A publicação é de 30/03/2016, na página 16 do Jornal O Globo. Primeiramente entendemos interessante que o editorial tenha dito que “desde a escola de medicina de Hipócrates, na Grécia (antiga), estudos sobre o câncer e a busca pelos meios científicos de combatê-lo são uma obsessão da humanidade”, já que câncer é doença que somente pode ser compreendida como tal após o domínio de técnicas recentes e refinadas de genética, uso de microscópios eletrônicos, tudo do século XX .. rsrsrs. Antes disso o câncer existia, lógico, mas não podia ser diagnosticado. Mas o artigo insiste que “o desenvolvimento científico mundial – em especial a partir do século XVIII, quando foram lançadas as bases da moderna anatomopatologia – estimulou impulsos quase exponenciais ao tratamento DESSE MAL (grifo nosso).” Ridículo.
Nesse ambiente de desprendimento da realidade, o editorial defende como fez desde o início, que não haja a liberação do uso de fosfoetanolamina sintética para o tratamento de câncer por não ter passado pelos rigorosos testes da ANVISA. Bem, o editorial serve bem aos interesses da indústria farmacêutica, mas não ao interesse de quem está em fase terminal de câncer e sem esperança de cura declarada pelos médicos.
Não ha uma linha sobre doentes em fase terminal. Não há uma linha sobre o artigo da Revista Exame sobre o caso de “Telma” que foi constatado pela Revista como caso em que houve “evidente” melhora clínica após o uso de fosfoetanolamina, nem dos vários casos de melhora.
É claro que melhor seria que o medicamento tivesse passado pela Anvisa antes. Mas o químico que descobriu a aplicação da substância para o tratamento de câncer liberou, por falta de apoio, a própria para tratar doentes e com resultados positivos. O que o Jornal O Globo tem a dizer sobre isso? Ou ele prejudicou a saúde de pessoas e deve responder criminalmente, por expor a saúde pública e de cidadãos, ou ele fez o bem ao país e ao sistema de saúde público e privado, a despeito de o sistema de produção de patentes, vendas de tratamentos mais caros do câncer ao governo e aos hospitais impedirem essa substância de circular em sociedade.
Esse deveria ser o tema tratado. Não há uma linha sobre a evolução da Comissão Governamental que avalia em 18 meses a substância junto com a Anvisa, inclusive, para dar parecer final sobre a pílula. O prazo deve acabar em junho de 2016 e a população nada sabe sobre a Comissão.
Infelizmente, como soe ocorrer, a grande mídia se alia a grande empresas, ao sistema e ao status quo das indústrias farmacêuticas, e nada informa sobre o outro lado da história da fosfoetanolamina sintética. Se a pílula funcionar, planos de saúde ficarão mais baratos (em tese) ou darão mais lucro para suas administradoras (mais provável), os custos de tratamento de câncer através de hospitais públicos baratará demais e mais pessoas poderão ser tratadas. Isso é possível. A mídia, se estivesse ao lado do cidadão, estaria buscando essas informações, mas o que faz é só criticar que seja liberado o uso de uma substância que pode ser uma opção para pessoas em fase terminal e que pode até ser efetivo em tratamento de câncer de forma usual e comum.
Acompanharemos o caso.