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Consumo do setor público, famílias e empresas alavancou a economia e agora pagam-se as dívidas, informa especialista da FGV

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É uma forma simples mas honesta de se colocar os fatos. E é uma forma simples. Mas muito mais verdadeira do que a grande mídia vem publicando colocando toda a culpa dos problemas econômicos exclusivamente no governo da Dilma (que desde o segundo semestre de 2013 realmente entrou na lista de problemas para a economia) e, em especial agora, nos servidores públicos e no serviço público (como eternos gastos que devem ser cortados para salvar a economia).

Uma abordagem mais responsável foi publicada no Jornal O Globo no artigo intitulado “PIB: primeiros sinais de alívio na economia”. Destacamos o seguinte trecho:

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— O que os números mostram é que não vamos morrer, que estamos fora de perigo, mas ainda na UTI. Quando vamos ter alta e sair do hospital, ainda não sabemos. Mas estamos indo nessa direção. Há um excesso de otimismo sobre soluções para nossos problemas. A duração da crise será menor do que em outros ciclos, mas o mundo não está ajudando. Fomos alavancados pelo consumo das famílias, do setor público e das empresas, que agora estão pagando suas dívidas, com juros altos. Por isso, o BC deve baixar os juros em algum momento — diz a economista do Ibre/FGV Silvia Matos.

Acesse o artigo na íntegra em http://oglobo.globo.com/economia/pib-primeiros-sinais-de-alivio-na-economia-20030606#ixzz4JOoMZSUy

O que ocorre é que durante a crise iniciada em 2008 muitas medidas de incentivo ao consumo das famílias e das empresas ocorreram, assim como subsídios e isenções por parte do setor público. Lógico que isso aumenta o endividamento de empresas, famílias e do setor público, mas isso manteve a economia girando e criando empregos enquanto os EUA e Europa sofriam o maior revés econômico desde a crise de 1929.

Houve exageros e erros nessa política de fomento econômico? Houve. E o maior foi quando, a partir do segundo semestre de 2013, ao se perceber que tal política não dava mais os resultados que deu desde 2009 e 2010, continuar a mantê-la de forma irrealista e criando risco para as contas públicas e economia.

Mas o importante que queremos enfatizar aqui é o seguinte: os termos da economista são claros no sentido de que o setor público e o consumo de famílias e empresas ALAVANCARAM nossa economia antes.

Veja também que como já dissemos muito antes, a previsão de fim do ciclo negativo é de que está próximo e de que paramos de piorar e um alívio se apresenta. Observe que a teoria do caos econômico apregoado ao máximo até junho de 2016, contra o que nos insurgimos como uma mentira da grande mídia, se confirma.

O importante é vermos com clareza o que a grande mídia quer que seja visto com paixão e fúria: medidas anteriores alavancaram nossa economia em momento de crise mundial e, agora, deve haver o ajuste disso. Dilma errou em não fazer e se negar a fazer o ajuste. Confundiu-se com a ideia apregoada pelo mercado de que isso evidenciaria o erro da política econômica e não teve coragem de admitir que por causa da política econômica o Brasil ficou salvo da maior crise financeira mundial desde 1929, mas que em algum momento teria de haver ajuste.

E por tudo ter sido bem feito até o início do erro de fins de 2013 até fins de 2015, quando Dilma é afastada da Presidência e entra interinamente Temer, o ciclo negativo para o País terminou em dois anos, enquanto a Europa amargou de 7 a 8 anos de crise, perda de PIB, desemprego de até 25% em alguns países europeus e de mais de 50% entre jovens. No Brasil não teve nada disso. Só em um ano da crise de oito anos, Portugal chegou a ter queda de 15% em seu PIB. Nossa maior queda foi ano passado, pouco maior que 3% negativos. Esse ano será mais 1 a 2% negativo e ano que vem já se trabalha com até aumento de PIB em 2%. Esse foi o grande caos publicado pela mídia. Dois anos de recessão com 10% de desemprego no ano mais duro e queda de 5% do PIB, se somado os três piores anos da nossa economia recente (0% de PIB em 2014, – 3% em 2015 e talvez -2% esse ano, já tendo crescimento em 2017).

Então, como sempre demonstramos, vêm se consolidando os fatos como o Blog Perspectiva Crítica sempre publicou, sem precisar justificar grandes surpresas econômicas, como a grande mídia soe fazer. Ela declara grandes surpresas porque explora a boa-fé das pessoas publicando irrealidades sobre economia para vender uma perspectiva da realidade que não explica a real circunstância dos fatos e cria um ambiente que ela entende ideal para a defesa de suas teses liberais com fins de diminuir Estado, acabar com servidores e com o serviço público, mesmo que isso não seja o que acontece em países de maior IDH e que garante as melhores condições e qualidades de vida a seus cidadãos.

Mas a especialista afirmou que o consumo do setor público, empresas e famílias alavancou a economia. Cadê a divulgação dessa informação. Isso que aconteceu antes nos salvou de participar de uma crise bizarra mundial. Agora temos de reverter as medidas, acertar alguns parâmetros, inclusive de custos da Previdência, sim. Mas isso é a consecução correta para a política anticíclica que foi correta a seu tempo.

Ficamos tristes também com a falta de reconhecimento da importância dos gastos com juros da dívida para se chegar aos números absurdos das despesas públicas: entre 450 a 600 bilhões de reais anuais. Pouco se fala que pagamos desnecessariamente os maiores juros reais do mundo aos bancos e que esse dinheiro poderia estar tornando o orçamento público superavitário, muito mais do que se demitisse todos os servidores públicos de uma só vez, os quais custam, na área federal, em torno de 240 bilhões de reais anuais, para dará segurança pública, prender corruptos, distribuir justiça através do Judiciário, educar a população, prestar serviços de saúde, efetuar a arrecadação, garantir a defesa nacional (militares), prestar serviços de assistência social e de previdência social.. enfim, para que o Brasil que conhecemos exista.

Veja o que um economista sério do Jornal O Globo, George Vidor, menciona sobre a manutenção desses juros monstruoso pelo Banco Central nesse trecho que selecionamos do seu artigo “Pós-impeachment”:

O arrocho monetário, nesse caso, tem o efeito de um ataque a um elefante com uso de inseticida. O paquiderme pode até cambalear, mas o estrago é maior no entorno. São os chamados efeitos colaterais que acabam comprometendo o alcance do objetivo principal. No entanto, o Banco Central está mais de olho nas expectativas do que no comportamento da economia real. Enquanto os prognósticos que coleta na pesquisa semanal Focus não apontarem para a inflação dentro da meta, ainda que seja no topo, estaremos fritos, amargando juros básicos extravagantes. Juros que, aliás, são quitados com emissão de novos títulos do Tesouro, como se isso não fosse um sério problema.

Leia a íntegra em http://blogs.oglobo.globo.com/george-vidor/post/pos-impeachment.html

Ficamos tristes que não se diga que o salário dos servidores públicos, que não podem ser demitidos com tanta facilidade quanto os da área privada, mantém valores girando na economia, protegendo milhões de empregos da área privada. A causa da omissão dessa informação à sociedade pela grande mídia  é um fanatismo econômico e uma infantilidade política que prega o Estado Mínimo inexistente em outro lugar no mundo.

Na França e na Alemanha houve o reconhecimento da mídia e de economistas que o grande número de servidores públicos na economia (240% a mais do que no Brasil, no caso da França e 80% a mais do que o Brasil, no caso da Alemanha) ajudou a diminuir o impacto da crise sobre a economia e sobre o desemprego. Foram os dois países da Zona do Euro que menos sofreram na crise. Mas aqui não se pode fazer qualquer análise séria e fria sobre esses fatos, pois prejudicar a “cruzada midiática contra o Estado e os servidores públicos”.

Mas nós aqui continuaremos abrindo os olhos de nossos leitores. Até porque isso evita as surpresas que a grande mídia gosta de publicar.

A verdade pode ser mais simples e mais direta: passamos por correções necessárias porque a política anterior de incentivo ao consumo e à produção, através de financiamentos públicos, isenções, subsídios, não produzia mais efeitos depois de 2013 e criou, naturalmente, um passivo que deveria ser enfrentado em algum momento.

O momento é esse. Por quê? Porque o crescimento econômico mundial esperado para 2013 e 2014 não veio e porque neste mesmo período houve a maior baixa histórica do petróleo e do minério de ferro, o que impactou muito nossa economia. A falta de chuvas na maior seca de nossa história nos últimos 90 anos também sangrou a alteração na política energética e de produção de energia elétrica.

A mídia também publicou muita matéria contra a construção de energias nucleares e contra as usinas geradoras de energia hidrelétrica, impedindo um ambiente de produção energética melhor. Agora muda sua posição. A deste Blog sempre foi a mesma.

Houve aumento de contratação de servidores públicos durante o governo anterior? Houve. Repuseram parte das necessidades de nossa máquina pública. Isso garantiu emprego e renda a milhares de famílias e durante a crise garantiu valores obrigatórios girando em uma economia que não pode contar com valores de bancos que são todos direcionados somente para os títulos da dívida pública que pagam nababescos 7% de juros reais atualmente.

Municípios e Governos estaduais estão com problemas de verba? Culpam-se os servidores, contratados em época de expansão de receitas com o crescimento de nossa economia e diante da necessidade de se garantir mais serviço público a quem precisa, mas nada se fala sobre a corrupção da máquina de arrecadação do Estado e do Município.

Publicam-se homeopáticos artigos dizendo que o TCE deu pareceres errados sobre temas de contabilidade pública e licitações. Mas não se vai a fundo. A Polícia Federal faz megaoperações contra a corrupção federal, o Ministério Público Federal/Procuradoria da República os denuncia, os juízes federais prendem. Ótimo. Mas não há megaoperações escusas nos Estados e nos Municípios? Por que não se investiga, denuncia e pune isso? Eu gostaria de ver as mesmas manchetes sobre Polícia Federal, Procuradoria da República e Justiça Federal em relação à Polícia Civil, Ministério Público Estadual e Justiça Estadual.

E por que não se cobram as dívidas de 95 bilhões de reais em impostos não pagos por empresas ao Fisco Estadual? Por que o Globo não cobra isso? E por que o Judiciário Estadual tem somente uma Vara de Fazenda Pública com 100 mil processos (informação em publicação recente em artigo no Globo)?!?!?! Isso impede a arrecadação e o julgamento desses processos e a punição eventual das empresas que forem condenadas. E também impede que o Fisco Estadual devolva valores cobrados indevidamente de empresas mais rapidamente. Deveriam existir pelo menos umas dez Varas de Fazenda Pública para resolver esse passivo de 100 mil processos tributários. E ainda deveria haver mutirões para diminuir logo esse acervo.

E a corrupção dos Conselhos de Contribuintes, que partem de pessoas indicadas pela área privada, sendo nomeados Conselheiros para aceitar todos os recursos de empresas contra a obrigação de pagar impostos? Só o Grupo Petrópolis da Cervejaria Itaipava ganhou mais de cem recursos no CARF. Quem ganha cem recursos administrativos contra o Fisco? Ninguém.

É… mas a culpa é do salário dos servidores.. rsrsrsrs.

Estamos longe de a verdade ser publicada na sociedade. Para a minha tristeza, verdade mesmo você só encontra aqui no Blog Perspectiva Crítica e em outros Blogs Sociais, inclusive dentre nossos seguidores, que têm essa vocação para sofrer com o que vêem, mas sofrendo sem ser mudos.. e mais; denunciando.

Sem o setor público, a crise teria sido muito, mas muito pior do que foi.

Mas nós continuaremos publicando a verdade. Entendemos que isso é um serviço à sociedade e até para as empresas de grande mídia, pois sem críticos, como se balizar e evoluir a forma de prestar serviços de comunicação em sociedade?

p.s.: Texto revisto e ampliado.

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