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Análise Econômica Junho 2015 Complementar: Enfoque Inflação

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As expectativas em relação à inflação pioram para o mercado financeiro. Já há previsão de 9% para o fim do ano. Esse ano é o ano de ajustes. É importante colocarmos a questão dentro de parâmetros reais. A política econômica anterior estava errada? Não. A política anterior fez uma escolha: incentivar crescimento econômico e geração de emprego com controle inflacionário dentro da meta, mesmo que fosse no teto. Essa opção exigiu baixa de tributação, controle de preços administrados (gasolina, transporte público, reajustes de planos de saúde, etc..) dentro de limites legais possíveis, repactuação de contratos (oferta de renovação de concessão de serviço de geração e distribuição de energia elétrica em troca de exclusão de custos em contrato de concessão anterior com risco Brasil de 2000 pontos no ano de 2002 e que à época da oferta era de 180 pontos – e indo toda a vantagem para o consumidor, para a tarifa). Não só isso. Toda a atuação das concessões deixaram somente de ver o lado do empresário e passaram a testar limites do empresariado à diminuição de lucros em prol de menores tarifas ao consumidor. Muitas concessões foram efetuadas, mas outras não conseguiram deslanchar. Financiamentos ao exterior para obras realizadas por brasileiros também entraram na pauta, com entre 40 e 50 anos de atraso em relação aos EUA e Europa. Incentivo à compra de carros e imóveis também foram generosos e a prova do sucesso disso foi que o nível de endividamento da população aumentou de 33% há cinco anos atrás para até 48% agora.

Nesse período de atuação que inclui o período da crise financeira internacional, o Brasil foi o país que comparadamente com EUA e Europeus menos sofreu em perda de PIB e piora de desemprego. Os níveis inflacionários nunca extrapolaram o teto da meta inflacionária brasileira, mas a média da inflação brasileira foi maior do que a dos EUA e Europa. Mas os desempregados europeus e desamparados americanos talvez preferissem o modo brasileiro de lidar com a crise financeira do que a que seus governos adotaram; eles sofreriam menos. Os europeus, inclusive, exceto a Alemanha, passaram a exigir menos austeridade e EUA, Japão e Europa passaram a incluir em seu planejamento econômico perseguição de metas de inflação maiores!! Tudo isso publicado em jornais por todo o Globo, inclusive, timidamente aqui no Brasil. Porque inflação é resultado de aquecimento econômico. Mas é um efeito negativo que deve ser contido.

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Bom, assim, temos um panorama pré-2015 para o Brasil. Agora, observem. Houve azares e exageros do governo, além de reflexos naturais da originalidade da fórmula de atuação no planejamento econômico do Brasil. Um azar foi a maior seca da história do Brasil há mais de 89 anos. Isso secou as hidrelétricas que contrataram a renovação da concessão com diminuição de tarifa proposta pelo governo. Sem água elas não puderam gerar o que normalmente geravam e não puderam lucrar com sua atividade de geração e distribuição que seria possível se houvesse chuva. Como tiveram de honrar contratos de entrega de energia elétrica, compraram das termelétricas e tiveram prejuízo. Esse foi o prejuízo do sistema elétrico. Quando depois de quase dois anos se percebeu que o equilíbrio não voltaria e o governo não poderia ficar bancando o prejuízo, foi liberado que as hidrelétricas repassassem toda a diferença do sistema para as tarifas de forma a equilibrar o sistema. Resultado em 2015: aumento de tarifa que já beira 50%.

Um exagero foi o controle da gasolina. Da forma efetuada segurou artificialmente o índice da inflação ano passado, por exemplo, mas essa administração de impactos inflacionários existe no mundo inteiro, incluindo EUA e Europa. Só que lá não é ao custo de uma única empresa como aqui foi. O fato é que a Petrobrás obteve mesmo nesses anos atualizações mínimas da gasolina e precisava de equalização. Resultado para 2015: 50% no aumento de combustíveis. Mas não foi só isso que prejudicou a Petrobrás, bom que se diga. A manipulação do preço internacional do petróleo pela Arábia Saudita, tema já enfrentado aqui, foi muito pior e quase inviabilizou o pré-sal brasileiro. E o caso da Operaçao Lava-jato também criou grande problema para a empresa.

AS desonerações tributárias causaram menos recolhimento de impostos em até 98 bilhões de reais em 2014, mas a grande mídia não coloca isso na conta de causa para o governo não atingir metas de superávit fiscal em 2014.. rsrsrsrs. Inclusive com impacto negativo para a Previdência Social, o que foi veementemente criticado por nós. Isso foi um reflexo natural orçamentário: menos tributo, menos superávit. Outro reflexo natural foi não serem todas as concessões exitosas com a fórmula original de aumentar o benefício do cidadão com o princípio da modicidade tarifária. Os investimentos no exterior, através de financiamentos do BNDES têm reflexos altamente positivos para o Brasil, mas também são observados pela ótica negativa, como publicado hoje no Globo (“BNDES causa perdas de R$1,1 bi por ano ao FAT”), comparando ganhos dos investimentos ao desenvolvimento econômico, no exterior, com o FAT e para o FAT, o que está previsto na Constituição (artigo 239, §1º da CF/88) com retorno financeiro do FAT com investimento em títulos da dívida pública que não podem ser efetuados pelo FAT. Reflexo natural também é o incentivo à compra de carros e casas gerar endividamento das famílias brasileiras.

Agora, vejam. Tudo isso se esgotou. O que a grande mídia não quer é abordar esse assunto com responsabilidade e dizer que a correção dos reflexos ruins dessa política deve ser efetuada, minimizando ao máximo o que tiver de pior. E a correção de combustíveis, energia elétrica, preços administrados, tudo no mesmo ano de 2015 está gerando a alta da inflação. Chegará o índice a 9% no fim do ano? Bem, no momento está em torno de 5%. Muito alto para esses 5 meses e ninguém é futurólogo, tendo as próprias agências econômicas e financeiras, institutos de pesquisa e o mercado financeiro errado suas previsões, mas não nos parece que possa chegar a tudo isso porque as famílias não compram e elas são 66% do PIB.

Observe que a previsão desse ano para a inflação está alta, mas a do ano que vem está em 5,5%. Se explicamos a conjuntura do Brasil e da política econômica anterior e a transição par a atual, mais restritiva, observa-se que o problema do Brasil não é estrutural, mas conjuntural. E se todo o reflexo negativo se concentrar em um ano, o de 2015, mas com a percepção que não se alastra para o segundo ano, o de 2016, isso denota descontrole da economia? Não.

Não se está considerando também, parece, adequadamente que a Petrobrás está com aumentos sucessivos de produção de petróleo e que o preço do petróleo está aumentando no exterior. Isso pode melhorar muito nossa balança de pagamentos e nosso superávit comercial, contendo o dólar que hoje está impregnando, também, a alta inflacionária no Brasil. Observe bem.

Então, senhores e senhoras, é uma pena que não possamos ter acesso a melhores informações e que a grande mídia tenha necessidade visceral em vender notícia e que isso deva ser feito à custa da informação de qualidade de nós, seus leitores. O que podemos é somente compartilhar a análise destas notícias, dos fatos, sob perspectiva mais ampla do que a estreita visão midiática e observar o desenrolar dos fatos, quando a mídia terá de publicar, sob o espírito de surpresa, as boas notícias que devem vir a partir do último trimestre desse ano e por todo o ano de 2016.

Entendemos que com estas considerações você pode melhor entender a evolução da inflação, suas causas, e compreender o que ocorre, ao invés de viver a angústia das publicações parciais, sensacionalistas e irresponsáveis da grande mídia como se apresentam desde o início do ano, e antes ainda.

p.s.: E a inflação do tomate? Gente.. e a deflação de aluguéis? o que impacta mais no seu bolso? E por que nõa se fala das correções para baixo de aluguéis que está ocorrendo? E de preços de imóveis para a compra e venda? O tomate custa centavos e você pode tirar da dieta.. imóvel você não pode excluir pois tem que morar e envolve até milhares de reais todo mês. Esse é o nível de informação ridículo que temos de enfrentar todos os dias.. lacônico, omisso, irresponsável e desinformativo.. comprometido com a semeadura da perspectiva do caos… enquanto o governo for de esquerda.. claro.. rsrsrsrs.

p.s.2: E as pedaladas orçamentárias? Gente, não vou defender isso. Contas devem ser claras. Ainda mais públicas. Mas o que o governo fez, toda a empresa faz. Desenha contas de forma que sejam as melhores apresentáveis. Se houve erros, que o TCU as mostre e que quem for responsável, inclusive a Presidente Dilma, que pague, nos termos legais, pelo erro e/ou manipulação. Mas até lá, e mesmo se isso for provado, a atuação de fundo é a que foi descrita aqui. Programa econômico que salvou empregos e PIB, mas que agora não tem reflexos positivos que justifique sua continuidade e está sendo corretamente mudado o rumo. E essa mudança tem custo e um deles é alta inflação esse ano, aumento de desemprego que foi contido por anos e anos durante a crise econômica e menor crescimento de PIB, inclusive porque não há quem compre produção aqui dentro (famílias endividadas) e não há quem compre lá fora (EUA, Europa estagnados ou em recessão e China com perda de crescimento), Não há milagre. Só fatos, para quem quer os ver. É aguardar o desenlace mundial desse nó e nosso desenlace interno também que virá com mais investimentos e volta de crescimento econômico. É essencial o programa de concessões de 198 bilhões de reais deslanchar.

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