Mais uma vez acerta o Jornal do Commercio em seu editorial de hoje, 16/04/2013, ao publicar na página A-14 o artigo e opinião intitulado “Solução longe do Copom”. Veja o trecho que selecionei, no mesmo sentido da opinião do Blog Perspectiva Crítica:
“Atacar a questão apenas de um lado provoca distorções outras. Subir os juros, por exemplo, terá resultado imediato somente sobre o já pífio crescimento da economia. Além do mais, há os perigos do câmbio e da crise internacional.. Em suma, que o Copom não deixe de sinalizar aos mercados que está atento, mas que mantenha a cautela demonstrada até agora.”
Vejam, senhores e senhoras, o IPCA caiu três vezes seguidos de janeiro a março de 2013, sendo o último índice de 0,47%, o qual anualizado para frente gera inflação de 5,8%, dentro da meta. O IGP-M caiu três meses consecutivos, sendo o último índice de 0,21% em março de 2013, o que anualizado para frente gera inflação abaixo do centro da meta de 4,5%. As famílias estão endividadas pagando dívidas e não indo às compras. O único foco de inflação mais forte veio de alimentos, influenciado por questões de problemas oferta (pouca colheita de alimentos que deram prejuízo ano passado e prejuízos com o clima – ex. tomate) e não demanda. E o IBGE indica que a dispersão inflacionária caiu de 72%, em fevereiro de 2013, para 69%, em março de 2013.
Aliado a estas questões internas indicativas de queda da pressão inflacionária, houve aumento de 52% nesse primeiro trimestre em comparação ao primeiro trimestre de 2012 na tomada de empréstimos pelo empresariado junto ao BNDES, como noticiado no artigo intitulado “Recorde nos desembolsos”, pelo Jornal do Commercio de hoje, 16/04/2013, na pg. A-2. Ou seja, ensaia-se um início de retomada de investimento que prevê aumento de oferta de bens mais à frente, o que possui mais uma vez indicativo de pressão deflacionária, crescimento econômico e geração de emprego.
Além disso, na seara externa, China diminui ritmo de crescimento econômico, EUA é atacado mais uma vez em seu país (com riscos de perda de embalo de fraca retomada econômica), Rússia anuncia estar à beira de recessão e Europa não engrena crescimento econômico. Ou seja, sem pressão inflacionária externa.
Como, eu pergunto, o Banco Central deveria aumentar juros Selic? Com que objetivo? Não precisamos sequer atrair dólares, já que o Brasil é o segundo destino mundial de IED (investimento direto estrangeiro) segundo dados fechados de 2012 e São Paulo é a segunda cidade em investimento estrangeiro do continente americano, à frente de Nova York, Boston e somente atrás de Toronto? Rio de Janeiro também está bem posicionado, segundo informação publicada hoje no Jornal do Commercio, no artigo intitulado “SP atrai mais IED que Nova York, diz consultora.”, publicado na pág. A-3.
Senhores e senhoras, ficarei muitíssimo surpreso se com essa configuração de fatores (inflação oficial em queda há três meses consecutivos, falta de pressão inflacionária interna e externa e início de retomada de investimentos internos, além de grande atração de dólares atual) o BACEN aumentar juros Selic amanhã. Realmente não entenderei a medida, pois quando a inflação estava com cara pior, em janeiro e fevereiro ele manteve juros em 7,25%. Por que agora que a pressão inflacionária medida (não aquela vociferada pelo mercado focando “estouro de meta” passada – últimos 12 meses) baixa, iria a autoridade monetária aumentar juros?!?!
Essa eu quero ver. É amanhã. O Blog Perspectiva Crítica, apesar do apela maciço da mídia, por motivos já explicados em outros artigos recentes do BLOG (como a validação de perspectivas equivocadamente sustentadas pelo mercado e publicado pela mídia como verdadeiras), aposta que o BACEN vá manter o juros Selic em 7,25%, pois não há motivo claro hoje para aumentá-lo, nos termos acima expostos.
Se o Bacen aumentar, admitirá que sua postura de não aumentar estava equivocado em janeiro e fevereiro, validará visão mentirosa do mercado (que poderá dizer que a queda da inflação para frente seria por causa de tal aumento de juros selic), e sofrerá ainda com acusações de que o fez tarde demais e que deveria tê-lo feito antes. E para quê? Provavelmente para a inflação continuar descendo com está!!
Se o Bacen não aumentar, provará que sua conduta é firme, que demonstrou mais uma vez visão melhor que a do mercado, que conduziu a baixa da inflação mesmo sem ter se usado da fácil arma de aumento de juros, podendo ainda colher o bônus de estar contribuindo para a continuidade do aumento do investimento econômico e retomada do crescimento do PIB brasileiro. Será o segundo tapa na cara bem dado no mercado (o primeiro foi em julho de 2011 quando baixo juros selic quando o mercado pedia aumento), que passará a ter um pouco mais de cautela para condenar a condução da política de controle inflacionário e a política de juros, com medo de expor sua credibilidade que sairá cada vez mais arranhada a cada queda da inflação daqui por diante, sem aumento de juros!!
Estarei de bandeirinha, esperando este round entre BACEN x MERCADO (isso faria sucesso no Canal Combate!! rsrsrs) que será amanhã!! Acho que o BACEN e o Brasil sairá vencedor de novo, sem aumento de juros e confirmando juros em 7,25%.
Veremos. Como o Jornal do Commercio publicou hoje, no artigo acima mencionado, o problema agora não é o juros, é a equipe econômica criar condições para deflagrar investimentos e crescimento do PIB e controle, assim, de choques inflacionários de oferta.
p.s.: texto revisto e ampliado.