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Implantação de UPP e a assepsia do crime

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Fico muito satisfeito com um artigo publicado no Jornal O Globo de hoje, 23/11/2010, em que se informava que em um ato violento em Irajá ouvia-se os gritos dos bandidos “É o bonde do Borel”. Não fico feliz com o crime, óbvio, mas com uma informação subliminar deste fato.

Gente, observem, para quem não sabe, o Morro do Borel fica no Bairro da Tijuca, mais precisamente sub-bairro da Usina, dentro da região chamada grande Tijuca, e Irajá fica bem mais afastado. “Bonde do Borel” em Irajá?

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Isso confirma o fato de que as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) dão certo mesmo. Os bandidos são obrigados a se mudarem e, lógico, neste processo se enfraquecem, pois são obrigados a se arriscar nas ruas ou em novos bairros ou cidades. Neste momento a polícia deve agir com inteligência para verificar estas movimentações (e está) e ir prendendo nas primeiras oportunidades.

Quem conhece algo sobre segurança pública sabe que não é só “pegar o bandido”.. há um processo de acompanhamento e reunião de elementos probatórios para cada pessoa que deve ser presa, caso contrário, o policial leva o bandido para a delegacia e o Juiz é obrigado por lei a soltá-lo, em respeito ao princípio da inocência. Não basta o policial saber quem é bandido ou aparecer na Globo sendo acusado…

Mas está ocorrendo a assepsia do crime. Vejam, tentando uma analogia simples mas útil para a visualização de um quadro, esses crimes são como uma doença. A UPP é um remédio. Mas o processo de cura gera uma substância desagradável que deve ser limpa constantemente. A higiene na hipótese se dá pelas prisões que vão ocorrendo no curso da implantação das UPP, e nos deslocamentos de crimes e criminosos para outras regiões.

Temos de apoiar as UPPs e a Polícia Civil e Militar do Rio de Janeiro. Antes os bandidos faziam grandes queimadas de ônibus e paravam estradas em bairros centrais e ricos. Agora estão queimando meia dúzia de carros de passeio em locais variados e sem tanto poder de criar um grande cataclisma social. Isso é a evidência do enfraquecimento do crime.

É claro que quem sofre esse problema das ruas tem um grande problema.. esses crimes que estão acontecendo são lamentáveis e a polícia tem que dar um jeito, mas antes esses criminosos acabavam com o cotidiano das pessoas pobres que moravam em favelas que sofriam diariamente, inclusive com restrições à sua liberdade, seu direito de ir e vir e, ainda, com execuções sumárias de amigos e parentes. Isso não era pior?

Não se pode impedir que uma pessoa execute um crime. O que se pode fazer é dar emprego e educação para as pessoas optarem por não entrar na vida do crime (ver o filme os falcões do tráfico de MV Bill – cada emprego formal que paga um salário mínimo tira potencialmente um endolador – embrulhador de drogas – do tráfico). Daí para frente, cada um que cometer crime deve pagar. É só. É isto.

Polícia não evita, pura e simplesmente, que crimes aconteçam (até evita sim, e muito), mas sua função é garantir que quem violar a lei será processado e preso. A Polícia Militar, de atuação ostensiva, tem função de desestimular o crime nas ruas. A Polícia Civil, de atuação investigativa, reúne provas para a comprovação de autoria de crimes e condenação de pretensos agentes criminosos noticiados como tais pela população. Mas isso não impede que todo e qualquer crime ocorra.

O Secretário Beltrame, o Chefe de Polícia Civil, os Delegados de Polícia Civil, os Comandantes da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a Polícia Federal e todos os policiais trabalhando no RJ estão de parabéns. Quando o “Bonde do Borel” chegar mais dois bairros adentro do subúrbio/interior, terá, quiçá, apenas meia dúzia de integrantes.

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