Pessoal, um grande amigo, Paulo Otávio, brincando comigo acabou suscitando um tema interessante. Ele disse que a coluna de hoje da Miriam, elogiando o Delfim Neto, que criticava o Governo, talvez fosse sinal de que Miriam devesse passar a ser considerada amiga da visão do Blog.
Ele estava brincando comigo, naturalmente, mas suscitou uma questão interessante que remete à forma como o Blog encara a visão da Miriam e a do Delfim Neto, dentre, tangencialmente, outros articulistas e jornalistas.
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Assim, compartilho com vocês minha visão da postura dessas pessoas públicas que são esses jornalistas e articulistas de renome, com o objetivo de expor os juízos de valores do Blog e realizar uma relação o mais sincera e aberta possível com os leitores.
Aí vai minha resposta remetida hoje:
“Legal a coluna. Veja, ela escreveu seu fundo convencional de críticas sobre o governo e inseriu trechos de uma entrevista com o Delfim Neto. Mas até acredito que não tenha manipulado viés e teor da informação real contida na entrevista do Delfim.
Primeiro, deixo claro que tirando Merval Pereira que é evidente americanófilo, e não mudará seu perfil pois é seu traço característico, e tirando Diogo Mainardi e a maioria dos jornalistas da Veja, como o Roberto DaMatta que é raivoso contra o governo do PT, não há inimigos. Miriam é um instrumento cooptado intelectualmente pela elite financeira e está onde está porque sua crença no Estado Mínimo é o mesmo da edição do Globo. Mas ela não é a pior com certeza. Ela também gosta de posar de protetora do meio ambiente e foi cooptada na idéia de proteção de índios em Belo Monte e tal e depois que a falta de energia começou a ter reflexos reais, ela aliviou a temática e passou até a admitir que temos de construir usinas hidrelétricas. Ela é nociva, mas não é inimiga da boa informação e da participação da esquerda no governo como Merval, Mainardi e Damatta.
Dito isso, DElfim Neto é um técnico em economia. Gosto de suas posturas porque ele diz o quê, como e quando sobre os problemas econômicos. Seu objetivo nas exposições são claros, coesos e visam sempre à melhoria da economia, do setor produtivo e do País. Ele não tem compromisso com lucros de bancos e não pode ser cooptado intelectualmente pois seu conhecimento técnico é grande, não é como o caso da Miriam que não é economista e não tem imagem técnica de economista a zelar. George Vidor e Paulo Noueira Batista Junior também têm posturas em relação às atitudes do governo mais serenas e objetivas, pois são economistas que zelam por suas reputações de economistas.
Assim, DElfim pode e deve apontar suas divergências em relação à condução da política econômica do Governo. E neste momento é que a Miriam o paludiu. Quando ele aplaudiu milhares de posturas do governo Lula, Miriam não aplaudiu junto. Portanto, Miriam não é amiga do Delfim. Miriam, como cooptada da elite financeira (crê em Estado Mínimo e austeridade com inflação baixa e ponto… para ela o social melhorará sozinho se essas três condições ocorrerem) e instrumento do Globo de crítica de ações de governo que enriqueçam o cidadão ao custo de empresas e bancos (aumento de salário mínimo, reajuste de funcionários, contratação de servidores..), ela apoiará qualquer um que crioticar o governo de esquerda que desenvolve políticas que enriquecem o cidadão. Para ela, todas as ações devem enriquecer empresas e o cidadão será enriquecido naturalmente como consequência, o que é a crença capitalista liberal para política econômica.
Portanto, concluindo, Delfim é amigo do País, não importa o governo. Ele fala de economia real para o bem ou para o mal, independente de quem aplica a política ecnoômica. Isto é o que procuro fazer, apesar de naturalmente eu elogiar qualquer medida governamental que reflita em enriquecimento do cidadão. Miriam é amiga de bancos, mesmo que talvez não saiba (ela sabe…). Mas às vezes ela elogia timidamente avanços sociais gigantescos obtidos pelo governo. Sendo assim, Miriam não é minha amiga nem inimiga, nem nunca será, pois somos de matizes ideológicas opostas (sou social democrata e ela é evidentemente capitalista liberal) e defendemos pessoas distintas na sociedade (eu defendo o cidadão e ela empresas e, muito mais ainda, bancos). Ms ela não me parece internacionalista, como Merval. Ela´me parece brasileira e nacionalista. Parece.
Ela é uma jornalista brasileira que quando falar algo com o que concordo eu elogiarei e quando falar algo com o que discordo, eu apontarei, principalmente quando falar algo que é indutivo de uma realidade que beneficia empresas e bancos contra o interesse do cidadão, o que ocorre em metade de suas colunas.
Selecionei o seguinte trecho da coluna:
“Depois de tudo isso, o que sobrou? Bom, a inflação está sob controle, o Brasil tem boas instituições, e o país reduz a desigualdade. Além do mais, foi correta a redução dos juros, a mudança na poupança e a queda do custo de energia. Delfim tem sido um interlocutor da presidente. É curioso que esteja fazendo públicas críticas tão ácidas – e certeiras – como tem feito.”
Miriam foi muito criticada e hoje dá espaço, e suas críticas para a informação antitese de seu vetor de escrita. Depois de muuitoa crítica de quem a lê, inclusive eu. A política do governo tem pecados e equívocos, mas ainda não houve atrocidades e os exageros e equívocos são para impedir manchetes desinbformativas da mídia, controlar inflação, melhorar ambiente econômico para a população e enriquecer o cidadão.
Vamos acompanhando o desenrolar dos fatos sociais, políticos e econômicos. E o governo deveria ouvir o Delfim e corrigir equívocos. O importante é que por enquanto a balança está altamente favorável à equipe econômica com tudo o que Deflim enunciou no trecho acima e mais decréscimo de relação dívida/pib, controle de inflação, crescimento econômico baixo, mas crescimetno econômico, com continuidade de criação de empregos e aumento de salário mínimo e dimininuição de desigualdade social. Estamos vivendo um sonho brasileiro.”
Isso dá uma idéia das pessoas de relevo (articulistas e jornalistas) que nos cercam e que tratam dos temas objeto de análise do Blog.
Naturalmente deve ter ficado claro que acho que o governo comete alguns equívocos. Mas ele cria. Ele afronta a realidade. O Governo não repete fórmulas dos europeus e americanos nem fica a reboque dos trilaterais, esperando aplausos e compreensão de EUA, Europa e Japão. E mais: tem sido muito exitoso em vários aspectos.
Temos de criticar o governo, mas sempre com o objetivo de aumentar empregos a brasileiros, aumentar sua renda, garantir diminuição de relação dívida/pib, controle inflacionário, diminuir desigualdade social e garantir ambiente econômico favorável para investimentos e expansão das nossas empresas no Brasil e no exterior, garantindo crescimento econômico e melhora de prestação de serviços públicos à população.
Infelizmente para os neoliberais, que só pensam em inflação baixa, Estado Mínimo, terceirização, privatização e prestação de serviços públicos pela área privada, os governos do PT vêm demonstrando muito mais resultados palpáveis de melhora de vida do brasileiro do que seus partidos de representação, PSDB e DEM a frente.
Mas não demonizo ninguém. Se eles apresentarem projetos melhores do que os do PT, e qualquer um que o faça, tem meu voto para liderar o País. Mas quais são os projetos da oposição? Resposta: silêncio…..
Abaixo o texto da coluna da Miriam Leitão que me foi repassado pelo Paulo Otávio:
“Crítica interna – MIRIAM LEITÃO
O GLOBO – 07/02
A entrevista do ex-ministro Delfim Netto ajuda no debate sobre os erros da política econômica. Ele escolheu a delicada palavra “tropeços” para falar das várias trapalhadas sequenciais do governo, que vão das normas dos leilões de infraestrutura às estranhas operações fiscais, para dar a impressão de cumprimento de metas, até as ambiguidades da política cambial.
A entrevista foi concedida a Érica Fraga, da “Folha de S.Paulo”. O ex-ministro, que sempre foi uma voz em defesa das empresas, critica até a política que foi inspirada no governo militar: a escolha de “campeões” pelo BNDES, ou seja, empresas escolhidas para receberem generosos empréstimos subsidiados. O banco acha que a concentração das empresas as farão mais fortes e capazes de competir no mercado internacional. Não é o que pensa Delfim Netto.
“Não é uma política das mais inteligentes, formar oligopsônios e oligopólios com recursos do Tesouro, porque é óbvio que não são instrumentos eficientes no processo competitivo. São contra a competição.” (Oligopólios são poucas empresas fornecendo um produto, oligopsônio é a concentração de compradores).
O ex-ministro lembrou que essa política não começou no governo Dilma, vem do governo Lula. A crítica tem endereço certo: o presidente Luciano Coutinho, que assumiu em 2007 convicto de que é preciso induzir, financiar e virar sócio na concentração de setores.
Na política cambial, o ex-ministro criticou a mudança recente de tendência. O dólar tinha subido até R$ 2,13, o ministro da Fazenda ainda dizia que havia defasagem, mas o BC entrou derrubando a cotação para atenuar o impacto inflacionário. Esse mudança brusca de tendência espalhou prejuízos. Inúmeras empresas com dívidas em dólar, diante da alta da moeda americana, compraram proteção contra o risco de elevação ainda maior da moeda, ou seja, fizeram hedge. Como o BC deu o sinal oposto e derrubou a cotação, elas estão amargando enorme prejuízo. “Quando o governo faz uma intervenção intempestiva no câmbio, aquelas pessoas que tomaram risco de acreditar na política de desoneração e de câmbio entraram em estado de estresse”. Acha que isso não só não ajudou a inflação, como “produziu uma dificuldade na credibilidade do governo”. Segundo Delfim, “não se pode estressar mais o setor industrial”.
Delfim sempre teve nos industriais paulistas seu apoio, quando ministro, e sua base política, quando conquistou mandato. O que se pode entender do que está falando é que não há convencimento, por enquanto, do setor empresarial para investir, o que torna mais difícil a volta do crescimento.
Em um dos pontos de crítica, o governo deu sinal de mudar. É a forma do leilão de investimento em infraestrutura. Delfim disse que o governo não pode fixar alta qualidade e um preço baixo, porque do contrário “o mercado vai responder com a porcaria que cabe dentro da taxa do retorno”. Ontem, o governo elevou a taxa.
Durante algum tempo, o discurso oficial era que estava fazendo uma privatização – não se usa essa palavra – melhor do que outros governos porque os preços seriam baixos. Agora, o governo está numa situação em que as obras não saem, houve aumento de subsídio e de presença estatal. Mesmo assim, teve que rever a taxa de retorno para viabilizar algum investimento.
Delfim criticou a “operação quadrangular” entre Tesouro-BNDES-Caixa Econômica, para esconder o não cumprimento da meta fiscal. Disse que isso foi “exagerado”, “diminui a credibilidade do governo” e “passou a ideia de que o governo não sabe o que está fazendo”.
Depois de tudo isso, o que sobrou? Bom, a inflação está sob controle, o Brasil tem boas instituições, e o país reduz a desigualdade. Além do mais, foi correta a redução dos juros, a mudança na poupança e a queda do custo de energia. Delfim tem sido um interlocutor da presidente. É curioso que esteja fazendo públicas críticas tão ácidas – e certeiras – como tem feito.”