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Histórico: André Lara Rezende critica a política brasileira de juros altos

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Até hoje, o termo “Histórico”, há sete anos e depois de dentre 900 artigos, só foi usado três vezes.

Senhores e senhoras, tenho o imenso prazer de compartilhar esta informação que é histórica e se for repassada, se gerar discussão profunda em sociedade, se não for apagada pela grande mídia e pela sociedade, tem o condão de, sozinha (ou quase), nos transformar em um país verdadeiramente rico, com capacidade de custear toda a assistência social, previdenciária e de saúde que o país precisa e merece!!! Estou falando do artigo em que um dos pais do Plano Real rompe a barreira informativa que existe sobre o tema “JUROS, INFLAÇÃO, EMPREGO e DESENVOLVIMENTO” e critica a atual política de JUROS ALTOS no Brasil, o que fazemos desde a criação do Blog Perspectiva Crítica!!!

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Assista a entrevista que André Lara Rezende presta à Miriam Leitão sobre o tema e o lançamento de seu novo livro que sustenta esta nova perspectiva sobre a relação entre juros e controle inflacionário e sobre a política monetária ortodoxa m intitulado “Juros, Moeda e Ortodoxia”, em junho de 2017, no endereço eletrônico http://g1.globo.com/globo-news/literatura/videos/t/outros-programas/v/miriam-leitao-um-dos-pais-do-plano-real-andre-lara-lanca-livro/5960024/.

Observe, ainda, o artigo publicado em janeiro de 2017 no Jornal Econômico “Valor Econômico”, intitulado “Juros e Conservadorismo Intelectual”, acessível em http://www.valor.com.br/cultura/4834784/juros-e-conservadorismo-intelectual. Veja o trecho que selecionamos:

Desde a estabilização da inflação crônica, com o Real – e já se vão mais de 20 anos -, a taxa básica de juros no Brasil causa perplexidade entre os analistas. Por que tão alta? Inúmeras explicações foram ensaiadas, como distorções, psicológicas e institucionais, associadas ao longo período de inflação crônica com indexação; baixa poupança e alta propensão ao consumo, tanto pública como priovada; ineficácia da política monetária, entre outras. Embora todas façam sentido e possam, no seu coinjunto, ajudar a entender pór que os juros são tão altos, nenhuma delas foi capaz de dar uma resposta convincente e definitiva para a questão.

As altíssimas taxas brasileiras ficaram ainda mais difíceis de serem explicadas diante da profunda recessão dos últimos dois anos. Como é possível que depois de dois anos seguidos de queda do PIB, de aumento do desemprego, que já passa de 12% da força de trabalho, a taxa de juro no Brasil continue tão alta, enquanto no mundo desenvolvido os juros excepcionalmente baixos? Há quase uma década, nos Estados Unidos e na Europa, e há três décadas no Japão, os estão muito próximos de zero, ou até mesmo negativos, mas no Brasil a taxa nominal é de dois dígitos e taxa real continua acima de 7% ao ano.”

Vejam, senhores, o que nós publicamos há sete anos?!?! Exatamente isso. Os juros altos no Brasil são um roubo do orçamento público há anos, mas principalmente nesses últimos quinze anos e pior ainda nos últimos dois anos e meios, desde 2014, com juros elevados a 14,5%!

Veja outro trecho em outro artigo, escrito por Ana Paula Costa e publicado na Revista “Época”, em fevereiro de 2017, sobre esta postura recente adotada pelo André Lara Rezende que, a nosso ver, redime sua biografia como cidadão brasileiro e economista ao adotar tal postura. 

ÉPOCA – O senhor levantou, recentemente, o debate sobre a eficácia dos juros altos contra a inflação. Foi alvo de críticas. Sentiu-se mal compreendido pelos colegas?
André Lara Resende –
De forma alguma. Acho que o debate tem sido interessante e muito útil. As razões da baixa eficácia dos juros altos no Brasil vêm sendo discutidas há tempos entre os economistas. Em paralelo, a partir da experiência heterodoxa dos bancos centrais depois da crise financeira de 2008, está em curso nos países desenvolvidos uma revisão conceitual dos fundamentos da política monetária [o esforço de um governo para lidar com a inflação, tendo como principal instrumento os juros]. O arcabouço teórico da macroeconomia contemporânea ficou anacrônico e precisa de revisão profunda. Acho que a maioria dos economistas brasileiros, compreensivelmente imersos no turbilhão da crise do país, não acompanha com atenção esse debate. Nos Estados Unidos, onde os ânimos andam ainda mais tensos, a política monetária não está entre os temas mais candentes.”


Acesse na íntegra o artigo em http://epoca.globo.com/economia/noticia/2017/02/andre-lara-resende-sem-credibilidade-fiscal-outras-politicas-sao-impotentes.html

Veja outro trecho nesta mesma publicação na Revista “Época”, na mesma edição:

ÉPOCA – Sua tese foi classificada como heterodoxa por alguns críticos. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, referiu-se a ela como “atalho”. Aplicar a tese numa economia de histórico inflacionário, como o Brasil, não é arriscado?
Lara Resende –
O ponto mais controverso que expus é a hipótese de a taxa de juros, se mantida por muito tempo num determinado nível, levar as expectativas e a própria inflação a convergir para ela. O resultado surpreende porque reverte a tradicional relação entre a taxa de juros e a  inflação. Embora aparentemente heterodoxa, é resultado lógico dos modelos macroeconômicos contemporâneos de referência. A hipótese não pode ser entendida como um atalho para baixar a inflação. Ao contrário: o ponto central do novo arcabouço macroeconômico é a chamada Teoria Fiscal do Nível de Preços, segundo a qual a verdadeira âncora da inflação é o equilíbrio fiscal [o equilíbrio das contas públicas]. Sem ele, a política monetária é pouco eficiente e pode até mesmo ser contraproducente. Por isso, as políticas monetária e fiscal devem ser coordenadas.”


Finalmente alguém do centro da discussão econômica, alguém que ajuda na formulação de políticas econômicas, respeitado no meio acadêmico ortodoxo, conseguiu ver e dizer o que dizemos há sete anos!!!!

Baixar inflação aumentando os juros na estratosfera, até meu sobrinho de 13 anos pode fazer. Até minha filha de dois meses. Isso não é ser responsável. A responsabilidade na política monetária consiste em controlar inflação impactando o mínimo possível no crescimento econômico e prejudicando ao mínimo a geração de emprego. Isso é que é o Santo Graal da economia.

O que sempre dissemos, que a política de juros altos perene é ineficiente e prejudica a política fiscal (gera dívida que atualmente monta 550 bilhões de reais ao ano) tanto quanto a economia (retira valores de investimentos produtivos para ficarem estagnados em aplicações no mercado financeiro),  finalmente é compreendido nestes termos e dito por ninguém menos que André Lara Rezende.

E ele indaga: “se há desemprego, se a inflação cai a olhos vistos desde 2016, como é que os juros ficam altos?!?!” (citação livre). É lógico que se isso perdura, além de acabar com a economia e empregos, acabará gerando inflação!!! Por quê? Porque ao destruir o parque produtivo por falta de investimento, em algum momento faltará produtos a serem ofertados ao mercado que não compra por estar desempregado em massa, também como consequência do uso excessivo de política de juros altos, e então, com pouca produção a oferta diminui e o preço dos produtos aumentam, gerando inflação e produzindo efeito contrário ao pretendido quando da implantação da política de juros altos.

E a política  ortodoxa tem que ter algum equívoco, menciona o próprio André Lara Rezende, porque mesmo com baixos juros na Europa, Japão e EUA, a economia não é retomada na mesma proporção da baixa dos juros!!! Lindo!!! Isso mesmo!!! Concordamos.

O que não está se levando em consideração é o poder dos bancos e do mercado financeiro sobre a disponibilidade de crédito ao mercado. Isso tem um mecanismo psicológico e algoritimado que gera um anteparo à disponibilidade automática de recursos à simples evolução das taxas de juros dos bancos centrais. Isso ainda não é entendido perfeitamente e nem é entendido e estudado ou publicado abertamente.

A pressão política que bancos e instituições financeiras e conglomerados internacionais fazem sobre a política e a política monetária, para que obtenham um superdimensionamento dos valores em mercado financeiro (via aumento de juros, exclusivismo de controle inflacionário via juros com exclusão de controles macroeconômicos, diminuição de impostos, direitos trabalhistas e previdenciários, diminuição de depósito compulsório e liberdade absoluta de circulação de fluxos financeiros nacionais e internacionais, dentre outros), é gigantesca e com consequências de diminuir o efeito de controle macroeconômico dos bancos centrais através de intervenção via quase exclusiva (como ocorre no Brasil) de juros altos.

Esse cartel semi-amorfo que é o mercado financeiro não necessariamente disponibiliza os valores públicos direcionados ao mercado financeiro pelo Orçamentos Públicos e também não o fazem facilmente com a parcela privada de poupança que têm disponível. O dinheiro que chega a eles não necessariamente chega à economia real. E por isso, na China, por exemplo, a inflação é cuidada à base de altos depósitos compulsórios e baixos juros da dívida pública. Com o dinheiro do mercado à base de 22% no Banco Central Chinês (esse é o depósito compulsório chinês; no Brasil, é 5,5%), a China libera 2 a 5 % deste compulsório se os bancos o utilizarem em determinados investimentos definidos pelo governo. Assim, investimentos que, no Brasil, são bancados pelo BNDES quase que exclusivamente e pelo Governo, são bancados, na China, com o dinheiro poupado por toda a sociedade nos bancos. Hidrelétricas e linhas de trens são construídas assim naquele país.

Esse fenômeno de não circulação na economia real do dinheiro disponibilizado pelos governos aos bancos foi percebido no início da crise financeira de 2008. Os estados europeus e americano liberavam trilhões ao mercado para os bancos não falirem e para que houvesse giro através de empréstimo a cidadãos, mas os bancos não emprestavam o dinheiro de jeito nenhum, agudizando a crise, mesmo com o aumento nababesco de valores injetados na economia à custa de mais do que a duplicação da relação dívida/pib da Europa e dos EUA!!

Mas com alguém do centro do ortodoxismo falando e pensando sobre isso, agora nossas esperanças de quebrarmos o ciclo vicioso e criminoso da política infinita de juros altos parece ter um lampejo de esperança.

Espalhem esta fagulha, para que vire um incêncio na mente dos brasileiros!! Os juros altos, como solução a todo problema real e imaginário (chegamos neste ponto também.. aumentavam-se juros ou os mantinham altos por se temer que TALVEZ determinada coisa pressionasse a inflação no futuro incerto!! Ridículo!) destrói a economia e empregos. Esta é a fase em que vivemos agora.

Se os juros fossem normais, como já dissemos, não haveria déficit fiscal hoje mesmo!!!!

Parabenizamos André Lara Rezende que se coloca agora do lado racional da Academia de Economia. O outro lado, da ortodoxia ascéptica, criou um monstro que somente enriquece bancos, não cria empregos e não propicia o crescimento econômico em dimensões esperáveis a partir do nível de acumulação de valores atuais e da disponibilidade de valores no mercado financeiro, seja pela sociedade, seja pelo governo.

P.s.: Texto atualizado e ampliado.

P.s. de 21/07/2017: Texto revisado e ampliado.
 

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