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Revista da semana: Caças, Corte de Gastos Governamentais, Inflação, Dívida Pública bruta e líquida americana e brasileira

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Pessoal, tenho alguns pontos sobre os quais gostaria de falar com mais profundidade, mas posso deixar uma abordagem mais profunda para depois e apresentar logo algumas perspectivas mais rápidas sobre alguns fatos importantíssimos, para não deixar passar muito tempo do fato e perder o timing da crítica. Selecionei os fatos abaixo:

1 – Reabertura da licitação de caças – reabrir por ver que há possibilidade de que sejam melhoradas as propostas,ou porque os caças em licitação ficaram defasados (como ocorreu do programa FX para o atual FX2), ou porque as empresas não podem manter o preço pela demora da decisão, tudo bem. Eu entendo também que a Dilma, acusada pela grande mídia de ser mera continuadora do Lula, queira marcar posição, mostrar independência. Agora, daí a vir a escolher o F-18 pra satisfazer os críticos, preterindo o Rafale, vai uma grande distância. Eu admiro o Obama. Acho que os EUA têm sorte de terem escolhido ele como Presidente. É um democrata e pode resgatar os EUA dos absurdos econômicos e sociais em que vivem e está fazendo isso (vide reforma do sistema público de saúde). Mas ele não pode garantir transferência de tecnologia. Isso só pode passar pelo Congresso, então, não se enganem não haverá transferência de 100% de tecnologia americana conforme promete a França. Se a Austrália e Canadá não receberam a transferência de 100% da tecnologia para construção de aviões americanos que usam para sua defesa, vocês realmente acham que isso será cedido para o Brasil?!?! Piada. A mídia que apóia os EUA é irresponsável. Além de não poderem garantir a transferência de tecnologia, o F-18 já é ultrapassado para os EUA que usam F-35 (significa que também não terão interesse em desenvolver novos aviões conosco por causa dessa compra). E além disso, o histórico norte-americano é de restrições de venda de aviões de guerra que tenham componentes americanos, como ocorreu com os Super Tucanos brasileiros que não pudemos vender para a Venezuela porque tinha componente americano. O Rafale somente está sendo vendido nessas condições excepcionais porque se a França não fizer isso fica difícil manter a produção desse excelente avião. Ela quer ganhar escala de produção e manter seus aviões fazendo parceria conosco. É uma oportunidade, além de os pilotos brasileiros já estarem acostumados com esse tipo de avião, pelo uso dos Mirage por décadas. Espero que Dilma não queira marca posição satisfazendo a mídia e os grupos interessados em aproximação irrestrita com os EUA. Nós temos de ver o que é melhor para a nossa independência produtiva de aviões de caça. País como o nosso não pode admitir ser mero comprador de vetores defensivos de nossa soberania, nem limitações de uso e propriedade por parte do vendedor. Os franceses não têm histórico negativo como os EUA e a liberdade em relação à transferência de tecnologia é mais fácil de ser exercida do que em relação ao sistema americano, portanto, a transferência de tecnologia que nos torne independentes tecnologicamente na produção de aviões de caça é mais garantida com os franceses. Para mim, isto é o importante.

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2 – Corte de 50 bilhões pelo Governo – A mídia tanto falou, tanto cobrou, que a Dilma teve que apresentar uma informação tentando satisfazer e amainar críticas do mercado e da mídia. Aí, em seguida a inflação teve aumento de expectativa e a Miriam publicou que “o corte não convenceu o mercado”. Rsrsrsrs Gente, não tem jeito. Nâo foi a falta de convencimento do mercado em relação ao corte que aumentou a expectativa e inflação. O dólar está derrentendo no mundo, o que já deveria ter acontecido há uns sete anos, porque o mundo vê o déficit fiscal e em conta corrente americano (chamado déficit gêmeo que acaba com qualquer país). E sempre viu, mas não achava que prejudicaria a economia americana, mas a crise dos subprime evidenciou a fragilidade econômica e fez os credores internacionais pensarem mais racionalmente. A China chegou a cogitar pedir garantia real aos EUA para manter os títulos de dívida americana (hoje em 3 trilhões de dólares). Então, o dólar derretendo gera inflação no mundo todo, pois os produtos são indexados informalmente e de fato em dólar, pois o comércio interncaional é em dólar. Assim, hoje há pressão inflacionária em todo o mundo por causa da desvalorização do dólar. Ainda houve problemas com produção agrícola no mundo por desordem climática (China, Austrália, Argentina e Brasil) e aumento de preço desses produtos. Além disso há essa ebulição política no Oriente Médio que pressiona o preço do petróleo (por causa do risco de alteração do fornecimento normal). Portanto, corte de 50 bilhões não pode, ante tudo isso, baixar expectativa de inflação! O que fico fulo é que a mídia trata o governo como único algoz da inflação e coloca toda a esperança de controle inflacionário em medidas restritivas à produção, crédito e consumo. Não sei se por causa de excesso de influência da elite financeira, que vê nesta abordagem uma oportunidade de justificar aumento de juros Selic, aumentando seus lucros às custas do aumento da dívida pública, ou se por burrice. Juro. Hoje em dia fico na dúvida. Mas de qualquer forma estão errados os que querem que o governo pare de investir e os juros continuem crescendo, pois isso não resolve a desordem climática ou a eblição no Oriente Médio. O correto é tratar as causas de inflação de forma correta e compartimentada. Inflação da desvalorização do dólar, aumento de petróleo e commodities e gêneros agrícolas devem ser entendidos e tratados corretamente, para não sacrificarmos a economia brasileira de forma burra. Já tratei disso no artigo sobre a inflação de janeiro de 5,99%, comparando inflação de demanda e inflação de oferta.

3 – Contra o argumento de que as medidas restritivas de Dilma corroboram exageros e erros de Lula na economia e gastos públicos – Espero que a Dilma, que está fazendo umas concessões para a mídia, não coloque sua vontade de firmar posição e registrar sua independência em relação ao governo anterior à frente do interess público e condução desenvolvimentista da economia. A medida de corte de 50 bilhões é uma resposta para a mídia e o mecado em relação à acusação de falta de esforço governamental para conter gastos e despressionar a expectativa de inflação. A Dilma ainda determinou a não contratação de funcionários esse ano. E o resultado? Aumentou a expectativa da inflação. Rsrsrs Já expliquei acima que isso não leva a lugar nenhum. A mídia ainda aporveitou o anúncio do governo para validar sua antiga tese, na época da eleição, de que os gastos de 2009 e 2010 foram irresponsáveis. Espero que a Dilma veja e aprenda. Apesar de aumento de 10% da dívida pública, enquanto os EUA, Inglaterra, França e Alemanha tiveram de mais de 100%, o objetivo foi debelar uma crise financeira internacional e proteger a economia e empregos de braileiros. E com sucesso. Amigos meus que moravam nos EUA estão voltando para o Brasil por melhores condições de arrumar emprego. Hoje o desemprego aqui é de 6,6% e nos EUA fechou 2010 em 10%. E mais: a dívida pública 10% aumentou nominalmente, mas desceu percentualmente ao PIB em mais de 10%!! Se em 2009 a relação dívida/PIB era de 46%, no final de 2010 fechou em 41%!! E Dilma pretende fechar 2014 em 31%!! Isso é o que interessa. Se o País fica mais rico pode investir em prestação de serviço público que nós precisamos, inclusive. Para termos mesmopercentual de servidores públicos que nos EUA deverimaos dobrar nossos funcionários, sabiam? Lá 22% dos trabalhadores são da área pública. Aqui, somente há 11% de servidores públicos, em todo o grupo de trabalhadores. É duro a desinformação perpetuada pelos jornais da grande mídia, em especial o Globo. Mas nós estamos acompanhando e fazendo as devidas críticas para que os leitores desse blog, seus amigos e familiares não percam a noção do que realmente acontece e possam administrar suas vidas e interesses com base em informação de qualidade e facilmente constatável.

4 – Dívida pública americana atual e dívida brasileira – Prestem atenção. Ante a queda da relação dívida/PIB, a mídia descobriu o percentual de relação dívida bruta/PIB, que é composta também por investimentos públicos na economia. Se fosse só isso, para nos informar com mais qualidade, tudo bem. Mas o que está ocorrendo é abordagens homeopáticas misturando esses número para induzir a sociedade em erro e poder continuar dizendo que o Governo não está tão bem assim no quesito dívida/pib. Agora, só falam na dívida/pib do Brasil em 66%, a qual é dívida bruta/PIB. E vi tratarem, em um recente artigo sobre os cortes que Obama fará no Déficit americano, a dívida/PIB americana como em 76%! Agora veja: essa é a dívida líquida/Pib americana, pois a dívida bruta americana, que inclui investimentos nos bancos salvando-os da falência na crise, é de mais de 90% e acho que já chegou a 100% do PIB!! Então você vê a mídia falando que a dívida americana é 76% do PIB e a nossa é 66% do PIB e acha que os EUA não está tão mal e que o Brasil não é tão eficiente, mas foi induzido em erro. Agora só falam em dívida/pib só que retratam a dívida bruta/pib brasileira e a relação dívida líquida/PIB estrangeira. Fique atento. Os números não mudam facilmente. A relação dívida líquida/pib brasleira é de 41% e decrescente, o que mostra que o governo administra bem suas contas, mesmo investindo em serviço público. A relação dívida líquida/PIB americana é de 76%. A relação dívida bruta/PIB brasileira é de 66% e a americana é de quase 100%. Só para você ter uma idéia de valores: a dívida bruta brasileira é de 1,7 trilhão de reais ou mais ou menos um trilhão de dólares. A dívida bruta americana é de uns 12 trilhões de dólares ou 20 trilhões de reais. A dívida líquida americana é de uns 9 trilhões de dólares.

Abraços

p.s. de 24/02/2011 – o artigo sobre Obama mencionado no último parágrafo, ou seja, no comentário ao quarto artigo, intitula-se “Obama: corte de US$1,1 tri”, publicado no Jornal O Globo de 14/02/2011, pg. 17. Os valores da dívida americana bruta estimada em 12 trilhões de dólares e dívida líquida estimada em 9 trilhões de dólares foi conservadora. O PIB americano não fechou 2010 em mais do que 14 trilhões de dólares, com certeza não passando de 15 trilhões. Assim, a dívida bruta poderia chegar nominalmente em 14 trilhões de dólares e a líquida em mais de 10 trilhões. O que importa são os percentuais apresentados na relação dívida/pib americana. O valor absoluto do PIB americano fechado em 2010 é verificável no google. A menção à dívida nominal teve o objetivo de evidenciar o buraco em que os EUA estão e demonstrar como a nossa dívida brasileira está totalmente administrável e responsável.

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