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O verdadeiro interesse brasileiro na construção do Superporto do Uruguai: estamos agindo como países ricos

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Gente, gente… da forma como a grande mídia aborda o tema sobre construção de Porto de Mariel em Cuba e tratativas para construção do Superporto do Uruguai ambos com dinheiro do BNDES (o primeiro, com certeza, e o segundo a título de especulação com possibilidades de concretização), é natural que haja reação negativa da sociedade… mas essa abordagem esconde a realidade dos fatos e vamos explicar a nossos leitores os reais interesses brasileiros até mesmo no Superporto Uruguaio, que concorrerá, sim, com portos brasileiros, principalmente do Sul do País.

Eu sei que você pode não estar acompanhando, porque não há publicação da grande mídia neste sentido, mas o Brasil, nos últimos doze anos, ou se preferir, 20 anos, contanto com o período de gestão do Fernando Henrique, não é mais o Brasil anterior a este período. Nós agora, e isto, sim, muito principalmente por conta da guinada política dos últimos doze anos, durante o governo petista (por mais que a elite social queira resistir a essa idéia.. rsrsrs), estamos desenvolvendo múltiplas políticas de autonomia nacional e regional. Múltiplas. Todas alçando o Brasil ao papel de um interventor no futuro nacional e regional. Todas alçando o Brasil à condição de protagonista de seu próprio futuro e do Mercosul e América do Sul.

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Sendo assim, a claque de direita, americanófilos, eurocentristas, partidários da internacionalização financeira e a parte da elite brasileira desinformada (ou bem informada demais… rsrsrs) que está acostumada a incentivar um Brasil “papagaio-de-pirata” dos países ricos, que sempre atua a reboque (e de preferência de idêntica forma) do que fazem os países ricos terá de se esforçar para conviver com um país que tenta ser protagonista de sua própria vida. E aqueles que somente estão sendo conduzidos pela grande mídia a não entender o que se passa, deverão fazer um pequeno esforço e procurar fontes de informação alternativas, como a deste Blog Político e Econômico para entender os verdadeiros interesses brasileiros por detrás de novos passos, novos atos, novos movimentos desse novo e autônomo Brasil que surge para garantir uma vanguarda que crie oportunidades de nos enriquecer, assim como o protagonismo americano e europeu os enriqueceu e enriquece.

Dentro desta perspectiva de um Brasil mais autônomo, temos de entender que onde americanos e europeus não atuam, há oportunidade de negócios para o Brasil, que devem ser perscrutados o quanto antes e concretizados o mais rápido possível, justamente para não perder estas oportunidades para os americanos e europeus, ou mesmo para o s chineses. Por isso, quando os EUA invadiram o Iraque, sem aval da ONU e do Conselho de Segurança, ou quando a França avançou sobre a Líbia, em desacordo e contra determinações da ONU e Conselho de Segurança, o Brasil se aproximou dos países do Oriente Médio e abriu diversos canais de negociação e oportunidades comerciais a partir da demonstração de conduta mais respeitosa e pacífica.

Da mesma forma, estamos avançando sobre a África, garantindo oportunidades para eles, com realização de cooperação técnica em diversas áreas que os beneficiam (agricultura, energia, saúde, educação), e abrindo portas comerciais de todas as áreas para expansão d nosso comércio e de nossa indústria, em benefício mútuo. A falta de prioridade do capital internacional a estas áreas garante oportunidade para que esses povos deixem de apoiar-se em capital e ofertas mais imediatas dos americanos e europeus e nós tenhamos a oportunidade de nos apresentar e apoiar seu desenvolvimento da forma mais irmã e humana como sempre fazemos, criando também oportunidades de negócios para o Brasil assim como sua projeção internacional.

E o mesmo se diga em relação ao Mercosul e à América do Sul. A expansão da nossa indústria não está sendo feita exatamente como americanos e europeus fizeram, via endividamento com FMI e criação de vassalos econômicos que devem perder sua soberania econômico-financeira para facilitar a invasão de empresas americanas e européias (credores do FMI) sobre o mercado interno do País que aceitou a ajuda financeira do FMI ou Banco Mundial. Nós, brasileiros, observamos oportunidades de negócios, de investimento em infraestrutura do país do Mercosul e da América do Sul, principalmente aquele investimento que cria sinergia com nossas necessidades de infraestrutura e de comércio, e criamos o planejamento financeiro e a sinergia para que esses investimentos e obras ocorram, beneficiando mutuamente Brasil e o país do Mercosul e da América do Sul. Essa forma de atuar é benéfica a todos nós e é a concretização da política de crescimento autônomo do Brasil.

E qual o principal instrumento dessa política? O BNDES, o Banco dos Brics (ainda em formação) e o FOCEM (Fundo de investimentos mútuo do Mercosul), dentre outros programas de investimento e financiamento de exportação de serviços e bens produzidos no Brasil. É preciso ter dinheiro e investi-lo para que essas pontes negociais ocorram. E nós estamos aplicando instrumentos que já existem (BNDES e FOCEM) e construindo outros (Banco dos Brics e programas específicos para cada país destinatário de investimentos e financiamentos de exportação de serviços e bens produzidos no Brasil).

Neste contexto, observe, Cuba não recebe investimento dos EUA e Europa… mas tem grande potencial de comércio, e tinha projeto de construção de um grande porto. Aí te pergunto, por que deixar Cuba pegar emprestado com Venezuela, França ou outro país qualquer, pagando juros a este país financiador e comprando serviços de engenharia e produtos para o Porto de Mariel deste outro país financiador ao invés de pagar juros a nós, ao BNDES, ao mesmo tempo em que exportamos serviços de engenharia, produtos e mão-de-obra especializada e cara brasileira? Não há a mínima razão para deixarmos esta oportunidade para outros.

Da mesma forma o Superporto do Uruguai. Veja, Uruguai não é vassalo do Brasil nem de ninguém. Uruguai tem seus próprios projetos de desenvolvimento. Aí te pergunto de novo: o que impede o Uruguai de obter financiamento para seus projetos de desenvolvimento estrutural nos EUA, Europa ou FMI ou Banco Mundial? Nada. Nada não… mas estar comprometido com um projeto internacional autônomo, o Mercosul. Então, com auxílio técnico do Mercosul e financiamento especial do Fundo do Mercosul, com auxílio do BNDES, se for necessário, o Uruguai poderá construir seu Superporto com dinheiro que em parte será do Brasil, em parte da Argentina, em parte do Paraguai e do próprio Uruguai, pagando juros a estes países, ao invés de a europeus e a americanos, e contratando serviços e bens produzidos nesta região para a construção deste superporto. Que mal há nisso?!?!

Há que se entender o que está ocorrendo que nunca aconteceu antes. Senhores e senhoras, estamos agindo como países ricos. Por favor, não impeçam que isso ocorra. Quando agimos como países ricos, ficamos com o juros do empréstimo, com a venda dos serviços e com a venda de produtos produzidos no Brasil, criando emprego de qualidade para brasileiros, lucros para empresas e arrecadação para o Estado!! Por que a mídia ataca cada oportunidade de negócio autônomo em que nos inserimos como protagonistas mundiais?!?!?!?! Doentio derrotista… ou antipatriótico… fico na dúvida.

E mais, o BNDES tem muito dinheiro… mais de três vezes o Banco Mundial… o investimento feito na exportação de serviços de engenharia brasileiros, como no caso de Mariel e talvez agora do Superporto Uruguaio, não impede investimentos em portos e aeroportos aqui. O que impede estes investimentos é a falta de realização e apresentação de projetos privados ou públicos desta natureza ao BNDES!!! Observem que o Porto de Açu, de Eike Batista, foi apresentado ao BNDES, mas quais mais projetos de portos brasileiros foram apresentados e que estão “na fila” sem aprovação no BNDES? Que eu saiba, nenhum!!

Então senhores, é mentira que há priorização de projetos de infraestrutura no exterior em detrimento aos que aqui existem, simplesmente porque os que existem no Brasil têm o dinheiro e estão financiados. O que se precisa no Brasil é de mais analistas públicos pra efetuarem mais projetos de infra-estrutura e mais ousadia da área privada em gastar dinheiro fazendo outros projetos(porque isto custa caro) pra apresentá-los ao BNDES para aprovação. Mas o que a área privada faz? Ela espera que o governo faça os projetos (e tenha esse gasto) e aguarda a licitação para executar o projeto do governo. Assim, é mais cômodo e devagar, não?

Mas o importante é que não havendo projetos a serem aprovados, mesmo que haja enorme necessidade de projetos e outros planos e necessidades vislumbrados mas não transformados em projetos para se apresentar ao BNDES, não adianta chorar porque outros projetos em outros países estão sendo viabilizados. Se há dinheiro no BNDES e no FOCEM que existe para financiar este tipo de obra do Superporto do Uruguai, por que não aplicar tais verbas e aumentar o dinheiro obtido por empréstimos e ainda criar oportunidade de exportação de serviços e bens produzidos no Brasil??!

Agora, isso exige, sim, que o Brasil corra com seus próprios projetos de melhorias em seus próprios portos e esperamos que a área privada apresente seus projetos, financie-se no BNDES ou mesmo no FOCEM e realize seus investimentos, não só dependendo do Governo, pois nossa área privada é grande o suficiente para isso (e gosta de dizer que é o líder e condutor do desenvolvimento nacional, não é?).

E a construção de um grande porto tão próximo do Brasil é bom para a economia do Brasil.. já sabe que pode haver facilitação de escoamento da produção brasileira de grãos… bom, se o pessoal brasileiro dos portos não quer investir, que pelo menos o pessoal brasileiro produtor de grãos tenha a opção de não perder contratos com chineses por conta disso.

Da forma que vejo, o Brasil ganha de todas as formas com o financiamento do superporto do Uruguai: realiza um projeto regional (Mercosul e demonstração de parceria em desenvolvimento dos parceiros e da região), financia mais uma exportação de serviços de engenharia e de bens produzidos no Brasil, obtém juros de tais empréstimos que aumentará o cacife e lucros do BNDES para outros investimentos em infra-estrutura no Brasil ou fora dele, cria opção de escoamento da produção de grãos, que encarece com o gargalo logístico rodoviário-ferroviário-hidroviário-portuário atual no Brasil e justamente cria a competição (que tanto gostam os do mercado.. rsrsrs) para que os portos brasileiros se mexam para viabilizar mais projetos, mais financiamentos e mais construções que os capacitem a prestar mais e melhores serviços, inclusive pressionando parceiros e o governo para melhorar a malha rodoviária, ferroviária, hidroviária e de portos no Brasil.

Por favor, vamos enxergar o que ocorre com os olhos de quem constrói um Brasil autônomo e forte e não com os olhos de quem quer um Brasil lacaio e a reboque de protagonistas europeus e americanos. Vamos nos acostumar a pensar como ricos… é difícil, eu sei, mas se não tentarmos e executarmos, nunca ocorrerá.

p.s.: texto revisado e ampliado.

p.s. de 25/04/2014 – Para saber o que é FOCEm, acesse: http://pgfmercosul.blogspot.com.br/2012/04/o-que-e-o-focem.html
E sobre os financeiamentos do BNDES, saiba que no ano de 2013 foram financiados mais ou menos 174 bilhões de reais dentro do Brasil e 8 bilhões de reais fora do Brasil (os valores podem ter sido em dólares, maso o número é este, 174 para o Brasil e 8 para financiamento de obras e vendas de produtos e serviçlos brasielrios no exterior).

p.s. de 02/05/2014 – Após a publicação deste artigo, criticando a abordagem da grande mídia sobre os investimentos no Superporto Uruguaio, o Jornal O Globo publicou editorial em mesmo sentido, no dia 27/04/2014. Mais uma demonstração de que nossa linha de pensamento, como muitas outras vezes ocorreu, pode e encontra eco mesmo na linha eidtorial que critica. Uma demostração da seriedade e bons subsídios de nossa linha de publicação de informaçõe e críticas a nossos leitores.

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