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Corrupção Privada, Prejuízo Público: Representante da Confederação Nacional da Indústria no CARF é preso por pedir propina ao Itaú

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Em mais um exemplo de prejuízo à sociedade que pode causar a corrupção na área privada, um membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) foi preso em flagrante por oferecer vantagens no Tribunal ao Itaú em troca de propina. Isso foi publicado hoje, 07/07/2016, no Globo On Line. Veja os trechos selecionados abaixo.

“Em uma ação autorizada judicialmente, a Polícia Federal (PF) prendeu, na noite de quarta-feira, em um café do Shopping Iguatemi de Brasília, o membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) João Carlos de Figueiredo Neto. Ele é o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no tribunal administrativo ligado ao Ministério da Fazenda.

Figueiredo Neto havia procurado um funcionário do Itaú para oferecer vantagens no tribunal em troca de propina de R$ 1,5 milhão. Mas o caso foi denunciado à polícia, que criou uma situação para que o conselheiro fosse preso em flagrante.”

Acesse a íntegra do artigo em http://oglobo.globo.com/economia/policia-federal-prende-em-flagrante-conselheiro-do-carf-19661618#ixzz4DjtTh9Q3
É muito importante que se perceba o que está dito nesta questão. O CARF é um órgão público, mas além de servidores públicos, há membros que são indicados pela área privada que fazem parte do Tribunal. Foi um desses indicados pela área privada, representante da Confederação Nacional da Indústria, que tentou achacar o Banco Itaú.

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Agora, veja bem. O Tribunal não tem culpa. Ele é vítima deste senhor preso em flagrante. A Confederação Nacional da Indústria não tem culpa de tê-lo indicado. Ela teve prejuízo de sua imagem com essa indicação, porque a pessoa de sua confiança cometeu crime. E o Banco Itaú foi igualmente vítima desse senhor. E, muito mais importante aqui em nossa exposição, os servidores públicos e o órgão público Carf nada tem a ver com o ato criminoso do Membro do Carf indicado pela CNI.

A corrupção, como sustentamos, é ato pessoal de quem corrompe e é corrompido. As publicações sobre corrupção muitas vezes têm um tom irresponsabilíssimo quando é para criar nódoas, manchas, na imagem de órgãos públicos e de servidores públicos, mas quando os criminosos são da área privada o tratamento é bem diferente, com enfoque na individualidade do ato.

Por exemplo, o Fundo de Previdência dos Correiros, o Postalis, teve prejuízo. A não ser por um ou dois artigos publicados, todos os demais deixaram claro que que a culpa era do Postalis, enfatizando sua natureza pública, mas não destacaram que quem prejudicou foi uma entidade privada que o administrava, o BNY Mellon.
Veja um trecho que selecionamos e que você mal leu em manchetes, porque não houve essa manchete… rsrsrs.

“O economista José Carlos de Oliveira, ex-presidente do banco BNY Mellon, admitiu a responsabilidade da instituição em perdas sofridas pelo fundo de pensão dos funcionários dos Correios, o Postalis. O fundo cobra, na Justiça, indenização de R$ 250 milhões.

As declarações foram dadas ontem (10.dez) em depoimento reservado à CPI dos Fundos de Pensão da Câmara, que investiga supostas irregularidades nos fundos de 4 estatais brasileiras. Além do Postalis, o colegiado apura denúncias na Funcef, da Caixa; na Previ, do Banco do Brasil; e no Petros, da Petrobras.

As informações são do repórter do UOL André Shalders.”

Acesse a íntegra em http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/12/11/ex-bny-mellon-admite-responsabilidade-em-perdas-do-fundo-dos-correios/

Então veja, a culpa é da “Administração Pública”? Não. Foi uma administração privada que prejudicou um Fundo de Previdência Público.

Isso desconstrói completamente toda a falácia de que servidores públicos e o Estado são falíveis e corruptos por natureza e de forma endêmica. Pessoas são falíveis e corruptas e muitas vezes são da área privada, criando prejuízos públicos, ao patrimônio público, estatal e à sociedade, mas isso não é publicado assim.

Sergio Naya, engenheiro, construiu um prédio com areia da praia, de forma irregular, que ruiu e matou 8 pessoas. Sua empresa e alguns funcionários foram condenados. O médico rico e super conhecido Roger Abdelmassih abusava de suas clientes e foi preso. Bernard Madoff roubou seus clientes e foi preso nos EUA, arruinando centenas de vidas. Corrupção na Fifa, com risco de condenação de Platini, Messi condenado por crime fiscal.  O que é isso? Lavagem de dinheiro pelo mundo organizada por bancos, a manipulação da taxa Libor, a privatização da saúde norteamericana nos anos 70 que legou mais de uma geração de americanos à falta de atendimento médico que somente agora está sendo consertado com o Obama Care.

Os prejuízos que a  corrupção criada pela área privada na área pública geram são incalculáveis aos países e à sociedade. Mas a culpa não é da “área privada” e a solução não é “estatizar tudo”!! A culpa são de pessoas. Não é da Fifa, mas de Platini e Blatter. E por ser de Platini e Blatter, não quer dizer que todos os trabalhadores da Fifa sejam corruptos e que a Fifa deva ter sua organização estatizada para evitar a corrupção. Assim também uma eventual corrupção na área pública não indica que a privatização solucionará nada e nem  que todos os servidores de tal órgão ou classe são corruptos.

Então, a corrupção não é pública, do setor público ou dos servidores públicos. Ela é de pessoas. Somente isso. Os jornais não cuidam do tema assim. O que nós do Perspectiva Crítica percebemos é que quando a corrupção é privada, é tratada como individualizada e sem destaque para a origem privada da corrupção. mas quando é em meio público o escárnio é irresponsável, apontando o Estado como iminentemente corrupto, órgãos públicos como demonstração de inutilidade e perda de dinheiro público e servidores como uma gangue, praticamente. É triste e é ofensivo à imagem do Estado, dos órgãos públicos e aos servidores, tanto quanto é ofensivo á verdade e à boa-fé pública.

Não esperamos que algum dia os jornais da grande mídia enalteçam servidores públicos, claro. Se nem mesmo Sérgio Moro e os Procuradores da República, Delegados Federais e agentes federais que tornaram possível a Lava Jato (já recuperaram 3,9 bilhões de reais), maior operação contra a corrupção em todo o País, são chamados de heróis, que servidor público será enaltecido por algo? Mas que ao menos a grande mídia pare de atacar a imagem do Estado, dos órgãos públicos e dos servidores públicos de forma generalizada e que passe a tratar do tema corrupção, como um crime, em que essa ou aquela pessoa comete, seja servidor público, seja da área privada; esta última a qual, é bom que se diga,  é a grande maioria da procedência dos casos de corrupção no país.

Quem sabe, mais para frente a grande mídia considere até que servidor público tem direito à correção inflacionária de seus salários anualmente, conforme determina a Constituição. Mas aí, rsrs, já reconhecemos que é demais.

Façamos o seguinte; publicando a verdade, já ficamos satisfeitos. Neste caso em epígrafe, tratando do tema do título do artigo, a verdade é que um indicado da confiança da Confederação Nacional da Indústria se aproveitou de seu cargo em um Tribunal Público (Carf) para achacar uma instituição financeira privada, o Itaú, e foi preso em flagrante pela Polícia Federal no Rio de Janeiro. Alguém oriundo da área privada tentou prejudicar o trabalho do órgão público e exigiu propina de uma instituição privada. É o roubo da área privada em prejuízo a todos, mais uma vez.

Sem a consciência disso, é difícil tratar o problema.

p.s. – Texto revisto.

p.s. 2 – A solução para a corrupção no CARF, segundo o Procurador da República responsável pela Operação Zelotes que apura tráfico de influência no Tribunal, é o fim de indicações para os cargos de Conselheiros e realização de concurso público para todo o staff do Tribunal. Veja em http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/505741-PROCURADOR-DEFENDE-MUDANCAS-NA-COMPOSICAO-DO-CARF-PARA-EVITAR-CORRUPCAO.html
Isso não sairá publicado em jornal da grande mídia.. rsrsrs. Tenha certeza disso.

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