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Estado Mínimo x Falta de Servidores : a evidência crassa da incongruência da grande mídia

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Hoje, 13/05/2013, ao iniciar a leitura do artigo “O Dia D para os Portos – Dilma quer evitar plano B, e governo estima perda de R$35 bi se MP (dos Portos) não for aprovada”, na página 15 do Jornal O Globo, me deparo com o comentário abaixo de uma foto nesta página sobre o fato de os portos de RJ, SP e PR não estarem a pleno vapor: “Pessoal. Porto de Santos precisaria de mais 400 servidores”.

Ri. Afinal, o Estado não está inchado? Mesmo que os artigos de jornais da grande mídia sempre digam que o Estado está inchado, sem nunca apontar quais órgãos públicos estão com quadros lotados e com excesso de servidores (ou seja, servidores sem trabalho), sempre é publicado, principalmente se houver movimentos dos servidores pedindo mera correção inflacionária de seus vencimentos (chamados de aumentos pela mídia), que o serviço público está inchado e que seus custos sempre são altos e meras despesas do Estado sem identificar qualquer contrapartida, ou seja, qual o benefício social da existência dos servidores.

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Eu sempre disse que esse valores nunca foram explicitados. Mas hoje, o Jornal O Globo nos fez este favor; sem querer lógico. Veja que foi publicado que para que os Portos funcionem 24 horas, somente no caso do Porto de Santos, seriam necessários mais 400 servidores. Multiplique isso pelos cinco Portos mais movimentados do País e você tem a necessidade de mais 2.000 (dois mil servidores). E para garantir a grande parte de quanto mais de movimentos de cargas no País? O Globo também publicou (em parte): R$35 bilhões em investimentos!!

Então veja, dividindo o benefício do serviço público a mais prestado na hipótese (R$35 bilhões) pelos servidores a mais necessários (2 mil), a grosso modo, temos que cada servidor no porto, garante o movimento ou o benefício social de 17,5 milhões em investimento!!!

Agora vejam, ninguém investe para retirar menos do que investiu!! Portanto, seria natural imaginar-se que esse investimento geraria em dez anos o triplo de retorno? Então esses dois mil servidores a mais garantiriam R$100 bilhões para esses investidores em dez anos? O giro então de investimento e retorno de investimento aos investidores, que beneficia o País, seria de 135 bilhões em dez anos? Então cada servidor contratado a mais estaria proporcionando mais de 68 milhões de reais à economia? Só que não existe só o investimento e o retorno dos investidores. Para que eles tenham este retorno, devem proporcionar ao País talvez dez vezes ou mais a movimentação de cargas referente aos valores que ganharam? Então dois mil servidores contratados a mais, podem vir a gerar R$1,350 trilhão em dez anos, em negócios a mais para o País.

Concluímos, assim, que cada servidor a mais contratado para fazer funcionarem os portos 24 horas gera ao País, em dez anos, R$650 milhões em negócios, fora os empregos às pessoa e arrecadação ao País. Ao custo de quanto? Digamos que a média salarias desses dois mil servidores seja de R$10.000,00 (auditores, minoria, recebem R$18 mil, analistas menos de dez mil e técnicos, maioria menos de 6 mil), então em dez anos custam R$1,2 milhão, em média!! Temos que a vantagem para o País é de R$648,8 milhões em dez anos!!!!

Aí te pergunto: contratar servidor para prestar serviço público é gasto? Ou é investimento? O lucro que vimos neste caso foi de 648 vezes o custo do servidor!! Foi lucro (a mídia só entende assim) de 64.800%!! Deixe-me escrever: sessenta e quatro mil oitocentos por cento!!!

E o engraçado, senhores, é que, apesar de ficarem publicando que o Estado está inchado, a cada problema no serviço público, a conta-gotas, declaram a necessidade de contratar mais servidores.

Vejam: Na desgraça da enchente na Serra do RJ, descobriram que existiam cinco servidores da Defesa Civil responsáveis pela área e que isso não era suficiente. 900 pessoas morreram Qual o custo disso? E quanto de benefício haveria em contratar servidores da Defesa Civil suficientes para que essa desgraça não houvesse ocorrido?

Recentemente, o Jornal O Globo publicou que a contratação de mais 10 mil policiais militares diminuiria em 10% a taxa de homicídio no RJ. Essa contratação é gasto ou investimento? As UPPS exigem contratação de ao menos 100 policiais militares novos. Já são umas 33 UPPS (* veja p.s. de 28/06/2013), ou seja, mais de 3.300 mil contratados que pacificaram o Rio de Janeiro e criam clima para investimentos em novos negócios em todo o Estado e ainda salvam vidas e levam paz a 600 mil moradores. Qual o custo desse investimento e qual o valor do benefício à sociedade?

No início do ano, o Municipio do Rio de Janeiro, depois de correr o risco de ficar sem médicos terceirizados durante o fim de ano de 2012/2013, porque os contratos dos médicos temporário expiraram antes de renegociarem estes contratos (e os médicos já haviam assinados outros contratos com outros hospitais), anunciou concurso para contratação de 2 mil médicos. Isto não evidencia que havia falta de médicos e não inchaço do  Município? E isso não garante mais prestação de assistência médica à população, que também está procurando mais as UPAs, mesmo com plano de saúde? Qual o custo desses servidores e o benefício para a população em ter médicos disponíveis para tratá-la, quando necessário?

Com as mortes que ônibus estão causando no RJ, descobriu-se que a fiscalização é pouca. Por quê? Porque somente há 40 fiscais para todos os milhares de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, senão para todo o Estado!!! E por esse desinvestimento, pessoas morrem no RJ, sejam turistas, sejam cidadãos. Inclusive gerando má imagem e assustando novos turistas! Qual o custo para a cidade desta falta de investimento na fiscalização de ônibus, que um especialista disse que deveriam ser ao menos de 140 fiscais? Quanto custaria mais 100 fiscais? E qual o benefício em dinheiro e em serviço público prestado efetivo para a cidade e seus cidadãos e turistas?

Não há falta de professores? Isto significa que há inchaço neste outro setor?

Vejam senhores e senhoras, leitores e seguidores do Blog, o que as publicações a conta-gotas que a grande mídia produz nos diz é que ela evidencia, pouco a pouco, a sua incongruência informativa neste campo!! Tanto mente que o Estado está inchado, quanto omite quanto ao benefício social da contratação de cada servidor necessário! Omite tanto o benefício em prestação de serviço público respectivo imediato à população (segurança, fiscal, médico, educação, etc…) quanto em relação aos valores em dinheiro que essa contratação proporciona à sociedade!!

Não quero que contratem a população inteira para o serviço público. Quero que não mintam e que haja servidores suficientes para que todos os serviços públicos, que garantem negócios, renda, boa imagem á cidade, segurança aos cidadãos, atendimento médico e educação à toda a nossa sociedade, se apresentem e sejam em sociedade de forma eficiente e efetiva. Mas isso não acontecerá enquanto a sociedade não se conscientizar da verdadeira relação entre o custo e o benefício da contratação de servidores públicos de todas as áreas. E essa conscientização será tanto mais difícil enquanto a grande mídia continuar a publicar a grande mentira de que o Estado brasileiro é inchado e que a contratação e a remuneração de servidores públicos é meramente custo, sem ponderar os benefícios reais em dinheiro (que é só o que entendem eo que lhes interessa) e em serviços para a população, à cidade e às empresas.

Verifiquem isso, nas publicações a conta-gotas da mídia interesseira e irresponsável. Esperamos que publicações como a deste artigo estimulem os jornais a publicarem mais verdades sobre os custos e benefícios da contratação de servidores públicos suficientes para a prestação adequada de serviços públicos à população e às empresas. Isto sim é servir ao País e às pessoas deste País.

p.s. texto revisto e ampliado.

p.s. de 28/06/2013 – Corrigida a informação de que eram 60 UPPs e 6.000 policiais. São 33 UPPs implantadas até junho de 2013 e 3.300 policiais contratados para elas, em média.

p.s. de 28/05/2014 – texto revisto e adicionado o penúltimo parágrafo, para garantir melhor informação. Também é bom mencionar que há algun smeses o Globo publicou a falta de fiscais do IBAMA. E, recentissimamente, o IBGE criou movimento de greve, iniciado a partir da polÊmica suspensão da pesquisa da PNAD Contínua (já em curso novamente), e uma das exigências era de realização de novos concursos públicos por falta de pessoal. Aliás, muitos movimentos grevistas no serviço público vêm excigindo mais concursos públicos para contratação de pessoal. Tudo isso indica falta de servidores e não “inchaço de máquina pública”, como bem e incisivamente criticado por este Blog.

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