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Análise e comentários à vitória de Trump: O que a grande mídia não te conta?

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Ler os artigos e debates em jornais televisivos sobre a vitória de Trump somente resulta em um sentimento: ficar atônito e perplexo. É passado como se não houvesse lógica no resultado. Não há comentários sobre como isso foi possível. Se Trump não teve apoio de minorias (hispânicos, negros, homossexuais) e nem de maiorias socialmente consideradas (artistas, mulheres, economistas, mercado financeiro), como pode ter ganhado a eleição para Presidente dos EUA de Hillary?!?!?!?!

Nós estávamos na mesma situação de perplexidade, até conversarmos com alguns amigos, em especial Bruno Potiguar, e observar em grupos de whatsapp, o debate sob a perspectiva de quem lê os jornais de lá e de quem já viveu lá. Mas tratam-se de pessoas que se formaram nos EUA, têm ou tiveram empresas… um debate de pessoas que são do nível sócio-econômico-cultural das pessoas que lêem os jornais de grande mídia aqui (Globo, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo) e que podem falar com propriedade do tema, assim como entendem, por serem brasileiros, a perspectiva da política brasileira. Vamos apresentar para vocês então as razões da eleição de Trump e tecer uns comentários sobre suas consequências.

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Primeiramente, se a contagem dos votos dos cidadãos americanos derem Hillary, como dará, por que Trump continuará Presidente? Quem elege o Presidente é o grupo de delegados de cada Estado americano. Esse colegiado já se pronunciou em favor de Trump. E este é o fim da eleição efetiva do Presidente.

O que não te explicam direito é que a eleição norteamericana tem formato diferente da brasileira e Trump soube explorar muito bem o formato da eleição norteamericana. Veja bem, quem elege o Presidente são os delegados dos Estados. Então cada Estado americano tem que votar no partido de Hillary, Trump ou outro independente. Eleito aquele partido naquele Estado, os delegados daquele Estado serão os indicados pelo partido vitorioso, para efetuar a eleição indireta para o Presidente dos EUA. Naturalmente, se o partido vitorioso no Estado for de Trump, os delegados votarão em Trump. Os Estados de cuja eleição o Partido Democrata saiu vitorioso, terão delegados do partido de Hillary e votarão nela para Preseidente dos EUA.

Então veja, cada delegado para a eleição indireta a Presidente dos EUA tem um voto e os votos têm pesos iguais entre os delegados de qualquer Estado. Entretanto, Estados mais populosos têm direito a mais delegados, logo garantem mais votos ao candidato do partido vitorioso naquele Estado. Por isso os Estados populosos são importantes, porque garantem mais delegados. Flórida, Califórnia, Nova York são muito importantes. São populosos, mas são três Estados em 51 Estados americanos.

Trump já sabia que nesses grandes centros ele perderia. Trump sabia também que latinos e negros não seriam seus principais eleitores, apesar de serem já entre a metade e mais da metade de eleitores. Há negros e latinos republicanos, claro, mas não são a maioria. Mas Trump viu algo interessante: latinos e negros estão concentrados nos grandes centros onde há mais empregos. Então ele deveria angariar a simpatia do americano branco, de educação inferior, mais comum em todo o interior do país, os red necks (brancos que estão na roça ou no interior que, trabalhando sob o sol, ficam com os pescoços/nuca vermelhos).

O americano com essas características está frustrado por perder emprego para negros e latinos. Também não consegue entrar na economia moderna de informática, games e na indústria virtual, todas exigentes de mais educação para isso. Esse americano está frustrado em ter de competir com suas mulheres por trabalho e preferiam quando elas eram mais subservientes. Esse branco menos educado vivia muito de empregos de indústrias convencionais que, com a globalização, acabou perdendo para latinos, imigrantes, mulheres, negros e estrangeiros, quando a indústria nõa tenha fechado. A indústria japonesa e depois a chinesa lhes rouba empregos e acaba com a indústria nacional americana, como a entendem. E esse eleitor, não só branco, mas de baixa educação, com esses valores, fechado em seu mundo no vasto interior dos EUA, está e é maioria no interior de todo o país. Também está nas fronteiras, vendo o aumento da criminilidade com os imigrantes mexicanos que chegam ilegalmente todos os dias. Trump falou para eles.

Os sindicatos de todo o país apoiaram Trump, porque ele se disse a favor de “fechar fronteiras”, a favor de “proteger a economia e indústria norteamericana”. Trump disse que o americano não manda mais no país e não manda mais em sua vida. E que as coisas mudaram muito e para pior. E que latinos, negros, mulheres e imigrantes roubam empregos dos americanos. Isso é música aos ouvidos do cidadão que é maioria no interior americano. Ele foi falar ao coração desse abandonado e frustrado americano que perde diante das mudanças do mundo.

Mas não só isso. Hillary ganhou as prévias do partido democrata, mas os que votaram em seu concorrente, Bernie Sanders, viam Hillary como uma má política, uma representante do mercado financeiro e da indústria de armas (bélica), o que ela de fato é, e queriam algo que não mantivesse o poder atual dessas duas indústrias: mercado financeiro e indústria de armas. Sanders seria o melhor no entedimento desse grupo, pois não tinha esse vínculo. Mas com a vitória da Hillary, alguns se sentiram desobrigados a votar no candidato democrata e preferiram Trump, não ligado a nenhuma dessas indústrias, a Hillary. É o voto chamado anti-Hillary. Foi um voto útil de democratas em Trump.

Então, por esta coincidência de fatores, Trump acabou eleito, pois o Partido Republicano foi escolhido em vários Estados do interior, da fronteira e ainda alguns de reduto democrata ou que trocam de partido, os “swing estates”. Não conseguiu a maioria dos votos dos cidadãos mas conseguiu a maioria dos delegados e assim foi eleito.

Agora, você sai da condição de atônito e passa a entender a eleição americana. A grande mídia não sabe disso?! Claro que sabe. Sabe muito melhor do que eu e o grupo de whatsapp, mas não pode falar em televisão aberta ou fechada que Hillary representa indústria de armas (bélica) e o mercado financeiro.. este último então.. não se pode tocar nesse nome, porque o cidadão não deve nem saber que este ente existe e atua em sociedade. Então, diante dessa omissão informativa, fica difícil para entrarem no debate honesto sobre o que ocorreu nos EUA. Foi um voto anti-globalização e anti-subserviência de Hillary a interesses tradicionais e hegemônicos nos EUA: Oriente médio (foi descoberta a doação de milhões de dólares do Quatar somente para a Hillary), indústria de armas e mercado financeiro.

Você também não sabe, mas lá, o americano médio paga 40% de imposto e carga tributária, mas ricos e mercado financeiro e grandes indústrias pagam 17% em média. Lá a concentração de renda também sobe e o americano perdeu qualidade de vida em relação a seus pais. Mas isso não é contado para você. Afinal, a globalização deve ser livre e desprovida de freios… rsrsrs. E o mercado financeiro lucra com tudo isso. Então, senhores, a grande mídia, cooptada intelectualmente e não só, pelo mercado financeiro, não pode publicar para você.

Não à toa, o Putin declarou apoio imediato a Trump. Por que? Trump não é Republicano xiita?! Rsrsrsrs. Ele não está com a indústria de armas. Defendeu armas livres para cidadãos americanos porque isso o americano do interior apóia, mas a indústria bélica está com Hillary. Isso facilita a aproximação de Putin a Trump, porque gaviões republicanos e Hillary querem guerra, porque isso aumenta lucro dessa indústria e, de quebra, ainda cresce a economia americana. Hillary é adepta dessa idéia. Trump ainda é homem de negócios.. e Putin gosta de negócios.. rsrsrs. homens de negócios são práticos…

Enfim, mas apesar de esta guinada na vida americana, teremos problemas no Brasil com essa eleição, pois o protecionismo americano pode emperrar tratados comerciais e exportações brasileiras aos EUA. E isso pode acontecer com todos seus parceiros no mundo. Isso melhora imediatamente o mercado e crescimento dos EUA, mas prejudica a longo prazo os própios americanos, prejudicando mais direta e imediatamente o mundo todo.

Isso pode prejudicar o embalo de crescimetno mundial e nossa tênue e recente melhora econômica… mas aí vale a pena entender que se cria a oportunidade para que o Brasil foque mais nos BRICS.. que os integrantes dos Brics foquem mais em si e em sua estratégia para exportar seus serviços e produtos entre si e para o mundo, através do financiamento do Banco dos Brics.

Enquanto os trilaterais se bicam e se desentendem.. cria-se a oportunidade de avançarmos.
Fique, agora e assim, bem informado pelo Blog Perspectiva Crítica sobre o tema.

Vamos em frente.

p.s. – Texto revisto e ampliado.     

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