Pessoal, o Jornal O Globo de hoje, 25/03/2013, traz na página 16 dois artigos econômicos importantes e que ratificam a análise econômica apresentada pelo Blog a vocês em março.
Delfim Neto, no artigo “Economistas divergem se mais desemprego baixará inflação”, deixa claro que os economistas que optam controlar a inflação brasileira através de aumento de juros no momento não estão preocupados com o nível de vida dos mais pobres, recém-resgatados da pobreza e da pobreza absoluta. E o próprio economista Schwartsman, confirma que é isso mesmo quando diz “é demitir mesmo”.
Veja, naturalmente Schwartsman não perderá o emprego nessa onde de demissão que defende. Então o que ele quer? Somente o juros altos porque isto dá mais lucro ao banquinho que ele administra. Aumento de juros baixará a inflação, mas a que preço? Sacrificar empregos. É o que ele admite. Não há compromisso em suas palavras com o emprego, com a qualidade de vida do cidadão. Há com a dele. Veja se ele admitiria aumento de imposto, por exemplo? Não imposto que pesasse sobre a produção (porque seria inflacionário), mas aumento de imposto de renda, que retira valores disponíveis para consumo e arrefece a demanda, tendo pressão deflacionária. E pergunte a Schwartsman se ele apoiaria um aumento maior para os que ganham acima de R$500.000,00 ao ano? Rsrsrsrsrs
Em um instante, você veria que o que interessa a Schwartsman não é controle de inflação, mas dinheiro no bolso.. no bolso dele e de seus sócios e clientes. Justo. Legítimo. Mas se essa opinião não tem compromisso com o emprego, com o controle de dívida pública (que aumenta com aumento de juros), nem com a economia (pois a esfria, sem tentar opções com menos efeitos colaterais para a parte saudável da economia), que compromisso deveríamos demonstrar com essa sugestão de aumento de juros de Schwartsman? Nenhuma, claro.
Assim, senhores, fica bem patente, com a publicação elucidativa de hoje no Jornal O Globo, quem se preocupa com a economia brasileira (empregos, eficiência do controle inflacionário, estabilidade fiscal e inflacionária – Delfim Neto e George Vidor e Blog Perspectiva Crítica) e quem se preocupa com seu próprio bolso (indicadores sem remorso de aumento de juros o quanto antes, por qualquer motivo ou sem avaliar outras opções e os reflexos negativos e positivos em sociedade – Schwartsman e a corja de mercado).
Veja que o próprio Vidor em sua coluna “Á espera da mão invisível”, na mesma página 16 do Jornal O Globo de hoje, informou, como nós, que não descarta um aumento de juros comedido para controle da resiliente inflação atual, mas ele ponderou o dilema. Ele ponderou os riscos à economia e ao desemprego e à tomada de investimentos (de que tanto precisamos, como, neste particular, bem apontado pelo Jornal O Globo há meses).
Schwartsman poderia ter dito que na falta de mão-de-obra desqualificada deveríamos aumentar a importação de mão-de-obra da Bolívia, por exemplo. Assim fez a Alemanha com turcos. Assim faz a França com argelinos e nigerianos. Mas não. Ele quer aumento de juros e, declaradamente, “demissões”. Ele quer pais de família na rua. É essa a solução que ele sugere. É no mínimo uma falta de humanidade. Mas o mercado não é humano e não tem consciência social, como sempre apregoamos. Não tem o mercado compromisso com o desenvolvimento do País e aumento de qualidade de vida do cidadão. É bom que se veja.
Assim, ponderemos por fim o argumento de Vidor, que se preocupa com a economia brasileira e a vida de cidadãos. O salário mínimo é inflacionário? Não posso negar. Neste momento é uma pressão, porque aumentou bastante nos últimos anos, resgatando uma dívida social e criando todo um mercado consumidor que não existia. Mas não é só isso. Não é só isso mesmo.
O novo salário mínimo criou um novo mercado consumidor e criou pressão por serviços, mas o descompasso existe pois não houve criação de serviços e investimentos que compatibilizassem a oferta a esta nova demanda. Então temos de trabalhar a oferta, o incentivo ao investimento. É isso que temos de fazer, e não prejudicar o povo que nunca teve nada e que agora tem algo!! Isso é atacar a inflação, mantendo ganhos de qualidade de vida da população, mantendo empregos e mantendo a dívida pública em tendência de baixa (aumento de juros aumenta dívida pública)!!
Além disso, este ano não haverá quase aumento de salário mínimo, pois o PIB de dois anos atrás cresceu pouco. E o valor do salário mínimo, uma vez posto, perde com o tempo seu potencial inflacionário por acomodação deste elemento na economia.
Assim, é o que Vidor e Delfim comentam: não aumentem juros agora. Deixem estar para ver a acomodação dos preços de forma natural. Deixem agir os elementos de mercado par ver como fica a tendência inflacionária. Para o Blog, há provável tendência de arrefecimento de pressão inflacionária daqui pra frente, apesar de alguns preços deverem ser ajustados até junho de 2013. Vamos torcer.
Pelo menos, o Blog Perspectiva Crítica está bem acompanhado. Como sempre.