Quem ler o Jornal O Globo de hoje, inclusive o Globo On Line, terá a impressão de que vive o fim do País. Mas pode ver a incongruência imediatamente.
Veja esta matéria:
“Brasil repete década perdida de 1980 e já vive ‘depressão’, diz economista“
Acesse na íntegra o artigo em http://oglobo.globo.com/economia/brasil-repete-decada-perdida-de-1980-ja-vive-depressao-diz-economista-19414899#ixzz4AMSn5N7r
Agora Veja o subtítulo desta mesma matéria:
“Analista para América Latina do Goldman Sachs prevê estabilização na 2ª metade do ano“
Senhores e senhoras, há muitos mais artigos nesta linha. Mas por quê? Porque não há mais tempo para publicar este tipo de matéria. A estabilização da economia já está aí às portas e nós só teremos sofrido menos de dois anos, enquanto Europa e EUA sofreram 7 a 8 anos.
Observe que comparam menos de dois anos recentes com o acumulado de dez anos entre 1980 e 1990. Pode isso? Não. 7% de queda em média de 10 anos é muito pior do que 7% em média de dois anos. E eles ainda contam com previsão de queda de 4,3% de PIB para 2016. Isso ocorrerá? Não parece (ver p.s. de 06/06/2016 abaixo). E se isso ocorresse, não deveríamos estar pagando 14,5% de juros, pois a inflação seria muito menor do que 7%. Veem a incongruência?
Mas tem mais. Se estamos em incrível depressão, em ciclo desfavorável e negativo, como se estabiliza no segundo semestre? Que palhaçada.
Isso é para ajudar o governo a arrochar o que puder no orçamento de 2016. Com esse ambiente, será impossível criar clima para reconstituir valores de salários defasados de servidores, porque eles serão os criminalizados do “orçamento”, não havendo uma linha sobre o nababesco lucro bancário com os juros de 14,5% em inflação decrescente em nosso país.
Se a inflação for menor do que 7%, beirando a 6,5%, o que deve ocorrer esse ano, o lucro real que os juros bancários proporcionarão aos aplicadores será de 8% reais. A média dos emergentes é pagar 2,5%. Os juros reais da Europa e EUA está em negativos 1,5%. Alguém publica isso? Não. Serão mais de 200 bilhões de reais concedidos a investimentos em dívida brasileira totalmente desnecessários e que poderiam tornar o déficit de 170 bilhões do orçamento em superávit de 30 bilhões de reais, sem se mexer em um programa social, sem se impedir o investimento de um centavo para hospitais e escolas, e concedendo todos os reajustes a servidores acordados e previstos no orçamento.
Estamos diante do maior roubo do orçamento público da história do País. E não há uma linha publicada sobre isso.
Onde colocar a conta? Nos servidores e no Judiciário, que prende todo o Congresso com base em provas irrefutáveis.
E assim, o Jornal O Globo, em sua perene função de diminuir o Estado, consegue publicar ambiente de caos econômico, enquanto, “analistas do Goldman Sachs preveem estabilidade para o segundo semestre”. Ora, é caos, década perdida, ou estabilidade? Veja você!!!
O objetivo é obter ambiente para diminuir o Estado e, nesse esteio, o Judiciário também será prejudicado. Concessões, privatizações, perda de estabilidade de servidores, transferências de serviços públicos par cooperativas e Ong´s, regulamentação da terceirização, fim do concurso público, fim de correção inflacionária das remunerações dos servidores públicos. Tudo porque o “momento é de caos econômico e devemos ser conscientes com os gastos públicos”. Que gastos? Juros nababescos a bancos? Não. Com gastos da previdência social, saúde, educação e que gera prestação de serviço à população: servidores públicos.
Veja esta outra matéria:
“Brasil fica na lanterna do crescimento mundial e perde até para Grécia“
Acesse a íntegra do artigo em http://oglobo.globo.com/economia/negocios/brasil-fica-na-lanterna-do-crescimento-mundial-perde-ate-para-grecia-19416205#ixzz4AMXnard1
Agora o subtítulo:
“Retração de 5,4% na comparação anual é a pior entre 31 países, segundo Austin Rating“
Pergunto: Ok, em um ano o Brasil perdeu par a Grécia. Mas e em 7 a 8 anos? A Grécia chegou a perder 25% de seu pib, gente!!!!!!! Durante quase todo esse tempo a taxa de desemprego chegou a 25% da população economicamente ativa, contra o pico de 10% do Brasil em um único ano. Mais de 50% dos jovens gregos esteve e está desempregada!!!!!!
A comparação beira as raias do ridículo.
E chegamos ao fim do poço. Esse é o problema da direita, dos banqueiros e da grande mídia. Daqui para frente, se a Dilma não voltar, será só notícia boa, então a hora de publicar o caos alimentado midiaticamente que só durou 2 anos e não se alimentará mais para a frente, é agora. A hora de influir par diminuir o Estado de vez, é agora! E é agora, quando se votam no Congresso as matérias de gastos públicos, que são votadas todos os anos em função da lei orçamentária. Mas nunca terão a oportunidade de esfaquear a estrutura do Estado como agora, porque o fim do poço chegou. Entende?
E assim, mais do que cortar programas sociais, o que faz sentido nesta nova ordem que se quer implantar, para irmos muito além do que é a estrutura “liberal e enxuta”dos EUA, que conta com, ironicamente, 50% mais servidores públicos do que o Brasil para prestar serviços a seus ricos habitantes, é cortar estabilidade de servidor público, seus reajustes remuneratórios e desestimular a população de ter como opção de emprego o serviço público, bem como retirar as bases para que auditores, por exemplo, condenem empresas, juízes, por exemplo, condenem empresas e políticos, policiais não investiguem políticos e empresários, porque isso é o que acontecerá, a longo prazo, com o fim da estabilidade dos servidores públicos e o fim da remuneração digna.
Por que um policial vai investigar a Odebrecht, se o dono é amigo do Presidente da República e ele, o policial, pode ser demitido, quando estiver sem estabilidade? Por que um juiz os condenaria, sob risco de demissão? E o Auditor? Por que levaria à frente as investigação e condenação de contas podres da empresa e do Estado, se tem contas de luz, gás, telefone, plano de saúde e escola de filhos para pagar e correria o risco de ser demitido?
Mas a sociedade, quando se compara aos servidores públicos, não vê isso. Vê, egoísta, unilateral e umbilicalmente, que ela mesmo não tem estabilidade no emprego. Vê que ela mesmo não ganha bom salário, apesar de muitas vezes não ter o nível educacional dos servidores públicos com as quais se compara. E não vê que tudo o que existe em estrutura para o serviço público é para atuar em seu benefício, sem saber inclusive como quantificar isso, pois a mídia sobre isso nada publica. Quanto vale para o bolso do contribuinte a prisão do presidente da Odebrecht, do presidente do Banco Bradesco, da investigação sobre o Lula, Renan, Eduardo Cunha, Dilma, Aécio, PT, Mensalão do PT, mensalão do PSDB, Trensalão de São Paulo, obstrução da justiça por Dilma ao nomear Lula Ministro? São bilhões e bilhões de reais dos cofres públicos que se protege e tudo isso só é possível com servidores públicos de nível, bem pagos, e com estabilidade.
Está em curso a destruição do Estado como o conhecemos. A área privada quer tudo privatizado, até escolas e hospitais públicos. Querem tudo prestado por Ong’s, talvez até pago pelo cidadão que vai ser atendido, como o é nos EUA. Querem destruir os quadros públicos dos poucos serviços que ainda existem com qualidade: Polícia Federal, Universidades Públicas, Hospitais Públicos de Emergência, Ministério Público, Judiciário, para assim, sob o manto do discurso do “caos econômico, mas que está para se estabilizar no segundo semestre de 2016”, ou seja, inicialmente daqui a dois meses, possam se assenhoriar de todos os cargos públicos, não sofrerem pressões do Estado, fiscalização, investigações e condenações, e conseguir em pouco tempo (até o fim do caos econômico) o que não obtiveram décadas a fio e que talvez não tenham outra oportunidade de ceifar e obter como agora, porque a recuperação está à vista e chegando junto com a melhora da economia internacional esperada para estes próximos dois a três anos.
Alimentando esta mentira, sem apontar as várias variantes e condicionantes que permitem os “analistas da Goldman Sachs” afirmarem que a economia brasileira se estabilizará no segundo semestre de 2016, é que o mercado, com seu arauto, O Jornal O Globo, pretendem seguir a marcha de seus desígnios: fim do funcionalismo público, diminuição do Estado ao mínimo que não existe em qualquer país do mundo, e destituir a classe média e pobre de uma opção de emprego digno, que é o funcionalismo público, para aumentar as filas de buscadores de emprego na área privada e poder diminuir os salários dos atuais empregados privados, “a bem do mercado”.
Não contem com o nosso silêncio. Como dissemos antes no Blog Perspectiva Crítica à mídia de mercado e ao mercado: “I see you”. E continuaremos denunciando. Toda a onda de diminuição do Estado como se apresenta que, além de desnecessária (por haver outras medidas para salvar o orçamento público sem diminuir programas sociais e ignorar o direito de reajuste inflacionário de remuneração de servidores públicos), é ineficiente e nos deixa mais longe da estrutura existente em países avançados como França, Inglaterra, Alemanha e países nórdicos e, inclusive, atrás dos EUA e Chile. Em todos esses lugares o salário mínimo é maior do que no Brasil, o serviço público de educação e saúde é melhor do que o nosso, e todos eles têm mais servidores públicos do que nós, em proporção ao total de trabalhadores em seus países, garantindo maior qualidade de vida a seus cidadão. E todos esses servidores públicos têm estabilidade. Não é fazendo diferente deles que atingiremos o mesmo status. Isso, desfazer um Estado e querer mais dele, é que é incongruente.
Neste momento vemos o pagamento fácil de desnecessários 200 bilhões de reais a bancos, através de juros que não existem em local algum no mundo, mesmo se considerando países sem democracia e em guerra, enquanto se tiram, em primeiro momento direitos trabalhistas, previdenciários, reajuste inflacionário de servidores, ou seja, vai a conta só na pessoa física, no contribuinte e trabalhador brasileiro. Isso é a maior transferência de valores das pessoas par bancos. Isso é o maior roubo do orçamento do país: a despesa de mais de R$200 bilhões desnecessários com juros excessivos da dívida. Qual é o total pago nesta rubrica? mais de 600 bilhões de reais. Mais do que tudo o que é gasto com a Previdência, com a saúde, com a educação, com todas as remunerações de todos os servidores públicos federais dos três Poderes. Saiba disso.
p.s. de 02/06/2016 – Texto revisado e ampliado.
p.s. de 06/06/2016 – É importante notar que a previsão de PIB negativo para o ano de 2016 em 4,3% já não é mais uma previsão que se confirma. O mercado já fala, desde 02/06/2013, em queda de 3,8% e até 3%!! Observe o teor do artigo intitulado “Projeções para o PIB apontam queda inferior aos 3,8% de 2015 – Indicadores de maio já apontam melhora na confiança”, cujo endereço eletrônico é http://oglobo.globo.com/economia/projecoes-para-pib-apontam-queda-inferior-aos-38-de-2015-19420898#ixzz4ApJqEVT1
p.s. 2 – É importante notar, ainda, que a comparação de períodos econômicos já foi muito criticada. Tem apelo retórico e de manchete para vender jornal, mas não garante fidelidade técnica ínsita em relação aos fatos e declarações que se publicam. Veja, sem apresentar os dados a que se refere sobre a queda de pib na década de 80, houve a comparação imediata de um número (7%), que seria alcançado de perda de pib na década de 80 e entre os anos 2015/2016. Mas observe que, primeiro, se pegássemos os oito anos para trás, esse número de perda de pib não ocorreria e, provavelmente, se pegarmos mais oito anos para frente, também não ocorreria a perda de 7%.Então, a comparação imediata já é ruim per si. Mas não só. Observe que a década de 80, mesmo tendo experimentado algumas crises de petróleo, (1979 , 1981 e 1983), foi a crise de 2008/2013, com reflexos até hoje, que foi rotulada de a maior crise financeira mundial desde a histórica crise de 1929. Então, seria de se esperar um reflexo econômico pior ao pib do Brasil do que o reflexo da crise do petróleo entre 1979 a 1983. Então, como a maioria das notícias econômicas publicadas pela grande mídia, a informações foi ruim e causou desinformação em massa, como se essa crise de 2 anos, já ao fim, segundo analistas de mercado e segundo nossa opinião desde o início do ano. O fim da crise bate às portas, como noticia o artigo comentado no post script acima.
p.s. de 15/06/2016 – Para verificar como as contas do Estado Brasileiro estão mal encaminhadas e como grande parte do que produzimos são pagos a bancos através da conta “juros da dívida”, sem qualquer questionamento social sobre isso, acesse nosso artigo em