Início Colunas Análise Econômica Setembro de 2012: a evidência do real

Análise Econômica Setembro de 2012: a evidência do real

587
0

É importante notar um fato muito sério e feliz: não há mais gangorras de notícias econômicas a curto ou médio prazos. Não estou escrevendo tanto sobre economia no momento simplesmente pelo fato de que poucas coisas estão mudando ou sendo informadas de forma errada pela mídia.

Perceberam que as manchetes escandalosas sobre erros de condução econômica pelo governo pararam? Perceberam que ninguém mais se assusta caso o juro Selic baixe, como baixou recentemente para 7,5%? Cadê os escândalos sobre pressões inflacionárias em função de baixas da Selic? Onde estão os corvos do mercado financeiro que diziam que baixa de juros cobrados do consumidor pelos bancos públicos geraria problemas para estes bancos públicos e seria uma espécie de dirigismo econômico insustentável do governo?

- PUBLICIDADE -

Pois é.. calaram-se. Vimos desde o pico da grita histérica da mídia de mercado contra maior ênfase na adoção das medidas macroprudenciais (defendiam mais alta de juros selic), contra baixa da selic (defendiam sua alta cavalar sempre e baixas ridículas e imperceptíveis esporadicamente) e contra baixa de juros bancárias pelos bancos estatais desde julho de 2011 (defendiam a livre concorrência de mercado neste quesito, …como se existisse), as gralhas de mercado emudeceram. Tudo o que disseram que ocorreria, e que o Blog Perspectiva Crítica disse que não ocorreria, não ocorreu.

Depois tentaram colocar na conta do governo a queda de produção de empregos e da produção econômica a partir do segundo semestre de 2011, quando a culpa havia sido deles mesmos que não incentivaram queda da Selic antes, enquanto todo o mundo descia seus juros básicos; quando não incentivaram adoção de medidas macroprudenciais para controle de inflação de oferta, mas exigiram aumento de selic, que aumenta lucro de bancos e aumenta desnecessariamente para a hipótese da época a dívida pública. Então.. com desestímulo à produção e estímulo à importação (câmbio baixo por atração de dólares atrás de juros selic nas alturas) e ao investimento financeiro ao invés de produtivo, caiu a economia e a produção de emprego, e o mercado apontou o governo como culpado.

Bem, agora toda essa palhaçada acabou. O próprio Boletim Focus está apontando variações futuras mais responsáveis, apesar de ainda ter excelente tendência em superdimencsionar inflação futura de forma a pressionar alta de juros selic.

Mesmo assim, o próprio Boletim Focus confirmou previsão de aumento de PIB em 4% em 2013, quando o mercado estava rindo da previsão orçamentária de crescimento para o ano que vem de 4,5% que estava sendo defendida pelo governo. Então, mais uma vez, as análises econômicas apresentadas atualmente em sociedade estão mais sóbrias e, se isso se estabelecer, com o tempo teremos jornais normais, como os ingleses neste tema, ou seja, sem publicar notícias fantásticas, mas meras notícias subsequentes de acompanhamento do desenrolar dos números e tendências econômicas atuais e seus reflexos em nossas vidas.

Entrando na análise em si, ressaltando o que se apresenta de importante no tema econômico, vejo com bom grado o fechamento do ciclo de negociações com servidores de reposições inflacionárias. Além de garantir direitos remuneratórios, estimular carreiras públicas, estes reajustes significam aumento de investimento em prestação de serviço público à população, o que melhora suas vidas, e garantia de reforço de circulação de capital em nossa economia, em momento em que a economia interna é importante para a manutenção da estabilidade econômica do país, já que pouco podemos esperar da economia internacional.

Por outro lado, as medidas de alívio tributário para empresas é muito interessante, como a queda de preço de energia elétrica e isenções de IPI, Cofins e outros tributos, pois isso facilita a produção e diminui custo Brasil, incentivando a produção econômica, o investimento e a produção de empregos.

É por causa dessas medidas e do investimento no PAC e construção de moradias populares, aumento de crédito para compra de bens de consumo durável e imóveis, bem como previsão de investimentos em infra-estrutura (PAC, hidrelétricas, concessões de aeroportos, portos, rodovias, obras para realização da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016) que há previsão de crescimento entre 4 e 4,5% do PIB ano que vem.

Mas há falta de concretização de investimentos prometidos na saúde e educação… e nem vou falar na cultura. A falta de concretização de investimentos na saúde e educação empobrece brasileiros obrigados a pagar muito caro por escolas a seus filhos e planos de saúde a seus filhos e pais. Retira, ainda, importante elemento de concorrência com a área privada, prejudicando regras de mercado em desfavor a todos os consumidores do país, além de não realizar finalidade específica do Estado insculpido na Constituição da República que é garantir acesso à educação e atendimento médico e hospitalar em todo o país para todos os cidadãos brasileiros.

A previsão de contratação de 60 mil servidores públicos para o ano que vem é pífia, ante 11 mil vagas não preenchidas em 2011 e ante à necessidade de mais de 1.000.000 (um milhão) de servidores públicos em todo o país, em todos os setores da Adminstração Pública para garantir estrutura proporcional à população brasileira que existe ao menos nos EUA e Alemanha… não vou nem comentar França, Suécia e Dinamarca.

O maior projeto de governo de enriquecimento do cidadão passa por investimento maciço em educação, saúde e previdência. Somente investimento maciço nestas três áreas, com adoção de métodos eficientes de gestão pública de materiais e recursos humanos é que se realizará a verdadeira revolução na “guerra pelo pib” a favor da pessoa física.

A assistência social é importante (Bolsa familia etc.), mas o investimento em educação, saúde e previdência é definitivo em enriquecer a população criando concorrência nessas áreas com a iniciativa privada pela fidelização dos brasileiros a seus serviços.

Preocupa-me a estruturação de meios jurídicos e institucionais para o avanço das Organizações Sociais, ONGs e Cooperativas prestadoras de serviços de segurança pública, educação pública e saúde pública. Isso não cria estabilidade de relações de prestação de serviço público à população e não garnte circulação de valores estáveis em economia da mesma forma que ocorre quando há incremento da máquina pública para o mesmo fim.

A substituição de servidores públicos por terceirizados privados também não cria concorrência no mercado pela mão-de-obra brasileira, impedindo um canal de pressão pelo aumento da renda do brasileiro, pois a terceirização de prestação de serviço público precariza a natureza do emprego ofertado em sociedade e, naturalmente, a qualidade de prestação de serviços prestados, além de diminuir pressão de alta em salários em nossa sociedade, o que muitas vezes afeta mais os trabalhadores de nível educacional mais alto, sem deixar de prejudicar os de nível educacional mais baixo também.

A economia não prescinde da presença do público, como a mídia de mercado tenta fazer ver. A existência de presença marcante, sem excessos, da máquina pública em segurança, fiscalização, previdência, saúde e educação é fator de estabilidade econômica e foi o que salvou a economia alemã e francesa do caos em que os outros países com menos servidores públicos terminaram por sofrer com a crise da economia privada.

Portanto, neste momento em que poucas coisas pontuais de peso se apresentam para serem comentadas, cada vez mais será importante ver a adoção de medidas econômicas imediatas e contrastá-las com medidas políticas e administrativas governamentais que assegurem o médio e longo prazos de nossa economia.

Um debate mais calmo e aprofundado sobre as vantagens a serem exploradas de um investimento sério no setor público acabará (ou deveria acabar) por tomar assento em debates econômicos com enfoque em desenvolver e ampliar a economia privada. Quem sabe não acabarão discutindo minha monografia de pós-graduação “Os limites possíveis aos atos privados”? rsrsrs

Até a próxima.

p.s.: quanto ao setor de imóveis. A tendência continua de baixa e correção. A dívida das famílias continua e continuará alta por cinco anos. Os capazes de se endividar para comprar imóveis entre 500 mil e um milhão já estão endividados por 20 anos. Então imóveis residenciais tendem a decrescer e acertar preço aos baixos níveis de valores disponíveis. Por isso as empresas construtoras focarão em construção de flats, lofts, para venda a interessados em alugar para executivos. E ainda construção de imóveis comerciais. Isso arrefecerá o impulso de baixa de valores de imóveis residenciais no Brasil, mas não impedirá a manutenção de movimento de baixam, ainda que lenta, por ao menos até junhode 2013. Só observando para ver a intensidade, mas afigura-se intensidade baixa de queda que será constante.  Para interessados em adquirir imóveis (como eu), juntem valores. A moeda brasileira tem força e apresenta-se hoje como opção de poupança forte (reserva de valor) no futuro próximo.

p.s. de 13/09/2012 – texto revisto e ampliado.

- PUBLICIDADE -

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui