É bom que, à medida em que a Copa termina e o pleito presidencial se aproxima, teremos um turbilhão de informações a serem publicadas pelas diversas mídias. Isso é ótimo, pois significa que o Blog Perspectiva Crítica, depois desse período de letargia durante a Copa (também somos brasileiros e torcedores.. rsrsrs), terá muito, muito o que noticiar e analisar e compartilhar com nossos leitores.
Vamos então a esses cinco temas super interessantes atuais:
Inflação de julho em boa tendência – Ao contrário do que é publicado no Jornal O Globo, a inflação está em boa direção, a nosso ver. Veja o contraste entre duas notícias. O Globo publica “Inflação fora da meta”,na página 21 do dia 09/07/2014, insistindo em dar sempre o pior viés, no caso a extrapolação da meta de 6,5% nos últimos 12 meses. Mesmo que a inflação, medida pelo IPCA esteja caindo desde março de 2014, quando atingiu altos 0,92% e, mês a mês, desceu de 0,67% (abr) para 0,46% (mai) para para 0,40% em junho de 2014 e tudo indica que continuará caindo em julho de 2014, sem haver previsão efetiva de extrapolação da meta ao fim de 2014. Já o artigo “IGP-M de junho tem maior deflação em 11 anos: 0,74%”, foi a escolha de informação a ser publicada pelo Jornal do Commercio em 30/06/2014, na página A-2, noticiando que o IPA-M (índice de inflação de agrícolas) “saiu de retração de 0,65%, em maio, para declínio de 1,44% em junho”; e informando, ainda, que o “INCC-M (preços da construção civil) desacelerou de 1,37% para 1,25%”. Mas noticia que a expectativa é que os IGPs saiam da deflação em julho. Veja, qual a abordagem do assunto inflação parece melhor para o leitor entender o que ocorre? Pra nós, parece ser uma leitura simples do Jornal do Commercio e uma leitura crítica do Jornal O Globo. Pelo menos o Globo publicou a evolução do índice de inflação IPCA tanto para o somatório dos últimos doze meses quanto para a evolução mensal. Garante um mínimo de informação para ser analisada pelo leitor que somente o utiliza como fonte. Mas a verdade é que as expectativas para o crescimento econômico são cada vez menores, o que por si só já dá idéia de pressão inflacionária inexistente ou fraca. Não adianta ficar somente somando altas administradas de petróleo, eletricidade e contratos administrados para tentar deslegitimar os índices inflacionários atuais. Se subsídios bilionários fossem retirados da economia européía e americana, seus índices inflacionários não seriam os atuais. Não há descontrole inflacionário, mas ajustes, como sempre, terá de ser feitos à frente. E tudo ocorre às claras. A maior parte dos ajustes de contratos administrados e petróleo já está em andamento. As elétricas é que ainda estão sem solução definitiva; mas entraremos melhor no tema no próximo tema. As medidas exageradas de juros altos estão surtindo efeito. A inflação e o crescimento estão minguando. Inflação se apresenta sem pressões internas e externas para inflação. Inflação se apresenta, para nós, como sob controle.
(A continuar, depois do jogo da Holanda x Brasil!! Esperamos que o Brasil leve ao menos esta!)
(Péssimo jogo!! Triste a desordem no time do Brasil… o mesmo time campeão das Copas das Confederações.. incrível.. enfim..)
Gripen NG Sueco-Brasileiro – Artigo intitulado “Embraer fecha parceria para caças Gripen”, publicado pelo Jornal O Globo, na página 30, em 12/07/2014, traz ótima notícia. O Gripen NG, da empresa sueca Saab, ganhou a licitação de caças supersônicos da Força Aérea Brasileira (FAB). Já tratamos sobre isso em artigo específico, mas convém sublinhar que trata-se menos de um avião e mais de um conceito de avião. Foram feitos 300 deles antes da aprovação em licitação. É um projeto aberto e que pode ser acrescentado, alterado pelo Brasil para nossas necessidades. O Brasil não comprou avião, como a Índia, Venezuela e outros países fazem. Comprou o projeto, com transferência de tecnologia que nos torna independentes na produção de todas as peças do avião, do software da aviônica, tudo, menos, infelizmente, dos motores que são norte-americanos. A parceria da Embraer com a Saab dá a certeza e o meio de que a transferência será efetivada com total acuidade e sucesso. Outra empresa brasileira já estava em parceria com a Saab, mas não tinha a capacidade industrial da Embraer. Com a Embraer entrando na parceria tudo o que queríamos fica consolidado: transferência de tecnologia, capacidade de produção de todas as peças, autonomia brasileira em relação à apreensão do projeto, softwares, aviônica de um caça supersônico, enfim, tudo. O Brasil entra hoje num outro patamar em relação à sua potência militar. E a incrementará mais uma vez com o domínio da tecnologia de fabricação de drones (aviões não tripulados) e de submarinos nucleares, ambos em vias de concretização, sendo o projeto do submarino muitíssimo importante e já contratado e em execução. A recente aquisição de baterias de mísseis russos muito avançados tecnologicamente, para esquema de proteção da Copa, foi bom passo também. Não tenho a informação sobre transferência de tecnologia, mas essa tem sido a tônica do governo quando da aquisição de armamentos militares. A cada transação exitosa nessa área, o Brasil fica mais soberano, porque, ao contrário do que se nos parece, país independente é aquele que pode se autogovernar. E esse autogoverno só é possível com capacidade de dissuasão de investidas e de “ajudas” militares estrangeiras. Soberania, como relacionamento, se constrói (ou se destrói) todo dia, ato após ato. Estamos indo muito bem.
Dívidas do setor elétrico – Continuamos sem saber o que pedimos: o subsídio ao setor elétrico garante quanto de crescimento econômico e melhoria de taxa de desemprego e arrecadação tributária em função desse crescimento e emprego? O IPEA pode calcular isso. Mas nem mesmo o governo pede esse cálculo. A mídia também não pede. E nem a oposição. Por quê? Teríamos noção objetiva da vantagem ou desvantagem da manutenção de um sistema tarifário e remuneratório do sistema elétrico e poderíamos concluir pela sua manutenção nos termos deficitários atuais ou seu fim ou alteração. Parece que com hidrelétricas a pleno vapor o déficit é bem menor do que os atuais 13 bilhões de reais anuais, mas o período prolongado de poucas chuvas não ajudou, o que está sendo revertido agora com as chuvas e o aumento das reservas de águas nas hidrelétricas. Falta informação. Não faltam críticas ao simples fato do déficit existir. Não falta crítica ao governo por essa tentativa de tornar a luz mais barata, o que diminui o “Custo Brasil”. O debate na grande mídia sob o tema é árido, rasteiro e visceralmente partidário de uma única realidade: contra o déficit e contra a alteração do contrato do setor, que foi justificada pelo governo como adaptação e atualização de uma questão financeira que não se sustentava mais. O governo não quebrou contrato, mas fez uma proposta que as geradoras poderiam aceitar ou não. A proposta era a atualização financeira do contrato, revertendo, em benefício do consumidor (empresas e pessoas físicas), a alteração do “risco Brasil”, que na época do contrato original estava em 2.000 pontos e hoje é de 180 pontos. Se o país tem menos risco, o custo desse risco, que estava ponderado e incluído no contrato original e refletia no preço das tarifas, poderia ser atualizado em benefício do consumidor. Essa foi a idéia. As que concordassem com a proposta teriam, antes do fim de seus contratos, o direito a prorrogação automática dos contratos de concessão de exploração de geração de energia elétrica com as hidrelétricas que administravam. As que não concordassem com a atualização do contrato, continuariam com seus contratos até o fim do contrato, que seria breve, e devolveriam as usinas para nova licitação, da qual poderiam participar novamente. Onde está o problema? Não há nem problema e nem truculência. Há vontade de aumentar as vantagens para empresas e pessoas físicas. O governo age como protetor de interesses nacionais e tenta baixar custo de produção brasileiro. Agora, para sabermos se isso é sustentável, se o déficit atual compensa existir ou não, só com boas informações, o que infelizmente não é apresentado para a sociedade. Lembro que países ricos são recordistas em subsídios para suas economias em diversos setores e não vemos a mídia explorar o motivo pelo qual tais subsídios, apesar de seus altos custos para o governo, parecem ser benéficos para as economias européia e americana. estamos mal nesse debate.
Ponderações estatistas contra a CBF – Gente, esses rompantes estatistas sem fundamento realmente minam a confiança no governo, admitimos. A notícia, publicada no Globo, de que o Ministro dos Esportes Aldo Rebelo (ou Algo Rebelde) ponderou sobre uma intervenção do governo na CBF para “melhorar o futebol” é o cúmulo do ridículo. Há corrupção na CBF? Sim, óbvio. Há escolha de jogadores para a seleção com beneficio em dinheiro para figurões da CBF e da Comissão Técnica? É muito provável. Isso é crime? Parece que não. É imoral? Sim, com certeza. Cabe somente expor as contratações, a escalação da seleção, benefícios em dinheiro para quem quer que seja.. e torcer para que as autoridades e figurões envolvidos sejam mais comprometidos com o melhor futebol brasileiro. Aqui, mais uma vez, a mídia e a investigação jornalística é essencial. Não se tem notícia de que os mesmo problemas não afetem as confederações de outros países, inclusive os ricos. Corrupção é um problema ético e a presença de mais governo na CBF não inspira a menor esperança de que seja a corrupção, seja o sistema tático, técnico ou artístico do futebol brasileiro melhoraria. Isso é ridículo. Como não houve ações nesse sentido de estatização da CBF, tratamos no nível em que está: mera bravata sem condições para concretização. Negamo-nos a crer numa imbecilidade destas. A CBF, incapaz ou não, deve ser privada porque o governo tem mais o que fazer. Futebol não garante educação e saúde. Futebol deve ser um setor econômico privado. Se o governo quer ajudar, faça leis que garantam a sustentabilidade econômica e financeira dos clubes. O resto é com eles e a CBF. Se somam a essa atitude péssima do governo, o Decreto 8243/2014 sobre participação social no governo, o desrespeito ao orçamento do Judiciário e outros rompantes anti-democráticos que só prejudicam a imagem do governo petista.
Banco dos BRICS – Gente, isso é demais. Será concretizado o Banco do BRICS! A Cúpula do Brics que ocorrerá em Fortaleza depois da Copa gerará meios da concretização plena deste Banco. Este banco será uma espécie de FMI de Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. Isso, senhores, muda a geopolítica mundial! Ou ao menos tem esse potencial. O FMI, e temos artigo específico sobre o tema e a instituição, é um instrumento, um braço financeiro dos países ricos para tornarem dependentes países mais pobres e carentes de investimentos. A título de ajudar países a se desenvolverem, a atuação do FMI e Banco Mundial cria situação favorável aos países ricos para que possam exigir condições legislativas e administrativas internas dos países endividados para que suas empresas possam entrar em tal país e dominar ou explorar sua economia. No início não era assim, mas foi nisso em que rapidamente se tornou e assim se mantém até hoje. Por isso que toma emprestado do FMI recebe as visitas e palpites/determinações sobre política econômica que muitas vezes flexibilizam a soberania daquele povo que tomou emprestado. Culpa em parte do País que tomou emprestado e não pagou. Pior, não pagou e não se desenvolveu. Mas para rolar a dívida o FMI começa a exigir abertura de mercado para produtos de seus países dominantes, EUA-Japão e Europa, e a partir daí a economia do país começa a “avançar” a partir do espraiamento das empresas e indústrias estrangeiras em tal economia, bem como liberdade de importação e tudo mais que torne aquela economia subsidiária dos países ricos. O FMI não ajuda o país tomador de empréstimo a se desenvolver com soberania. E essa não é sua função. O País que for deve ter sua política de desenvolvimento e soberania econômica. Mas, então, já que nõa é possível aumentar nossa presença no FMI, que quer mais dinheiro dos BRICS, mas não aceita aumentar a participação no direito de voto (por que será? rsrsrs) criamos o Banco do Brics que terá a função do FMI, mas gerido pelo Brics. Ou seja, o Banco do Brics competirá com o FMI e Banco Mundial por tomadores de empréstimos internacionais. E tomariam empréstimo para quê? Para construir usinas hidrelétricas, aviões militares e comerciais, construção de pontes, de sistema de esgotos, de casas, de linhas férreas, de metrô, de tudo, senhores. E quem construiriam, prestariam serviços e forneceriam bens a esses tomadores de empréstimos no Banco dos BRICS? Naturalmente Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. Inclusive financiaríamos a nós mesmos!!! E as regras de cobrança e de rolagem de dívida, tudo indica, serão muito menos agressivas contra a soberania do país que tomou empréstimo do que as praticadas pelo FMI e Banco Mundial. Então, mais uma vez, sublinhamos esse feito de impulso, assim como a criação do G-20, do governo petista e do Itamaraty. Um grande feito pela nossa soberania e para o desenvolvimento autônomo de nossa economia e sua inserção autônoma no mundo. Fantástico. Acompanhamos esse desenrolar de fatos e damos a devida importância que parece estar sendo ignorada pela grande mídia.