Muito importante este acompanhamento dessas colunas e colunistas, pois são muito influentes no País. Importante colocarmos, como já o fizemos antes, nossa opinião sobre a atuação desses grandes jornalistas, para que o leitor do Perspectiva Crítica possa ter uma opinião sobre a atuação desses jornalistas. E também é bom para os próprios jornalistas, porque, na verdade, apesar de eles criticarem o governo e dizerem que com isso o governo tem a oportunidade de se repensar, o que é verdade, não há quem possa fazer esse serviço pelos nobres jornalistas.
Assim, o Blog Perspectiva Crítica, mais uma vez, se apresenta preenchendo uma lacuna na sociedade de informação brasileira. Assim como Ali Kamel lançou um livro sobre o exercício da presidência por Lula, intitulado “Dicionário Lula, um presidente exposto por suas próprias palavras”, muito interessante e com profissionalismo, trazendo uma forma de se pesquisar o idealismo, a teleologia política do governo, através da análise de declarações presidenciais, o que segundo Kamel, já era um tipo de literatura comum nos EUA, acho interessante podermos fazer o mesmo com nossos jornalistas e tentar desvendar suas crenças e para o quê e com que pano de fundo escrevem nossos jornalistas, para podermos entender de que forma vamos encarar suas letras quando nos escrevem sobre a realidade brasileira.
Não vou fazer análise profunda, pois teria de escrever um livro para cada jornalista, o que parece interessante, a título de proposta futura de trabalho (rsrsrs), e nem caberia isso em um artigo do Blog, pois artigos do Blog devem ser objetivos e de fácil leitura. Ao invés disso, vou fazer um comentário sobre cada jornalista, principalmente em face de publicações recentes e tecer uma consideração sobre eles que de certa forma complementam o nosso artigo já escrito com este teor intitulado “Ranking de jornalistas x credibilidade de seus artigos”, acessível em http://www.perspectivacritica.com.br/2010/11/ranking-de-jornalistas-x-credibilidade.html.
George Vidor – Recentemente houve a primeira oportunidade em que o Blog Perspectiva Crítica pôde discordar de George Vidor. Depois de quatro anos em que em nenhuma publicação de George Vidor pudemos criticar ou apontar erro de avaliação, em 21/07/2014, à pg. 16 do Jornal o Globo, ele conclui equivocadamente seu brilhante artigo, com o qual concordamos integralmente exceto a conclusão, dizendo que “Resumo da ópera: o Copom não pode ser criticado por ter decidido manter as taxas básicas de juros em 11% ao ano.” Bem está certo que estamos num dilema. A inflação está resistente e o crescimento está caindo. E a estrutura produtiva do Brasil tem um histórico de se fundamentar em bases, como a barata e pouco educada mão-de-obra, que agora rareia e se torna mais educada e cara, mas o Copom tem culpa sim de baixar o crescimento econômico por manutenção de uma taxa de juros alta e incompatível com a estrutura econômica brasileira atual. O correto seria, ao nosso ver, o combate à inflação ser efetuado com aperto no depósito compulsório, o que ataca a disponibilidade de valores ao consumidor sem criar aumento de dívida pública e gastos com juros, e assim o juros básico poderia ser mais baixo e equilibrado, não punindo o investimento. Depósito compulsório mais alto inibe consumo, mas não inibe o investimento tanto quanto aumento de juros. Então o Copom errou e erra ao ter chegado a 11% e ao manter esse juros altos. Mas esta foi a primeira vez que pudemos criticar o Vidor. Essa conclusão equivocada, a nosso ver, não destitui toda sua caminhada e apresentação como analista sério de economia a bem da informação e da economia e não a bem de um projeto de Estado ou projeto de poder, ou projeto de atuação política da mídia. George Vidor é um excelente jornalista que pode ser lido sem medo. Sua atuação é em prol da boa informação. Então, sua atuação é em prol do País e aumenta a credibilidade do veículo de mídia que o contrata. Esta nossa análise. O leitor ganha. A empresa jornalista que o emprega ganha. A sociedade e o País ganha.
Flávia de Oliveira – Nós queremos aplaudir essa recente colunista do Globo. Sua atuação é neutra, como a de Vidor. E mais, ela foi uma das poucas jornalistas de economia da grande mídia que publicou contra o pessimismo econômico, dizendo o que é deveras certo: alimentar o pessimismo é uma forma de concretizar suas profecias pessimistas. Essa mulher é uma patriota. Nós podemos notar isso de suas palavras e de sua atenção à pauta de temas e à forma de abordagem dos temas. Ela também foi uma das pouquíssimas jornalistas da grande mídia a criticar as críticas estrangeiras e nacionais contra a capacidade brasileira de realização da Copa e apontou pontos positivos da realização da Copa e de nossos preparativos, em relação a outros eventos realizados em outros países. Sua atuação é digna de palmas e essa mulher engrandece a comunicação social da empresa em que trabalha, além de engrandecer os conhecimentos do leitor sobre a realidade que o cerca e contribuir para uma discussão séria sobre fatos e necessidades econômicas do País e de nossa sociedade. Fantástica.
Antônio Gois – Está aqui porque tem tocado recentemente em um assunto importantíssimo: a educação. Mas apesar disso, não se apresenta como um grande propositor de soluções. Analisa e disse, por exemplo, com muita propriedade, que não adianta instituir bônus para o professor por resultados na educação, como propõe Aécio, pois isso gerou problemas em países ricos que o instituíram, já que incentivou os professores não a educar, mas a preparar alunos para os testes que subsidiariam a política de bonificação. Ficamos impressionados com esse artigo publicado no mês de julho entre 15 e 28 de julho de 2014, pois era uma crítica a uma proposta inovadora do principal concorrente de Dilma. Mostra que esse jornalista veio para colaborar com uma crítica sincera e não para fazer coro a uma opção da edição de um jornal da grande mídia. Isso significa que quando criticar o governo eu poderei encarar sua crítica como algo sério. Ficamos felizes de compartilhar isso com você, leitor. Infelizmente ele cai no erro de todos os que falam sobre educação na grande mídia: não fala que para um sistema educacional de nível, somente a definação de plano de carreira e salários altos é a solução definitiva. Isso é um minus, mas que não podemos dizer que seja culpa dele. Ele parece ser da linha de “melhor gestão para a educação”, o que é interessante, mas, senhores e senhoras, é possível ter melhora definitiva com base somente em “melhor gestão”? Vamos a um exemplo: O Jornal O Globo, a Embraer e o Banco Itaú seriam o que são se tivessem boa gestão mas pagassem a seus funcionários metade do que pagam hoje? Claro que não. O que nunca é dito é que dentro do conceito de “melhor gestão” está “gestão de recursos humanos” e dentro deste item está “plano de carreira” e “política de remuneração”. Nisso o jornalista Moreno uma vez foi claro: há que se pagar mais a professores. Professor europeu ganha bem e tem dignidade e reconhecimento social de seus status. Ele não é pedinte mal remunerado como professor brasileiro. Não é porque mesmo com baixos salários temos alguns excelentes professores que temos de achar que podemos deixá-los ganhando mal. E não é porque há casos de sucesso de diretores e professores de escolas públicas de interior, pessoas abnegadas e fantásticas, que vamos deixar que continuem ganhando mal!!!! Isso é uma covardia! O salário de professor deveria ser dos mais altos na sociedade, eis que não existiria Juiz sem professor, nem médico, nem engenheiro, nem advogado, nem sociólogo ou torneiro mecânico!!! Então, Antônio Gois parece não inovar nessa seara tanto quanto poderia, mas suas críticas foram interessantes e inovadoras sim. Parabéns a ele. Estaremos acompanhando mais de perto seus artigos.
Miriam Leitão – Ótima jornalista. Escolhe bem seus temas diários. O único problema para o Blog Perspectiva Crítica é que dá eco à compreensão dos fatos econômicos pelo prisma do mercado financeiro. E veja, não se trata de dizer a opinião do mercado financeiro, comentá-lo e dar sua opinião. Ela muitas vezes, talvez por crença pessoal, acredita e defende a perspectiva de mercado mesmo. Já foi muito mais partidária do mercado. Hoje, talvez depois de muitas críticas alheias e ponderações pessoais, vejo uma tentativa de manter-se menos parcial e mais informativa, mais neutra, mas é muito difícil isso para ela, que é próxima de pessoas do mercado no histórico do exercício de sua profissão. Mas nós acreditamos no seu potencial de autocrítica e vemos que desde que fizemos a primeira análise de sua atuação, no artigo do nosso Blog mencionado acima, ela mudou um pouco de postura, para melhor. Mas ainda é um importante canal da voz do mercado financeiro. E isso é diferente de ser uma voz da sociedade pelo prisma de empresas industriais e comerciais (que t~em sua perspectiva propagada mais pelo Jornal do Commercio e Monitor Mercantil, p. ex.), assim como é diferente de ser uma voz da sociedade pelo prisma do cidadão, contribuinte individual, o que é o caso específico deste Blog. Ela dá o tom da perspectiva econômica sob a direção e sentido ideológico da Edição do Jornal O Globo. É legítimo. Mas é assim que vemos e assim que deve ser encarado seus artigos, a nosso ver. Nesse sentido concordamos normalmente com 50% no mínimo do que ela publica, mas às vezes concordamos com até 90% do que ela publica.
Merval Pereira – Está aí um grande jornalista com o qual dificilmente podemos concordar. A nosso ver Merval, que é ótimo jornalista, infelizmente é um jornalista que é convicto de que os EUA é um grande país a ser copiado. Além disso, ele também, na nossa humilde opinião, é entusiasta do Estado Mínimo e um liberal a favor dos dogmas econômicos que informam o Consenso de Washington. Suas opiniões, a nosso ver, são absolutamente alinhadas com uma perspectiva internacionalista, na linha adotada pelos centros financeiros internacionais e é um grande porta-voz brasileiro da forma de pensar da Edição do Jornal O Globo e do mercado financeiro nacional e internacional. É legítimo. É honesto em sua convicção. Não vemos má-fé na sua atuação. Ele acredita que tudo isso de Estado Mínimo e mercado totalmente livre e coisas desse gênero, na linha norte-americana e do The Economist, realmente é bom para o País. Mas tem prisma diametralmente oposto ao desse Blog, e, portanto, chamamos a atenção do leitor que quer entender a realidade brasileira e que quer o enriquecimento da população brasileira e o aumento de sua qualidade de vida, que Merval propaga a perspectiva liberal que historicamente cria, como criou nos EUA, grande competição desigual no mercado de trabalho, em prejuízo à massa de trabalhadores, abandono de investimentos no serviço público, diminuição do Estado, diminuição de contratação de professores, médicos e de servidores para toda a máquina do Estado, no intuito de se “aumentar a eficiência do Estado e diminuir seus gastos”. Então, tudo isso, repetimos, que entendemos que é a linha defendida pelo mercado financeiro pela grande mídia no Brasil, é legítimo, mas é objeto de nossa respeitosa crítica, pois, a nosso ver, que adotamos uma perspectiva da realidade sob o ponto de vista do cidadão, empobrece o cidadão e diminui sua qualidade de vida. Dificilmente, a não ser quando trata de questões sobre ética na política ou sobre crítica em relação a desvio de verba pública (apesar de não direcionar essas críticas ao PSDB ou DEM, que tenhamos visto… rsrsrs), concordamos com Merval, inclusive e principalmente quando fala sobre economia, cujos dados e conclusões estão em total consonância com a perspectiva dos centros financeiros internacionais, ao passo em que discordamos praticamente 100% de suas conclusões e informações, praticamente 100% das vezes. Nesse sentido, Merval a quem respeito como profissional, inclusive de quem conheço pessoa próxima que o adora, é um opositor da perspectiva do Blog e é um canal da difusão e disseminação da perspectiva da Edição do Jornal O Globo e dos centros financeiros internacionais sobre como anda e como deve andar a política e a economia brasileira. Essa é nossa opinião. E neste caso, acho difícil mudar, pois sua postura é pessoal, profissional e é sua marca. Lê-lo é saber o que os centros financeiros internacionais, a elite dos EUA e o mercado financeiro brasileiro pensam sobre a economia e política do Brasil, em nossa opinião.
Fica aqui mais essa contribuição para a crítica da produção jornalística da grande mídia brasileira. Infelizmente fica muito focada no Jornal O Globo, pois não temos tempo de ler muitos mais por dia. Dessa vez não falamos muito dos colunistas do Jornal do Commercio e do Jornal do Brasil, porque nossa opiniõa não mudou em relação a eles, desde o artigo publicado intitulado “Ranking dos jornalistas x credibilidade de seus artigos”.
Até a próxima.
p.s. de 19/08/2014 – texto revisto.