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Perguntas Complexas, Respostas Publicadas – O que é ser progressista?

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Um grande amigo de infância e que não gosta do Freixo ou da esquerda, em um debate no Facebook me fez a seguinte pergunta: ” O que é ser progressista para você, Mário César?”.

Eu, como eleitor do Freixo (não sem alguma resistência), em primeiro turno para o pleito de Prefeito do RJ 2016, tive de passar pelo devido “corredor polonês” dos amigos contrários a Freixo e à esquerda, e após responder meus amigos, compartilhei a experiência com uma amiga que tinha ficado um pouco sentida com seus amigos e colegas de Facebook que a recriminaram por sua escolha, arvorando-se em pessoas que “votaram melhor”.. como se isso existisse.. rsrsrs.

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Então, esse meu grande amigo me questionou quanto ao conceito que eu utilizo para dizer que progressistas da classe média , média alta e rica sofrem este bullying porque nossa classe social é mais conservadora.

Gostei da provocação e teci minha compreensão sobre o que é ser progressista. Compartilho a resposta a meu amigo, no afã de contribuir para esse debate, ainda mais em momento necessário para a revisão de conceitos políticos como é o que vivemos desde o Mensalão petista, psdbista (Eduardo Azeredo), Trensalão paulista, Petrolão petista, psdbista, pmdbista, comunista (Jandira Feghali foi citada) e pepista (PP), Operações Lava Jato, Zelotes e outras mais.

Aí vai a resposta.

“Amigo, progressista é querer diminuição da desigualdade social e regional, serviço público de saúde e educação gratuitos e de qualidade para todos os brasileiros, independente de classe social, é proteger as minorias (sem cair para a ditadura do politicamente correto), é proteger o meio ambiente ( o que não significa ser contra hidrelétricas e usinas nucleares, principiologicamente), e querer que haja transporte de massa e que ele seja usado por ricos e pobres, e, mais importante de tudo, é fazer as perguntas corretas e criar os índices econômico-sociais corretos para desenvolver política neste sentido, vertendo o orçamento público para realizar tudo isso, protegendo os direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, e exigindo parcela proporcional de sacrifício entre ricos e pobres, para não somente punir trabalhadores quando é necessário fazer esforço fiscal, mas também exigir contrapartida de grandes empresas, bancos e ricos e super ricos, como preconiza Thomas Piketty.

Para mim, isso é ser progressista. É não culpar só servidores pelo orçamento enxuto (quando a culpa foi da queda de arrecadação por conta de baixo crescimento mundial, baixa de petróleo, minério de ferro e soja), mas os juros nababescos pagos pelo Brasil, intitulados pelo Antonio de La Torre, do Banco Mundial, ” incompreensíveis”. É ver que servidor público é igual a trabalhador da área privada: se nõa se paga bem, ele não trabalha e isso gera mal serviço prestado. Política remuneratória de servidores, portanto é tema de gestão de serviços públicos e que gera retorno em serviço e oportunidades de negócios e empregos para a sociedade e não mero gasto, como a mídia insiste em dizer…

Mas não só isso. Enfim, em suma, isso, para mim, é ser progressista, o que, como você pode ver, nõa é levantar bandeirinhas ridículas e simples de ideologia do politicamente correto e exige um pouco mais de inteligência e disposição a pensar do que meramente repetir vinhetas da TV Globo e do Jornal O Globo, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo (este último é o melhor dos três). Progressista também não é votar no PSOL ou PT, mas buscar realizar, dentro das possibilidades políticas que se apresentem, aqueles objetivos. Não sei se era isso o que você tinha em mente sobre ser progressista.. rsrsrs. Espero que o tenha ajudado.”

Ótimo o tema e acho que foi possível contribuir para a questão. Mas manuais de ciência política talvez tenham conceitos mais herméticos e doutrinários.

Quanto ao absurdo de nosso juros pagos, hoje, 06/10/2016, convém mencionar que foi publicado na Folha de São Paulo e no Jornal O Globo artigo sobre o tema em que é dito como Antonio de La Torre, do Banco Mundial não compreende a manutenção desses juros tão elevados por tanto tempo. Veja o trecho que selecionamos:

“Para o economista (De La Torre), as altas taxas de juros no Brasil são ‘um dos grandes mistérios da América Latina’, ao lado da incapacidade do México de crescer. Uma das prioridades do governo brasileiro deve ser uma reforma do sistema financeiro, recomendou.

‘O problema da elevada taxa de juros no Brasil vai além das questões fiscais e está relacionado de maneira particular com uma história que está aprisionada ao sistema financeiro’, disse. ‘O sistema financeiro no Brasil é baseado em contratos de prazos muito curtos. Isso cria um equilíbrio que mantém as taxas de juros altas.’

Segundo De La Torre, ‘uma agenda importante para o Brasil é a reforma do sistema financeiro para prazos mais longos. Esse tipo de reformas deveriam complementar as fiscais, para ajudar a reduzir as taxas de juros’.”

Veja a íntegra em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/10/1820140-banco-mundial-considera-ajuste-fiscal-complicado-mas-ve-recuperacao.shtml

Então, ver o mundo pela ótica conservadora (que mantém status quo) não é uma posição vantajosa para quem não está do lado que se beneficia desta visão. Mas ver diferentemente do que a grande mídia publica massivamente todos os dias é mais difícil do que ver e repetir as manchetes de jornal, que dão aos replicadores do conservadorismo, uma aura falsa de legitimidade a seus argumentos só porque são publicados em Jornais ditos sérios que conseguem repetir conceitos e inseri-los na consciência e aceitação social.

Entretanto, ser progressista não é ser anarquista ou comunista. E os valores e atos defendidos pela esquerda ou pelos progressistas (que não se confundem simplesmente) podem chegar um dia a ficar ultrapassados. Quando? Quando grande parte de seus objetivos forem atingidos e a insistência na teoria e em atos naquele sentido já não apresentarem os benefícios sociais que em épocas anteriores apresentaram (a política econômica anticíclica aplicada de 2009/10 até o segundo semestre de 2015 e que deveria ter sido alterada no segundo semestre de 2013 é um exemplo).

Aí, neste momento, um conservadorismo faz sentido. E é esse o jogo que mesmo os nossos amigos cultos não sabem jogar, preferindo participar de um Fla x Flu entre direita e esquerda que é simples, ridículo e não faz mais sentido nos dias de hoje.. mas é o debate que ainda vemos na prática.

O que é o correto? Como um cidadão deve se comportar sobre direita ou esquerda. No meu ver, deve usar essas duas vertentes para colher o melhor das duas para a sociedade (Teoria do Estado Conformacional). E se hoje precisamos de progressismo, que está na esquerda, não podemos descurar do respeito à teoria econômica (defendida a ferro e fogo por conservadores e “de direita”). Quando atingirmos índices sociais da Dinamarca, aí, quem sabe, caberá mais conservadorismo do que um progressismo. Mas no tempo as bandeiras de um e de outro, progressistas e conservadores, mudam para que eles, políticos e partidos, subsistam como tais identificáveis e diferenciáveis pela sociedade que os elege.. isso dificulta o entendimento.

Importante comentar que não quer dizer que você que é “de esquerda” tenha de mudar seus conceitos e virar “de direita”, mas que deverá avaliar a situação política, econômica e social no tempo e no espaço e avaliar se cabe uma defesa mais pura da prática de valores de esquerda ou se cabe uma amenização em prol do bem coletivo. O saudável seria esse vai e vém, ao meu ver.. essa fluidez. Mas como isso é incompreensível para os adoradores do Fla x Flu político ou doutrinário de “esquerda x direita”, o que faz mais sentido em uma visão de curto prazo das aplicações de programas e atos políticos, com fins à próxima eleição, ficamos tendo de debater lados e não atos e políticas de longo prazo. Triste.

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