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Interessante capítulo da bolha imobiliária no RJ – Jornal da Globo de 03/10 – Publicidade de oportunidades de compra de imóveis

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Muito interessante o Jornal da Globo de quarta para quinta de 03/10/2012 para 04/10/2012, dia em que o jogo do Brasil e Argentina não aconteceu.

Vocês viram um representante do ramo imobiliário informando que “os valores alcançaram patamares irreais” no Rio de Janeiro? E disse que “entretanto agora já está estabilizando e havendo melhores oportunidades”?

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Senhores, isso é mais um elemento forte de que imóveis residenciais não podem estar vendendo como deveriam. Fiquem certos disso. Reunirei as informações neste artigo em uma visão retrospectiva para mostrar que mais correção de valores devem estar em curso.

No último semestre de 2011, a Gafisa apontou prejuízo de 1,094 bilhão de reais com falta de vendas, atrasos de pagamentos e retomada de 70% de imóveis residenciais da classe média baixa e 30% da classe média alta por falta de pagamento. No primeiro semestre de 2012 é publicado na Revista Exame, senão me engano, capa com fundo preto, 50 páginas sobre o mercado imobiliário. Com aspecto e roupagem de artigo informativo, mas com viés favorável ao mercado de imóveis, indicando que, na minha leitura sobre o artigo, investir e imóveis continuava a ser bom negócio (com o que não concordo, deixo claro). Em abril de 2012 houve publicação no Wall Street Journal dizendo que imóveis no Brasil estavam sobrevalorizados em 50%. Em seguida temos queda de preços de construtoras de imóveis residenciais nas bolsas ainda no fim do segundo semestre de 2012. Todas as construtoras, bom que se diga. Depois temos no domingo passado, 30/09/2012, um grupo grande de informações em mais de um caderno do Jornal O Globo sobre mercado imobiliário. Dentre estas informações, temos a de que 49% dos lançamentos imobiliários residenciais ocorreriam no último trimestre de 2012 (o correto seria que 25% dos lançamentos ocorressem no último semestre).  E agora, ontem, temos esta abordagem do tema indicando e confirmando que representantes de construtores acham que os preços estão muito altos e que o mercado “estabilizou” e vai apresentar “oportunidades” (se eles concordam hoje com isso que dizemos há tempos, é porque o preço já chegou no ápice há algum bom tempo).

Senhores, já houve uma queda de preço de imóveis durante o primeiro semestre de 2012, via liquidações e promoções. As quedas chegaram a 25% e 30%, nestes casos. Mas lançamentos imobiliários ainda estão sendo apresentados em valores altos. Um grande colaborador nosso, Felipe Conti, chegou a comentar que não via a queda realizada em 25% e 30%. Informei que não era generalizado ainda, mas que ocorria. E que os preços nunca chegariam ao que ocorreu nos EUA, claro.

O mercado também acenava com menos construções residenciais e focava mais em imóveis para serem alugados (um quarto, loft, no máximo dois quartos – de metragem pequena) e comerciais, tentando contornar o problema de encalhe de estoque de imóveis residenciais; o qual realmente existe, já foi noticiado no primeiro semestre de 2012 e tem grande motivo no endividamento das famílias brasileiras.

Para mim, este contexto todo está indicando, posso estar errado (mas não creio), novo momento de queda e acomodação de preços de imóveis residenciais, em um segundo momento de esvaziamento da bolha imobiliária brasileira.

Agora, vejam, estes dados todos juntos estão me dando a impressão de que as construtoras estão investindo na publicidade de uma “oportunidade” de compra, que hoje ainda não existe. Tem que baixar para isto ocorrer. O momento é de venda pois está caro pra caramba! Ninguém em seus respectivos bairros vê possibilidades de vender e comprar no mesmo bairro. O patrimônio imóvel está muito valorizado e isto não indica oportunidade de compra, por definição. Isso indica oportunidade de venda! E foi o que uma senhora estava anunciando no Jornal da Globo, ou seja, comprou mansão por 3 milhões e queria vender por seis milhões. Ela está certa. Vender nesse momento é interessante. Então, comprar não é. É simples assim.

Outra coisa… artigo de 50 páginas na Revista Exame sobre mesmo tema? Isso, senhores, é publicidade. Isto não é artigo. Isso é matéria paga!! As matérias de domingo passado e de ontem também me parecem assessoria de imprensa para construtoras de imóveis residenciais. Para mim, configura-se a não venda de imóveis residenciais, e estamos vendo a pressão publicitária para estimular compra de imóveis, ou seja… aproxima-se nova correção de valores de imóveis. Isso estaria de acordo com nossa previsão de ajustes até ao menos junho de 2013.

É o que acho.

p.s.: texto revisto e ampliado

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