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Por que o Brasil não apóia medida militar na Síria?

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Pessoal, isto é muito importante para nós brasileiros. Nós não somos americanos ou europeus ou participantes da Comunidade Britânica de Nações (Canadá, Austrália, Nova Zelândia..). Nós somos brasileiros, latino-americanos e lusófonos.

Se o Brasil tomar ou apoiar medidas unilaterais, amanhã poderá ser vítima deste tipo de medida sem poder reclamar. Hoje nós somos fracos militarmente, ainda. Nossa defesa se pauta muito em fortalecermos organismos multilaterais. Isto significa que devemos fortalecer a ONU.

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E digo isto não como pura medida calculista, mas como medida de Justiça. A realidade não é só a que aparece nos jornais, cujas imagens têm 75% de sua produção por redes internacionais: americanas e inglesas. A realidade é mais complexa do que isto.

Por isso o Brasil apóia as decisões que são tomadas pela ONU e incentiva organizações regionais como a Liga Árabe de Nações. Assim, podemos exigir o respeito às decisões da ONU em relação à América do Sul e o respeito às decisões e opiniões da OEA e Unasul.

Assim, o Brasil não apoiou o golpe de Estado que retirou Manuel Zelaya do poder em Honduras, apesar de os EUA terem gostado e apoiado, mesmo contra a Constituição Hondurenha. Depois mostrou-se justa e acertada nossa posição. Também não apoiamos a invasão militar da Líbia, mas somente a manutenção de exclusão de zona aérea parcial da Líbia como decidido pela ONU para impedir que aviões de caça líbios bombardeassem os civis. Mas a França e EUA foram muito além (e não só por interesses humanistas…, por favor).

O Brasil também não apoiou a invasão do Iraque ou do Afeganistão e não apoiou invasão militar da Síria, porque a ONU não decidiu assim. Decisão da ONU tem respaldo internacional. Seguir EUA e seja lá mais quem não tem respaldo internacional.

Por isso somos respeitados. Todos sabem que não há surpresas a se esperar do Brasil. Decisões da ONU são decisões com respaldo em todos os países integrantes da ONU e, portanto, têm muito mais chance de considerar a realidade mais complexa que envolve qualquer questão internacional com ponderaçõa de interesses de todos em relação à questão.

EUA têm interesse em ampliar sua zona de influência no Oriente Médio, diminuir a influência do Irã e da Rússia e ainda estimular sua economia via guerra… Bush já disse isso pessoalmente ao Presidente argentino Kirchner, como declarado no filme de Oliver Stone, “Aos Sul da Fronteira”.

Nossa diplomacia é histórica, garantiu interesses brasileiros ao longo de séculos, nossa integridade territorial, nossa paz com 11 vizinhos… respeite as opiniões e as determinações de nossa chancelaria. Eles são profissionais em política externa e não os jornalistas que vivem de matérias sensacionalistas, pagas, e diárias, sem considerações profundas de análise histórica, política, social, econômica e geopolítica. Por favor, deixem o papel de papagaio de pirata para outros países, mas não o nosso.

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