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Fundo de US$100 bi dos Brics: a independência do sistema financeiro mundial e o inverso do FMI.

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Senhores e senhoras, este é um dos poucos fatos históricos de dimensões tão gigantescas para a economia mundial, e mais ainda para os Brics, desde a criação do FMI. Mas de sentido invertido.

O FMI, o Banco Mundial e o BIS (Banco Internacional de Compensações), ou seja o sistema financeiro internacional, foi criado pelos países vitoriosos da primeira e segunda guerras, com o objetivo de manter a economia mundial, proporcionar seu desenvolvimento, proporcionar a manutenção do sistema capitalista nos países centrais e suas áreas de influência, além de, e isto se tornou sua principal função, proporcionar o espraiamento do capitalismo pelos países periféricos, incentivando seu endividamento internacional para entrar em sua economia e ditar condições de administração de política econômica, política fiscal e política comercial que facilitasse o domínio estrangeiro dos países centrais sobre a economia dos países periféricos.

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Assim foi feito e assim se mantém essa função básica e principal do sistema financeiro internacional. O Brasil foi praticamente o único que manteve uma indústria forte nacional e conseguiu quitar seus compromissos com o Fundo, após organizar-se com a adoção de um plano tupiniquim de controle inflacionário, independentemente do FMI (O plano real), sendo por exemplo a Argentina um outro particular exemplo de bancarrota nacional guiada pelo FMI e seguido à risca, estando hoje a Argentina fora dos mercados internacionais de crédito. A grande maioria dos demais países “ajudados” pelo FMI e o Banco Mundial estão endividados, sem previsão de quitação de suas dívidas e tendo de admitir ingerências em suas políticas econômicas, monetária, fiscal e comercial (o que inclui abertura de mercados) para que continuem a receber aportes e rolem suas dívidas, facilitando a invasão e domínio de suas economias pelos países que dominam essas três instituições do sistema financeiro internacional, ou seja, os países centrais do capitalismo, os trilaterais, EUA-Europa-Japão.

Como o Brasil foi o único a se salvar das garras do FMI e do sistema financeiro internacional, possuindo hoje 400 bilhões de dólares de reservas internacionais, inflação controlada, moeda estável, 2,7 trilhões de dólares de PIB e superávit fiscal, quis avançar sobre a estrutura diretora do FMI, BIS e Banco Mundial, através de mais aporte de capital e aumento de participação nas cotas dessas instituições.

O momento era propício, pois com a crise financeira no centro do capitalismo (crise mundial desde 2008), o FMI, o BIS e o Banco Mundial retomaram sua função inicial de apoiar a economia dos países centrais e precisavam de mais dinheiro. China, Rússia, Índia e Brasil aportariam esses valores, mas desde que, naturalmente, suas cotas fossem aumentadas proporcionalmente. Qual foi a resposta democrática dos países centrais e dominadores do sistema financeiro internacional? Eles aceitam o aporte, mas não aceitam a alteração de participação nas cotas que no fim dão direito a voto e a poder político e de direção das instituições financeiras internacionais multilaterais. Não é bonitinho?

Bem, vislumbrado categoricamente que os países centrais dificultam o avanço de países emergentes, e que podem aportar valores, sobre o poder do FMI, BIS e Banco Mundial; verificando que aparentemente nunca poderão influenciar sobre a política de atuação do FMI como fazem os países centrais que o dominam, e não podendo dar dinheiro para um sistema que os exclui do centro de decisão sobre o que fazer com tal dinheiro, os BRICS (o responsável pelo acrônimo na Goldman Sachs não imaginaria que incentivaria um racha de poder econômico-político internacional) resolveram criar seu próprio FMI.

Senhores, esta notícia publicada ontem no Jornal o Globo (26/03/2013), em manchete, é um fato histórico sem precedentes. É a declaração de independência dos BRICS em relação ao sistema financeiro mundial; não do sistema capitalista e não do sistema monetário ou mesmo financeiro a grosso modo, mas strictu sensu, independência do FMI, BIS e Banco Mundial. Eles disseram, não nos darão mais poder no FMI, BIS e Banco Mundial? Então criaremos nossas instituições financeiras internacionais em que nós teremos poder para decidir sua política de empréstimos e apoio financeiro entre os participantes e para os países que queiramos emprestar, sob nossas próprias condições. O dinheiro que é nosso não tem sentido ser entregue a outros sem aumento de participação adequada no poder político que o gere.

Tudo isso foi declarado no ato de criação do Fundo dos Emergentes. Naturalmente continuamos participando do FMI, BIS e Banco Mundial, dentro dos limites de exercício de poder que temos hoje e assegurados os direitos societários e participativos que temos hoje, como saques de valores, empréstimos, etc.. são fontes de financiamento mais baratos ao País do que captações no mercado internacional financeiro. Mas agora, senhores, os quatro países que em 2050 terão metade do PIB mundial criaram suas instituições de apoio financeiro e avançam para criar mais órgãos, instituições que possibilitem até mesmo manter negócios sem a intervenção do uso do dólar.. fantástico!!! É uma espécie de racha com o sistema monetário, de trocas interncainais e financeiro que existe hoje! É vendido como uma opção a mais, como um reforço a esse sistema, e é assim que deve ser vendido e propagandeado e de certa forma é mesmo isso, mas todos os países sabem que é um ato de independência dos BRICS!

Lindo. Nós temos de ficar orgulhosos de nós mesmos, brasileiros. Tudo de que nos excluem nós criamos outra que acaba viável e às vezes se sobrepondo ao que existia antes… os EUA não quiseram vender mísseis a nós? Fabricamos hoje os nossos próprios e eles que podiam ter um cliente, agora têm um concorrente (palavras de um especialista americano). Não querem deixar a gente participar do Fórum Econômico Mundial, onde somente as antigas sete maiores economias se reuniam mais a Rússia chamada depois (G8)? Criamos o G-20 que simplesmente apagou o G-8 do mapa, ainda mais depois da crise de 2008 (depois de criarmos o G-20, idéia brasileira, o G-8 convidou o Brasil a participar de Davos). Não querem deixar a gente entrar no cinturão de riqueza e comércio internacional trilateral EUA-Europa e Japão, criando fictícias barreiras humanitárias, ecológicas e econômicas, além de abusarem de subsídios gigantescos que não alteram mesmo com as condenações em painéis comerciais internacionais? Fazemos política comercial internacional Sul-Sul. Querem dominar nossos mercados através de acordos de livre comércio, sem dar chance de nós dominarmos os deles naquilo em que somos melhores? Fazemos nossos acordos e o Mercosul. Qurem vender armamentos e transformarem-nos em clientes de armas, como fazem com a Índia, México, e países latino-americanos, africanos e asiáticos, fechamos acordos de transferência de tecnologia militar com a França!! E agora.. para fechar com chave de outro..rsrsrsr.. querem nosso dinheiro para financiarem seus erros econômicos e não querem nos dar poder de voto no FMI, BIS e Banco Mundial compatível com o aporte? E assim a todos os países que pudessem dar novos aportes, democratizando o sistema financeiro internacional? Então criamos nosso sistema financeiro próprio e usamos nosso dinheiro só pra nós mesmos!!

AHUAHUAHUHAUHAUHAUHAH

Lindo. Como é bom ter noção do que acontece, né pessoal? Os EUA, Europa e Japão devem estar tensos!!! Isso a longo prazo pode influenciar em diminuição do poder do dólar como meo circulante mundial, dar munição política para os BRICS enfrentarem os trilaterais e avançarem sobre mercados cativos seus hoje, pois poderiam ofertar empréstimos e concorrer com o FMI, Banco Mundial e BIS, por exemplo!! Muita coisa pode mudar com a criação do Fundo dos Emergentes. O que realmente acontecerá dependerá da reação dos trilaterais e, muito mais ainda, da ambição dos BRICS e da sua capacidade de pôr em prática os acordos assinados e ratificados. Se com o tempo esse fundo se expandir para financiar países além dos Brics, estará criada concorrência com o FMI. Mas por enquanto, a autonomia em investirmos em nós mesmos (BRICS) e avançarmos em meios de troca já é por demais revolucionário.

Estou na torcida! Bom ver que o fim da história realmente não existe. Porque se existisse, estaríamos muito mal. Assim, só vejo confirmações positivas sobre um Brasil que pode sonhar com estilo de vida europeu e, se Deus quiser, nórdico!!

Essa é a torcida do Blog Perspectiva Crítica!!!

Isso nunca aconteceria com o PSDB no poder, ao menos o de FHC, porque ele queria que entrássemos nos trilaterais, mesmo que de segunda classe. Felizmente não é isso que está ocorrendo e o mapa geoeconômico mundial está em alteração… a nosso favor!!

p.s.: revisto e atualizado.

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