Pessoal, o artigo anterior acabou ficando com um post script tão grande e de tema tão relevante que resolvi, para facilitar acesso e leitura a todos os leitores, publicar como novo artigo. Faço apenas pequenos acréscimos e um comentário adicional e importante ao final.
O governo ainda não fechou a licitação porque ficou numa situação complicada: o relatório técnico aprovou como campeão o Gripen, depois o americano e depois o Rafale. O melhor é o Rafale, no geral, mas com esse resultado a Globo vem batendo muito, praticamente impondo essa opção somente pela decisão técnica. Mas veja porque neste caso não é bem assim e o Rafale deveria ganhar, mesmo tendo ficado em último.
“A opinião final em relatório técnico da Aeronáutica, da Comissão Técnica que acompanhou a licitação, listou como campeão o Gripen, depois o F-18 americano e depois o Rafale. Entretanto, senhores, para quem acompanhou o processo por Revistas especializadas e por sites especializados como eu, a satisfação do edital se referia a quesitos mínimos exigidos e considerando-se o valor final. Só para que vocês saibam, a capacidade de autonomia de vôo do Gripen é muitíssimo menor do que o do Rafale, que dispara automaticamente contra 8 alvos (feito nem sonhado pelo Gripen), além do que no pacote do Rafale está incluída a trasnferência de toda a tecnologia de aviônica e militar do projeto, o que nos tornaria autônomos na produção desse avião.
Significa dizer que se entrássemos em guerra com a própria França não teríamos problema em produzir (acho que houve limite só em regiões de venda do produto). Já o americano é do nível do Rafale, mas saiu mais barato. Mais barato pois vem com menos armamento e sem transferência de toda a tecnologia. Assim, se entrarmos em guerra com os EUA, não poderemos produzir avião para nossa defesa e ficamos totalmente impedidos de vender aviões para outros países. Por isso, contra a opinião do relatório técnico da Comissão de Licitação, o Rafale é melhor.
Mas o Jornal O Globo não acha isso (na verdade nem pondera isso), e preferiu criticar as ponderações de Lula e Jobim sobre contratar o Rafale, contra o relatório final da Comissão Técnica, como um piti, um melindre, um ato de mero ímpeto e voluntarioso de ambos, como se fosse contrário ao interesse do Brasil.
O Rafale não teve preço melhor porque oferece mais armamento, transfere toda a tecnologia, admite que vendamos o avião e o produzamos no Brasil. Ele está além do mínimo exigido no edital. Como os outros estão dentro do mínimo e são mais baratos, o Rafale perdeu. Por causa da falta de apoio e questionamento do Jornal O Globo, a imagem política de Lula e Jobim ficam fragilizadas para fechar com o Rafale, e estamos correndo o risco de não fazer este excelente negócio para a Defesa Nacional. A França fez esse pacote não é porque é boazinha, mas porque não consegue vender direto seu avião que perde em preço e financiamento para o F-18. Como vende mais, o F-18 produz mais e pode baixar o preço, além do que o EUA financia toda a compra e fica muito mais barato. A França não consegue fazer o mesmo. Para quem compra somente o avião vale a pena, mas para quem quer ser autônomo em Defesa Nacional não vale.”
Somente para complementar, o Rafale é da mesma empresa dos nossos Mirage (Dassault), portanto, os nossos pilotos já estão acostumados com muitas características desses aviões e a adaptação seria quase imediata. Nossos técnicos também já estão acostumandos com eles e gabaritados a mantê-los. Toda a cadeia atual de aviões militares e logística estrutural e humana disponível no Brasil hoje sugere, também (o que não está no relatório técnico), o Rafale como melhor opção para garantia de Defesa Nacional autônoma.
Eu falei com alguns amigos militares da Aeronáutica. Eles preferiam o Sukhoi russo, que os venezuelanos têm, pois é muito maior, carrega muito mais armamento e tem uma agilidade absurda, além de voar mais alto e ter autonomia maior do que qualquer outro avião (foi feito para a Rússia que tem dimensões continentais como o Brasil). Mas todos os nossos hangares teriam de ser refeitos, é mais caro, mantutenção mais cara, todos os pilotos e técnicos teriam de aprender do zero a utilizaçao e manutenção, não temos assegurada transferência de tecnologia e autonomia de produção no Brasil e venda a outros países. A segunda opção seria o Rafale pois é muito bom e já é conhecido, sem deixar a desejar para os demais aviões supersônicos atuais em atividade. Agora pasmem.., só não queriam o Gripen que é o mais fraco.
Veja também: http://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_FX-2
http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/materia.php?id=369
http://www.inforel.org/noticias/noticia.php?not_id=4448&tipo=2
P.s.: Não achei o artigo original em que li toda a história da licitação. Achando eu passo.