Pessoal,
acho muito importante compartilhar as fontes de cujas águas pude beber e que me levaram às múltiplas reflexões para eu forjar minhas perspectivas que apresento a vocês cotidianamente.
Naturalmente, a formação da perspectiva individual é extremamente complexa e creio ser mesmo impossível aquilatar a proporção de um ou outro livro, um ou outro filme, artigos de jornal, artigos de revistas, troca de idéias com amigos e familiares na definição da perspectiva individual de alguém. Da mesma forma é difícil entender e definir a importância de tantos outros meios, através dos quais foi possível exercitar idéias, destilar argumentos, contrapor perspectivas na formação da perspectiva individual que me direciona na compreensão da análise de fatos políticos, sociais e econômicos.
Da mesma forma que perguntado pelo Imperador Augusto, Virgílio informa que não é possível saber se o homem trilha um destino pré-definido ou ele mesmo cria esse destino, concluindo que “o fato é que o homem não tem paz enquanto não alcança aquilo que entende compatível com suas perspectivas”, sinto que a perspectiva tem um misto de propensão inata ou inclinação a enxergar fatos de uma forma aliado à influência de informações, educação e cultura que lhe chegam por sua sociedade, que a influenciam, mas não de forma passiva, pois você pode escolher dar ênfase a uma perspectiva outra. Você define no final das contas aquilo que o convence do que é o melhor para você e para a sua sociedade. E todas as concusões são legítimas, mas umas são mais defensáveis do que outras e quem for mais bem informado terá mais condições de sustentar sua perspectiva, pois teve a oportunidade de expor suas teses mais vezes, corrigindo-a, complementando-a, destilando-a.
Dessa forma, ciente de que em ninguém a bibliografia e cinematografia que indico gerará o mesmo efeito do que em mim, a bem da relatividade da realidade e para bem da sociedade, inclusive, que ganha com tantas mais conclusões diferentes se possa obter de mesmas fontes de pesquisa, apresento fontes destacadas de altíssima importância para minha formação pessoal e amadurecimento de minha perspectiva individual, ou seja, apresento algumas das mais importantes fontes que exerceram forte influência na construção da minha perspectiva sobre o mundo como ele é e como ele deveria ser.
Apresentarei os livros, artigos e filmes com pequeno comentário. São eles:
1 – “Comissão Trilateral – A Nova Fase do Capitalismo” – Este livro publicado em 1979 foi escrito com base no estudo de relatórios da Comissão Trilateral (EUA-Europa-Japão) com sede nos EUA que discutia interesses de política econômica mundial sob a perspectiva de países centrais e países periféricos. Depois da publicação do livro nos EUA as reuniões passaram a não ser públicas e não mais houve publicações de seus relatórios. Há menção específica ao cuidado com o crescimento do Brasil. Há cópias de documentosd. Estão lá todos os elementos de que nossos professores de geografia e história falavam mas nunca provaram sobre haver uma “conspiração” internacional para manter ricos de um lado e manter pobres (mais países do que pessoas) na sua condição de pobres. Foram criados argumentos de taxação de produção industrial comercializada internacionalemente com base em argumentos de direitos humanos (liberdade, respeito a direitos civis, etc..) e com base em argumentos ecológicos. Quem ler o livro ficará chocado completamente, mas terá dificuldade em achar, pois depois da publicação brasileira em 1979 nunca mais foi publicado. Eu tenho três originais comprados em sebo pela internet e tenho uma cópia xerox que me foi dada por um advogado da Petrobrás antigo, ex-militar, com quem trabalhei na Governadoria do Estado do Rio de Janeiro. Obrigado pelo livro, George Barbosa.
2 – “Brasil na América” de Manoel Bonfim – Publicado em 1939, este livro deste valoroso nordestino, traz uma historiografia do nosso País muito diferente do que você ouviu no colégio. Apesar de um tom um pouco ufanista (não sem razão), suas conclusões sobre a formação única de nossa sociedade é extremamente lúcida, baseada em relatórios de Padres Jesuítas em suas missões e de relatórios e diários de Naus Capitânias da época do descobrimento e não em interpretação de cientistas estrangeiros sobre o que acharam do Brasil quando aqui aportaram para estudar nossa sociedade (visão até hoje preponderante mesmo por parte de historiadores brasileiros, fato que tem revertido tendência finalmente e fortemente nos últimos quinze anos). Você encontrará a informação lógica e fundamentada de que os portugueses a aportarem aqui foram os mais criativos, nobres e intrépidos de sua época, pois investimentos em expansão marítima eram caros e, sem resultados, poderiam quebrar as finanças de Portugal. Sem contar o fato de os Comandantes não saberem com o que se deparariam os induzia a procurar os melhores oficiais, e estes os melhores sub-oficiais e marinheiros. A América Portuguesa também não foi conquistada dos índios como ocorreu na América Espanhola, pois os dois milhões (censo jesuíta – mas que poderia estar subestimado e existir 9 milhões de índios no Brasil) não se assustaram com cavalos, mas sim deram ensejo a alianças para estabelecimento contra as tribos inimigas (dos índios) e os estrangeiors inimigos (dos portugueses), no caso os franceses que já estavam negociando por aqui antes de Cabral chegar. Essas alianças eram profundas e geraram, à falta de mulheres portuguesas e para garantir a tranquilidade e laços de confiança, uniões de portugueses e índias, gerando os primeiros brasileiros. E séculos depois o abuso por parte de Governadores, gerando reclamação dos índios por escravizamento de integrantes de suas tribos, era levado tão a sério para a manutenção da paz com esses milhares e milhões de índios, já brasileiros, que gerou o enforcamento deste governador na presença do chefe da tribo indígena para pacificação da situação. Assim, você observará que se um brasileiro não parece nem bem negro, nem bem europeu, isto é normalíssimo, pois praticamente todos os índios brasileiros foram absorvidos em nossa sociedade que se miscigenou entre negros, europeus e índios. Vale a pena.
3 – “Relações Perigosas Brasil x EUA – De Collor a Lula”, de Moniz Bandeira. Lamento, não comentarei. Leia a verdade sobre interesses norte-americanos sobre as terras brasileiras desde a época de Dom Pedro II. Tire suas próprias conclusões. Moniz Bandeira foi perseguido durante a Ditadura, que primava por boas relações com os EUA, mas decidiu ficar aqui, sob risco de vida, para escrever e pesquisar sobre a relação entre Brasil e EUA. Ele faz isso desde ao menos 1960 e seus livros condensam seus estudos e pesquisas. Ele é um cientista brasilianista e americanista… brasileiro.
4 – “Presença dos EUA no Brasil”, Moniz Bandeira. Leia. É um profundo trabalho altamente documentado da presença americana no Brasil e suas atividades comerciais, políticas e de interesse geral. Não é sórdido. Não é apelativo, como nada que Moniz escreve é. É o que é. É um trabalho árduo de pesquisa e te põe na mãos muito documento para você avaliar as relações entre Brasil e EUA por dois séculos. É bom ver algo autônomo, fundamentado, parcimonioso e informativo. É diferente do que você vê nos filmes,ok?
5 – “A melhor democracia que o dinheiro pode comprar”, Greg Palast. Um dos muitos americanos preocupados com os crimes políticos, militares e sociais que os EUA perpetram no mundo (e internamente também) lança este livro interessantíssimo que conta várias histórias que a mídia não reproduz, como o fato de que o Chile cresceu também a partir de uma política de valorização de salário mínimo, tendo hoje uma das melhores economias e IDH da América do Sul. E vou reproduzir de um site um resumo sobre o capítulo específico sobre o Brasil que te deixará estarrecido: “Em 1998, às vésperas das eleições presidenciais no Brasil, um real valia um dólar. A moeda brasileira permaneceu supervalorizada até FHC se reeleger. O responsável por essa façanha foi Robert Rubin, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, juntamente com o FMI e o Banco Mundial. Antes da desvalorização do real e logo após a reeleição do presidente Fernando Henrique, o Tesouro dos EUA articulou com os bancos norte-americanos o enxugamento de seus depósitos no Brasil, fazendo com que as reservas internas despencassem de US$ 70 bilhões para US$ 26 bilhões, conta Greg Palast no livro” (obtido em http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_711.html). Acesse também http://www.gregpalast.com/
6 – “Economia ao Alcance de Quase Todos”, John Kenneth Galbraith. Trata-se de uma entrevista da jornalista francesa Nicole sobre economia com um dos maiores economistas contemporâneos, falecido em 2006. Neste livro pequeno e simples (vários livros excelentes que li eram assim, pequenos, curtos, simples e diretos na informação a ser passada), é explicada a diferença entre política fiscal e política monetária, dentre outras questões essenciais econômicas que farão você possuir uma capacidade de analisar medidas de governo na área econômica de forma diferente da que você tem hoje, com certeza,… na hipótese de você não ser formado em Economia, claro.
7 – “1421 – O ano em que a China descobriu o mundo”, Gavin Menzies. Este oficial de submarinos britânicos conta como descobriu que a China em 1421 havia mandado, por ordem do recém-empossado imperador Zu-Dhi (libertador dos chineses do jugo mongol e primeiro chinês a quebrar a tradição de líderes mandarins originários de Nankim), uma esquadra gigantesca (falam em mil navios), de galés até cinco vezes maiores do que as maiores galés existentes em Gênova (“País” ou Região autônoma da Itália medieval – A Itália só se unificou em 1870 por obra do Primeiro-Ministro João Cavour e na pessoa do Imperador Victor Emmanuele) de Marinha mais avançada à época, inclusive com armas de pólvora, ainda não empregadas na Europa desta época em grande escala,.. se é que já era conhecida. O objetivo era conhecer os povos e incluí-los no sistema tributário chinês, fazendo-os pagar tributos aos chineses. A China mapeou o mundo inteiro, chegou à Antártica, ao Ártico, à América do Sul e à Oceania. Anotaram 3000 (isso três mil) países na África (naturalmente povos organizados e não países como vemos hoje). Esse número em especial pode ter chegado errado aos registros caóticos desta expedição gigantesca, pois ao fim houve mudança de governo e vários registros foram queimados e/ou destruídos. Tais comandantes quando chegaram de suas expedições encontraram um país diferente do que os ordenou realizar a expedição. O autor reúne muitos dados, muitas provas e muitas informações no sentido de sua tese, inclusive reputa a descoberta do Brasil a um mapa chinês chegado a Portugal por um italiano negociador de especiarias com os árabes, árabes estes que fizeram chegar às mãos do italiano um mapa antigo chinês (chineses negociavam com árabes nesta época – 1480 d.c.) com a indicação da existência de terras conhecidas hoje como América do Sul. Este livro fará você pensar que o mundo todo poderia ser diferente, caso o grupo político dos mandarins não tivessem deposto Zu-Dhi, cooptando seu filho, e determinado o fechamento da China ao mundo por séculos até praticamente a fundação de uma colônia portuguesa, seguida da invasão inglesa (Hong Kong) e depois até a Segunda Guerra Mundial, condenando um grande e avançado povo ao ostracismo histórico completo. E se o presente poderia ser diferente, em função do passado e por escolhas políticas dos chineses, a idéia de que o mundo pode ser diferente no futuro por conta de suas opções e as efetuadas pelo nosso povo, no Brasil, também se apresenta como algo real. Interessante ver que isto é possível e que a História, como se nos é ensinada em colégios e em universidades, é um amontoado de convenções que podem ser mudadas por descobertas de verdades que estavam incógnitas. Por que acreditar cegamente no que te escrevem? Por que acreditar na mídia como “ser” onipotente de disseminação da “verdade”? Se senhores que estudaram a vida inteira para tecer a história erram no que é a verdade histórica que te apresentam, qual a chance de um jornalista que faz trabalho diário de informações te passar uma informação distorcida? Este livro abre fronteiras mentais que você talvez não tenha experimentado.
8 – Artigo “O Selvagem e a História. Heródoto e a questão do Outro”, escrito por Klaas Woortmann, professor do Departamento de Antropologia da UnB. Interessantíssima desconstrução da idéia que é formada sobre o outro, em especial, o estrangeiro, como forma de compreensão do mundo e de construção de identidade nacional e pessoal. Este artigo te fornece meios para você se livrar de estigmas, preconceitos e rotulações por parte de sua própria sociedade, por parte de sociedades estrangeiras (rotulações de tipos de pessoas propagandeadas por filmes), e faz você despir sua mente (ou o mais próximo disso) de condicionalidades a que você é sujeito pela sua história, pelo seu tempo, por sua família e sua sociedade em ver pessoas e fatos. Acesse em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012000000100002&script=sci_arttext
9 – “Mongóis: um povo bárbaro (Magnífico)”, de Danilo José Figueiredo, à época aluno do 3º ano de História da USP. É exatamente a mesma experiência pela qual você passa ao ler “1421 – O ano em que a China descobriu o mundo”. Os mongóis influenciaram demais a história da Ásia e por pouco toda a Europa não foi conquista e devastada por eles, o que teria resultado em provavelmente o Brasil permanecer até hoje com índios, quem sabe.. ou nossos índios evoluírem ao ponto de hoje a civilização indígena da América do Sul atingir patamares fantásticos.. ou seja, a história seria diferente. Mas o melhor é ver que ninguém sabe o quanto estivemos próximos de ter um outro mundo. A China não existiria como vemos hoje, pois sua cultura teria sido queimada completamente, o que não ocorreu pelo respeito que um imperador mongol nutria por seu “professor” chinês que pediu pelas cidades chinesas e mostrou que era mais fácil e melhor explorá-las do que destruí-las. O Japão quase foi destruído por mongóis que sofreram o mesmo que ocorreu à Espanha contra a Inglaterra séculos depois: maremoto e fortíssimos ventos (chamados posteriormente de ventos protetores ou ventos assassinos – “kamikazes”) dizimaram as embarcações mongóis por duas vezes salvando os japoneses que puderam ter, assim, por mérito em organizar a sociedade japonesa contra a invasão, a dinastia Bushi a levar o Japão para a fase medieval dos samurais que só foi alterada com a chegada de portugueses no século XVI e mais profundamente com a posterior chegada de ingleses no século XIX. Os mongóis acabaram com a dinastia russa de Kiev e implantaram a disnastia de Vassalos Russos de Moscou (moscovitas), dinastia esta que só foi expulsa/extinta em 1917 pelos Bolcheviques (Era a Suserania sobre o que seria a Rússia atual exercida pela “Horda Branca” até 1480 – ver também item “Dominação sobre a Rússia” em http://pt.wikipedia.org/wiki/Canato_da_Horda_Dourada). O início da Idade Moderna não seria possível como e quando ocorreu, se o avanço da “Horda de Ouro” (Reino -“Khan”- Mongol na Região Persa) não tivesse empurrado os turcos sobre o Império Bizantino que caiu com a tomada de Constantinopla em 1453, obrigando os Portugueses e Espanhóis a realizarem as expansões marítimas para compensar a perda da rota de especiarias do Oriente, via Constantinopla, acabando com a Idade Média de sistema feudal. Importante ver que a história é mutável e que o presente poderia ser diferente, assim como pode ser o futuro, que depende dos fatos e atos no presente, então, também depende de você. Acesse estupefacto o endereço http://www.klepsidra.net/klepsidra9/mongois5.html (ver p.s. de 28/02/2012)
10 – “Grandeza e Decadência dos Romanos”, Montesquieu. Este livro é um manual sobre como ser um grande povo. Muito interessante. Curto, fino, objetivo, claro e didático, como todo bom livro deveria ser. Lendo-se-o tem-se a impressão que os EUA o segue como a uma Bíblia. Mas é claro que essa é minha impressão… mas nesse sentido, sigam os americanos tais preceitos ou não, nós deveríamos fazer o mesmo, para sermos uma grande civilização. A grande lição é de determinação e orgulho cívico (não moral, gente). Uma grande mensagem que gravei é a de valorizar a idéia de cidadania. Exigir respeito como cidadão, exercer seus direitos como cidadão e atuar de forma a garantir a grandeza do seu País diante de qualquer povo, mesmo diante daquele que aparente e momentaneamente se apresente como maior e mais forte. Mas há muito mais ali. Fique à vontade para descobrir.
11 – “O discurso sobre o objeto”, José Wanderley Guilherme dos Santos. Interessante o estudo sobre a “mão invisível” em sociedade e a diferenciação entre “sujeito” e “agente” em sociedade, indicando que alguns entendem o que ocorre em sociedade (“sujeito”), mas não atuam alterando a realidade. Estes que atuam seriam os “agentes”, mas muitas vezes não sabem como atuam. O ideal, ao meu ver, senhores, é tantos quanto puderem serem sujeitos e agentes em sociedades, sabendo avaliar a composição e alteração das forças sociais e agir para que essas relações evoluam, a bem de nossos familiares, a nosso bem e a bem de toda a sociedade. Eu procuro fazer isso. Bom livro.
12 – “Perspectivas Sociológicas”, Peter Berger. Você é o que é? Ou você é aquilo em que a sociedade te molda? Interessante analisar essa questão. Entendendo a mecânica da identificação individual e social, fica mais fácil visualizar que a forma como você se vê ou vê o outro na sua sociedade ou na sociedade estrangeira não é a realidade, mas a mera forma como você vê essa pessoa e a si mesmo. Quem é você? Defina-se e seja.
13 – “O que é a Dialética”, Leandro Konder, Coleção Primeiros Passos. Dialética é um instrumento de debate e construção de realidades, a partir da crítica de uma realidade ou argumento que se põe primariamente a você. Aprenda o básico (e nada além disso é necessário, lhe garanto), e use a dialética para definir questões, conceitos e aprender a debater.
14 – “Filosofia do Direito”, Miguel Reale. Este livro tem umas 700 páginas. Ignore tudo e leia somente a parte sobre “ontognoseologia”. Na edição em que li estava nas primeiras 40 páginas. Ontologia é o estudo sobre o objeto. Gnoseologia é o estudo sobre o sujeito. Ontognoseologia é o estudo do objeto enquanto ente cognoscível (passível de ser estudado e conhecido) e do sujeito enquanto ser cognoscente (pessoa que estuda o objeto). Como o sujeito que escreve ou fala sobre determinado assunto? Quem ele é? quais são suas condicionantes de raciocínio que limitam sua prespectiva sobre o tema do qual fala ou escreve (questiona-se o sujeito)? E sobre o que ele fala (questiona-se o objeto)? Há mais de um a^ngulo sobre aquilo que está sendo escrito? Posso ver de outra forma ou só existe essa forma de escrever ou falar sobre esse assunto? Dificilimamente há uma só forma de se ver, falar ou escrever sobre um assunto, portanto, não existe verdade real. É como um provérbio escrito num Dojô de Samurais no filme “Depois da Chuva” de Akiro Kurosawa, “Não há a verdade, só fatos”. Estude o objeto sobre o qual se fala ou escreve. Estude o sujeito que fala e escreve sobre algo, para ver se você tem informação de qualidade quando lê ou ouve. Isto você aprende aqui.
15 – “Uma História dos Povos de Língua Inglesa”, Churchil. Os ingleses, nessa narrativa didática de Sir Winston Churchil, têm história iniciada nos povos celtas, em Bretões, depois subjulgados por Romanos, posteriormente por tribos saxãs, seguido de domínio Dinamarquês, depois Normando etc.. sempre com miscigenação de povos e raças já mencionadas. É claro que o que direito qualquer pessoa com noções de história sabe, mas vou falar mesmo assim: Raça pura, senhores, não existe. Roma, em sua fundação, foi constituída com grande parte de escravos fugidos de outras cidades-estado à sua volta, ao Centro-Sul da península itálica. Depois foram agregados os sabinos (ver “O rapto das Sabinas”) e outros povos que primeiramente ocuparam o Palatino e depois outros montes de Roma. O ápice da sociedade romana é marcada pelo convívio de diversas etnias em sua capital, muitos dos quais obtinham cidadania romana com dinheiro e muitos após serem libertos da condição de escravo. Alemães, Franceses, Portugueses, nenhum europeu e nenhum povo foi imune às diversas movimentações de povos na história. Daí, se você tem alguma dúvida sobre capacidade de um indivíduo ou povo, com base em raça ou etnia (muitos têm, por mais incrível que pareça), liberte-se e exercite a realidade do mundo em que você vive, neste livro.
16 – “A Monarquia”, Tito Lívio. Não sei se você conseguirá o livro. Eu dei sorte. Tito Lívio escreveu 150 obras e somente dez chegaram inteiras a nós. Consegui a tradução de “A monarquia”. É só para você exercitar a mesma idéia de que raça pura é balela. Já falei sobre a formação de Roma no texto acima. Ver isso escrito é interessante. Como homens de várias “raças” para a época da fundação de Roma e muitos dos quais escravos fugitivos das cidades à volta, conseguiram produzir uma cidade tão fantástica desde o início? Tão fantástica que nos primeiros anos de vida atraiu cidadãos nobres (os sabinos) de uma cidade de alta reputação à época para comparecer aos dias festivos determinados por Rômulo? O homem é dotado de energia, saber e determinação, senhores. Todos os homes são iguais. É só dar condições para que eles cresçam e eles crescerão. Esta é uma grande lição tirada deste livro, fora, é claro, todo o resto de cultura e divertimento. Se tiver sorte, leia. É uma história de 500 anos (mais ou menos), durante a época dos reis.
17 – “A Arte de Escrever”, Schopenhauer, Editora L&PM. Na verdade é uma coletânea de cinco artigos escritos por Schopenhauer sobre como escrever, criticando as práticas de escritores e diaristas (os jornalistas – jornal, vem de journaux (jornada), que se origina de jour (dia em francês), portanto jornalista é aquele que escreve diariamente) de sua época. No decorrer de suas considerações nesses artigos, escolhidos pelo organizador, é possível identificar e acumular técnicas de escrita sugerida por Schopenhauer para melhor focar a informação a ser repassada ao leitor, com o objetivo de ser mais claro, mais facilmente identificável ao leitor, para atingir uma escrita mais honesta e eficiente. Uso, naturalmente, algo dali. Uma regra importantíssima foi a de que o título deve dizer ao leitor ao que se destina o texto. Isso parece óbvio, mas não é. Em textos complexos e longos, é difícil por vezes você saber qual informação focar para rotular o texto. Eu mesmo já tive de mudar o título de artigos e passei a observar maior acesso a um artigo ótimo, mas que por ter título ruim não estimulava a leitura. Talvez você também queira se utilizar de algumas técnicas de Schopenhauer, enquanto se diverte vendo-o criticar seus colegas de época de produzirem textos superficiais e de má qualidade com maior interesse na remuneração do que na produção de textos e na informação adequada,.. e então como eu, verá que que os tempos não mudaram tanto desde 1850, neste particular.
17 – Os outros. Os elencados acima fizeram muita diferença na forma de ver o mundo para o autor deste Blog, mas não posso deixar de mencionar outros importantíssimos que ficarão aqui arrolados para um acesso de curiosidade dos leitores do Blog sobre livros interessantíssimos. São eles “O Colapso” (teoria da causa do colapso de grandes impérios ou proto-impérios a partir do mal relacionamento destes com o meio-ambiente, esgotando recursos naturais disponíveis e deixando-os à mercê de outros povos ou de intempéries naturais) e “Armas, Germes e Aço” (teoria sobre o porquê de os Europeus colonizarem as Américas ao invés dos índiso americanos terem colonizado a Europa – demais) de Jared Diamond; “Os escravos nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX “(pode-se constatar a força e a rebeldia dos escravos, mudando a imagem de negros brasileiros vitimados e passivos, meramente, idéia que é explorada por grupos sociais defensores de teorias racistas e de vitimologia do negro brasileiro e que dão embasamento para grande parte de movimentos exagerados de exigência de cotas, fragmentando a sociedade brasileira, reproduzindo burramente um grande mal da sociedade americana fragmentada no Brasil automática e burramente); “Manifesto do Partido Comunista“, Marx e Engels, Edição da L&PM (vocÊ verá que o comunismo como imaginado por Marx neste manifesto era excelente e genial.., para a economia e a realidade do ano de 1880, mas como hoje todos são proprietários, a aplicação da mesma principiologia somente faz sentido nos mais rústicos países Africanos e Asiáticos; se tanto, já que os instrumentais de capitalismo moderno disponíveis hoje tornam essa opção pelo comunismo obsoleta); “John M. Keynes“, Edição L&PM, (apresentação rápida sobre a vida e obra do autor, com a explicação de principais teses, aí o mais interessante, pois te dá capacidade para análise de políticas econômicas; como por exemplo o fato de estar certo, por prisma eminentemente econômico, o aumento de valores de bolsa família e salário mínimo ao invés de incisiva redução de impostos e aumentos de remuneração de salários de servidores públicos com bons salários, a priori, como forma de melhorar a desigualdade social e dinamizar a economia com menos impacto inflacionário)e “Desutopias” de Gilberto Moorg (questionando e debatendo os “ismos” em sociedade).
18 – Como debates da atualidade, o “Brasil Pós-Crise” (viés de centro-direita), “Dicionário Lula” (neutro), “Privataria Tucana” (denúncia/investigativo), “OS ANOS LULA Contribuições para um balanço crítico 2003-2010” (viés de centro-esquerda), com o qual concordo plenamente) e “Segunda Chance do Brasil” (neutro), de Lincoln Gordon são interessantíssimos e acreescentadores, com toda certeza a quem os ler. Principalmente o de Lincoln Gordon que faz análises objetivas sobre nosso comércio, produção e capacidade energética.
19 – Gostaria de citar que as colunas de Antonio Machado e Allan Feuerwerker, do Jornal do Commercio, da Miriam Leitão e Flávia de Oliveira, no Jornal o Globo, os artigos do George Vidor e Paulo Nogueira Batista Junior, no Jornal O Globo, juntamente com artigos do Delfim Neto, publicados no Jornal do Commercio e no Jornal O Globo, como fontes excelentes de debates sobre política e economia atual.
20 – A Riqueza das Nações de Adam Smith – Uma biografia – Autor P.J. O’Rourke – Editora Zahar
21 – O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
22 – O Futuro Chegou – Modelos de vida par uma sociedade desorientada – Domenico De Masi
23 – O Mito do Estado – Ernst Cassirer
24 – O Estado Empreendedor – Mariana Mazzucato
Deixei de fora os livros de técnicas de evolução pessoal, vários muito interesantes, mas que não se aplicam ao rol em questão, nem os de administração financeira pessoal, que me são caros, mas que não se aplicam aqui, além dos sobre história antiga, interessantíssimos, mas isso é de gosto altamente pessoal também e não tem aplicação imetdiata para a formulação do Blog.
Cinematografia
No quesito cinematografia, a cada dia melhor no que concerne a produções que questionam a realidade social, citarei aqueles com enfoque informador de realidade social atual e com fins de gerar debate e alteração da realidade e não meramente induzir o leitor a uma viagem pessoal sobre si mesmo e o mundo. As obras que mencionarei têm em sua produção o objetivo concreto de mudar relações sociais hoje e debatem fatos concretos com honestidade, a meu ver. São eles:
1 – “$O$ $AÚDE $ICKO”, Michael Moore. Estonteante. Um soco na imagem mentirosa de mundo maravilhoso dos EUA. Dá pena dos americanos vendo este filme. Vejam um senhor e sua senhora de classe média virarem pobre e morarem de favor com os filhos, após ter de vender todos os bens e casa, por ter tido três ataques cardíacos e não ser coberto pelo plano de saúde e nem pelo sistema de saúde público americano, que não é gratuito. Veja uma pessoa co um corte gigante e profundo, de ponta-a-ponta, no joelho, no início do filme, se negar a ir ao hospital e se costurar com linha de costura em casa para “não ter mais dívidas”. Veja um americano escolher entre ficar com o dedo indicador ou o dedão da mão, por não ter mais de US$30 mil para pagar a cirurgia indicada pelo Hospital público que o atendeu!!!!! Isso, senhores, é o que te espera e a teus familiares, caso você não apóie o investimento na saúde pública.. e assim em outros serviços públicos, como educação e segurança. Mas nada mais aterrador do que a “liberdade de mercado” e a “diminnuição do Estado” pode fazer do que você assistirá nesse filme.
2 – “Tiros in Columbine”, Michael Moore. Veja o documentário sério sobre as causas de crianças americanas matarem colegas e professores e a base da teoria “sistema social winner/loser” estudado e apresentado pelo Blogger.
3 – ” Ao Sul da Fronteira”, Oliver Stone. Veja o falecido Presidente Kirchner declarando que Bush Filho sugeriu como melhor instrumento para levantar uma economia a guerra.
4 – “Código de Honra”, 2011, Adam Kassen/Mark Kassen. Veja como é importante existir o Estado para fiscalizar as empresas privadas e como a ausência do Estado e o apogeu e liberdade de mercado matam americanos e podem matar você e sua família no futuro. O filme não é sensacional. A história e sua importância política e informativa é. Ver esse tipo de filme como uma curiosidade, sem comparar com a tentativa cotidiana da mídia e das empresas em diminuir o Estado, em tentar implantar preceitos diários de liberdade econômica e liberdade total de mercado, com supressão de investimentos na área pública, inclusive no que se refere à máquina do Judiciário e na máquisa reguladora (agências reguladoras) e de fiscalização (cargos de fiscais e auditores do Estado), é perder uma oportunidade de ver o risco que se corre todo o dia ao não se alertar para o que o mundo no Brasil pode se tornar, caso você relaxe.
5 – “Utopia e Bárbarie”, Silvio Tendler. Interessantíssimo ver debates sobre evolução política recente brasileira e mundial, sob o prisma de jornalistas, políticos e estudiosos brasileiros.
6 – “A Era Vargas 1930-1945”, Jayme Monjardim. Limitado. Uma perspectiva, até porque não é possível em um filme ou uma série aboradar a profundidade deste tema, ainda mais sobre os 15 anos, mas interessante. É bom ter contato co propduções brasileiras sobre nossa história.
7 – “Green Zone”. Veja como os EUA se desculparam com a opinião pública mundial pelo erro de invadir o Iraque sob a falsa acusação de que este País produzia armas de destruição em massa nucelares ou químicas. Este filme é tipicamente de encomenda do governo norte-americano. Saiba que os EUA têm um gabinete da indústria do cinema no governo. Os EUA é o único país no mundo que tem autação de mobilização de massa nacional e interncaional constante através de produção cinematográfica. Há um livro no Brasil que já tratou do tema de aproximação dos EUA com o Brasil através de produções cinematográficas específicas. Veja http://www.revistacontemporaneos.com.br/n2/pdf/politicadeboavizinhanca.pdf
Veja também http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_da_Boa_Vizinhan%C3%A7a
Esse filme, “Green Zone” é exemplo da política de adminsitração de legitimidade internacional e da imagem de “good guy” americana para a comunidade internacional, após o “erro” querido de invadir o Iraque sob argumento falso. Este tema de filmes com este objetivo é amplo e dá margem a muita besteira, mas este é um caso clássico que considero real. Vejo elementos claros de justificação do Estado e da sociedade, personificados no excelente ator Matt Damon. Sim, a sociedade americana foi enganada pelo Governo Americano, assim como a sociedade internacional, mas isso não diminui o crime internacional de invasão contra determindações da ONU e, mais importante de tudo, evidencia o interesse e a forma de atuar, usando filmes para lavar a imagem do País de erros flagrados pela sociedade americana e internacional. O importante é constatar o movimento de atuação do governo norte-amercinao através de fabricação e encomenda de filmes. O mesmo ocorreu, por diferentes motivos, com o filme “O Patriota”, de Mel Gibson, para enaltecer internamente o patriotismo americano, sempre cuidado com carinho, mesmo que seja para manter a população soba a situação atual de terem sua política interna e internacional determinada por interesses quase exclusivamente de empresas, em especial, bancos, petróleo, armamento e aço. E o mesmo ocorreu com uma produção americana sobre a independência ou algo semelhante do Cazaquistão. Não acheiu o filme mais, mas eu o vi. Quem faz filme nos EUA sobre o Cazaquistão, sem ser documentário, com trama semelhante a do “Patriota”? Os EUA, para se aproximarem de país na região deflagrada entre o Afeganistão e o Mar Morto, para facilitar a presença americana e o escoamento de produçãod e petróleo por tal região como uma opção à restrição que pode sofrer no oriente Médio com a deflagração generalizada de problemas políticos e estratégicos. Lamneto, senhores, mas é isso. Não é viagem conspiratória. Eu procuro saber, eu pesquiso, eu vejo e compartilho. Só. Essas mobilizaçãoes merecem artigo próprio, mas nao sei se vale à pena. Prefiro deixar patente a partir de constatações pontuais.
Há mais, o filme “Gran Turino” é exemplo do sistema “winner/loser”, como paradigma sócio-cultural-comportamental norte-americano, quando Clint Eastwood ajuda um asiático completamente “loser”, ou seja, fora do sistema social de reconhecimento e identidade de sucesso americano a insertir-se nestes parâmetros e nessa sociedade até o ponto de merecer e ganhar um exemplo de troféu de “winner” norte-americano, um carrão Gran Turino (carrão não pra mim, claro). A intenção de Clint Eastwood é excelente: chamar a sociedade a ajudar na inserção social. O problema que vejo é que quer inserir pelo sistema “winner/loser” e não enaltecendo a qualidade do asiático como pessoa. Ele precisa se adaptar às exigÊncias de conduta agressiva social, impositiva, como forma de mostrar firmeza de caráter e coragem para obter respeito. Não se trata de uma sutil mudança interna, mas mais uma crassa mudança da imagem do asiático para a sociedade. Óbvio que isso significaria que ele mudou internamente e que agora é americano. Mas o filme reproduz um conceito psicossocial que prejudica a sociedade americana, mas que é muito enraizada em sua cultura.
Há outros filmes, mas este mencionados são os mais importantes que influenciaram e ajudaram o Blogger a formar convicções e a formar prespectivas que influenciam sua visão de mundo e ajudam cotidianamente na formulação dos artigos sobre política e sociedade.
Desculpem o tamanha do artigo. Foram 9 (nove) dias organizando as idéias, explorando a memória e escrevendo para vocês. Mas agora estou mais tranqüilo por ter terminado isto. Exponho-me para aqueles que se identificam com os temas que são abordados no Blog Perspectiva Crítica e o maior objetivo é cada vez mais aproximar o artigo pronto apresentado a vocês dos fundamentos que levaram à sua criação, para sua crítica, para debate, para a análise do raciocínio por trás dos artigos e para que você tenha acesso, já mastigado, à toda a coletânea de artigos, livros e filmes que fizeram diferença conceitual no desenvolvimento e formação da perspectiva do Blogger.
Abraços a todos.
Mário César Pacheco
p.s. de 24/02/2012: veja o estudo sobre o poder dos filmes de hollywood sobre a pedagogia do modelo de herói em http://www.curriculosemfronteiras.org/vol10iss1articles/fabris.pdf
p.s. de 28/02/2012: Uma reconferida no texto dos mongóis (item 9 da bibliografia) me demonstrou que incidi em um erro grave de informação que agora corrijo para você. Não foram os mongóis que empurraram os turcos contra Constantinopla em 1453. O texto é claro em mencionar que os ataques constantes dos mongóis aos turcos prejudicou a organização e reforço militar turco, possibilitando que a tomada de Constantinopla fosse atrasada por 50 anos. Assim, a situação ocorreu diferentemente do que mencionei, mas deixando clara a influência dos mongóis sobre o evento que marcaria o início da Idade Moderna, ou seja, a queda de Constantinopla. Por outro lado, verifiquei outros sites e a denominação de Horda de Ouro já foi usada para todo o império mongol e as cores azul, branca, amarela (para alguns esta é a única de Ouro) e outra cor de que não me lembro, marcavam subdivisões geográficas e políticas desses subreinos (o correto é falar subcanatos, pois o soberano mongol era o Khan). Essa denominação de cores, portanto, não facilita a exata compreensão, pois não vi um tratamento específico, por vezes uma cor sendo apresentada como subjulgando uma região e depois a mesma Horda aparecer em outro texto subjulgando outra região. Pode derivar de erro ou de desencontro de informações, sendo certo que falamos de um império fora dos moldes convencionais, de nômades, e mais propenso a fluidez de limites territoriais. O importante é apreender a importância que o Império Mongol (o primeiro originado em Gengis Khan e o Segundo, em Tamerlão) para nossa história mundial. Este fato é sonegado e isso demonstra que devemos desconfiar da história que nos é apresentada, seja histórica, seja jornalística, sempre.
p.s. de 18/04/2012: texto parcialmente revisto.
p.s. de 25/06/2012 – texto revisto e ampliado, em especial o item 7, sobre o livro “1412 – O ano em que a China descobriu o mundo”.
p.s. de 17/03/2015 – Adicionados os livros dos itens 20 a 24 da lista da bibliografia.