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Crise política afeta pouco a economia, mas a propaganda midiática prega o contrário

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Brasília- 12-04-2015 DF Foto Lula Marques/ fotos publicas. Manisfestação contra governo, Dilma, Corrupção e politicos na esplanada dos ministerios.

Analisem os dados, senhores e senhoras: recordes na balança comercial (http://www.valor.com.br/brasil/5024842/balanca-comercial-brasileira-tem-superavit-recorde-em-junho), aumento de 67% de venda de petróleo (http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/exportacao-de-petroleo-do-brasil-cresce-67-em-junho-perto-de-recorde-mensal.ghtml), petrobrás apresenta aumento de produção, de lucros e de ebtida (http://www.jb.com.br/economia/noticias/2017/05/12/petrobras-aumenta-producao-de-petroleo-e-gas-em-7-no-primeiro-trimestre-de-2017/), é previsto o maior saldo da balança comercial da história do país em torno de US$60 bilhões (http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-07/governo-aumenta-para-us-60-bilhoes-estimativa-de-superavit-comercial-para), melhora visível no emprego (http://g1.globo.com/economia/noticia/apos-quase-2-anos-de-queda-emprego-formal-cresce-no-pais-em-fevereiro.ghtml), e apesar de o número de desempregados ser realmente alto, há desaceleração na taxa de desemprego (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/05/1888928-taxa-de-desemprego-no-brasil-chega-a-136-segundo-ibge.shtml).

A previsão de crescimento da economia brasileira se mantém em 0,5% para 2017, encerrando dois anos de queda de pib, e a inflação está prevista cada vez menor para o fim do ano, abaixo da meta de 4,5%, sendo que o juros está previsto cair até 8,5%, o que ainda achamos muito. Poderia cair mais e garantir no máximo 3% de juros reais.

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Observe, tudo isso ocorreu sem que fossem aprovadas as reforma trabalhista e a previdenciária. E mais, tudo isso aconteceu com talvez a maior crise política da história da República, com suspeita sobre mais de 2.300 políticos, delações com envolvimento real de mais de 300 políticos e possível de até 2.300 políticos, com delações da Odebrecht e JBS acabando com a reputação e com a carreira política de centenas de políticos e resultando em prisões de dezenas de executivos de grandes empresas e de políticos, chegando mesmo ao pedido de prisão de um Procurador da República.

Como é possível? Esse caos político não reflete na economia? Mas sem as reformas a economia não parará? Não. A economia tem uma vida própria em relação à vida política. Nós já chamamos a atenção de nossos leitores para isso. O que está melhorando a economia brasileira não é a política, apesar de em parte ter ajudado a saída de Dilma naquele momento, a qual não quis desfazer medidas anticíclicas para garantir sua eleição em 2014.

O que pesa para a melhora da economia e sempre pesará são: preço do petróleo, preço do minério de ferro, crescimento econômico internacional e juros Selic (há outros elementos, mas para efeito da análise da situação atual, sob a perspectiva da proposta desse artigo, esses são os primordiais). Naturalmente houve uma perspectiva melhor para a dívida pública com a aprovação do teto de gastos públicos aprovado no Congresso que garante que por vinte anos a despesa pública não cresça além da variação da inflação (muito tempo.. deveria ser dez anos, no máximo). Mas nada disso existia em 2010 e o crescimento econômico chegou a 7,5%.

A mudança das perspectivas econômicas estão a olhos vistos, mas a mídia continua empurrando que sem as reformas a economia acabará. Há uma chantagem midiática e do mercado nesse sentido. A manutenção de juros altos, criticado agora até por André Lara Rezende, pai do plano real, faz parte da estratégia para manter a economia em mal estado até que se aprovem as reformas propostas pelo mercado que acabarão com muitos direitos previdenciários e trabalhistas, que são encarados pelo mercado exclusivamente como custos de produção.

Se o juros não estivessem tão alto, poderíamos estar talvez até mesmo esse ano sem déficit fiscal. Mas se isso ocorresse, o desemprego seria menor e a previsão de crescimento econômico seria maior e não haveria ambiente para dizer para a população aceitar perder direitos para obter empregos em contrapartida.

Essa chantagem deve ocorrer antes de a economia real se reconstituir por si só, como está ocorrendo. E a mídia deve publicar o pior dos mundos possível para manter o clima que propiciará a aprovação das reformas em termos draculescos e draconianos.

Se tudo der certo para a grande mídia, os políticos corruptos e o mercado, a aprovação das reformas sai, mesmo que já alterada e mais palatável, e aí iniciará uma enxurrada de notícias boas econômicas e a propaganda de que essas melhoras ocorreram por causa da aprovação das reformas. Entretanto isso é mentira. Como já se pode ver.

A economia já está melhorando desde o fim de 2016, como o Blog Perspectiva Crítica já anunciara. E as causas da melhora indicam que a melhora continuará, com ou sem aprovação de reformas queridas pelo governo que age para implantar uma cartilha liberal com atraso em relação ao Chile, por exemplo, de 30 anos. Essa cartilha prevê a privatização da previdência social, por exemplo. E agora o Chile sofre as consequências de ter privatizado inteiramente sua previdência social, como se pode ver no artigo acessível em http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39931826 (título: “Como é se aposentar no Chile, o 1º país a privatizar sua Previdência”) e em https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/17/internacional/1484673838_832258.html (título: “Modelo pioneiro de previdência privada adotado no Chile enfrenta crise – Sistema que foi seguido por outros países é contestado por chilenos. Aposentadoria atual de 91% da população é inferior a 760 reais”).

Para manter a intensidade do semicaos criado em boa parte artificialmente, mas não sem a ajuda de má política econômica a partir de julho de 2013 para que Dilma garantisse a eleição de 2014, o governo atrasa concessões públicas em quase todas as áreas, atrasa venda de blocos de petróleo e mantém a política de juros altos, a despeito de notícias atrás de notícias informarem alto desemprego e queda de inflação. Quando houver as reformas, tudo será acertado para parecer que a melhora proveio do clima que a aprovação das reformas criou, mas na verdade a economia já melhorava e as ações para realçar essa melhora serão finalmente liberadas e postas em prática como baixa maior de juros da dívida e uma enxurrada de concessões públicas e contratações de obras públicas.

O que foi negado para realçar uma situação caótica econômica será liberado para dar aparência de legitimidade e eficiência dos efeitos positivos das medidas draculescas de aprovação de reformas castradoras de direitos. Com esta legitimação, próximas atitudes draculescas advirão, como privatização da petrobrás, banco do brasil e caixa econômica e BNDES, fim da estabilidade de servidor público e fim de concursos públicos para novos servidores que serão substituídos por terceirizados de área-fim, de acordo com a aprovação da recente lei da terceirização. Os filhos de classe média e pobres perderão na comparação de currículo para os filhos de ricos que entrarão em todos os cargos públicos proeminentes por currículo através de empresas terceirizadoras de mão-de-obra.

Senhores e senhoras, abram seus olhos. As bases da chantagem se dissipam enquanto as reformas se atrasam. Se o Brasil suportar um pouco mais sem essa aprovação tanto verá a mentira de que a crise política está no centro da crise econômica se desfazer, como obterá tempo e maturidade para discutir corretamente as duas reformas, a bem do interesse público e da garantia de um melhor futuro para nossos filhos e famílias. Talvez aí, o horizonte privatístico absoluto e total, excludente do povo brasileiro, da classe média e do pobre da administração pública também se dissipe, se Deus quiser.

Esta é a verdade.

p.s. de 07/07/2017 – Texto revisto e ampliado.

p.s. de 20/07/2017 – Texto revisto e ampliado.

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