Senhoras e senhores, amigos e leitores, fiquei muito feliz com o resultado dessas eleições.. não pela eleição da Dilma, exclusivamente, mas pela terceira demonstração do povo brasileiro de que apenas (e a palavra correta não seria apenas..) a maciça informação (na verdade desinformação) da grande mídia não é mais capaz de eleger um Presidente do Brasil.
Já foi assim um dia, como na eleição de 1989, em que um candidato totalmente desconhecido do Brasil, Fernando Collor de Mello, foi escolhido pela grande mídia (na verdade isso foi ótimo àquela época) e através de edições de programas de debates e da criação de um personagem (o caçador de marajás), elegeram Collor em detrimento de Lula, que à época ainda tinha uma aparência tosca, português muito ruim e idéias radicais para a sociedade brasileira.
Mas não mais. Quando não mais precisamos, graças a Deus. Estamos livres, ao meu ver, desta que se apresenta como a antiga Igreja Medieval, que tudo podia falar que era imediatamente recebido como certo e inquestionável… os donos da verdade e a quem se deve seguir de olhos cerrados.
A eleição de Dilma Roussef à Presidência da República em 2010 fecha, ao meu ver, a trilogia da independÊncia brasileira da grande mídia. O primeiro momento em que a grande mídia (grande mídia é diferente da mídia, pessoal, que é muito maior, corresponde a um sem número de mídias e mais honesta com o leitor) foi derrotada, todos lembram, foi em 2002 com a eleição de Lula à Presidência.
Naquela época, a grande mídia, Globo à frente, apoiava a todo custo a eleição de Serra para continuar o governo de FHC. As bancas internacionais apoiavam a continuidade do governo (crise financeira, estancaram valores para o Brasil, queda das bolsas, aumento astronômico do Risco-Brasil que chegou a 2.400 pontos ou 24 pontos percentuais acima do juros americano), atores globais (Regina Duarte à frente, como todos lembram e para a minha tristeza pessoal de ex-admirador da atriz), e a evidente chantagem ao povo brasileiro: ou Serra ou o fim do Brasil. Bem, como brasileiro não aceita chantagem, e às vista de um governo anterior ridículo (segundo mandato de FHC), além de propostas ótimas e mais amenas aos valores sociais brasileiros, elegemos Lula. Foi um momento de real independência da vontade do cidadão brasileiro (dentre ricos, integrantes da classe média e pobres, frise-se). Tudo e todos, muito dinheiro em propaganda contra, a grande mídia contra, mas Lula foi eleito.
O segundo momento de prova da independência do povo brasileiro em relação à vontade e aos interesses da grande mídia foi no plebiscito sobre o comércio e produção nacional de armas. A Globo contra, atores globais em propaganda contra a produção nacional de armas (“a favor da paz”, como se a inexistência de armas produzidas autonomamente no Brasil levasse à paz…), propaganda maciça contra.. e o povo brasileiro manteve a produção autônoma brasileira de armas. Neste como no outro, as lógicas apresentadas ao povo são sofismas (“diga sim à paz”), que encobrem o tratamento adulto do tema, como o fato de que sem a produção de armas no Brasil, as forças de segurança nacional (Forças Armadas e toda a força policial) teriam de importar suas armas, o que seria um ato atentatório à nossa capacidade de defesa interna e externa. Mas o povo não se enganou.
E agora… depois de uma campanha difamatória sem precedentes contra a candidatura petista e contra a Dilma, depois de tanto empenho da Rede Globo e da grande mídia em não comparar os candidatos (a Isto É somente na edição de 3/11/2010 tece ampla comparação e analisa propostas inviáveis de Serra), o empenho da grande mídia em distorcer fatos (transformando indícios – Erenice – em fatos), explorar fatos (aborto, sem dizer que o Serra é a favor também) e inventar fatos (bolinha de papel ficou visível, mas a bobina de fita durex ninguém viu e não houve qualquer ferimento em Serra e houve grande estardalhaço da grande mídia), mesmo depois disso tudo, inclusive com a divulgação de uma pseudo-tendência ao autoritarismo (vejam só..), o povo brasileiro votou soberanamente e elegeu Dilma. Alguns eleitores de Serra ainda me diziam: “mas e se os EUA não deixarem a Dilma entrar na ONU pelo passado de guerrilheira?”. Ora, a única resposta cabível foi a que o povo brasileiro deu nas urnas: o problema é deles, não condiciono meu voto a quem os EUA acham que pode ou não entrar em seu País. Eles que desrespeitem a soberania do nosso voto. Não somos nós que temos de nos adaptar às leis e vontades do exterior.
Fico feliz e parabenizo a todos os brasileiros, inclusive aos eleitores de Serra (que criaram o contraponto crítico ao governo), por termos chegado neste estágio de nossa democracia: a independência da grande mídia. Senhores, não se enganem, o dia em que a mídia não se restringir a informar, mas estiver ditando as verdades da sociedade, teremos perdido nossa liberdade porque não será o conjunto da sociedade que ditará os rumos do País, mas uma meia dúzia de empresas de mídia aliados a seus maiores clientes, naturalmente empresas privadas. Todos devem participar da sociedade ativamente, todos devem contribuir para formar as convicções sociais em prol do bem de todos os brasileiros e foi isso que o povo provou definitivamente que deve ser e que será.
Parabéns Brasil!