Finalmente houve o fim da Licitação de novos Caças da Força Aérea Brasileira. Mas parece que o grande motivo não foi somente a vontade do governo brasileiro, mas a proposta financeira da Saab: financiamento integral da compra pelos suecos e início de pagamento somente após o recebimento do último dos 36 caças Gripen NG, os quais começarão a ser entregues em 2018 e terminariam em 2023. Com transferência total de tecnologia. Difícil de recusar.
Não era o melhor. O melhor, sem sombra de dúvida era o Rafale. Mas este era mais caro e o orçamento brasileiro pressionado não permitiu a escolha do melhor. Melhor, devemos dizer por poder carregar mais armamentos, ter autonomia maior até do que o F-18 Hornet americano e poder atacar oito alvos ao mesmo tempo… isso.. oito alvos ao mesmo tempo. Um ataque de Rafale equivale no mínimo ao dobro numérico de ataque de qualquer outra esquadrilha, pois os aviões de caça atuais atacam em torno de quatro alvos ao mesmo tempo. E o Rafale já foi testado em combate e o Gripen NG, não.
O Rafale é produto da Dassault que tem participação acionária na Embraer e não teria problema na transferência de 100% da tecnologia, além de que, segundo publicação do jornal o Globo de 19/12/2013, na pg. 03, de Brasília o Rafale cobre e protege o Brasil de Norte a Sul, incluindo Manaus, Belém, Fortaleza, Natal e Rio Grande do Sul, enquanto o Gripen NG é o de menor cobertura, cobrindo do mesmo ponto de partida somente Salvador, RJ, SP, Curitiba, e Centro-Oeste, não cobrindo grande parte do Norte e nem o Rio Grande do Sul. Isso exigirá que haja uma distribuição maior de aviões Gripen pelo território e uma desconcentração da Força, o que também tem custos. Mas.. enfim.
A última desvantagem do Gripen NG é que seus motores são americanos e isso significa que podemos ter problemas na venda de aviões Gripen assim como em sua manutenção em caso de confronto com os EUA (a única hipótese de conflito atual.. eu disse hipótese). Jà tivemos problemas em vender super tucanos para a Venezuela porque uma peça era americana e os EUA disseram que parariam de fornecê-la se a venda ocorresse para a Venezuela…. Então é de se esperar algo semelhante caso não substituamos os motores do Gripen NG. Isso não ocorreria se a escolha fosse do Rafale.
No conjunto total da obra, e tratando das vantagens da escolha, primeiramente é importante dizer que houve a escolha. Submarinos, nucleares ou não (nuclear é muito melhor), e mísseis (de preferência de médio e longo alcance) são mais importantes para uma estratégia de defesa territorial do Brasil do que os aviões de caça, mas um bom caça supersônico é elemento importantíssimo de defesa e integrante muito importante na estratégia de defesa de qualquer País, ainda mais um rico como o nosso.
O Gripen NG é leve, consome menos, pressiona menos o orçamento, é menor. Assim, além de mais barato para se manter um maior número ativo ao mesmo tempo, cabe um número maior eventualmente em Porta-Aviões e são mais facilmente alocáveis em vários aeroportos espalhados pelo Brasil.
O Gripen NG também não está terminado e o Brasil poderá participar da finalização do projeto, o que o torna mais plástico para nossas necessidades consideradas em relação a nosso orçamento. Também sendo mais barato terá um apelo bom pra vendas internacionais, principalmente para os países emergentes que têm orçamento menor e menos disponíveis para gastos com armamentos.
Agora, já viram o que ocorreu com o Rafale, né? Sem um bom programa de financiamento da compra de caças, não se vende avião. O F-16 (nem estou falando do F-18 Hornet que era oferecido ao Brasil) parece ter sido o mais vendido em todo o mundo historicamente. Por quê? Era o melhor? Não. O Mig-29 é do mesmo nível e o Sukhoi russo muito melhor, assim como o Rafale, mas o americano sempre teve o melhor programa de financiamento. Então, senhores, quando quisermos vender, temos de competir com um absurdo programa de financiamento.
Enfim, temos um caça supersônico.. pouco testado (suas versões anteriores foram bem testadas – as versões C/D) e temos algo concreto com o que desenvolver um efetivo projeto de defesa aérea, com aquisição de tecnologia, com produção/manutenção no Brasil, mesmo que inicialmente sendo parcial. E temos garantia de aviões Gripen C/D cedidos antes da entrega do NG e tudo isso ao menor preço possível (US$4,5 bilhões ao invés de US$7 bilhões originalmente programados), financiado integralmente pelos suecos e a ser pago inicialmente somente após a entrega do último caça Gripen NG… bem… o negócio não foi ruim.. não foi ruim mesmo.
Parabéns à SAAB, pela agressividade na venda. Parabéns à Força Aérea Nacional e ao Governo, por terem conseguido obter um vetor aéreo de defesa respeitável. Nós não precisamos ser os melhores e nem os mais fortes, mas conseguir apresentar poder dissuasório que desestimule investidas contra nossa soberania… considerando-se nossos limites orçamentários atuais.
E que venham as (máquinas) suecas!! .. Quer dizer, os aviões suecos!!!.. rsrsrsrs