Para os amantes da eficiência da área privada.. rsrsrs, está aí uma amarga notícia: Administração Privada do Fundo de Previdência dos Correios, o 14º maior fundo de previdência do Brasil, gerou prejuízo de 190 milhões de reais, que o Postalis tentará reaver na Justiça americana.
A notícia já tinha sido publicada no Jornal do Commercio e agora é ventilada no Jornal O Globo de 07/08/2014, na página 27, sob o título “Postalis tem perda com calote argentino”. Lendo o título, você tem a impressão que a culpa é da Argentina.. rsrsrs ou do juiz americano que prejudica a liberdade do país da Argentina em pagar a quem quiser suas dívidas, nos termos de acordos realizados entre eles e seus credores.
Mas a verdade é que, lendo o artigo, você percebe que a notícia é de que a administração do fundo de previdência de milhares de carteiros de todo o País foi mal gerida e gerida contra regras estatutárias pela empresa privada Atlântica Administração de Recursos, que fez investimentos de risco com dinheiro do Fundo Postalis, dentre eles, o investimento em títulos da dívida Argentina. E depois o fundo foi passado a um banco americano Bank of New York Mellon, que apresentou a conta do prejuízo ao Postalis.
Mas esse tipo de prejuízo você não vê noticiado pelo FUNCEF (fundo de previdência da Caixa Econômica Federal), nem pela Previ (fundo de previdência do Banco do Brasil), o maior do país. Isso também não ocorre com os demais grandes fundos de estatais. Esses fundos são geridos por funcionários públicos destas mesmas estatais, ou sob sua supervisão. A administração dos valores do INSS, dos valores de toda a previdÊncia social, feita por servidores públicos, também nunca noticiou prejuízos.
Fica aqui mais um exemplo do risco que é entregar à administração privada, sedenta por lucros a qualquer custo, determinados negócios que tenham grande impacto social. Fica caído por terra, ao lado de vários outros exemplos, como bueiros explodindo da Light, falta de investimentos em trens e metrôs pela Supervia, desmontagem de linhas ferroviárias privatizadas da RFFSA, e a própria crise internacional financeira de 2008 com reflexos até hoje, derivada de desregulamentação de mercado e atuação irresponsável de instituições financeiras internacionais, o mito de super eficiência da área privada para tudo.
A área privada é importante. A área pública também. E a cada um destes temos de garantir seus espaços de atuação, esperando que o mix desta distribuição gere o melhor da eficiência em todos os setores da economia e da sociedade. Esta é nossa postura.
p.s. de 12/08/2014 – texto revisado.