Para mim é claro: O jornal O Globo anda de mãos dadas com a elite financeira do País ou a necessidade de publicar matéria impede a análise crítica e mais depurada para o leitor.
Em dezembro de 2010, o jornal (em artigos ou através da Miriam Leitão) enunciava veementemente a opinião de especialistas no sentido de que somente aumento de compulsório dos bancos, aumento de exigência de verba própria dos bancos em operações de empréstimos, aliado à diminuição de prazos de empréstimos não era remédio ideal para a inflação, mas sim o aumento de juros Selic, que afetaria de maneira “mais geral e eficientemente a atividade econômica como um todo”.
Nós fomos a favor dessas medidas macroprudenciais ao invés de aumento de juros Selic e explicamos o porquê em 11 de dezembro de 2010. Veja em http://perspectivakritica.blogspot.com/2010/12/analise-dos-fatos-economicos-da-semana.html
Em seguida, os aumentos de commodities, por especulação nesses mercados (por excesso de capitais – bem explicado pela Miriam em vídeos em seu blog econômico), assim como por desastres ambientais pelo mundo, a desvalorização do dólar no mundo e os problemas no Oriente Médio (conflagração política que põe em risco a normalidade de fornecimento de petróleo), forçaram a inflação no Brasil e no mundo. As expectativas futuras de inflação aumentam, mas apesar da importância desses problemas externos sobre a pressão inflacionária brasileira, a única solução que o mercado aponta e o Jornal O GLOBO enaltece é aumento de juros Selic!! Sendo que nossos juros estão em 11,75% e nos EUA e Europa está próximo de zero porcento!! Aí não sabem porque há pressão no câmbio desvalorizando o dólar e valorizando o real! É piada.
Ahhh, mas exigem também corte de gastos do governo… como se isso pacificasse o Oriente Médio, baixasse o preço do petróleo internacional, diminuísse a especulação internacional com commodities, resolvesse os problemas climáticos que afetaram China, Austrália, Argentina e Brasil (prejudicando oferta e preço de alimentos), e sumisse com o déficit gêmeo (comercial e fiscal) americano, que gera o derretimento do dólar por todo o mundo!!!
Nós, neste humilde blog, fizemos esta diferença e apontamos a limitação do uso exclusivo de aumento de juros Selic e corte de gastos de governo para conter inflação que não é só de demanda. Veja no artigo sobre a inflação de janeiro de 2011 (publicado em 10 de fevereiro de 2011) em http://perspectivakritica.blogspot.com/2011/02/sobre-inflacao-de-599-em-janeiro-de.html
E veja no artigo, publicado em 17 de fevereiro de 2011, em http://perspectivakritica.blogspot.com/2011/02/revista-da-semana.html
Seguindo o mercado, o BACEN aumentou juros e deu no quê? Nada. Segundo a Miriam em artigos que comentei nos dois artigos mencionados acima, o corte do governo não convenceu o mercado. RSsrsrsrs
Agora, vendo que não dá para aumentar juros indefinidamente porque isso não resolve a questão da inflação com grandes causas externas, o Bacen resolveu adotar o que apoiamos desde dezembro de 2010: medidas macroprudenciais ao invés de só aumento de Selic. Vem aí, diminuição de prazo de empréstimos, aumento de compulsório, talvez aumento de valores próprios de banqueiros em operações de empréstimos mais uma vez, e, ainda, controle de fluxo de capitais com exigência de prazo mínimo para o investimento ficar no Brasil, o que já é adotado há quase vinte anos pela China, quase o mesmo período em que a China cresce economicamente aos índices altos conhecidos.
Isso tudo que está sendo tratado sob o título de medidas macroprudenciais não aumenta dívida pública e não dá dinheiro de graça (juros Selic) aos banqueiros. Por que não obtém o apoio dos jornalistas do Jornal O Globo?
A coluna da Miriam de hoje, 11/03/2011, intitulada “Tom do Novo BC”, é contrária ao fato de o Banco Central estar com mais de um objetivo, ou seja: inflação, câmbio e PIB. Eu acho que o Banco Central está correto. Não pode ficar afogando irresponsavelmente o Brasil em juros Selic desconsiderando a taxas de juros básica mundial, a atração de dólares irrefreada a partir de juros básicos brasileiros em 11,75% enquanto lá fora o juros é de 0,25%!!! O ataque à inflação exige o estudo compartimentado e global das causas inflacionárias. Se o objetivo é atacar a inflação de demanda, então as medidas macroprudenciais são o ideal hoje, porque a Selic não dá mais para aumentar!!
Mas eu entendo… aumento da Selic dá dinheiro gratuito aos banqueiros, além de que aumenta a dívida pública. Assim, a elite financeira enriquece às custas do setor produtivo e dos trabalhadores e os jornais contrários a governos de esquerda ainda podem apontar irresponsabilidade do governo e incapacidade administrativa de gerir a nossa economia.