o início da adoção de tais medidas e insistiu que se elas deram certo no passado recente, com grande benefício evidente em 2010, em especial face aos EUA e Europa, iriam dar certo agora também.
Além de erros econômicos pontuais que existiram (preço da gasolina, falta de adoção de uma forma de compensar a Petrobrás, por exemplo) e de falta de sorte (ao tentarem mexer com as concessões de hidrelétricas, houve a mais seca no país em mais de 89 anos e inviabilizou a nova política de preços de energia elétrica criando uma dívida de mais de 8 bilhões de reais), desde o segundo semestre de 2013 o PT resolveu mentir e continuar com as medidas anticíclicas, quando, AÍ SIM, A PARTIR DE ENTÃO, AS MEDIDAS ANTICÍCLICAS PASSARAM A CRIAR TODO O PROBLEMA DE QUE A MÍDIA FALOU ERRÔNEA E ANTECIPADAMENTE.
O Judiciário e a Operação Lava-Jato e o cansaço do brasileiro com a política
As mentiras do PT iniciadas em julho de 2013, geraram a reeleição da Dilma em 2014, mas o povo que acreditou no PT viu o que a mídia dizia que ocorreria acontecer: aumento de déficit público, pressão inflacionária, baixo crescimento econômico e desemprego. Nesse momento, houve a perda completa, juntando-se às notícias da Operação Lava-Jato prendendo 300 políticos e altos empresários, de confiança na política.
O cidadão se viu enganado, se viu, a partir do fim de 2014 e início de 2015, perdendo o emprego. enquanto seus políticos iam presos por estarem roubando os cofres públicos, a Petrobrás, ricos, com suas esposas fazendo compras milionárias na Europa. É preciso dizer mais?
O Judiciário, neste momento, entrou como um toque final para o fim da imagem da classe política e também para um nível de esperança do cidadão com o Estado brasileiro. Neste tocante, o Judiciário e a grande mídia fizeram uma parceria quase perfeita a bem do país. Claro que a prioridade ficou sobre os processos de crimes de corrupção daqueles que estavam no governo, portanto petistas e seus aliados, e o PSDB e até o PMDB (hoje MDB) foram poupados do escárnio social em um primeiro momento.
Mas não se pode dizer que os processos judiciais, segundo nosso acompanhamento, tiveram preferências ou foram julgados fora do rigor técnico ou com conotação política. E, por fim, até o Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Sérgio Guerra, todos ícones do PSDB também acabaram investigados e/ou processados e condenados.
Isso lavou a alma do brasileiro, mas acabou com o fim da consideração do brasileiro pelos políticos e em especial em relação ao PT, mas não só. O brasileiro perdeu a paciência e se cansou dos políticos e da política na forma como se apresentou até então. E os partidos trocaram de nomes e siglas para apartarem-se das más notícias de seus maus feitos: PMDB virou MDB, PFL virou DEM, PL virou PR. A política se tornou visivelmente ridícula.
Consequências e o Bolsonarismo
Neste contexto, surge Bolsonaro, como pré-candidato à eleição pelo PSL, tendo saído do PP justamente por ficar evidente que vários partidários foram incriminados e condenados pela Operação Lava-Jato.
No meio de tanta decepção, com Lula podendo ser preso e Aécio também, dois ícones dos clássicos partidos até então divisores da confiança e orgulho do brasileiro, surge um que qualquer um podia dizer que era um político que não roubava, inclusive não tendo sequer uma menção nas delações de todas as operações policiais que, e juízo, mancharam mais da metade do Congresso Nacional, chegando a envolver, inclusive, o Presidente da República Michel Temer.
Um sujeito que fala simples. Um sujeito com personalidade e que fala assim ou assado doa a quem doer. Que chama os políticos de ladrões e que diz que não se mistura.
E aí a sociedade olha para ele e se questiona:
Ele não teve projeção politica? Mas como ter se só os ladrões tinham. Todos os que tinham projeção estão processados ou presos. Não ter tido projeção pode ser prova de sua idoneidade.
Ele quase não teve projetos aprovados? Mas se ele é excluído e combativo com os outros políticos, como teria facilidade nesta seara?
Sabemos que as perguntas e respostas não são assim tão diretas e simples, mas veja, é uma lógica. E é o que sentimos que permeia a sociedade.
E as atrocidades que ele fala? Gente, no meio do fim da imagem dos políticos, as atrocidades que ele fala perdem dimensão.
O Bolsonarismo e a guinada para a direita vêm neste ambiente. Ambiente criado por uma sucessão de mentiras econômicas, o ativismo da grande mídia contra o PT, as mentiras do PT em resposta às mentiras da mídia, as condenações de políticos, inclusive do PT, pelo Judiciário, a crise e o desemprego e a decepção com a política e os políticos.
Bolsonaro é visto como um outsider da política, mesmo sendo político há mais de 20anos. O sentimento pode ser colocado também assim: se os EUA podem votar no Trump, qual o problema de eu votar no Bolsonaro?
Ninguém está votando na volta da ditadura (talvez alguns poucos.. rsrs). Ninguém está votando na discriminação de homossexuais ou transssexuais. Ninguém quer nada que não seja o bem do Brasil. Mas em meio a uma sociedade carente de valores e da esperança de que alguém os tenha e que possa ser eleito, Bolsonaro se apresenta como um revoltado com a política e os políticos, pai de família, preocupado com os valores que passaremos a nossos filhos, sem processos, sem inquéritos e sem menções em delações, além de sem sinais exteriores de riqueza incompatível com seu salário de Deputado Federal.
Bolsonaro promete combate à corrupção, corte de 20 mil cargos em comissão no Executivo (só isto já exterminaria com grande parte da política de toma lá-dá cá imediato), imposto de renda a 20% para todos (incluindo sobre a distribuição de lucros e dividendos e sobre os PJs – Bonner e Renata terão de pagar 20%.. rsrsrs), escola sem aulas de orientação sexual, segurança pública e perseguição ao crime. E ele tem legitimidade para propor isso.
Os erros e besteiras que seu filho (fechar o STF com um soldado e um cabo), Paulo Guedes (fim do décimo terceiro) e seu Vice Mourão (fazer nova Constituição com “seus” esclarecidos – você imagine isso.. ahuahuahuahuhaa) e até que ele mesmo fala, mas logo se retrata, perdem importância quando o brasileiro não tem mais fé em ninguém na política.
O Bolsonarismo nasceu aí desse caldeirão: movimentos apartidários de junho de 2013, mentiras da grande mídia sobre a política anticílica e a situação internacional e a bolha imobiliária, mentira do PT em nõa desfazer as medidas anticíclicas para vencer eleições em 2014, descoberta do povo de que foi enganado pelo PT, operações lava-jato e outras, condenações de políticos de diversaos partidos e principalmente do PT, perda da esperança na política e nos políticos, surgimento de um político com força de personalidade, com histórico parlamentar e político sem máculas contra o interesse público e os cofres públicos, apesar de algumas máculas contra os movimentos sociais e bandeiras LGBT e outras, e com disposição de ser presidente.
Boa parte dos brasileiros comprou a ideia de um “outsider” que acabará com o lixo político e os conluios de Brasília. Assim surgiu o Bolsonarismo.
Mesmo que não ganhasse amanhã, o movimento foi forte e tomou corpo no Brasil. O Bolsonarismo será analisado assim como o Lulismo o foi. A nós do Perspectiva Crítica, na falta de identificação com partidos, é ruim a necessidade de identificação com personalidades políticas, mas é melhor que isso ocorra dentro das regras eleitorais vigentes e da normalidade democrática e constitucional.
Não vemos risco de Haddad ou Bolsonaro, caso eleitos, fazerem os exageros que previram em seus programas porque as instituições republicanas, o Judiciário, o Ministério Público, a Imprensa, a OAB e outras entidades da sociedade não deixarão.
Nessa crença, desejamos boa eleição e bom voto a todos.
Mário, você comentou (culpou) a inércia das políticas anticíclicas, mas, não comentou sobre as razões (do erro) das políticas cíclicas, assim, o papel da FIESP com as medidas de "teoricamente" fomento produtivo (a indução ao erro) para satisfazer as pretensões do PMDB, também, a "faca no pescoço" pelo Mercado pela saída de Mantega para dar lugar ao Levy (o "cara" que alçou um déficit primário para R$ 20 BI) gerando o primeiro déficit em mais de um década. Avalie os gráficos e faça as conexões para desenrolar exatamente a expectativa, como estratégia, da não re-eleição em 2014. Mas o objetivo foi derrotado! Dilma se re-elegeu. O que veio por seguinte foi a força bruta! O fenômeno Bolsonaro é a continuidade disso, inclusive, a estratégia de alcance no eleitorado. Sem mais.
Em tempo: O PMDB é alinha de costura dessa narrativa para se alcançar o panorama atual. Ou não, na sua opinião?
Fábio, o objetivo precípuo do artigo foi trazer linhas gerais e importantes sobre o desenrolar de fatos que erodiram a confiança da população na classe política e nos políticos. Todo artigo, como você sabe, tem limitações e deve ter foco de abordagem. Como o artigo foi amplo e teve a intenção de constituir o ambiente que tornou o bolsonarismo possível em 2018 a partir da análise de fatos desde 2013 e até antes, até mesmo fatos referentes a 2008, esse nível de detalhe não pode ser trabalhado. Não posso destituir e o artigo não se contrapõe ao que você diz. Mas a abordagem entendo e compartilho de sua abordagem.Já escrevi aqui que o déficit fiscal foi criado. E foi mesmo. Mas houve erro também na condução da economia a partir de julho de 2013 e você não deve discordar disso.
Quanto ao PMDB, devo insistir, nem todas as nuances dos fatos que geraram o Bolsonarismo podem ser abordados em um único artigo. A linha de costura para se alcançar o panorama atual, seguindo o vetor retórico do artigo que se refere à emergência do Bolsonarismo, passa pelo PMDB, com certeza, sendo um partido que de diversas formas contribuiu para a erosão da confiança do brasileiro na política e nos políticos de diversas maneiras, até durante o governo Temer em que diversas atrocidades políticas e movimentos políticos, inclusive com nuances e repercussões criminais, foram efetuados e percebidos como falsos e manipuladores da verdade pela população. O envolvimento de Temer com a JBS, a delação da JBS, a movimentação de salvação do Moreira Franco,assim como Dilma quis fazer com Lula, só que sem o impedimento que o Judiciário criou ao Lula e não ao Moreira Franco, a surpresa da Reforma Trabalhista.. e muitos outros.
Mas o objetivo aqui do artigo era mais macro. A linha de costura são os fatos que geraram a decepção da população co a classe política ao ponto de encontrar em Bolsonaro uma resposta imediata ao seu sentimento de abandono pela classe política. Nesse sentido, os três pontos nevrálgicos foram as mentiras da grande mídia sobre a política econômica e fiscal do governo petista em vários anos e o impedimento de que a população pudesse ver a realidafe dos fatos, neste tocante, seguido das mentiras que o PT resolveu bancar para manter uma política de medidas anticíclicas nõa mais necessária ou benéfica econômica e socialmente a partir de julho de 2013, com objetivo eleitorais em 2014. Por fim, a trilogia se encerra com as condenações e publicização de muitas verdades em julgamentos no Judiciário acabando com metade do Congresso, alcançando Lula, Aécio e muitos políticos de cúpula e altos empresários, até então declarados santos da sociedade, gerando a estupefação social com a classe política e a necessidade e desespero por ORDEM. Aí entra Bolsonaro. A costura e a linha narrativa passa por esses pontos cruciais. É uma narrativa. É uma narrativa em que acreditamos.
"Bolsonaro promete combate à corrupção, corte de 20 mil cargos em comissão no Executivo (só isto já exterminaria com grande parte da política de toma lá-dá cá imediato), imposto de renda a 20% para todos (incluindo sobre a distribuição de lucros e dividendos e sobre os PJs – Bonner e Renata terão de pagar 20%.. rsrsrs), escola sem aulas de orientação sexual, segurança pública e perseguição ao crime. E ele tem legitimidade para propor isso."
Algumas dessas propostas dele são quase que utópicas e outras são totalmente errôneas ou errôneas em parte. Bom vamos, ver o que será do Brasil.
Não as considero utópicas. Eu as considero possíveis, sustentáveis mas realmente, e aí concordamos inteiramente contigo, consideramos de difícil realização para quem não tiver a vontade política de empreender essas promessas. A Globo quando fala que cobrar 20% de imposto de renda de todos diz que haveria déficit fiscal de 60 bilhões porque não conta o aumento de arrecadação sobre os PJs e sobre a distribuição de lucros e dividendos. Só do Itaú, anualmente seriam arrecadados mais de 4 bilhões anuais (cálculo bruto de 20% sobre todo o lucro anual e desconsidera os descontos que poderiam ocorrer em virtude de incidência de outros tributos sobre a base de cálculo "lucros" e ignora a variação da política de distribuição de dividendos).
combate à corrupção – é possível, mas difícil (já começou querendo nomear pessoas envolvidas em escândalos e até já condenadas, o Fraga por exemplo). Fora que isso não depende apenas dele. Mas é possível. Se fizer, ótimo.
corte de 20 mil cargos em comissão no Executivo – aqui é quase utópico. Eu disse quase. Podem haver cortes, mas não acredito que nessa magnitude. Cabe lembrar que existem quase 25 mil cargos de livre nomeação no executivo federal, se ele cortar 20 mil, estará cortando 4/5 ou 80%!!! É uma cifra muito alta levando-se em conta a distribuição de cargos necessária para ter governabilidade. Se ele fizer isso, perderá a governabilidade. Inclusive a máquina não funcionará. Por isso acho uma promessa quase utópica.
imposto de renda a 20% para todos – se fizer isso será errônea na minha visão. Penso que devemos perseguir um sistema progressivo. Igualar 20% para todos é ruim nesse ponto. obviamente que PJs devem pagar e lucros e dividendos também, mas sempre observando a progressividade.
escola sem aulas de orientação sexual – péssima ideia. Educação sexual é importante, ainda mais em um país cheio de famílias desestruturadas como o nosso. A escola é importante para quebrar esse ciclo, ajudando aos jovens se prevenirem e até detectarem possíveis abusos.
segurança pública e perseguição ao crime – bom, bolsonaro não tem nenhum histórico disso. Vamos ver o que fará. O certo é que sair colocando exército nas ruas não ajudará em nada. É preciso investir em inteligência, acabar com o crime organizado, arrumar os presídios, e mudar a política anti drogas. Se não fizer isso, continuará a mesma coisa!
As medidas oras proposta por Paulo Guedes sofreram forte resistência porque dependem de emendas, em vista que, hoje, são inconstitucionais. Por exemplo, a alíquota de 20% fixo sobre o IR fere o princípio contido no art. 145, §1º da CF88, e, a aderência da Assistência Social à Previdência Social também é previsão Constitucional. Assim, como há a tentativa na administração das contribuições sociais vinculadas e a própria CF88 também reserva que os direitos sociais (e as contingências orçamentárias) para sua efetivação são irrevogáveis. Há um estudo em andamentos na assessoria legislativa do Congresso para o desmembramento da vinculação propositiva do PIS/COFINS e da CSLL na reforma sugerida.
Mário, é absurda a situação em que estamos, as pessoas votaram num candidato sem olhar para suas propostas, apenas sugeridos pelo preconceito… 4 anos estagnados… é o que se espera. Outros candidatos no primeiro turno tinham propostas muito mais consistentes, para vencer o "petismo", se esse era o real objetivo.
ERRATA: "ora" e logo em seguida "SOFRERÃO" ao invés de "sofreram".
Concordo contigo. Não houve debate sobre programas. Em parte a Globo teve culpa. Ao invés de perguntarem sobre programas, o que fragilizaria o Bolsonaro, tentaram atacá-lo pessoalmente e deu no que deu. Não houve debate. As propagandas do Bolsonaro eram sobre Haddad, PT e Lula e as de Haddad eram sobre aspectos pessoais de Bolsonaro e que ele seria Hitler. Perdeu-se a oportunidade de debate de reformas e programas. Votou-se em um presidente pró-mercado, pró-reformas contra o trabalhador, mas o que uniu as pessoas em torno disso foi, acredito, o fato de que ele, como Ciro e Marina, não tinha condenação, não respondia a inquérito sobre corrupção, e não foi alvo de nenhuma delação. O artigo analisou o que influenciou o ambiente a favor de Bolsonaro, não disse que Bolsonaro era o melhor. O melhor, a nosso ver, era o Ciro.