Preocupante a atitude da OEA. Quem impediu os EUA de construir 250 usinas nucleares? Quem impediu a França ou a Alemanha de fazerem o mesmo? Quem impediu a China de inundar milhares de quilômetros quadrados para fazer a maior hidrelétrica do mundo, soterrando e inundando florestas e vilas de milhares de anos, inclusive com valor histórico?
Pessoal, vou dizer uma coisa.. as bandeiras ecológicas e humanitárias são lindas. Quem seria contra a defesa da natureza? Quem seria contra a defesa de direitos humanos? Mas o dia em que um organismo internacional tiver o poder de exigir isso, haverá um limite à soberania do país. Esse tema é muito sensível porque não vemos que quando é com os outros não fazemos qualquer ponderação de limite nesta interferÊncia.
Veja o caso da Líbia. É lógico que este caso, assim como o da Sérvia e Kosovo, é um caso extremo. O líder político começou a matar os seus concidadãos que faziam oposição pacífica à sua permanência no poder. Em Kosovo, nem houve uma mobilização organizada e política dos descendentes de albaneses tão forte como na Líbia, apesar de quererem autonomia de parte do território Sérvio (Kosovo) e o líder Sérvio passou a caçar e matar indiscriminadamente descendentes de albaneses na região, o que é genocídio. Mas em ambos os casos, a bandeira legítima da defesa de direitos humanos está patente e o mundo autorizou (não a ONU) o ataque militar a esses países, destituindo a liderança política local.
É óbvio que não matamos nossos concidadãos de origem indígena. Mas se não reagirmos à altura contra essa intromissão e impáfia da OEA, se não reagirmos contra “determinações” de uma organização sem muita projeção internacional, e que não tem histórico de sequer apoiar ou criar apoio efetivo a seus membros em momentos graves, como no caso da Guerra das Malvinas, isso será um convite para que organismos internacionais de peso o façam também.
Nós temos controles internos para a defesa da floresta e dos direitos indígenas. Nós temos instituições que fazem esse papel. Não podemos deixar ou admitir em qualquer grau que organizações internacionais se arvorem tutores dos concidadãos brasileiros de origem indígena ou de nossas florestas. Enquanto os americanos e europeus acabaram com as suas, nós mantemos uma grande parte das nossas. Nós somos exemplos de conduta e não os estrangeiros.
Os argumentos de legitimidade de intervenção estrangeira, senhores, são contruídos com o tempo. Leiam, por favor, o livro esgotado “Trilateral” (com uma mação mordida na capa representando o mundo dividido pelas grande potências), edição de 1979. Os argumentos são sempre adoráveis, mas eles não existem somente para garantir o bem do mundo. Apesar de poderem se transformar em um balizador da conduta mundial com finalidade benigna, como foi criada e é aplicada por homens, sofre grandes distorções na prática e na verdade foram imaginadas e institucionalizadas, originariamente, de forma a beneficiar as potências, a criar argumentos de banimento de importação de bens de países emergentes, com o fim de impedir crescimento industrial e competição por mercado internacional. Ou vocês acham que o Greenpeace institucionalizou no mundo a bandeira ecológica? Ele criou um movimento social, mas daí a implementar regras internacionais, senhores, vai muita distância.
O que me estarrece é que parece que Miriam Leitão e o Globo compram o argumento de defesa da mata e de direito indígena em Belo Monte, sem fazer o contraponto sobre como arrumaríamos energia elétrica para continuar crescendo e gerando empregos a brasileiros. Não há também nos artigos sobre este tema no Jornal O Globo de 06/04/2011 (manchete: “Construção de Belo Monte provoca crise internacional”), preocupação com esse foco de ataque à soberania brasileira.
Belo Monte é um projeto desenhado há décadas. O Brasil está próximo do estágio em que esgotará sua capacidade de produção de energia hidrelétrica e precisamos dela para crescer com menos impacto ambiental. O projeto de Belo Monte, justamente pelas resistências sociais e indígenas foi modificado para produzir energia a partir de fio d’água e não a partir das quedas d’água que exigiriam o alagamento de área maior. Mas não podemos deixar de nos desenvolver pelo fato de que haverá impacto ambiental. Algum impacto haverá, gente.
É muito grave nós, brasileiros, ficarmos correndo atrás de bandeirinhas internacionais sem fazer a crítica que comporte nossos interesses genuinamente brasileiros. Eu sei que é bonitinho, mas os brasileiros devem ficar coesos quando um organismo internacional de pouca expressão extrapola sua competênicia, desrespeita a soberania brasileira e pretende arvorar-se tutor e protetor de nossas florestas e de nossos concidadãos indígenas.
Aceitar isso é um convite a que outros defensores venham alimentar a idéia de nações indígenas que precisam de defesa internacional assim como as nossas florestas e quando nos opusermos, por entendermos ofender nossa soberania, as armas que atacaram a Sérvia e a Líbia, chegarão a nós. É muito mais fácil do que vocês pensam manipular a perspectiva mundial sobre os fatos. 75% das imagens produzidas no mundo e mais da metade da informação é produzida por europeus e americanos. Atenção. Rechacem o abuso da OEA!
p.s. 03/05/2011 – Os EUA têm em torno de 104 a 108 usinas nucleares. Não confirmei a informação de que seriam 250 como informei antes, erroneamente, neste artigo do blog.