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Israel, a Comunidade Internacional e o Brasil: comprovado o desrespeito ao Brasil por Israel

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Senhores e senhoras, o tema de política interna e internacional é abordado neste Blog sempre que há influência sobre atos e fatos econômicos, políticos e sociais que repercutam na qualidade de vida do brasileiro.  Portanto, como já pudemos falar por outras vezes, não é objeto precípuo de artigos deste Blog questões meramente políticas sem impacto direto e real na vida do brasileiro.

Entretanto, a resposta desprestigiosa que o representante de Israel deu ao Brasil sobre sua posição de chamar o Embaixador para consulta, o que é uma atitude grave na diplomacia internacional, sobre os atos de guerra israelenses contra os palestinos da Faixa de Gaza geraram interesse em amigos e leitores sobre a posição do Blog no caso, em especial de Bruno Lima e Fabiano Rocha. Então, aqui vai nossa análise da situação.

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O Brasil perdeu uma oportunidade de ficar quieto? Ele agiu corretamente? Ele se excedeu? E o representante israelense? Deu boa resposta? Foi correto ou se excedeu?

Bem, o artigo publicado hoje no Jornal O Globo intitulado “ONU acusa Israel de atacar outra escola e matar 15 civis”, acessível pelo endereço http://oglobo.globo.com/mundo/onu-acusa-israel-de-atacar-outra-escola-em-gaza-matar-15-civis-13427604, dá notícia de que a ONU denuncia abuso, excesso e violação do Direito Internacional por Israel e que o Chile e o Peru  também chamaram seus Embaixadores para consulta. Observe, a posição do Brasil, portanto, foi acompanhada pela ONU e pelo Chile e Peru.

O Chile, inclusive, é membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU e veja o que falou sobre sua postura no caso, em trecho que destacamos do artigo mencionado acima:

“O Chile observa com grande preocupação e desalento que as operações militares não respeitem as normas fundamentais do Direito Internacional Humanitário, como mostram as mais de mil vítimas civis, incluindo mulheres e crianças, como também o ataque a escolhas e hospitais”, disse a chancelaria chilena em um comunicado.”

Observem, a postura do Brasil foi correta a nosso ver. O Brasil não tem que ficar quieto. O Brasil é um país importante no contexto mundial. Nós não damos essa importência, porque dizem que somos irrelevantes a nós mesmos, cotidianamente, inclusive em nossos próprios jornais, mas somos a sétima potência econômica, a terceira maior democracia mundial, com estabilidade política, potência militar média e, mais do que isso, temos 130 anos de histórico de paz com nossos vizinhos, sempre primamos, independente das partes envolvidas em conflito, pelo princípio da soberania e direito de autodeterminação dos povos, defesa dos direitos humanos e da ecologia (com talvez a melhor preservação de patrimônio ambiental no mundo).

Nossa posição em questões internacionais é sempre vista atentamente pela comunidade internacional porque nossas atitudes, nossos posicionamentos e nossas ações nunca são volúveis e fruto do interesse do momento. Não são posições somente políticas, mas com forte embasamento em princípios e ideologias de direito internacional. Até hoje, por tradição, as aberturas de trabalhos anuais na ONU são efetuadas por representação e declaração da Chancelaria brasileira, porque na primeira sessão histórica da Liga das Nações, precursora da atual ONU, o único que tinha a declaração pronta para ser apresentada era Rui Barbosa, nosso representante e assim o fez e assim continuamos fazendo.

O Brasil ainda está protagonizando a alteração da geopolítica mundial, pois durante o Governo de Lula e sob sua influência e trabalho hercúleo do Itamaraty foi institucionalizado o G-20 que apagou do mapa o G-7. Além disso, nesses últimos 20 anos, o Brasil cresceu sua autonomia de inserção internacional com a criação do Mercosul e sua história de real e efetivo sucesso (para quem procura esse tipo de informação.. rsrsrs), além de criação do BRICS, criação de um cinturão de riqueza Sul-Sul, em concorrência ao cinturão de riqueza completamente fechado a novos sócios do norte integrado por EUA-Europa- Japão. O Brasil também é protagonista na criação do Banco do Brics, que será sim um concorrente, por mais que politicamente se diga que será um complemento, ao FMI e ao Banco Mundial.

O Brasil, para quem não sabe, também é um dos únicos cinco países a possuir tecnologia para construção de submarinos, adquiriu tecnologia para construir submarino nuclear (a tecnologia do motor nuclear, o mais novo e eficiente no mundo, já foi criada por nós mesmos, através de pesquisa e projeto 100% da Marinha do Brasil). Também adquirimos tecnologia para a construção de drones, de um caça supersônico (Gripen NG) e de uma avançada bateria de mísseis russos. E fizemos missões de paz pela ONU exitosas, como o caso de Timor Leste e do Haiti. Israel, nunca fez isso. Temos tecnologia para construção de mísseis e não construímos mísseis com alcance superior a 300 Km e a bomba atômica única e exclusivamente porque não queremos. Todos sabem disso (se for necessário, em poucos meses terminamos essas tecnologias).

O Brasil pode se posicionar, sim, em relação a qualquer fato internacional, como membro das Nações Unidas e como país autônomo e soberano que é. Foi correto em apontar o desrespeito a normas de direito internacional. Sua posição foi a favor da vida e da paz e do respeito aos procedimentos políticos e diplomáticos que devem ser esgotados antes de atos de ataque unilateral e sem apoio da ONU a outros países. E o representante de Israel foi inábil e pouco diplomático ao dizer que o Brasil é um “anão diplomático” e que desproporcional seria uma “derrota por 7 x 1”. Isso não é resposta de diplomata.. isso é resposta de um cidadão sem insígnia diplomática.

Não é que não se entenda que, diante da constatação de que há centenas de túneis construídos da Faixa de Gaza em direção ao território de Israel, há risco real para a paz e segurança de cicdadãos israelenses. Não é que não se saiba que deve haver resposta para centenas de morteiros lançados pelo Hamas a seu território. Pode haver resposta sim. Mas o que não pode é um país, integrante da ONU, praticar atos unilaterais de guerra contra outro integrante da ONU, sem alguns passos anteriores. E mesmo assim, não pode haver atos que retirem vidas de civis inocentes. Foi isso que criou a violação internacional de Israel e foi isso que o Brasil criticou, seguido depois por ONU, Chile e Peru, e tantos outros.

Portanto, o Brasil agiu corretamente. O Brasil, que cada vez mais se insere autonomamente no cenário internacional, seja economicamente, seja politicamente e seja militarmente (humildemente aqui.. rsrsrs e dentro de nossos limites e interesses de defesa e apoio à paz), tem o direito e até o dever de se posicionar em questões internacionais sempre que quiser e puder.

Israel é que, na figura de seu representante, foi tristemente inábil e desrespeitoso com a chancelaria do Brasil e está sendo inábil na condução da defesa de seus cidadãos e de seu território.

Essa é nossa opinião.

p.s.: texto corrigido e ampliado.

p.s.2: Em tempo, o Jornal do Commercio publicou em 30/07/2014, em sua versão on line, que 80 organizações civis pedem boicote militar e comercial a Israel. Acesse: http://www.jcom.com.br/noticia/149539/Mais_de_80_organizacoes_pedem_que_Brasil_rompa_relacoes_com_Israel

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