A despeito de o mercado e a grande mídia já estar pressionando o Banco Central e o COPOM para que haja aumento de juros mais uma vez, há necessidade para esse aumento?
Observe. A despeito de a grande mídia dizer que Tombini indica aumento de juros mais uma vez, na próxima reunião do COPOM, não houve divulgação deste afirmativa de forma alguma entre aspas e nem vi declaração pessoal do mesmo neste sentido. Mas vamos ver o que cerca as condições econômicas atuais que possam indicar necessidade de aumento de juros.
Os alimentos indicam arrefecimento de preços. O que aliás ocorre independente do último aumento de juros, já que esse indicador precisa de choque de oferta de alimentos para que arrefeça, pois ninguém deixa de comer. Então, não há problema por este elemento econômico.
As famílias continuam endividadas, e assim permanecerão por ao menos mais alguns, vindo a pressão de demanda pelas famílias a ficar em controle e depreciado. Também nada por aqui. O próprio aumento de salário mínimo também não será nada significativo esse ano, pressionando pouco a inflação de serviços, que tem sido grande vilão da inflação esses últimos anos.
O índice oficial de inflação, o IPCA, caiu de janeiro a março desse ano, saindo de 0,86% para 0,47%, aumentando para 0,55% em abril, sem indicações de que permaneça alto assim, já que o índice de dispersão inflacionária caiu de março para abril, de 69% para 64%. Menos produtos estão pressionados pela inflação. E a dispersão inflacionária este ano já chegou a 72% ante destas duas quedas.
China, Europa e EUA continuam mal ou lentos a não indicar pressão externa inflacionaria. A própria Miriam agora admite que a inflação tende a cair no segundo semestre. Entao, qual a razão para aumentar juros de novo agora? Não há.
A única razão seria influenciar a expectativa de inflação do mercado, mas a expectativa do mercado está abaixo de 6% para o fim do ano, em 5,71%. Isso, mais uma vez, indica inflação na meta. E mais uma vez afasta a necessidade de aumento de juros Selic.
Por outro lado, buscar esse ano o centro da meta de inflação de 4,5% gerará aumento de desemprego, parada de crescimento econômico e poderia gerar até recessão, já que para atingir isso especialistas já publicaram no Globo que seria necessário que o juros fosse a 10,5%. Recessão, baixo crescimento econômico e aumento de desemprego baixam inflação, mas não podem ser objetivo de políticas econômicas ou de controle inflacionário. Esse caos social e econômico que adviria da busca do centro da meta inflacionária no ano de 2013, por um acaso ajudaria a grande mídia a alardear descontrole econômico do atual governo e ajudaria a oposição, mas trata-se de mera coincidência que não deixa de ser interessante.
Alta de juros, com todos os países no mundo diminuindo seus juros, pode gerar artificial atração de dólares, baixando o valor do dólar no Brasil e quebrando nossas exportações e aumentando as importações e viagens e gastos no exterior. Isso, aliado a uma diminuição da arrecadação por muitas medidas de desonerações prejudica inclusive a evolução da dívida pública, já que aumento de juros também gera necessidade de pagamento de mais juros a estrangeiros e bancos e famílias que investem em títulos da dívida.
Entao, senhores e senhoras, a grande mídia e os bancos querem aumento de juros, claro. Mas o crescimento do Brasil e o controle da inflação prescindem, hoje, desse aumento que só beneficia bancos e ricos, sem contrapartida para o Brasil, já que atacará crescimento econômico (que no momento está se recuperando), atacará empregos de brasileiros e atacará a boa administração do pagamento de juros e o orçamento público, que terá de reservar mais valores para pagar dívida.
Entao, o BLOG PERSPECTIVA CRÍTICA é contra o aumento de juros mais uma vez na próxima reuniao do COPOM.