Senhores e senhoras, o Jornal O Globo ter publicado uma página inteira sobre o problema da exclusão educativa de autistas, que é o mesmo de pessoas com deficiência mental, deficiência física, deficiência auditiva ou visual e até das crianças superdotadas, é ótimo, mas as pessoas que ela está entrevistando como Kátia Nunes e Claudia Grabois, assim como a Secretária Cláudia Costin, defendem o sistema inclusivo em turma regular de forma messiânica, ao ver deste Blogueiro.
Eu sei pois estou há quatro anos em um movimento que defende a Educação Especial e não existe educação especial sem classe especial e uma estrutura especial, com professores especializados ou com prática (a prática é até mais importante, pois as faculdades hoje não formam professores para darem aula para pessoas com deficiência, somente pós-graduam, o que posso dizer que sem a prática é NADA!!), E BEM PAGOS!!
Veja o que a ânsia “inclusiva”, entendida como colocar as crianças em turmas regulares, resulta nas palavras da mãe Célia, na entrevista sobre inclusão em turma regular e necessidade de existência de classe especial:
“- Meu filho estudava em horário normal, mas logo reduziram a carga, e faz tempo que fica só 50 minutos. por dia. Ele gosta da escola, a interação é boa, MAS SEI QUE A SALA IDEAL TEM QUE TER PROFESSOR ESPECIALIZADO E JOGOS PEDAGÓGICOS. No grupo de mães que eu frequento, HÁ MUITAS CRIANÇAS DITAS INCLUÍDAS, MAS QUE NÃO SABEM LER E NEM ESCREVER. E outras estão fora da rede. Se fosse feita uma pesquisa, iam descobrir tudo isso.” (Jornal o Globo de 01/04/2013 – fl. 09 – artigo em comento)
Nós, nesse Blog, denunciamos isso há dois anos ou três. Abaixo deste artigo, darei os links para os artigos antigos. Falávamos e denunciávamos exatamente isso.
Inclusive nossa atuação, à frente do MIL – Movimento pela Inclusão Legal, chamada pelas pessoas entrevistadas de exclusivistas, pois defendíamos a classe especial, gerou informações ao Ministério Público Estadual que intimou a Prefeitura para apurar o crime político de abandono educacional das crianças “incluídas”, o que, depois de o Prefeito e autoridades de Educação se recusarem a se encontrar com o Ministério Público para discutir e possivelmente assinar um termo de conduta sobre o caso, gerou a Recomendação n.º 03 da 1ª Promotoria de Tutela Coletiva da Educação”, presentada pela Promotora Bianca Mota (herói estadual na defesa pela educação especial), determinando 15 diretrizes a serem seguidas pela Prefeitura para realmente “incluir” no sistema educacional pessoas com deficiência.
O Globo deveria fazer uma entrevista especial com a verdadeira especialista no tema hoje: Promotora Bianca Mota, a qual presidiu inclusive um seminário aberto ao público sobre o tema em 2011 e ouviu vários representantes da população e das mães de crianças com deficiência, além de especialistas em educação e integrantes do sistema público de educação que em alguns casos prestavam informações e nem queriam que seus nomes constassem das atas de reuniões de que eu participei pessoalmente como integrante, co-fundador e representante do MIL.
Deveriam ser ouvidas a Maria Clara e Rita Magozzo, do Movimento MIL, e Selmirami, da Ong Semente do Amanhã (também integrante do MIL), além da responsável, cadeirante, pela ONG Guerreiros pela Inclusão, Diretores do Sisejufe/RJ Ricardo Azevedo e Dulavim, a Presidente do Instituto Benjamin Constant, Deputado Estadual Marcelo Freixo, Vereador Eliomar Coelho e Deputado Federal Otávio Leite.
O que ocorre é que há pessoas que querem inclusão a ferro e fogo por não aguentarem ver seus filhos como diferentes. É um problema de poucas mães, mas que ocupam cadeiras importantes na política educacional. A pessoa não quer ver seu filho longe dos demais, mais do que não quer ver seu filho educado. Isso acontece. Às vezes uma ou outra criança com deficiência consegue se incluir em turma regular e se desenvolver com esta inclusão e assumem esse fato como comum a qualquer criança com deficiência, o que não é verdade e não é o caso da maioria com certeza pelo que vi em 4 anos.
Por outro lado, é importante que se diga que a adaptação de classes como é sugerida pelas autoridades de política de educação hoje, não está comprometida com a melhor educação das crianças com deficiência, mas sim com a criação de um sistema que aumente a arrecadação do Município e do Estado (crianças com deficiência em classes especiais, geram ajuda do Governo Federal em R$2.500,00, mas crianças com deficiência que estejam “incluídas” em turmas regulares, geram ajuda de R$5.000,00 – alguns Municípios menores simplesmente acabaram com as classes especiais e tacaram as crianças com deficiência lá nas turmas regulares para aumentarem sua arrecadação e posam como Municípios que incluem!), que aumenta gasto do governo com privatização e terceirização de ensino a professores (cursos maquiados de capacitação para educação especial, às vezes de 24 horas ou 72 horas, quando uma pós em educação especial dura dois anos e a formação prática exige vocação e uns cinco anos), e que aumenta gasto com privatização e terceirização de educação, através de contratação de “professores auxiliares”, que não são nada mais do que babás sem qualquer conhecimento, muitos estagiários.
Esse sistema enganador de “inclusão”, é o que está em voga, é o que está sendo praticado, e é o que gera dinheiro que provavelmente pode criar uma rede de orçamento e participação política nesses gastos (ou seja, facilita desvios), o que naturalmente seria impossível se o sistema correto e prestado por funcionários públicos estivesse na pauta do dia. Não é possível se “participar” de gastos com salários de professores públicos, mas de ongs, organizações sociais, serviços terceirizados é possível.
O que ocorre no sistema de “inclusão” praticado pelo Governo Eduardo Paes, na visão do Blog, é um crime de abandono moral pelo Estado das crianças do Rio de Janeiro. O Governo Estadual vai no mesmo sentido. O federal, idem. E ninguém mudará isso sem movimento dos pais diretamente interessados, pois isso gera muito dinheiro em prestação de serviço ao Estado de fornecimento de cursos de “capacitação” e de “professores auxiliares”.
Mas esses pais, na sua maioria, são pobres e não têm tempo para fazer movimentos políticos. Os pais ricos educam seus filhos com professores particulares e em redes privadas especiais. Então a real estruturação da Educação Especial realmente inclusiva, com responsabilidade social e foco no aprendizado e desenvolvimento dessas crianças ficará sendo postergada… não sem a resistência do MIL, de alguns pais em movimento isolados, e de algumas Associações de Pais e ONGs.
Agora, inclusive, como o negócio da “inclusão” em turmas regulares é interessante econômica e politicamente, financiamentos a Ongs e Associações como Apae e outras sofreram cortes de verbas públicas, por serem considerados espaços “de exclusão”, sendo tais valores dedicados à terceirização e privatização dos serviços de professores e auxiliares e cursos de “capacitação” de professores públicos.
Enquanto isso, a verdade é que o MIL, eu (que escrevi uma proposta de educação especial e publiquei nesse Blog), a Ong Semente do Amanhã e a Ong Guerreiros pela Inclusão, junto com o Ministério Público Estadual, continuaremos sublinhando que o correto é que a espinha dorsal da educação de pessoas com deficiência sejam as classes especiais, que devem ser estruturadas e bem financiadas, para que o máximo de crianças com deficiência possível possam conseguir serem , aí sim, incluídas em turmas regulares e acompanhar essas aulas e interagir com seus amiguinhos de classe.
Muitos não conseguem e não conseguirão. Muitos precisarão de ambientes assim para o resto da vida, mas algumas pessoas, autoridades, inclusive que já foram entrevistadas pela grande mídia, já disseram que as Escolas Especiais não são “depósitos de gentes”, sugerindo que “não aprendeu até 18 anos? Uma abraço. Vá à luta.” (é a questão da “terminalidade” do aprendizado e apoio. Outro problema).
Então, senhores, a questão é muito grave. Sabemos de mães que vendo que seus filhos “incluídos” voltavam piores do que quando estavam em classes especiais (fechadas para dar início à inclusão em massa fascista que vigora atualmente), resolveram tirar seus filhos da escola e muitas pararam de trabalhar para cuidar delas. É muito duro e criminoso.
Mas são as autoridades postas que são entrevistadas. E a grande mídia não está errada. É o primeiro lugar a procurar informação. Mas a verdade está no grupo excluído de pessoas bem intencionadas que encontraram apoio somente em uma instituição do Estado: O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, na pessoa da Promotora Bianca Mota, dentre outras Promotoras de Justiça que estão cientes do que está ocorrendo, mas nada é publicado em Jornal.
Eu poderia dizer que não é publicado porque a grande mídia está comprometida com o status quo e a indústria da “educação inclusiva” irresponsável (bandeira fácil e de ótimo marketing eleitoral, pois facilmente compreendida pela população, que nada sabe, como política de luta pela “igualdade de tratamento e de direito” – bandeira filha da Ditadura Atual do “Polticamente Correto”) . Mas não acho que seja a verdade. Acho que a grande mídia tem pauta grande de assuntos e não pode se aprofundar em vários temas.
Então, nós, na condição de críticos construtivos, clamamos para que a grande mídia entreviste a Promotora de Justiça Bianca Mota, as co-fundadoras do MIL (Movimento pela Inclusão Legal e Responsável) Maria Clara e Rita Magozzo, o Vereador Eliomar Coelho do PSOL, o Deputado Estadual Marcelo Freixo, o Deputado Federal Otávio Leite do PSDB, a fundadora da Ong Semente do Amanhã, Selmirami, e a fundadora da Ong Guerreiros pela Inclusão, os Diretores Sindicais do Sisejufe/RJ Ricardo Azevedo e Dulavim (deficientes visuais, ex-alunos do IBC e Diretores do Núcleos de Defesa das Pessoas com Deficiência do SISEJUFE/RJ), assim como a Presidente do IBC (Instituto Benjamin Constant) e a do INES (Escola Nacional para Surdos e Mudos). Estas pessoas estão numa luta desleal contra um sistema vil que exclui as crianças e pessoas com deficiência de nossa sociedade, através da adoção do sistema de inclusão automática de crianças com deficiência em turmas regulares.
O BLOG PERSPECTIVA CRÍTICA estará sempre atento a este tema, com compromisso absoluto na defesa das nossas crianças com deficiência, crianças superdotadas e adultos com deficiência.
Essa é a verdade.
Veja também e saiba quase tudo sobre a questão em:
http://www.perspectivacritica.com.br/2012/01/minha-proposta-para-politica-de.html
http://www.perspectivacritica.com.br/2010/11/ataque-do-governo-municipal-educacao-de.html
http://www.perspectivacritica.com.br/2011/04/ataque-federal-educacao-especial-o.html
http://www.perspectivacritica.com.br/2012/07/omissao-da-prefeitura-do-rj-quanto.html
http://www.perspectivacritica.com.br/2012/03/amanha-14032012-defesa-da-verdadeira.html
p.s.: E quero deixar claro: não é possível se exigir que todas as escolas particulares garantam assistência especial a crianças com deficiência simplesmente porque não existe nem no Brasil nem na Suécia, método de ensino simultâneo de pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. Não existe faculdade nenhuma no mundo que prepare o professor para dar aula simultânea para pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. Até porque cada deficiência é única e exige atenção individual, acompanhada diariamente com método de estímulo e aprendizagem desenhado especificamente para aquela pessoa, enquanto o ensino regular pode ser massificado e dado através de mesmo método para todos os alunos na sala de aula!! Eu sei disso e as pessoas que mencionei (dentre elas mães de pessoas com deficiência) que deveriam ser entrevistadas também sabem. O único jeito é como propus, o que obteve o apoio do MIL e do SISEJUFE/RJ, os quais elaboraram proposta própria e a apresentaram ao Vereador Eliomar Coelho, Deputado Marcelo Freixo e a outros representantes da sociedade, inclusive ao próprio Ministério Público e à própria Secretaria Municipal de Educação, este último órgão não tendo dado ouvidos à proposta por estar comprometido com a política de “inclusão automática e irresponsável”, segundo a visão do BLOG PERSPECTIVA CRÍTICA.
p.s.2: texto revisto e ampliado.