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Como a grande mídia defende ricos, empresas e bancos em detrimento da qualidade de vida do cidadão e sua família?

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Esse é um tema interessante. O cidadão que lê jornal está habituado a ler matérias que parecem defender seus interesses. Vários artigos fazem isso, principalmente na saúde cosmética, nas páginas policiais, ao noticiar corrupção… mas as abordagens que poderiam empurrar o Brasil para ser uma Suécia, com a mais alta qualidade de vida para o cidadão brasileiro e sua família nunca são publicadas seja em quantidade ou em qualidade. Isso, senhores, é intencional. Não é por acaso. Mas poderia mudar a qualquer momento. E depende somente de você leitor!!

A publicação sobre a realidade em que vivemos depende de escolhas do Editor. O Editor verifica a linha editorial, os fatos sociais, políticos e econômicos e decide a forma de abordar tais fatos. A linha da grande mídia no Brasil não é nem de perto, nem de longe, neutra. É importante ver isso. Assim como a do Blog Perspectiva Crítica não é neutra também. Mas nós dizemos isso a você. Nosso enfoque é a perspectiva do cidadão, não de empresas e de bancos.

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Como verificar que a abordagem da grande mídia favorece ricos e empresas e bancos e não prioriza você e sua família? Simples. Veja na parte de economia o quanto se fala de gastos públicos. Agora veja, o que é gasto público? A mídia aborda como sendo somente salário de servidores, praticamente, além de gastos da assistência social e previdência pública. O pagamento de juros dos títulos da dívida pública não são tratados como gasto público, apesar de comerem 22% do orçamento da União e ser um gasto maior do que o da área da Saúde, Educação, Assistência Social, Segurança Pública e Previdência Social. A abordagem do juros é na qualidade de “cumprimento de suas obrigações”, não de despesas. Por quê? Porque se abordar como despesa você vai querer saber o que fazer para diminui-la e verá que uma coisa a se combater é o aumento de juros pelo Banco Central, o que prejudica uma grande forma de concentração de renda (inclusive citado assim no livro “Thomas Piketty e o segredo dos ricos”) e um importante canal de lucros dos bancos.

A abordagem dos juros somente como “obrigação a ser cumprida”, faz parte da estratégia de abordagem do tema orçamento público de forma a defender ampliação de transferência de valores orçamentários para os bancos “para diminuir dívidas e quitar obrigações”, com o que todos concordam. Mas aumentar investimento na saúde também não seria  diminuir dívida social e quitar obrigação constitucional com o povo brasileiro que sustenta o Estado Brasileiro? Sim. Mas não é assim que é abordado e isso prejudica o consenso em mais investimento público na área da saúde, mas nunca prejudica o pagamento de juros da dívida pública.

Nós somos a favor do pagamento da dívida pública, queremos deixar claro. Mostramos aqui que a abordagem do tema “despesa pública” pela grande mídia não é nem neutra e nem favorece a solução de problemas da vida do brasileiro de forma precípua. Soluciona problema de brasileiros de forma indireta, pois se o Brasil pagar dívidas terá mais dinheiro, no futuro, para investimentos sociais, mas não prioriza investimentos sociais e nem torna o debate de qualidade para que se discuta a solução mais eficiente em que se pague dividas mas se melhore a qualidade de vida do cidadão imediatamente com, por exemplo, mais serviço público de saúde. A prioridade imediata, pois, para a grande mídia é sempre a transferência de valores para banqueiros e empresários e não e nunca para você cidadão ou sua família.

Veja outro exemplo. Você lê todo dia sobre a relação dívida/pib do Brasil, certo? Mas quase nunca ou nunca leu sobre a relação servidor público/habitante que nos países ricos é maior do que no Brasil e lhes garante mais prestação de serviço público e mais qualidade de vida. Por quê? Não existe esse dado? Sim, existe. Mas se a grande mídia ficar publicando que os países mais ricos têm qualidade de vida maior porque têm até três vezes mais servidores públicos por habitante do que o Brasil, você vai começar a exigir contratação de servidores públicos para ter mesma prestação de serviço público que os europeus têm!! Então como se publicar sobre servidores? De forma que a sociedade queira minimizá-los, ou seja, como sendo aumento de gasto público. E assim, mais uma vez, a grande mídia consegue consenso público para que a prioridade do orçamento público seja focado na despesa com juros da dívida e obras, estas as quais são chamadas de investimentos. Percebe? Quem perde de novo com essa abordagem? Você e sua família.

Outro exemplo. Você vê publicações genéricas dos problemas na educação no Brasil, não é? A grande mídia não deixaria de publicar isso pois é uma realidade que salta os olhos. Mas você não vê a grande mídia publicar a relação dos gastos públicos com educação na Alemanha em comparação com o Brasil, por exemplo, não é mesmo? Eu mesmo, que acompanho essas publicações há mais de 20 anos, vi uma única vez no ano de 2014. Como é abordada a questão da educação? Salário de professor é despesa e gasto público, portanto, não pode aumentar; a ineficiência é do Estado na gestão pura e simplesmente, e portanto o ideal seria privatizar a prestação de serviço de educação… o que significa isso, que não foi feito na Alemanha ou França? Significa a escolha da abordagem do tema educação de forma a diminuir valores que vão para o cidadão (professor e sua família), diminuir a concorrência que o Estado efetua contra a iniciativa privada por professores e manter salários mais baixos e estimular a transferência de impostos que vão para os salários de professores para que vão para empresas,sejam Ongs, Cooperativas ou mesmo colégios particulares que passariam a prestar o serviço público de educação e receber os valores que iriam para os professores públicos, dando uma parte, de forma indireta, a professores privados que seriam contratados para substituir os “ineficientes” professores públicos. E assim os cargos públicos de professores se transfeririam para a área privada, acessíveis por currículo e não por concurso público e os valores dos salários dos professores públicos iriam para as cooperativas, com parte dos valores indo pra professores privados e outra parte indo para campanha eleitorais. E você? Fica sem a opção de emprego público de professor, sem aumento ou correção de salário de professor, sem plano de carreira e sem cobertura de mídia adequada dos seus movimentos de greve de professor público. Também fica com a prestação de serviço público gratuito de educação precário e obrigado a pagar escolas particulares para ter educação básica de qualidade para seus filhos, o que não é necessário para alemães e franceses.

Mais um exemplo. Você lê muito que o imposto de renda é alto (música a seus ouvidos, não é? rsrsrs). Lê  muito que a carga tributária no Brasil é alta, Mas lê pouco que enquanto na Alemanha o imposto sobre herança chega a 40% em patrimônios de famílias muito ricas, aqui é de 4%. Lê pouco que o imposto de renda na Suécia chega a 50% e que eles não reclama por isso porque têm serviço público de saúde e educação e previdência social que compensa tal gasto tributário. O mesmo imposto de renda é cobrado no Japão. Por que você não lê essas coisas aqui no Brasil? Porque se você ler isso verá que a classe rica e super rica poderia contribuir mais para o orçamento brasileiro do que contribui hoje. E também concluirá que o problema não é carga tributária, mas a prestação de serviço público que você obtém por imposto pago. Nesse momento você poderia passar a exigir que dessem mais salários a professores e médicos públicos e que regulamentassem o Imposto sobre Grandes Fortunas que também existe na França, mas aqui não se pode ver uma linha sequer publicada no jornal sobre o tema.. rsrsrsrs.  E mais uma vez você, cidadão e sua família, perdem prioridade na pauta da grande mídia para os interesses de ricos, super ricos e bancos e empresas, prejudicando sua qualidade de vida como cidadão brasileiro.

Eu poderia ficar aqui indefinidamente escrevendo exemplos, tanto na abordagem da macroeconomia, como na política internacional, na avaliação de números de PIB, dívida, juros etc.. Poderia por exemplo dizer que você talvez nunca tenha lido sobre qual o salário que pagam a policiais na França e na Alemanha e qual o tempo de seus cursos de formação, pois, se esse tema fosse abordado muitas vezes assim, você exigiria melhores salários para os policiais e mais investimento em sua formação. Eu poderia dizer que a maioria das publicações midiáticas sobre corrupção somente te criam a impressão de descrédito do Estado, enquanto que a grande maioria de envolvidos, como ocorre no petrolão (ver p.s. de 09/01/2014) são da área privada. Com a abordagem escolhida, a mídia incentiva uma privatização de tudo o que puder, o que retira e exclui o cidadão comum da máquina do Estado e da imediata fiscalização do interesse público, pois, com tudo privatizado, o medo do desemprego impedirá que seus funcionários se rebelem contra o sistema como a funcionária da Petrobrás (Venina) fez, por exemplo.

Eu poderia dizer ainda que não sabemos qual a proporção do PIB a Alemanha gasta com sua previdência pública, segurança pública, em contraste com o Brasil. Esse tipo de publicação não interessa  à nossa grande mídia, infelizmente. Por que lá e na França altos gastos com funcionalismo e previdência social são sustentáveis e aqui não? Pergunta que ainda não vimos publicada na grande mídia… mas torcemos para que um dia isso ocorra.

E também parece que a solução da corrupção não é tão importante quanto a mera informação de que ela existe, pois se o objetivo fosse o fim da corrupção, a grande mídia poderia fazer várias reportagens sobre a falta de promotores de justiça, sobre o assoberbamento de processos nas promotorias por falta de promotores de justiça e de servidores para fazerem as análises necessárias para investigar os casos de crime e corrupção. Seria necessário ainda que a grande mídia fizesse mais cobertura da dureza da vida de juízes, policias, delegados e fiscais e analistas dos Tribunais de Contas dos Estados, dos Municípios e da União. Aí você teria de exigir mais concurso público para policiais, promotores de justiça, juízes, servidores do Judiciário e do Ministério Público, mais salário para esses servidores que tenham seus salários defasados, assim como mais servidores para os Tribunais de Contas e para a Controladoria Geral da União. Mas parece que isso é mais “gasto público” e mais “despesa pública”… então não pode… rsrsrsrs.

É senhores e senhoras, enquanto a grande mídia, responsável pela criação de consenso na sociedade, não fizer estes tipos de abordagens e estes tipos de perguntas, você continuará lutando sozinho pela sua qualidade de vida e vendo valores do orçamentos irem para ricos e super ricos e bancos, ao invés de para servidores públicos e prestação de serviços públicos, impedindo nossa sociedade de ter a mesma dinâmica positiva social da que existe na Suécia, Alemanha e França.

É assim, com a abordagem interessada e não neutra, defensora de princípios de mercado e de interesses de mercado, que a grande mídia se apresenta hoje à nossa sociedade brasileira e te empobrece. Mas isso pode mudar. A exigência desses temas por você aos jornais da grande mídia podem fazê-lo abordar temas que evidenciem as reais causas das diferenças de qualidade de vida entre nós brasileiros e os alemães e franceses. Exija da mídia! Hoje quem exige é somente a classe econômica e politicamente influente e por isso a grande mídia publica como publica. Quando o leitor e comprador do jornal passar a exigir os temas importantes para a melhoria da qualidade de vida de sua família, aí a mídia poderia ter de compensar essa parcialidade e poderíamos ter grandes avanços sociais com diminuição da desigualdade social e soluções verdadeiras e perenes para os sérios problemas brasileiros, inclusive a corrupção.

É isso. Hoje, a sua parceria no mundo da informação, senhores e senhoras, é daqui, deste Blog Perspectiva Crítica e dos demais Blogs e Mídia Social. Mas queremos que um dia a grande mídia engrosse essas fileiras e nos acompanhem.. afinal, ela também é feita por brasileiros.. ou não?

p.s. de 09/01/2014 – Texto revisto. Onde estava escrito “mensalão”, já está corrigido para “petrolão”, pois foi o caso mais evidente de maior proporção de participação de executivos da área privada em corrupção se comparado à participação de servidores ou empregados públicos efetivos; ao que parece há três funcionários públicos envolvidos (dois da petrobrás e um policial federal) em meio a quase cem envolvidos, dentre executivos da área privada e políticos. É importante notar essa dimensão da distribuiçao da participação neste crime de corrupção que está sendo investigado e já é objeto de denúncia do Ministério Público Federal em Londrina.

P.s. de 06/02/2015 – Texto revisto e ampliado.

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