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Mercado aterroriza o BACEN e o Governo: inflação e juros

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Vejam o conteúdo dessa informação publicada no Jornal do Commercio on line hoje, 18/04/2011, sobre a recém elaborada “Carta Conjuntural” preparada pelo IPEA, sob a Chefia de Roberto Messenberg.

“Messemberg, no entanto, descartou qualquer possibilidade de hiperinflação. “Não existe nenhuma possibilidade da taxa de inflação sair fora de controle. Essas especulações fazem parte de uma estratégia terrorista de instituições financeiras para abortar a agenda do governo que visa a atender aos anseios da sociedade como um todo e não de uma minoria”.

A inflação deve desacelerar no último trimestre do ano, segundo as projeções do Ipea, como resultado do desaquecimento da economia interna, motivada por políticas mais austeras, tanto monetárias quanto fiscais, além de reajustes menores dos salários e do nível da taxa de câmbio.”
(http://www.jcom.com.br/noticia/132003/PIB_deve_manter_ritmo_de_crescimento_de_2010_este_ano_e_inflacao_pode_passar_do_centro_da_meta)

Pois é gente, o mercado e a Globo estão insistindo. Enquanto em artigo de hoje do Jornal O Globo on line há a notícia de que a China combate a inflação com aumento ainda maior de depósito compulsório dos bancos, sem grandes informações ou novidades em relação ao juros básicos daquela economia, aqui o mercado só quer saber de aumento de juros Selic.

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Não há ponderação sobre os efeitos das medidas macroprudenciais. Não há consideração maior sobre o fato de que os efeitos de qualquer medida, seja macroprudencial seja aumento de juros, não pode alterar em curto prazo o estrago que aumento de commodities, petróleo e a pressão inflacionário internacional, por causa do alto endividamento dos ricos, estão efetivando em nossa economia. Querem o aumento de juros e é isso aí.

Considera-se simplesmente que o Boletim Focus piorou esse mês suas previsões. E o Boletim Focus é publicado pelo Banco Central. Mas ninguém diz que o Boletim Focus não é a previsão do Banco Central. A previsão do Banco Central é publicada nas atas que justificam a fixação de juros de 45 em 45 dias. O Boletim Focus, para quem não sabe, é o resumo das expectativas de mais ou menos 100 instituições do mercado financeiro. É a expectativa privada sobre os principais números da economia. Mas a expectativa é privada. Só que os privados ganham dinheiro com quadro econômico em que é necessário aumento de juros Selic.

Então, senhores, Boletim Focus é importante, mas é a perspectiva viciada do mercado financeiro. É importante, mas não é a verdade absoluta das expectativas. Tem que ser considerada, mas deve ter um contraponto referencial. As atas do Bacen fazem o contraponto. As leituras do Ministério da Fazenda fazem contraponto e o IPEA também. Mas se a grande mídia não faz a mesura e não dá mesmo nível de publicidade para os pontos em debate, fica difícil. Pelo menos há o Jornal do Commercio.

Pode ser que o Banco Central vá aumentar a taxa de juros nesta quarta-feira. Mas isso não vai diminuir o preço do petróleo, o qual, aliás, foi informado que está prestes a ceder por excesso de oferta. A Arábia Saudita informou hoje, também publicado no Globo On line, que diminuiu a procura por petróleo e que diminuiriam a oferta.

Como falei acima, a China aumentou o compulsório dos seus bancos. O que gera presunção de diminuição de crédito e diminuição de ritmo de consumo de petróleo, além de queda de inflação. Os EUA está sobre grande pressão para diminuir custos, já que sua dívida é de 14 trilhoes de dólares, mais de 100% o seu PIB, e está anunciando cortes trilhonários em gastos do governo, o que diminuirá consumo de petróleo e inflação. Nos EUA também cresceram empregos. E as economias européias, apesar de melhores não decolam e ainda deverão aumentar juros básicos, pois há pressão inflacionária e fuga de capitais com seus juros reais negativos.

Isso tudo gera perspectivas macroeconômicas melhores e a previsão de queda efetiva dos índices inflacionários brasileiros são esperados para o último trimestre. Mas o mercado continua revendo para cima suas expectativas inflacionárias.

É onde estamos senhores. Vocês estão acompanhando. O IPEA, não eu, diz que o mercado está aterrorizando as expectativas de inflação. Mantega já acertou algumas vezes contra o mercado. Se a área privada tem o Boletim Focus e a grande mídia, Globo a frente, pelo menos o País tem o BACEN autônomo, um Ministro da Fazenda atuante, o IPEA, o Jornal do Commercio e nós, brasileiros interessados e questionadores, como contraponto.

Podem roubar a Nação, com aumento de dívida interna para pagar mais juros que a área privada tanto quer, mas ficará registrado o contraponto do blog. Apoiamos o Bacen em sua tentativa de apresentar medidas alternativas e aplicadas com muito afinco pela China, para conter a inflação, sem prejudicar a economia ou prejudicar ainda mais a taxa de câmbio, atraindo uma avalanche de dólares para cá. Apoiamos mais medidas macroprudenciais e não a continuidade de aumento de Selic, aumentando a diferença dos juros brasileiros pagos, à razão de 5% positivo, dos juros estrangeiros, estando hoje, nos países ricos, negativos em no mínimo 1,4%.

Banco Central, resista. Com ou sem esse aumento de juros a inflação terá de ceder. Ninguém fala que o governo cortou 50 bilhões de reais, mas que os bancos privados trouxeram 25 bilhões de dólares para oferecer de empréstimo para os brasileiros. Estão pegando valores mais baixo lá fora para emprestar a juros de cheque especial aqui dentro. O problema não é só do governo “gastador”. Isso, nem mesmo o IOF de 6% aplicado pela Fazenda tem como impedir. Mas a situação externa está em fase de melhora e as famílias brasileiras estão endividadas. Já é previsto o arrefecimento da inflação. Aumentar agora o juro Selic só servirá para enriquecer os bancos, aumentar dívida e distanciar o Brasil de juros normais internacionais.

Como solução, sem aumento da SELIC, o Blog apóia adoção de medidas dracúleas de depósito compulsório, aumento da exigência de capital próprio dos bancos em todas as operações de crédito (isso pode aliviar o apetite por captação no exterior e oferta de crédito interno), e encurtamento do prazo de empréstimos a no máximo 48 meses. Essas medidas podem ser alteradas mais rápido do que aumento de juros Selic. Cada ponto aumentado de juros Selic é um ponto refém do mercado privado e seus apoiadores de mídia.

p.s.: Veja http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/04/18/mantega-defende-gradualismo-no-cambio-contra-inflacao-924272370.asp

p.s.: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/04/18/china-aumenta-compulsorio-afeta-negocios-nas-bolsas-da-asia-924264240.asp

p.s.: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/04/17/henrique-meirelles-escreve-sobre-independencia-do-banco-central-924264040.asp

p.s.: alteração da perspectiva do rating americano pela S&P de “AAA” para “AAA -“. Apesar de parecer ser má notícia, é boa para nós. Induz em aumento de juros americanos, obriga à tomada de decisões de cortes fiscais americanos, diminuindo a atividade econômica e diminuindo perspectiva de consumo de petróelo americano e da inflação americana. Comentarei melhor em outro artigo.

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